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1 de novembro de 2023 Dra Aline RangelDestaquesTodos

O movimento internacional conhecido como Novembro Azul é comemorado em todo o mundo e foi iniciado a partir do movimento  Movember”,  cujo nome surgiu da junção das palavras “moustache” (bigode, em inglês) e “november” (novembro em inglês), na Austrália. A iniciativa rapidamente se disseminou, sendo adotada por vários países, inclusive o Brasil, como forma de chamar a atenção dos homens para a importância da prevenção do câncer de próstata.

Hoje, o movimento Novembro Azul já alcança mais de 1,1 milhões de pessoas em campanhas realizadas em vários países como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Finlândia, Holanda, Espanha, África do Sul e Irlanda. Seu objetivo principal é mudar os hábitos e atitudes do público masculino em relação à sua saúde e seu corpo, incentivando, assim, o diagnóstico precoce de doenças como o câncer de próstata.

Saúde integral do homem

No entanto, o cuidado da saúde do homem não se resume apenas à prevenção do câncer de próstata. A saúde integral do homem abrange diversos aspectos, incluindo a saúde mental. Infelizmente, por muito tempo, a saúde mental tem sido uma questão negligenciada na discussão sobre a saúde masculina.

Os estigmas sociais, os padrões de masculinidade tóxicos e as expectativas culturais têm levado muitos homens a reprimir suas emoções e evitar buscar ajuda quando necessário. Isso resulta em problemas de saúde mental não diagnosticados e não tratados, que muitas vezes se manifestam de maneiras prejudiciais, afetando não apenas a vida dos homens, mas também de suas famílias e comunidades.

Com o Novembro Azul como pano de fundo, é crucial enfatizar a importância de abordar a saúde do homem de maneira integral, incorporando a saúde emocional como parte essencial desse cuidado. A sociedade machista que herdamos só será ressignificada se a saúde mental do homem for promovida, principalmente via psicoeducação diária, desde o “berço”.

A importância do cuidado com a saúde mental masculina

Desafios culturais e estigmas sociais

Os homens frequentemente enfrentam desafios únicos quando se trata de cuidar de sua saúde mental. Desde tenra idade, são socializados para reprimir suas emoções, acreditando que expressar vulnerabilidade é um sinal de fraqueza. Esses estereótipos de masculinidade podem criar barreiras significativas para buscar ajuda quando necessário, levando a problemas de saúde mental a se agravarem antes que sejam adequadamente tratados.

Impacto na saúde física e emocional

A saúde mental desempenha um papel crucial na saúde física e emocional global. Problemas como estresse crônico, ansiedade e depressão podem ter efeitos adversos sobre o sistema imunológico, aumentando o risco de doenças crônicas e comprometendo a qualidade de vida. Além disso, a saúde mental precária pode afetar negativamente relacionamentos pessoais, desempenho no trabalho e participação social, contribuindo para um ciclo de isolamento e solidão.

Estratégias para promover a saúde mental masculina

Educação e conscientização

Uma abordagem fundamental para promover a saúde mental masculina é educar e conscientizar sobre a importância de reconhecer e abordar problemas de saúde mental. Isso envolve desfazer os estigmas associados à busca de ajuda e fornecer informações acessíveis sobre os recursos disponíveis.

Incentivo à expressão emocional e apoio social

Encorajar uma cultura de expressão emocional saudável e promover redes de apoio social são essenciais para garantir que os homens se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e buscar ajuda quando necessário. Grupos de apoio, terapia individual e programas comunitários podem oferecer um ambiente seguro para discutir questões pessoais e encontrar suporte adequado.

Todo mês é Azul 

À medida que o Novembro Azul nos lembra da importância da prevenção e do cuidado da saúde dos homens, é fundamental expandir o diálogo para incluir a saúde mental como uma parte integral desse processo. Desafiar os estigmas culturais e promover estratégias eficazes de autocuidado e busca de ajuda são passos cruciais para garantir que os homens tenham acesso ao suporte necessário para manter um bem-estar holístico. Ao adotar uma abordagem inclusiva e abrangente para a saúde masculina desde o início da sua existência, podemos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais saudável e solidária para todos. Juntos, podemos fazer do Novembro Azul não apenas um mês de conscientização, mas um compromisso contínuo e diário com o cuidado integral da saúde do homem, sobretudo da sua saúde emocional desde a infância.

Quer saber mais sobre o Câncer de Próstata, o que é, prevenção e tratamento precoce?

Dá uma olhada na Cartilha do Ministério da Saúde sobre Câncer de Próstata clicando aqui ou na imagem abaixo.

imagem da página nicial da cartlha do INCA - Ministério da Saúde.

 

Cartilha Novembro Azul – Instito Nacional de Câncer – Ministério da Saúde – 2023

 


Referências:

  1. Instituto Nacional de Câncer (INCA) – Campanha Bovembro Azul 2023
  2. Wikepedia – Novembro Azul

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16 de outubro de 2023 Dra Aline RangelGeral

O Outubro Rosa continua a ser uma iniciativa crucial, especialmente para as mulheres do século XXI que lutam para equilibrar uma série de responsabilidades, deixando pouco espaço para cuidar de sua saúde, incluindo a realizar exames de rotina essenciais para prevenção do câncer de mama, além de tantos outros associados ao sexo biológico feminino.

O outubro rosa é um movimento voltado para a conscientização de mulheres sobre a prevenção do câncer de mama. Durante todo este mês, atividades para conscientizar e incentivar a realização de exames de rotina e do autoexame são feitas ao redor do Brasil. Quando feita anualmente, a mamografia pode detectar a doença em seus estágios iniciais, elevando as probabilidades de cura. Outro benefício do outubro rosa é a união de mulheres que têm ou já tiveram câncer de mama. A troca de experiências e testemunhos acalma e pode levar à criação de redes de apoio, essenciais para o suporte emocional da mulher durante sua jornada contra o câncer de mama.

Aceitação do diagnóstico de Câncer de Mama

Não tem jeito, o diagnóstico de um câncer ainda vem associado à perspectiva de morte precoce ou, no melhor cenário, a um tratamento muito sofrido, efeitos colaterais do tratamento, ficar careca e ter as mamas mutiladas.

Lidar com uma condição de saúde grave é muito mais fácil quando se aceita conviver com ela. A aceitação liberta porque é o encontro com a verdade. Não há nada o que fazer, além de aceitar o que a realidade lhe propõe, correto? Essa atitude pode ser tomada com serenidade, ou abraçada com revolta. Quando o primeiro caso ocorre, contudo, o bem-estar e a resignação são maiores.

Câncer de Mama e Saúde Mental

Além das complicações físicas, o câncer de mama geralmente afeta a saúde mental. A ansiedade, medo, preocupação, tristeza e até depressão podem perdurar desde o diagnóstico até o fim do tratamento. O mesmo olhar de prevenção precoce em relação ao câncer de mama também é verdadeiro para a saúde mental.  A maioria dos transtornos mentais têm uma melhor evolução quando identificados logo no início dos sintomas.

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) analisou 233 pacientes. Desses, 55% eram diagnosticados com algum tipo de câncer e estavam em processo de quimioterapia (e 37% já estava na luta há mais de 3 anos). Assim, a pesquisa identificou que mais de 30% dos pacientes sofriam possivelmente de ansiedade e mais de 26%, de depressão. Em outras palavras, mais de um quarto dos entrevistados demonstraram sintomas psiquiátricos. A pesquisa concluiu que “a ansiedade e depressão são distúrbios prevalentes em pacientes oncológicos”. Além disso, “esses transtornos psiquiátricos afetam a adesão ao tratamento, a qualidade de vida e podem influenciar na evolução do câncer”.

A pesquisa ressaltou ainda que o câncer de mama se destaca quando se trata de transtornos mentais associados a diferentes tipos de câncer. Nas palavras dos pesquisadores: “A literatura aponta que o câncer de mama é o tipo com maior prevalência de comorbidades psiquiátricas e, em decorrência da predominância do mesmo no estudo, o câncer de mama aparece com a maior porcentagem de triagem positiva tanto para ansiedade quanto para depressão.”

Agende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Estratégias de enfrentamento do Câncer de Mama

Enfrentar o câncer de mama é uma jornada desafiadora, repleta de incertezas e temores que podem impactar significativamente a saúde mental das mulheres. As preocupações com a família e o futuro, juntamente com a angústia em relação às mudanças corporais, podem sobrecarregar emocionalmente muitas mulheres. No entanto, existem estratégias valiosas para ajudar mulheres e pessoas que acompanham o seu enfrentamento da doença a lidarem com esses conflitos e preservar a estabilidade emocional durante esse período difícil.

Comunicação Aberta

Compartilhar  sentimentos e temores pode aliviar o peso emocional e proporcionar um senso de apoio e compreensão. Familiares e amigos também podem ser pilares emocionais importantes no decorrer do tratamento. Mantenha pessoas queridas por perto para sentir-se bem consigo mesma e fortalecer laços.

“Muito ajuda quem pouco atrapalha”

Se você é próximo a alguém que está neste processo, não compare a história da pessoa a de outra mulher, não diga que o tratamento “xypto” é melhor do que o que a mulher em questão está fazendo (caso você não seja um especialista na área ) ou que o médico “fulano” é melhor, por exemplo. Saber ouvir, neste caso, é muito melhor e mais efetivo do que falar.

Fazer por ela ao invés de mandar fazê-la é fundamental. A faxina que se faz na casa de uma mulher que está em tratamento de um câncer de mama pode ser, algumas vezes,  mais benéfica pra ela do que acompanhá-la na sessão de quimioterapia. Ajude com a rotina de uma mulher: o cansaço decorrente da quimioterapia pode transformar afazeres simples, como cozinhar ou varrer o chão, em exercícios de extrema intensidade. Ofereça ajuda ou compartilhe alternativas, como pedir delivery de refeições, para simplificar a rotina diária da mulher.

Manter a rotina o mais “normal”possível

Não deixar de fazer coisas por medo ou vergonha. Se estava para iniciar um curso ou tinha uma viagem programada, não modifique esses planos se não apresentarem riscos à sua saúde. Converse com seu médico sobre as atividades que podem ser feitas para manter-se na ativa durante o tratamento. Interromper sua rotina abruptamente é como mandar uma mensagem de “desistência” para o cérebro.

Auto-cuidado, corpo e sexualidade

Tarefas simples como se vestir e tomar banho podem ser encaradas com estranheza a princípio. Permita-se acostumar com as mudanças calmamente, evitando se pressionar para agir com normalidade logo após a mastectomia ou outras modificações corporais. Entretanto, não deixe de vestir as peças que você adora nem descarte a sua “marca registrada” ao se arrumar.

Práticas de autocuidado, como exercícios físicos suaves, meditação e ioga são exemplos cientificamente reconhecidos como potencializadores de melhora. Essas atividades podem ajudar a aliviar o estresse e promover o bem-estar emocional e físico durante o tratamento.

Se você se sentir menos atraente e encontrar problemas para se relacionar ou ter momentos íntimos com sua(s) parceria(s), converse bastante para que ambos possam encontrar soluções para um possível impasse. Infelizmente, o medo de acabar com um casamento por causa dos possíveis prejuízos do tratamento para uma vida sexual saudável, que para muitos ainda é sinônimo de “ter relaçoes sexuais”, é uma das principais preocupações de muitas mulheres com câncer de mama.

Educação sobre tratamentos e evolução da doença

Buscar informações claras e precisas sobre os diferentes tratamentos disponíveis, seus efeitos colaterais e os resultados esperados principalmente com a equipe, clínica e/ou hospital onde está realizando o tratamento. O conhecimento informado pode reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de controle sobre o próprio processo de cura. É importante ter uma relação de confiança com os profissionais que estão juntos durante o processo terapêutico do câncer de mama.

Acesso a recursos financeiros

Buscar informações sobre os direitos e benefícios disponíveis para pacientes oncológicos, como no Oncoguia. Isso pode incluir assistência financeira, licenças médicas, e programas de apoio governamentais e não governamentais. A garantia de estabilidade financeira pode ajudar a reduzir o estresse associado às preocupações econômicas.

Foco no presente

Viver um dia de cada vez, concentrando-se no presente e no momento atual. Isso pode ajudar a reduzir a preocupação com o futuro e promover uma abordagem mais positiva e consciente em relação à jornada do tratamento.

Grupos de apoio

Esses grupos oferecem uma comunidade de indivíduos que enfrentam desafios semelhantes e podem fornecer conselhos práticos e apoio emocional, como o Câncer com Leveza e Câncer com Bravura.

Cuidado da saúde mental

Os profissionais de saúde mental podem fornecer apoio especializado e estratégias de enfrentamento para lidar com os desafios emocionais associados ao câncer de mama. A idéia não é tratar o câncer de mama como sinônimo de um transtorno psiquiátrico, pelo contrário: bem-estar, prevenção e promoção de saúde mental também é trabalho de um psiquiatra no processo de tratamento do câncer de mama.

 


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A anedonia é um estado difícil de se explicar a quem nunca o experimentou. É como se as cores da vida desaparecessem, deixando para trás um vazio frio e sombrio. A incapacidade de sentir prazer em atividades que costumavam nos alegrar é avassaladora. Eu estava presa nesse labirinto emocional, perdidoa em uma busca desesperada por uma saída. No entanto, posso dizer que não só encontrei uma saída, mas também aprendi a sentir novamente.

Um Mundo Cinza

A anedonia transformou meu mundo em uma paleta de cinzas. E não eram “50 tons de cinza”… Coisas que antes me enchiam de alegria e satisfação, como passear no Horto, ouvir música e socializar, tornaram-se tarefas vazias e sem sentido. Cada dia era uma batalha contra a apatia e a indiferença que se apoderaram de mim. Eu me perguntava se algum dia voltaria a sentir a alegria e a emoção que outros pareciam desfrutar tão facilmente.

O Caminho da Recuperação

Minha jornada para superar a anedonia foi longa e desafiadora. Inicialmente, foi difícil aceitar que eu estava enfrentando esse problema. A negação me cegava para a realidade, tornando ainda mais difícil buscar ajuda. No entanto, reconhecer que precisava de suporte foi o primeiro passo para a cura.

Buscar Ajuda Profissional

Buscar a orientação do psiquiatra foi fundamental para minha recuperação. A Aline me ajudou a compreender as causas subjacentes da minha anedonia e a desenvolver estratégias para enfrentá-la. As consultas  me proporcionaram um espaço seguro para explorar meus sentimentos e preocupações, e, juntas, íamos descobrindo técnicas para lidar com os desafios emocionais. Embora eu negue até hoje para a maioria das pessoas, tomar o antidepressivo foi essencial pra minha recuperação.

Reconectar com a Vida

Ao longo do processo de tratamento, percebi que precisava me reconectar com a vida e redescobrir o que me trazia felicidade. Embora no início fosse difícil encontrar prazer em atividades cotidianas, aprendi a valorizar os pequenos momentos que me traziam alguma alegria, como apreciar a beleza da natureza (eu me forçava pegar o carro e ficar no estacionamento de um parque) ou saborear uma refeição deliciosa, ainda que sozinha e pedindo por delivery.

Aceitar as Emoções

Uma das lições mais importantes que aprendi foi que é normal ter altos e baixos emocionais. Aceitar minhas emoções, mesmo as mais difíceis, foi um passo essencial para aprender a sentir novamente. Em vez de lutar contra meus sentimentos, aprendi a acolhê-los e a permitir que fluíssem naturalmente.

Conforme eu progredia no meu tratamento, gradualmente, comecei a redescobrir a alegria em minha vida. As cores começaram a voltar ao meu mundo, e as atividades que antes pareciam sem graça ganharam vida novamente. Encontrar propósito e significado em minhas experiências diárias tornou-se uma bênção.


Superar a anedonia não é uma tarefa fácil, mas é possível com paciência, autoaceitação e apoio profissional. A jornada de recuperação é única para cada pessoa, mas é importante lembrar que não estamos sozinhos nessa luta. Com o devido cuidado e determinação, é possível aprender a sentir novamente e redescobrir a beleza da vida. Se você também está enfrentando a anedonia, saiba que há esperança e ajuda disponível para você. O primeiro passo é buscar o apoio adequado e permitir-se a oportunidade de cura e crescimento emocional. Acredite em si mesmo(a) e no poder de superar os desafios que a vida apresenta. A alegria pode estar à sua espera, apenas aguardando ser redescoberta.

*Obrigada, Hanna, por me permitir fazer minhas suas palavras!


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3 de julho de 2023 Todos

Já ouviu falar em Transtorno Psicótico? Trata-se de um estado mental de perda de ligação com a realidade, o que pode resultar em alucinações, mudanças de personalidade, desordem nos pensamentos, além de delírios, problemas sociais e claras dificuldades para realizar tarefas cotidianas.

São muitas as categorias de transtorno psicótico, mas, certamente a forma mais conhecida desse distúrbio mental é a Esquizofrenia – condição que afeta cerca de 1% da população mundial.

Psicose: quando a realidade se torna turva

Vivemos em um mundo onde a realidade muitas vezes é tida como garantida. Seguimos nossas vidas diárias com um entendimento claro do que é real e do que não é. No entanto, existem pessoas que experimentam um tipo diferente de realidade – uma que é turva e distorcida. Esse fenômeno é conhecido como psicose, uma condição que afeta a mente, os sentidos e altera a percepção e a interpretação da realidade.

A psicose é um termo amplo que engloba uma variedade de condições de saúde mental caracterizadas por uma perda do contato com a realidade. Ela afeta os pensamentos, percepções, sentidos, emoções e comportamentos das pessoas, tornando difícil distinguir o que é real do que não é. Pessoas que experimentam uma experiência psicótica ou “surto psicótico” podem ter alucinações, delírios, pensamento desorganizado e funcionamento comprometido. É importante notar que a psicose não é uma doença em si, mas sim um sintoma de um transtorno de saúde mental subjacente. Pode estar associada a outras condições clínicas (como febre, infecções, etc) e ser induzida pelo uso de substâncias que têm ação no nosso cérebro (intoxicação por álcool, p.ex.).

Quais são os tipos de transtorno psicótico?

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, em sua 5a edição revisada em 2022 (DSM-5-TR), existem vários tipos de transtornos psicóticos. Estes incluem Esquizofrenia, Transtorno Esquizoafetivo, Transtorno Psicótico Breve, Transtorno Delirante, transtorno psicótico induzido por substância e transtorno psicótico devido a outra condição médica. Cada tipo possui características e critérios diagnósticos únicos, mas todos compartilham o fio comum de percepção alterada da realidade.

O DSM-5-TR fornece critérios diagnósticos específicos para cada tipo de transtorno psicótico. Esses critérios ajudam os profissionais de saúde mental a determinar se uma pessoa atende aos requisitos para um diagnóstico. Por exemplo, para ser diagnosticado com esquizofrenia, uma pessoa deve experimentar dois ou mais dos seguintes sintomas por um período significativo durante um mês: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico, ou sintomas negativos. Além disso, os sintomas devem causar prejuízo significativo no funcionamento e persistir por pelo menos seis meses.

O Impacto da Psicose

Viver com sintomas psicóticos pode ser uma experiência avassaladora e desafiadora para as pessoas, seus familiares e qualquer pessoa que esteja ao seu redor.  Essa “realidade turva”  pode levar a sentimentos de confusão, medo e isolamento. Tarefas cotidianas, como trabalhar, estudar e socializar, podem se tornar muito difíceis ou até mesmo impossíveis. A psicose também pode afetar os relacionamentos, já que a percepção alterada da realidade da pessoa pode levá-la a se distanciar ou a suspeitar dos outros. Imagine-se no lugar de alguém que está ouvindo o tempo todo alguém comentando sobre tudo que ela faz, outras pessoas e, ainda, lhe dando ordens, como muitas pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia experimentam? É crucial oferecer suporte e compreensão aos que tem esta condição, pois a intervenção precoce e o tratamento são vitais para o seu bem-estar.

Tratamento dos Transtornos Psicóticos

Felizmente, existem diversas opções de tratamentos para indivíduos com transtornos psicóticos atualmente. Medicamentos, como antipsicóticos, podem ajudar a controlar os sintomas e reduzir a frequência e intensidade dos episódios psicóticos, bem como sintomas de desinteresse, prejuízo na vontade e outras esferas da vida cotidiana. A terapia, incluindo a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia familiar, também pode ser benéfica para ajudar as pessoas a lidar com os desafios diários para ter uma vida plena, dar suporte nas crises, etc. Além disso, grupos de apoio e recursos comunitários proporcionam um espaço para que as pessoas possam se conectar com outras que entendem suas experiências e oferecer apoio mútuo.

 

A psicose é uma condição que pode levar um indivíduo a uma montanha-russa por um mundo de uma realidade que muitos de nós não conseguiria nem imaginar o tamanho do sofrimento vivenciado. É crucial reconhecer o impacto que isso pode ter na vida das pessoas e oferecer apoio e compreensão.  Atualmente, anos 20 do século XXI, sabemos que, com a intervenção precoce e o tratamento adequado, pessoas com transtornos psicóticos podem aprender a transitar em sua “realidade alterada” e levar uma vida plena: diversa porém inclusa na sociedade e cercada de bem-estar.

 

Quer saber mais sobre Transtornos Psicóticos? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


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HPV é a sigla para Papilomavírus Humano, um vírus altamente contagioso que afeta a pele e as mucosas, incluindo a pele genital, o ânus, a boca e a garganta. Existem muitos tipos diferentes de HPV, e a maioria é inofensiva e não causa sintomas.

No entanto, alguns tipos de HPV podem causar verrugas genitais e podem levar ao desenvolvimento de câncer cervical, câncer anal e outros tipos de câncer. A infecção pelo HPV é comum e pode ser transmitida por contato sexual com uma pessoa infectada.

O HPV é geralmente detectado por meio de exames de Papanicolau e testes de DNA, que podem ajudar a identificar infecções por HPV que podem levar a câncer. Existem vacinas disponíveis para ajudar a prevenir a infecção pelo HPV, especialmente para meninas e meninos antes de se tornarem sexualmente ativos.

HPV e a Saúde Mental

A infecção pelo HPV pode ter um impacto negativo na saúde mental das pessoas afetadas, especialmente no que diz respeito ao câncer cervical e outros tipos de câncer associados ao HPV. O diagnóstico de uma infecção por HPV pode ser estressante e preocupante, e o risco de desenvolver câncer pode ser emocionalmente difícil.

O tratamento de verrugas genitais causadas pelo HPV, como a remoção cirúrgica, pode ser desconfortável e constrangedor, afetando a autoestima e a autoimagem das pessoas.

É importante abordar a saúde mental das pessoas afetadas pelo HPV em seu plano de tratamento. Isso pode incluir aconselhamento ou terapia para ajudar a lidar com o estresse e a ansiedade associados ao diagnóstico e tratamento da infecção por HPV.

Obter informações precisas sobre o HPV e seus efeitos na saúde, bem como adotar medidas preventivas para reduzir o risco de infecção pelo HPV, como a vacinação e o uso consistente de preservativos durante a relação sexual é o principal remédio “remédio” contra a infecção. Essas medidas podem ajudar a aliviar a preocupação e o estresse associados ao HPV e a melhorar a saúde mental geral das pessoas afetadas.

Fontes

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1614-virus-causador-do-cancer-de-colo-uterino-e-recorrente-e-maioria-se-infecta-diz-febrasgo

Ferenidou, F., Salakos, N., Vaidakis, N., Paltoglou, G., Bakalianou, K., Papadimitriou, G., & Creatsas, G. (2012). The impact of HPV diagnosis on women’s sexual and mental health: preliminary findings. Clinical and Experimental Obstetrics & Gynecology39(1), 79-82.



19 de dezembro de 2022 Todos

Conflitos emocionais e distúrbios mentais são eventos diferentes. O conflito emocional está atrelado à dificuldade para expressar o que sente, o que quer e o que pensa. Em razão disso, desenvolve-se uma tensão interna grande, que impede a pessoa de viver plenamente. O que ela expressa não condiz com as emoções verdadeiras. Então, forma-se o conflito.

O distúrbio mental é uma doença que afeta a mente de várias formas. Entre as manifestações mais comuns desse transtorno estão ansiedade generalizada, pânico, alucinações, compulsões, bipolaridade, entre outros comportamentos que devem ser diagnosticados e tratados pelo médico psiquiatra.

Sinais de conflitos emocionais

  1. Atitude defensiva. Alguém que está vivenciando conflitos emocionais, geralmente, mantém uma atitude defensiva, ou seja, está sempre pronto para reagir contra possíveis críticas, contrariedades e divergências de opinião. A pessoa está sempre justificando seus comportamentos e reações.
  2. Intransigência: Quando há muita tensão interna gerada por conflitos emocionais, a pessoa pode se tornar excessivamente crítica consigo mesma e com as pessoas ao redor. Passa a encarar a vida com negatividade e pessimismo, não enxerga as próprias qualidades nem os pontos positivos das outras pessoas. A crítica não é construtiva, mas depreciativa.
  3. Isolamento social: Uma fase da vida marcada por conflitos emocionais é também um período de afastamento social. Não há motivação para compartilhar os momentos ao lado da família, dos amigos, conhecer outras pessoas e lugares. As emoções negativas ficam mais afloradas, dificultando as relações interpessoais.
  4. Falta de empatia: Alguém que está com dificuldade para encontrar a saída de um labirinto emocional distancia-se das pessoas, vê os problemas alheios com indiferença. Não consegue se colocar no lugar do próximo.
  5. Autossabotagem: Conflitos emocionais bloqueiam o desenvolvimento pessoal. Autoestima baixa, ausência de autoconfiança, medo dos riscos e incertezas impedem o progresso pessoal. A pessoa segue a vida construindo obstáculos maiores que a realidade e encontrando motivos para não tomar decisões.  

Sinais de distúrbios psiquiátricos

  1. Oscilações bruscas de humor: O transtorno de humor está entre os distúrbios psiquiátricos mais comuns, com destaque para  o transtorno depressivo.
  2. Isolamento social: Em determinados momentos, é natural o desejo de estar sozinho, relaxar a mente, refletir sobre a vida. No entanto, quando o isolamento social é contínuo, motivado pelo medo de situações irreais, criadas pela mente e que não correspondem à realidade, pode ser um sinal de algum distúrbio psiquiátrico, como a fobia social.
  3. Ansiedade persistente: Sentir ansiedade diante de circunstâncias novas e momentos decisivos é normal. Porém, quando ocorre a ansiedade excessiva, acompanhada de medo, insegurança total e sensação de sufocamento, é importante buscar ajuda médica para descobrir se não há algum tipo de distúrbio psiquiátrico, como o transtorno de ansiedade generalizada.
  4. Mania de perseguição: Sentir que está sempre no centro das atenções, que é alvo dos olhos críticos do mundo e motivo para comentários maldosos, quando, na verdade, tudo isso é irreal, pode ser um sinal de distúrbio mental, o que requer uma avaliação pelo médico psiquiatra.

Ajuda médica para o tratamento de conflitos emocionais e distúrbios mentais

Para superar os conflitos emocionais e tratar os distúrbios mentais, é importante compreender as causas. Deve-se refazer o caminho, reencontrar os motivos que desencadearam essa turbulência de emoções conflitantes. Esse entendimento é fundamental para reorganizar o mundo interior e vislumbrar outras perspectivas de vida.

Ignorar os conflitos emocionais é o pior a fazer. Da mesma forma, sintomas associados a possíveis distúrbios mentais merecem atenção e devem ser diagnosticados pelo médico psiquiatra.

O corpo e a mente adoecem também. Por isso, se você está enfrentando esse tipo de situação, não hesite em buscar ajuda psiquiátrica.

A terapia é o espaço adequado para dar vazão a toda essa carga emocional e reequilibrar a vida. É também importante ferramenta de auxílio para se desenvolver a consciência emocional, aprender a expressar emoções, sentimentos e resolver os conflitos internos com assertividade.

O diagnóstico precoce de distúrbios mentais é fundamental para evitar a evolução do transtorno e prejuízos para a qualidade de vida e relacionamentos interpessoais.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter. Ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais sobre o meu trabalho como psiquiatra em São Paulo.



15 de outubro de 2020 Todos

Você já reparou em como você lida com a sua própria companhia? Chegar em casa e não ter ninguém lá além de você mesmo. Nenhuma voz além da sua própria ou daquela que sai da TV. Esse é o dia a dia de muitas pessoas que vivem sozinhas. Claro que, na maioria dos casos, há sempre amigos ou familiares para quem possam ligar, conversar e marcar um passeio. Há quem imagine um cenário como esse e pense em liberdade. Há quem pense em solidão. E aí vem o medo de que essa rotina se prolongue ao longo dos anos e que, já na terceira idade, tenha de enfrentar uma vida isolada e solitária. Você tem esse medo de envelhecer sozinho? De onde será que ele vem?

Casamento: um sonho de gerações passadas

Algumas décadas atrás, o sonho de todo homem era ter um emprego estável com o qual poderia ganhar dinheiro suficiente para prover para sua família e aproveitar a vida com ela. À mulher bastava o desejo de encontrar esse homem, com quem se casaria e teria filhos. Hoje em dia, as coisas estão muito diferentes.

Muitas pessoas hoje em dia não almejam construir uma família como era a tradição de antigamente. Alguns preferem investir toda sua energia na carreira ou em outras áreas da vida, deixando os relacionamentos amorosos em segundo ou até mesmo em terceiro plano. Conhecer alguém que priorize a autonomia e esteja solteiro aos 30, 40 ou 50 anos, portanto, é mais comum do que se imagina.

Por outro lado, muitos ainda nutrem o sonho de trocar alianças e votos e têm pavor de imaginar uma velhice solitária. Mas será mesmo que casamento e filhos fornece algum tipo de garantia contra a solidão?

Separação e viuvez

Não apenas a quantidade de solteiros está aumentando, mas também a de divórcios. O período de isolamento social provocado pelo coronavírus foi um catalisador de separações no Brasil e no mundo. E não me entenda mal, pois sei que ninguém começa nenhum relacionamento pensando no término. Ao iniciar uma vida a dois, a esperança é de que seja uma relação frutífera, duradoura e muito feliz. Há, porém, sempre a possibilidade de não dar certo, e é importante manter o pé no chão quanto a isso. E lembre-se de que há pessoas que se sentem sozinhas mesmo estando dentro de um casamento, assim como há pessoas solteiras que estão sempre cercados de pessoas queridas, sejam amigos ou familiares.

Mesmo que esse casamento seja, de fato, um grande sucesso, há o momento em que a morte separa o casal. É um momento difícil. A perda do companheiro ou companheira que esteve ao seu lado durante tantos anos representa um divisor de águas, sobretudo na terceira idade. Como será daqui pra frente? A solidão será a nova realidade? Perguntas como essas são comuns nesse momento, mas antes de tentar se reorganizar, é preciso viver o luto para, posteriormente, seguir em frente, sozinho ou não.

O apoio dos filhos

Muitos encontram nos filhos a esperança de ter vínculos, acolhimento e companhia na terceira idade. Ao tornar-se pai ou mãe, é muito comum que os desejos individuais sejam projetados nos filhos, mas ao crescerem, eles terão suas próprias vontades, valores, sonhos e vidas. Pode surgir uma oportunidade profissional em outro estado ou país e o filho acabar morando longe dos pais, pode acontecer de o relacionamento ser conflituoso. Pode acontecer muita coisa fora do nosso controle. E embora muitos pais idosos possam, sim, contar com a presença dos filhos, nada é garantido, assim como no casamento.

Solitude x solidão

O anseio de estar cercado de pessoas é natural. Nossos ancestrais precisavam viver com outras pessoas para que pudessem sobreviver, e essa necessidade nos acompanha até hoje. Pode ser que venha daí o medo de viver sozinho e isolado. E embora a ideia de viver só possa parecer aterrorizante, é necessário aprender a lidar com isso, pois, em muitos momentos da vida, nos encontramos na companhia apenas de nós mesmos. E a maneira de encarar isso depende de cada um.

Se você não sente medo de estar sozinho, sabe aproveitar a sua própria companhia e é até mesmo capaz de encontrar prazer nisso, você não vive em solidão, mas em solitude. É saber conviver bem com o silêncio, com a quietude e com seus próprios pensamentos. A solitude representa uma oportunidade de mergulhar em si mesmo e buscar autoconhecimento, entender melhor seus hábitos, comportamentos, crenças e conjuntos de valores.

A solidão, por sua vez, tem uma conotação negativa. Algumas pessoas sentem um vazio ao se encontrarem sozinhas, mesmo que seja por poucas horas ou poucos dias. Essa tolerância ao isolamento é individual, pois depende da quantidade de conexão que cada um precisa. E quando falo em conexão, me refiro a uma conexão real, de olho no olho, e não de “conexão” em mídias sociais.

Mas pense comigo: mesmo que você se divorcie e que seu filho vá morar em outro país, lembre-se de que estar sozinho não precisa ser um estado permanente. Ainda haverá amigos com quem você poderá conversar e sair e haverá, também, muitos grupos sociais dos quais você poderá fazer parte para conhecer novas pessoas. A solidão não precisa ser regra na sua vida, mesmo que você não compartilhe seus dias com nenhuma parceira ou parceiro amoroso. Então confira algumas dicas para transformar solidão em solitude:

  • Faça de você mesmo a sua melhor companhia e leve-se para “encontros” consigo mesmo: jantares, caminhadas e passeios.
  • Invista tempo em um hobby que você já tem ou crie novos.
  • Realize atividades que podem ser feitas sozinho: meditação, exercícios físicos, pintura, ioga.
  • Abrace, de fato, a solitude e tenha em mente de que esse não é um estado permanente.
  • Quando estiver sozinho, aproveite para fazer o que você gosta de fazer quando não tem ninguém olhando: dance zumba, cante, fale sozinho.



16 de setembro de 2020 Depressão

Ao falar sobre alguém com depressão, é comum imaginar uma pessoa extremamente triste que não consegue levantar da cama ou sair de casa. Em alguns casos isso acontece, é verdade. Porém, grande parte das pessoas diagnosticadas segue uma vida comum, pois o transtorno não é necessariamente incapacitante. A maioria, então, vai ao trabalho, dá risada, participa de reuniões e de rodas de conversa. A depressão costuma se manifestar com maior intensidade em sua vida privada, geralmente dentro de casa, onde aquela normalidade dá lugar a uma forte tristeza, crises de ansiedade e outros sintomas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 6% da população brasileira possui depressão. É possível, portanto, que você conheça alguém que foi diagnosticado com depressão, mas não faça ideia disso. E se a pessoa decidir não compartilhar essa informação com você, provavelmente você jamais saberá. Mas e se ela optar por dividir esse diagnóstico? Como agir, lidar e mostrar apoio?

Entendendo a depressão

O primeiro passo é entender do que se trata a depressão. É importante dedicar um tempo para ler, buscar relatos, se informar e se educar sobre esse transtorno. Não pretendo entrar em pormenores neste texto, pois há uma série de conteúdos que já publiquei sobre o tema, e você pode conferi-los clicando aqui.

Ao saber que um amigo, familiar ou colega está com depressão, muitas pessoas ficam sem saber muito bem como agir, o que dizer e o que não dizer. Porém, o mais importante em um momento como esse não é o dizer, mas o ouvir. Ouça ativamente e demonstre interesse genuíno no que o outro tem a dizer e em como está se sentindo. Evite interromper, dar sugestões, se comparar ou comparar com outra pessoa que passou por uma situação similar ou pior e, mesmo assim, superou. Você pode achar que está ajudando, mas comentários assim podem gerar desesperança, culpa ou uma cobrança muito grande.

Já comentei neste texto que a psicoterapia tem um poder terapêutico pois permite que o paciente coloque para fora suas dores, medos e inseguranças. Compartilhar alguns desses sentimentos com pessoas de confiança também proporciona um alívio, pois assim há a certificação de que não precisará passar por isso sozinho ou escondendo sua condição. Tenha em mente, porém, que compartilhar ou não é uma decisão individual que cabe apenas ao paciente. Respeite caso não haja interesse em falar, sobretudo no início.

Pesquisar e entender melhor sobre a depressão afastará você do julgamento. Você irá entender que algumas atividades – até mesmo as mais simples como caminhar na avenida, limpar a casa ou sair para tomar um sorvete – passam a ter um peso para quem apresenta o transtorno. A compreensão sobre essa condição tratá compreensão com o paciente.

Encorajando o tratamento

Os tratamentos para a depressão variam, pois dependem dos sintomas apresentados, assim como de sua frequência, intensidade e outros fatores. Mas seja qual for o tratamento proposto, é importante segui-lo à risca e você pode encorajar o paciente a fazer isso.

Alguns pacientes se desanimam principalmente no início do tratamento, quando ainda não há uma melhoria muito perceptível. É aí que seu apoio será crucial. Pergunte sobre a evolução do tratamento, encoraje a sua devida continuidade e fique atento a possíveis sinais de agravamento. O ideal é que o psiquiatra esteja acompanhando o paciente de perto, mas caso você note irritabilidade constante, mudança comportamental ou pensamentos suicidas, seja aliado do profissional e tome alguma ação. Se possível, entre em contato com ele e divida sua opinião.

Conexão social será fundamental

Muitos enfrentam a depressão tendo o terapeuta como a única fonte de diálogo, o que não é indicado. Um robusto corpo de pesquisas já comprovou que estar inserido em uma teia social contribui muito para o tratamento do transtorno depressivo. Isso pode ser um desafio para muitos pacientes, já que não se sentem inclinados a encontrar mais ninguém, e menos ainda a sair de casa para socializar. A sua presença, portanto, fará toda a diferença.

Lembre-se sempre de que para prestar apoio a alguém, você deve, antes, estar bem consigo mesmo. Cuide da sua saúde física e mental, reserve um tempo para você, para seus hobbies e para o seu trabalho. Estar disponível para fornecer amparo a alguém com transtorno depressivo é um ato de cuidado, uma demonstração de preocupação e uma grande prova de amor. O tratamento do seu amigo, parente ou colega certamente irá fluir muito melhor tendo sua paciência, compreensão e presença como pontos de apoio.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho aqui no meu blog. Abração. Tamo junto!



28 de agosto de 2020 Ansiedade

Imagine-se trabalhando ou em casa lendo um livro ou em qualquer outra situação que requeira certo foco. Nesse momento de concentração, o celular, que está bastante próximo de você, toca para anunciar uma nova mensagem no Instagram. Pronto… é o suficiente para interromper a sua a atenção. O que você faz? Pega o celular e lê a mensagem ou ignora para tentar retomar o foco? Essa é uma situação bastante comum que o celular e as redes sociais incluíram em nossa vida. Hoje a comunicação é muito rápida e prática. Está na ponta dos dedos, literalmente. Isso facilita nossa vida? De certa forma, sim. Mas, como quase tudo na vida, há também contras que merecem atenção, afinal, nesse caso podem acabar afetando tanto a saúde física quanto a mental.

O brasileiro desbloqueia o celular, em média, 78 vezes por dia. São muitas facilidades em um só aparelho, certo? Calculadora, e-mail, mensageiros, cronômetro, câmera fotográfica, relógio… é realmente muito prático ter tudo sempre na mão. Dentre os cinco aplicativos mais utilizados no Brasil durante a quarentena, quatro são redes sociais. Essas plataformas, porém, escondem muitos perigos por trás dos lindos filtros.

A “felicidade” vista nas redes sociais

Passe a reparar em suas timelines e note quantas pessoas ali estão compartilhando sorrisos, momentos de felicidade e lembranças de viagens incríveis e quantas delas estão publicando momentos de maior vulnerabilidade, pedidos de ajuda ou perrengues.

Possivelmente até mesmo o conteúdo que você publica nas suas redes siga nessa linha mais agradável e bem-humorada. E tudo bem. Manter as experiências negativas registradas realmente não deve ser o objetivo de muita gente, eu entendo. A questão é que o que vemos pelas telas dá a todo tempo a impressão de que o mundo a nossa volta é só flores, enquanto nossa vida não é tão interessante ou satisfatória assim. Bem, a verdade é que todas essas pessoas têm muitos problemas para resolver, assim como você. Então acredite: a grama do vizinho nem sempre é mais verde. A diferença é que somente você conhece os seus próprios problemas e a sua luta diária.

Então vai ficar tudo bem enquanto você for capaz de navegar pelas mídias sociais tendo a consciência de que aquilo é apenas um recorte da vida das pessoas e que, portanto, é infundado – e até mesmo injusto – se valer de qualquer comparação com o que se vê ali.

 

Os perigos das redes sociais

Mas e quando o uso das mídias sociais começa a gerar angústia e ansiedade e servir de gatilho para algumas de suas inseguranças? Uma série de estudos e pesquisas aponta essas redes como responsáveis pelo agravamento de problemas de saúde mental, o que pode soar como um grande paradoxo. Afinal, conexões sociais aliviam o estresse e liberam uma série de hormônios capazes de nos trazer conforto, certo? Certo, mas nesse caso é preciso que ocorra uma socialização com real proximidade, toque e olho no olho. As mídias sociais, por outro lado, podem causar maior sensação de isolamento e solidão, além de seu uso exagerado gerar sintomas de ansiedade e depressão. Veja o porquê:

  • Autoestima: como já mencionei, as publicações que vemos nas mídias sociais geram uma visão distorcida e perigosa sobre os padrões de beleza e de sucesso, o que representa uma ameaça à autoestima, sobretudo em grupos mais vulneráveis, como os adolescentes. A jornalista e influenciadora Danae Mercer traz em seu perfil do Instagram uma proposta interessante que vai contra a exposição e a idealização dos corpos perfeitos. Danae mostra seu corpo como realmente é e brinca com as poses e táticas utilizadas por modelos e blogueiras para darem a impressão de barriga chapada ou “bumbum na nuca”. Cada publicação é um lembrete de que o corpo perfeito não faz parte da vida real, e que até mesmo aquela modelo com milhões de seguidores usa iluminação e certos ângulos para criar um efeito ilusório da realidade.
  • Cyberbullying: embora a legislação atual já proteja vítimas de bullying no ambiente virtual, muitas pessoas ainda se sentem livres para fazer difamação ou espalhar rumores na seção de comentários. Mais uma vez, isso pode acontecer com todos, porém é no período da adolescência que os casos acontecem com maior frequência, fazendo com que o monitoramento dos pais seja uma necessidade.
  • O medo de estar por fora: conhecido como FOMO – fear of missing out –, esse fenômeno traz a sensação de estar perdendo alguma oportunidade ou estar de fora das novidades que acontecem dentro das mídias sociais. Você já fez parte de uma conversa em que todos comentavam sobre o assunto que bombou no final de semana e se sentiu de fora? E aí vem aquela clássica pergunta “Como assim você não ficou sabendo disso?”. Pois é, são situações como essa que impulsionam o FOMO. Isso faz com que queiramos, a todo momento, desbloquear o celular para ver as últimas publicações do feed, responder rapidamente todos os comentários e buscar atualizações constantemente, o que pode acabar gerando um ciclo de ansiedade difícil de superar.
  • Tempo de tela: as mídias sociais mais populares são um grande sucesso não por acaso. Valendo-se de uma série de algoritmos, essas plataformas sabem exatamente o que você gosta de ver, conhecem todos os seus hábitos de consumo e fazem o que for necessário para que você permaneça o maior tempo possível navegando nelas. Que atire a primeira pedra quem nunca foi dar só uma olhadinha na rede social e acabou deslizando a timeline por 20, 30, 40 minutos. Embora sejam muito discutidos os perigos para as crianças, uma exposição prolongada à tela também gera diversos efeitos sobre o adulto, como dores de cabeça, perda de sono, visão borrada e olhos secos. Sem contar que a inclinação do pescoço durante o uso de celular gera pressão sobre a cervical, causando muito incômodo físico a longo prazo.

 

Revendo seus hábitos

Tenha bastante critério ao lidar com as mídias sociais e leve em consideração algumas reflexões.

Pergunte-se o que você busca nessas plataformas. Caso queira registrar seus momentos e se relacionar com seus amigos, colegas e pessoas queridas, faça isso. Claro que nem tudo é negativo nas mídias sociais e ela serve muito bem o propósito de criar e manter vivas as nossas conexões. Repense, no entanto, se a busca pela proximidade digital não está interferindo nas suas relações presenciais. É muito comum encontrar rodas de amigos ou casais que estão fisicamente juntos, mas absortos em seus próprios universos virtuais. Caso desligar-se um pouco do celular esteja sendo um enorme esforço para você ou caso note que está sempre desbloqueando o aparelho mesmo sem um objetivo claro, então reveja seus hábitos de consumo.

Reflita se algo incomoda você nas mídias sociais. Caso sinta-se desconfortável, insuficiente ou incapaz de qualquer maneira enquanto navega na timeline, tome nota, adquira consciência sobre isso e busque eliminar a fonte do desconforto. Deixe de seguir, de visualizar, de consumir. Muitas vezes passamos a acompanhar alguns conteúdos devido aquele medo que comentei mais cedo. Mas pensando bem, o que vale mais? Saber qual o último carro importado aquele cantor sertanejo comprou ou estar bem consigo mesmo? Repare que, no geral, aquilo que nos faz mal é aquilo sem a qual podemos viver tranquilamente.



A musicoterapia consiste no ato de usar sons, melodias e instrumentos como ferramentas de tratamento. Os primeiros estudos científicos sobre a eficácia da musicoterapia ocorreram no estado de Michigan, nos Estados Unidos da América, no ano de 1944. Poucos anos depois, em 1950, foi criada a Associação Nacional para Musicoterapia, nesse mesmo país. 

Em 1968, na Argentina, realizou-se a Primeira Jornada Latino-Americana de Musicoterapia. No contexto da saúde mental brasileira, pode-se ressaltar a utilização do Modelo Psicanalítico de Musicoterapia por Mary Priestley, criado na década de 1970, o qual associava momentos de música e de reflexão. 

Apesar de já ser realizada há muito tempo e de ser reconhecida internacionalmente, a musicoterapia ainda é pouco conhecida e pouco difundida nos meios de comunicação. Com o propósito específico de auxiliar nos transtornos mentais, este texto explica mais profundamente como essa modalidade pode ser usada.

Como a musicoterapia atua na saúde mental?

Por meio da interação entre o músico terapeuta e os pacientes, há estímulo de circuitos neuronais em que os medicamentos não conseguem atuar de forma plena.

Com isso, várias sinapses são ativadas, gerando respostas tanto psíquicas quanto motoras, ocasionando melhora dos padrões comportamentais e de movimento. 

Como a musicoterapia auxilia nos diversos tipos de transtornos mentais? 

O estresse, as cobranças e o estilo de vida modernos estão gerando pessoas cada vez mais ansiosas e depressivas. Em 2020, haverá mais pessoas com transtorno depressivo do que com pressão alta. Com o intuito de ajudar quem sofre de transtornos mentais, a musicoterapia pode atuar de modo a acalmar e a conectar as pessoas ao momento presente, esquecendo as preocupações tão intensas. 

Indivíduos com transtorno de humor grave, bipolaridade, esquizofrenia, por exemplo, sofrem muito preconceito, sendo taxados de loucos e incapazes. Eles devem ter tratamento em serviços de atenção específica, como CAPS (centro de atenção psicossocial), a fim de que haja união entre o tratamento farmacológico e os demais.

As oficinas terapêuticas são ferramentas de ajuda para esses indivíduos. São utilizadas diversas maneiras para reintegrá-los à esfera social. Existem, por exemplo, oficinas de plantação, em que é ensinado como plantar hortaliças e como vendê-las nas feiras locais. Assim, desvincula-se o indivíduo do conceito de louco, como aquele que não consegue realizar algum trabalho. Ao mesmo tempo, o insere no meio social próximo.

De modo semelhante, a oficina terapêutica pode usar a música como ferramenta de tratamento. Ao se ensaiar uma apresentação musical e apresentá-la para diversas pessoas, como cantatas de datas comemorativas, por exemplo, os indivíduos deixam de ocupar a típica posição de exclusão e passam a ser protagonistas da vida.

A dependência de substâncias psicoativas também é um transtorno mental que atrapalha a vida de diversas famílias. Ao buscar a droga, geralmente, a pessoa procura uma sensação de bem-estar e de prazer. A música age em terminações neuronais semelhantes às que essas substâncias agem, como ocitocina, por exemplo.

Assim, ao cantar ou ouvir uma música, o indivíduo experimenta boas lembranças e sensações agradáveis. Com o passar do tempo, o dependente químico pode associar que outras coisas na vida geram bem-estar, como a música, um alimento saboroso, a família etc.. Com isso, ele deixa em segundo plano a droga, uma vez que os prejuízos relacionados a ela são bem maiores do que o prazer momentâneo gerado. 

Música: vamos utilizá-la?

O som está presente na vida da humanidade desde os primórdios da história. É por meio do som que conseguimos nos comunicar. A música não precisa de técnicas avançadas, como nas demais artes. Pelo contrário. É necessário apenas espontaneidade e movimento. A partir da acústica, o ser humano é capaz de criar. Criar significados, sentimentos, territórios. 

Dito isso, percebe-se que a musicoterapia se torna um momento de expressão de sentimentos e de gestos. Ela se torna parte fundamental para o tratamento em saúde mental, auxiliando os medicamentos. Para maiores informações, consulte um médico especialista. Ele poderá ajudá-lo de forma individualizada. 


Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como
psiquiatra em São Paulo!




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    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


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