depressão / Dra Aline Rangel

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7 de fevereiro de 2023 AnsiedadeDepressão0

Engarrafamento de carros. Buzina. Gente pra cá, pra lá. Engarrafamento de gente! Os sinais estão claros: você vive num grande centro urbano. Agora, imagina este cenário com mais carros, buzinas, gente, gente, gente… Imaginou? Bem vindo, o ano de 2023 realmente começou. Você pode estar fora da escola ou faculdade há décadas mas, é fato, nós ainda organizamos nossas metas, tarefas, obrigações, lazer, etc, seguindo a lógica do ano letivo escolar. E isso traz consequências não só no barulho externo,  como o dos carros nas ruas, mas aos nossos “barulhos internos” também.

Ansiedade em relação ao retorno ao ano letivo é uma reação comum e pode ser causada por fatores como pressão para se sair bem, medo de enfrentar desafios, incerteza sobre o futuro, provas, competitividade, apresentações em público, aprovação social, bullying… esses e outros desafios surgem durante a fase escolar e acadêmica. Não há dúvidas de que adolescentes e adultos jovens estão entre as populações mais vulneráveis para ter ansiedade: a vida é só futuro.

Como identificar a ansiedade?

O Ministério da Educação divulgou em 2019 o último resultado do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, PISA  — Programme for International Student Assessment —, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde os jovens brasileiros estão entre os mais ansiosos e estressados antes de provas.

Psicologicamente falando, a ansiedade moderada pode ser funcional. Esse sentimento leva a pessoa a se dedicar aos estudos. Se fosse pela ausência total de ansiedade, a pessoa não se importaria tanto em ir para a vida, desafiar-se e crescer. A ansiedade elevada, por outro lado, pode interferir na concentração e no sono, levá-lo ao isolamento, causar alterações no humor, pensamentos e fazê-lo se sentir incapaz diante de desafios da vida.

Fique de olho em alguns sinais:

  • Falta de vontade de frequentar a escola/faculdade;
  • Dificuldade de concentração;
  • Retraimento social e dificuldade de interagir com outras pessoas, mesmo que fora do ambiente escolar;
  • Pensamentos negativos;
  • Fadiga (cansaço físico e mental);
  • Distúrbios do sono;
  • Dores gastrointestinais, tontura, entre outros sintomas no corpo;
  • Estado de alerta constante e preocupação excessiva.

 

Identificou estes sinais? Aqui estão 5 dicas para ajudar a lidar com a ansiedade no início do ano letivo:

1) Planeje antecipadamente

Crie um cronograma de estudos e organize suas tarefas para minimizar o estresse.

2) Pratique autocuidado

Dedique tempo para cuidar da sua saúde física e emocional, dormindo o suficiente, comendo bem e praticando atividades que você goste.

3) Conecte-se com outros estudantes:

Participar de grupos de estudantes ou de atividades extracurriculares pode ajudá-lo a fazer amizades e se sentir mais conectado com a universidade.

4) Converse com um professor/coordenador pedagógico

Se você estiver se sentindo sobrecarregado, converse com um conselheiro de alunos ou um profissional de saúde mental.

5) Tenha uma rede de apoio

Aproveite o suporte que grupos de algumas Redes Sociais possam oferecer e/ou crie um grupo de suporte, nem que seja com você mesmo!

Gostou das dicas?

Lembre-se de que a ansiedade é uma experiência comum e que existem muitos recursos e estratégias disponíveis para ajudá-lo a lidar com ela. Se você se sentir sobrecarregado, não hesite em procurar ajuda e apoio.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra e psicoterapeuta em São Paulo. Clique no botão abaixo e fale com a minha equipe!


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Transtorno do humor é uma condição patológica que apresenta alterações no humor, comportamento, na energia, na forma de sentir, de pensar e reagir.  Esse tipo de transtorno compromete não apenas o humor, como também a afetividade e as relações sociais.

Tal problema pode impactar diferentes áreas da vida, incluindo a familiar, profissional, escolar ou acdêmica, social e amorosa, uma vez que o transtorno de humor pode se manifestar em episódios isolados ou recorrentes. Consequentemente, o indivíduo é assolado por sérios prejuízos.

Há diferentes tipos de transtorno do humor, entre eles, a depressão, o transtorno bipolar, ciclotimia e a depressão leve persistente (anteriormente chamada de distimia). Quer conhecer os transtornos do humor mais a fundo? Leia o artigo e fique por dentro do assunto!

Tipos de transtorno do humor

Como foi mencionado anteriormente, não há somente um tipo de perturbação do humor. Confira a seguir os principais transtornos existentes:

  • Depressão – Transtorno do humor que gera um estado de angústia, melancolia, ansiedade, desânimo, queda de energia, fadiga e falta de motivação. Não deve ser confundida com os episódios pontuais de tristeza diante dos problemas da vida.
  • Transtorno Bipolar: A bipolaridade ou transtorno afetivo bipolar é uma condição caracterizada pela alternância, muitas vezes súbita, de humor e comportamento. O transtorno bipolar tem ganhado cada vez  consistência de se tratar de um “espectro” de humor em detrimento de dois pólos distintos de humor: a mania e a depressão.
  • Ciclotimia – Ciclotimia é uma condição que integra o espectro bipolar, sendo considerada uma forma mais leve de bipolaridade. Essa perturbação do humor mescla períodos de euforia, excitação e hiperatividade com outros de tristeza, desânimo e inatividade.
  • Distimia – A distimia, ou transtorno depressivo persistente, é um tipo de depressão. Ela tem a intensidade moderada e duração mais longa que a depressão. Pessoas com distimia são vistas como indivíduos constantemente mal humorados, o que produz impactos negativos para o convívio social.

Sintomas do transtorno do humor

Os sinais individuais de cada transtorno do humor já foram mencionados, porém, há sintomas gerais e comuns que se repetem em todos esses tipos de perturbação. São eles:

  • alteração na energia/vitalidade
  • reações desproporcionais diante de fatos estressantes,
  • mudança de estado afetivo sem razão aparente,
  • perda de interesse em atividades que antes eram tidas como prazerosas,
  • dificuldade para manter relacionamentos interpessoais saudáveis,
  • perda ou aumento do apetite,
  • distúrbios do sono,
  • sentimentos negativos,
  • agitação ou retardo psicomotor,
  • prejuízos no desempenho social e/ou profissional

Causas do problema

Os transtornos do humor apresentam causas multifatoriais. Eles podem ter origens genéticas, psicossociais ou os dois. Perturbações do humor podem acontecer devido alterações bioquímicas no cérebro, como o déficit no metabolismo da serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar e equilíbrio do humor. Eventos negativos, como a morte de alguém querido, o desemprego repentino, mudanças físicas, episódios de doença e términos de relacionamentos também podem provocar o aparecimento de transtornos do humor.

Tratamentos para transtornos do humor

O tratamento para o transtorno do humor pode ser psicoterápico, farmacológico ou ambos, a fim de aumentar a efetividade. O tratamento farmacológico é realizado através de medicamentos antidepressivos, estabilizadores do humor e/ou antipsicóticos. A psicoterapia traz abordagens que visam melhorar a qualidade de vida do paciente e ajudá-lo a desenvolver diversos recursos internos para lidar com as disfunções.

Compreender os diferentes tipos de transtornos de humor e suas características únicas, é essencial para que os profissionais de saúde mental possam diagnosticar com precisão e desenvolver planos de tratamento personalizados para seus pacientes. A importância de uma avaliação abrangente não pode ser subestimada, pois um diagnóstico incorreto ou tratamento inadequado pode levar a complicações adicionais e dificultar o processo de recuperação.

Além disso, o valor do tratamento baseadas em evidências, como medicamentos, psicoterapia e modificações no estilo de vida, não pode ser subestimado. A colaboração entre profissionais  e pacientes é crucial para garantir que a abordagem de tratamento escolhida esteja alinhada com as necessidades e preferências individuais.

Também é importante reconhecer o papel do suporte contínuo e do monitoramento no manejo de longo prazo dos transtornos de humor. Acompanhamentos regulares e ajustes no plano de tratamento podem ser necessários para otimizar os resultados e prevenir recaídas. Além disso, conscientizar sobre os transtornos de humor e reduzir o estigma associado à saúde mental é essencial para incentivar as pessoas a procurar ajuda e apoio

 


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A Neurastenia (neuro = cérebro, astenia= fraqueza), é um transtorno psicológico resultado do enfraquecimento do sistema nervoso central, culminando em cansaço física e mental. É um termo antigo, usado pela primeira vez por George Miller Beard, em 1869, para designar um quadro de exaustão física e psicológica, fraqueza, nervosismo e sensibilidade aumentada (principalmente irritabilidade e humor depressivo).Era um diagnóstico muito frequente no final do século XIX que desapareceu e foi revivido várias vezes durante o século XX sendo incluído no CID-10 pela OMS mas não pelo DSM-5. Sua prevalência está entre 3 e 11% da população mundial, sendo tão comum em homens quanto em mulheres.

Era um diagnóstico muito frequente no final do século XIX e foi revivido várias vezes durante o século XX, sendo incluído no CID-10 pela Organização Mundial da Saúde. Os Estados Unidos são campeões no ranking de prevalência da doença e chegaram até a batizá-la como “americanitis”, pois a consideravam como transtorno psíquico característico dos americanos.

Principais sinais e sintomas da neurastenia

Além do cansaço, pode ser causada por combinação de fatores genéticos e ambientais, rotinas estressantes ou problemas familiares. Entre os principais sintomas estão:

  • dor de cabeça;
  • esgotamento físico e emocional;
  • dores no corpo;
  • aumento da sensibilidade;
  • pressão e peso na cabeça;
  • zumbidos no ouvido;
  • tonturas;
  • alterações no sono;
  • cansaço excessivo;
  • dificuldade em relaxar;
  • dificuldade de concentração;
  • dormência e formigamento dos membros;
  • distúrbios gastrointestinais;
  • ansiedade ou depressão.

 Por apresentar sintomas parecidos com os de outros transtornos psicológicos, a neurastenia deve ser cuidadosamente analisada por um psiquiatra. Além disso, a rotina do paciente e o histórico de saúde também precisam ser verificados. Ainda, o médico pode realizar testes psicológicos, baseados nos sintomas e na duração, que deve ser superior a três meses.

No geral, o psiquiatra observará se o paciente apresenta:

  • exaustão persistente e angustiante após esforço físico ou mental menor;
  • sensação geral de mal-estar acompanhada por um ou mais sintomas — dores musculares, tonturas, dor de cabeça de tensão, distúrbios do sono, incapacidade de relaxar e irritabilidade;
  • impossibilidade de se recuperar por meio de descanso ou atividade prazerosa;
  • sono não reparador, muitas vezes, incomodado com pesadelos;
  • Algo não causado por distúrbios mentais orgânicos, mas sim por outros transtornos afetivos, transtorno do pânico ou transtorno de ansiedade generalizada.

Neurastenia ao longo dos séculos XIX, XX e XXI

A neurastenia foi um diagnóstico comum que teve origem no final do século XIX e permaneceu popular por mais de 60 anos. O diagnóstico tornou-se amplamente adotado porque fornecia uma nova perspectiva sobre as dificuldades dos pacientes. Argumentava-se que todos os casos de neurastenia compartilhavam um padrão comum de sintomas, um curso semelhante, uma via causal comum e uma tendência a responder a alguns tratamentos interessantes. Assim, por muitos anos, a neurastenia infiltrou-se no mundo médico e tornou-se um fenômeno diagnóstico generalizado.

A medicina moderna enfrenta dificuldades ao diferenciar uma doença clínica de um transtorno emocional. Na verdade, muitas vezes há algum grau de sobreposição e comorbidade (ocorrência de duas doenção ao mesmo tempo ou associadas) entre distúrbios clínicos e transtornos psiquiátricos. Corpo e mente estão entrelaçados e o estado mental de um paciente terá um impacto em sua condição física.

O diagnóstico de neurastenia perdeu importância e passou a se subdiagnosticado após 1920 devido à ênfase em uma abordagem mais científica para a medicina. No entanto, o diagnóstico de neurastenia permaneceu intacto. Durante a década de 1940, a neurastenia foi descrita como uma condição psiconeurótica viável classificada junto com histeria, ansiedade, compulsões e neuroses traumáticas. Mais recentemente, a neurastenia tem sido descrita como uma categoria diagnóstica viável em livros didáticos  e sistemas de diagnóstico da Organização Mundial de Saúde.

Ao longo da história da neurastenia, ficou claro que a maioria dos médicos se sentia mais confortável em fazer um diagnóstico de um problema médico do que em considerar os sintomas como enraizados emocionalmente. Como muitas vezes não havia uma causa orgânica identificável, os médicos às vezes se recusavam a tratar pacientes neurastênicos ou se contentavam em fornecer conselhos vagos para lidar com os sintomas da neurastenia. No entanto, recomendava-se “evitar tratar os sintomas neuróticos como se houvesse uma doença orgânica presente… administrar medicamentos e realizar operações claramente nunca pode remediar o que não está lá para ser remediado”.

Com o tempo, a causa provável da neurastenia passou a ser vista como um conflito psicológico em vez de uma “exaustão” do sistema nervoso . Houve uma ênfase em evitar prescrever longos períodos de repouso, pois isso poderia convencer os pacientes de que eles estavam incapacitados ou com deficiência grave. Ainda hoje, parece útil enfatizar as forças e a resiliência do paciente no caminho para a saúde, em vez de sua incapacidade e fraqueza. Além disso, o estado mental adoecido às vezes era o foco do tratamento em vez do conjunto de sintomas.  Assim, não foi surpreendente que os pacientes se beneficiassem de uma avaliação honesta e de uma atitude de apoio de seu médico. O estado mental do paciente precisava de tratamento além da condição física.

Os pacientes com neurastenia eram caracterizados pela expressão “dupla carga do neurastênico” devido ao sofrimento subjetivo e às reações sociais dos outros que podem não ter respeitado a realidade de sua experiência. Essa carga reforçou a opinião dos médicos de endossar uma base médica para a neurastenia. A neurastenia foi reconhecida como uma condição médica, tanto por pacientes quanto por médicos, reduzindo provavelmente o interesse por fatores psicológicos potenciais. A sobreposição significativa dos diagnósticos modernos e históricos relacionados ao sofrimento devido à fadiga sugere que há muito a ser compreendido sobre este quadro clínico-psicológico. Hoje, século XXI, observamos  novamente essa sobreposição de sinais e sintomas em casos contemporâneos de síndrome da fadiga crônica e fibromialgia.

Agende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Qual é o tratamento indicado?

O tratamento tem como principal objetivo oferecer uma melhor qualidade de vida, reduzir os sintomas e promover uma rotina mais leve ao paciente. Na maioria das vezes, a melhor indicação é a psicoterapia combinada com o uso de medicamentos, que estimulam a produção e liberação de hormônios responsáveis pelo bem-estar.

Além disso, é importante que o paciente se comprometa a adotar novos hábitos de vida e que mantenha uma alimentação equilibrada e rica em fibras, legumes, verduras e frutas. Ainda, que evite uso de bebidas alcoólicas, comidas gordurosas e cigarro, por exemplo. É indicado também praticar atividades físicas regulares, o que ajudará a estimular a produção de hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, ajudando a relaxar.

Por fim, pessoas com neurastenia devem evitar rotinas estressantes, reservando pelo menos um dia por semana para o descanso, de preferência em locais tranquilos, agradáveis e com bastante ar puro.

Ao explorarmos a história do diagnóstico da neurastenia, percebemos o quão complexo e multifacetado é o campo da medicina e da saúde mental. A neurastenia, que foi amplamente diagnosticada e discutida durante mais de seis décadas, foi gradualmente desaparecendo à medida que a medicina buscava uma abordagem mais científica. No entanto, é importante reconhecer que a experiência de sofrimento dos pacientes persistiu, mesmo que os sintomas fossem vagos e não específicos.

Hoje, vemos esses mesmos desafios na compreensão de condições como a síndrome da fadiga crônica e a fibromialgia. Embora esses diagnósticos tenham evoluído e sido reconhecidos de forma mais precisa, ainda existem semelhanças intrigantes com a neurastenia do passado. A sobreposição dos sintomas de fadiga, dores musculares e dificuldades cognitivas é evidente, assim como a busca por validação e compreensão da experiência subjetiva do paciente.

Nossa compreensão dessas condições está em constante evolução. À medida que avançamos, devemos aprender com os erros do passado e evitar cair em armadilhas de diagnósticos excessivamente amplos ou imprecisos. É fundamental reconhecer a interação complexa entre o corpo e a mente, entendendo que os fatores psicológicos e sociais desempenham um papel crucial nas manifestações físicas dessas condições.

 


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Referências: Overholser, J. C., & Beale, E. E. (2019). Neurasthenia. The Journal of Nervous and Mental Disease, 207(9), 731–739.



19 de dezembro de 2022 Todos

Conflitos emocionais e distúrbios mentais são eventos diferentes. O conflito emocional está atrelado à dificuldade para expressar o que sente, o que quer e o que pensa. Em razão disso, desenvolve-se uma tensão interna grande, que impede a pessoa de viver plenamente. O que ela expressa não condiz com as emoções verdadeiras. Então, forma-se o conflito.

O distúrbio mental é uma doença que afeta a mente de várias formas. Entre as manifestações mais comuns desse transtorno estão ansiedade generalizada, pânico, alucinações, compulsões, bipolaridade, entre outros comportamentos que devem ser diagnosticados e tratados pelo médico psiquiatra.

Sinais de conflitos emocionais

  1. Atitude defensiva. Alguém que está vivenciando conflitos emocionais, geralmente, mantém uma atitude defensiva, ou seja, está sempre pronto para reagir contra possíveis críticas, contrariedades e divergências de opinião. A pessoa está sempre justificando seus comportamentos e reações.
  2. Intransigência: Quando há muita tensão interna gerada por conflitos emocionais, a pessoa pode se tornar excessivamente crítica consigo mesma e com as pessoas ao redor. Passa a encarar a vida com negatividade e pessimismo, não enxerga as próprias qualidades nem os pontos positivos das outras pessoas. A crítica não é construtiva, mas depreciativa.
  3. Isolamento social: Uma fase da vida marcada por conflitos emocionais é também um período de afastamento social. Não há motivação para compartilhar os momentos ao lado da família, dos amigos, conhecer outras pessoas e lugares. As emoções negativas ficam mais afloradas, dificultando as relações interpessoais.
  4. Falta de empatia: Alguém que está com dificuldade para encontrar a saída de um labirinto emocional distancia-se das pessoas, vê os problemas alheios com indiferença. Não consegue se colocar no lugar do próximo.
  5. Autossabotagem: Conflitos emocionais bloqueiam o desenvolvimento pessoal. Autoestima baixa, ausência de autoconfiança, medo dos riscos e incertezas impedem o progresso pessoal. A pessoa segue a vida construindo obstáculos maiores que a realidade e encontrando motivos para não tomar decisões.  

Sinais de distúrbios psiquiátricos

  1. Oscilações bruscas de humor: O transtorno de humor está entre os distúrbios psiquiátricos mais comuns, com destaque para  o transtorno depressivo.
  2. Isolamento social: Em determinados momentos, é natural o desejo de estar sozinho, relaxar a mente, refletir sobre a vida. No entanto, quando o isolamento social é contínuo, motivado pelo medo de situações irreais, criadas pela mente e que não correspondem à realidade, pode ser um sinal de algum distúrbio psiquiátrico, como a fobia social.
  3. Ansiedade persistente: Sentir ansiedade diante de circunstâncias novas e momentos decisivos é normal. Porém, quando ocorre a ansiedade excessiva, acompanhada de medo, insegurança total e sensação de sufocamento, é importante buscar ajuda médica para descobrir se não há algum tipo de distúrbio psiquiátrico, como o transtorno de ansiedade generalizada.
  4. Mania de perseguição: Sentir que está sempre no centro das atenções, que é alvo dos olhos críticos do mundo e motivo para comentários maldosos, quando, na verdade, tudo isso é irreal, pode ser um sinal de distúrbio mental, o que requer uma avaliação pelo médico psiquiatra.

Ajuda médica para o tratamento de conflitos emocionais e distúrbios mentais

Para superar os conflitos emocionais e tratar os distúrbios mentais, é importante compreender as causas. Deve-se refazer o caminho, reencontrar os motivos que desencadearam essa turbulência de emoções conflitantes. Esse entendimento é fundamental para reorganizar o mundo interior e vislumbrar outras perspectivas de vida.

Ignorar os conflitos emocionais é o pior a fazer. Da mesma forma, sintomas associados a possíveis distúrbios mentais merecem atenção e devem ser diagnosticados pelo médico psiquiatra.

O corpo e a mente adoecem também. Por isso, se você está enfrentando esse tipo de situação, não hesite em buscar ajuda psiquiátrica.

A terapia é o espaço adequado para dar vazão a toda essa carga emocional e reequilibrar a vida. É também importante ferramenta de auxílio para se desenvolver a consciência emocional, aprender a expressar emoções, sentimentos e resolver os conflitos internos com assertividade.

O diagnóstico precoce de distúrbios mentais é fundamental para evitar a evolução do transtorno e prejuízos para a qualidade de vida e relacionamentos interpessoais.

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26 de setembro de 2022 GeralTodos
Nós mês em que comemoramos as discussões sobre estratégias de prevenção do suicídio, setembro amarelo, temos que protagonizar às famílias, pacientes e, por fim, nós profissionais de saúde para nos apoiarmos mutuamente. Nós sabemos da importância da família no tratamento do paciente psiquiátrico. É na família que o paciente encontra o apoio em momentos de crise, quando precisa de ajuda, quando precisa desabafar ou simplesmente quando quer um carinho sem julgamento. A família é e sempre será importante no tratamento do paciente psiquiátrico pois, inclusive, é a primeira a perceber que ATENÇÃO: algo não vai bem!

Porém, não podemos nos esquecer que a família também precisa de apoio nesses momentos. Sabe-se que o adoecimento de um membro desestrutura e enfraquece a unidade familiar. Algumas pesquisas sugerem que 25% a 50% dos familiares de pacientes críticos experimentam sintomas psicológicos, incluindo estresse agudo, estresse pós-traumático, ansiedade generalizada e depressão. Por isso, é preciso um cuidado especial com todos.

Cuidados com a família do paciente psiquiátrico

O primeiro passo para um cuidado com a família é ser transparente em relação à doença do paciente. Ela precisa saber e entender melhor todos os sintomas e reações que a doença pode causar. Sendo transparente, a família tem a oportunidade de conversar melhor com o médico e profissionais de saúde e até mesmo de ajudar com soluções básicas no dia a dia, tornando a rotina o mais próximo possível da realidade do paciente. Sejamos realistas: dá pra pedir para um paciente que sempre foi sedentário praticar uma atividade física após uma única consulta?

Além disso, é importante que o profissional de saúde esteja aberto a ouvir e ajudar os familiares. Muitas vezes, em meio às crises e problemas do paciente, a família se sente sem ter para onde correr ou pedir ajuda. Nesse momento, o apoio do médico é fundamental, só ele poderá ajudar a acalmar e entender o momento do paciente psiquiátrico.

Em muitos casos é recomendado que o familiar também realize um tratamento psicológico. O apoio psicológico e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento não poderão modificar a situação do paciente, mas poderão ajudar o familiar a negociar com suas emoções e, assim, manter uma autoestima positiva, esperança e bem-estar, o que é fundamental, uma vez que seu estado de saúde física e emocional influenciarão diretamente o bem-estar e os cuidados do paciente e a qualidade de vida de ambos.

Terapia familiar

A terapia familiar também pode ser uma alternativa para as famílias com pacientes psiquiátricos. Nesse contexto, a família pode ser vista tanto em sua estrutura nuclear — pai, mãe e filhos — quanto em sua estrutura estendida, incluindo assim avós, primos, genros, noras ou pessoas próximas que convivem com o paciente. Durante as sessões os envolvidos têm a oportunidade de expor suas dificuldades, conflitos internos, insatisfações e até mesmo inseguranças.

A maioria dos estudos parte do pressuposto de que independentemente do programa de apoio adotado, a família deve participar do tratamento e receber suporte não apenas para aprender a cuidar do paciente, mas, sobretudo, para enfrentar, compreender e compartilhar a situação de doença e/ou deficiência, e conseguir lidar mais adequadamente com seus próprios problemas, conflitos, medo e aumento das responsabilidades.

 


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20 de janeiro de 2022 Todos

A dificuldade de concentração pode ter diversas causas. É natural que, após uma noite de sono mal dormida, ou depois de uma semana de ritmo acelerado e trabalho atípico, nos sintamos um pouco desconectados das nossas habilidades.

Nestes casos, o problema tende a abrandar um pouco quando descansamos, dormimos e tiramos um tempo ocioso. Por sua vez, isso permite que reorganizemos os nossos pensamentos, acalmemos o nosso corpo e ganhemos mais foco.

Quando a falta de concentração torna-se uma situação diária, no entanto, é preciso estar atento.

Há quadros clínicos que têm como sintoma a dificuldade de concentrar-se nas atividades múltiplas. Isso pode causar danos à autoestima, relacionamentos interpessoais e no trabalho.

Confira algumas das causas mais comuns da baixa concentração abaixo.

Causas da dificuldade de concentração

Um dos primeiros fatores é o cansaço mental, normalmente aliado ao estresse. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ritmo de trabalho atual, com suas condições, obrigações e frequentes estímulos, ultrapassa os limites do corpo e da mente.

O estresse causado pelo cotidiano pode fazer com que as pessoas desenvolvam, além de problemas de saúde, uma série de transtornos de ordem mental.

A sociabilidade também fica prejudicada: pessoas que trabalham demais e estão estressadas podem buscar o isolamento como forma de preservação.

O estresse, no entanto, não é a única coisa que pode influenciar o grau de concentração. Veja outros fatores de risco para a condição, a seguir.

Síndrome de Burnout

Também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio de ordem emocional, caracterizado por esgotamento físico e mental, estresse intenso, exaustão e instabilidade emocional.

Como o nome sugere, é uma doença que está atrelada ao excesso de trabalho. Pode acontecer após meses de rotina intensa e é mais comum em trabalhadores que estão submetidos a cargas intensas e altas cobranças. Por conta disso, tendem a deixar de lado a vida pessoal e o lazer.

A Síndrome de Burnout causa perda de foco, esquecimento, dificuldade de memorização, irritabilidade e, às vezes, pode engatilhar quadros de choro, explosão emocional ou pânico.

Quando não tratada, pode ser responsável por quadros de depressão severa.

Depressão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas sofram com o transtorno em todo o planeta.

É a maior causa de incapacidade no mundo e está atrelada a outros problemas de saúde, além de ideações suicidas. A depressão causa perda de interesse nas atividades cotidianas, instabilidade emocional, sonolência ou insônia persistente, cansaço físico, dores nas costas e na cabeça, emagrecimento ou ganho de peso e, claro, o problema-tema deste artigo.

TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, conhecido como TDAH, é um distúrbio que causa impacto significativo na vida dos pacientes.

Quando não tratado desde cedo – muitas pessoas manifestam a condição ainda na infância -, pode gerar quadros de insatisfação, dificuldade de socialização, sensação de incapacidade e, muitas vezes, atrapalhar os estudos e a vida profissional.

Estes são apenas alguns dos diagnósticos que podem fazer com que uma pessoa tenha problemas para se concentrar em atividades necessárias do dia a dia. Apenas um especialista pode, após avaliar de forma extensa os sintomas e relatos do paciente, qual é o melhor caminho a ser seguido para o tratamento para dificuldade de concentração.


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8 de outubro de 2020 Depressão

Há uma série de questionamentos quando o assunto é antidepressivos. No Quora, um site de perguntas e respostas, o termo “antidepressivos” gera uma lista de mais de duas mil dúvidas a respeito do tema. Dentre elas, como esses medicamentos atuam no organismo, se realmente curam a depressão, se causam dependência, etc. Neste texto, busco esclarecer as perguntas mais recorrentes sobre o tratamento com medicamentos antidepressivos.

O que são os antidepressivos?

Comumente associa-se a palavra “antidepressivos” a medicamentos. No entanto, se pararmos para pensar analiticamente, existem muitos hábitos que são antidepressivos, pois também são capazes de aliviar os sintomas de depressão: atividade física e meditação, por exemplo.

O medicamento antidepressivo, por sua vez, é um remédio que pode ou não ser incluído no tratamento para depressão. Essa inclusão depende de muitos fatores: dos sintomas, da recorrência, da intensidade, etc. e devem ser utilizados apenas com prescrição médica. Ao analisar essas e outras variáveis, o psiquiatra pode optar pela intervenção farmacológica.

Como funcionam os medicamentos antidepressivos?

Os medicamentos antidepressivos atuam no sistema nervoso central, alterando e regulando os estados de humor do paciente. São responsáveis por melhorar a execução da vontade e reduzir a ocorrência de pensamentos pessimistas.

O nosso cérebro produz neurotransmissores, substâncias diretamente ligadas ao nosso humor e a outras funções físicas e psicológicas. Você possivelmente já ouviu falar em dopamina, serotonina ou noradrenalina. São os neurotransmissores mais conhecidos. Essas substâncias estabelecem uma comunicação entre os neurônios – fenômeno chamado de sinapse – e regulam o apetite, o sono, o humor e outros fatores. É por esse motivo que pessoas com sintomas depressivos podem passar a não comer ou dormir direito e apresentar tristeza constante.

Quando há algum tipo de instabilidade na rede neural, esses neurotransmissores deixam de ser produzidos na quantidade ideal, causando sintomas depressivos. Os medicamentos, portanto, buscam restabelecer a sinapse dos neurônios, ajustando a quantidade de neurotransmissores produzidos. Por esse motivo volto a ressaltar a importância de ter sempre uma prescrição médica para fazer uso dos medicamentos. Eles são prescritos para cada caso e pensados para estimular neurotransmissores específicos.

Com o passar do tempo, esse ajuste faz com que a insônia, a falta de apetite, a tristeza, a irritabilidade e outros sintomas sejam aliviados. Por esse motivo, não costumamos dizer que os medicamentos antidepressivos representam uma cura, mas que fazem parte de um tratamento. Existe a chance de os sintomas aparecem em outro momento da vida, motivo pelo qual devem ser mantidos os hábitos saudáveis e as mudanças positivas.

Antidepressivos possuem efeitos colaterais?

Assim como qualquer outra medicação, os antidepressivos apresentam alguns efeitos colaterais. Eles dependem muito da composição do medicamento, da dosagem e do paciente, afinal, é comum que algumas pessoas sintam os efeitos de maneira muito branda, enquanto outras são mais sensíveis a eles.

No geral, os efeitos secundários costumam se manifestar com mais recorrência no início do tratamento, período em que o paciente ainda está se adaptando. Alguns medicamentos podem causar náuseas, diminuição de libido, boca seca, entre outros. Ao conversar sobre esse assunto com seu psiquiatra, informe-se sobre possíveis efeitos colaterais. Eles podem surgir no início, mas nunca desista por causa deles. Lembre-se de que esses efeitos são passageiros e, dentro de alguns dias, você dará prosseguimento ao seu tratamento com mais conforto.

Alguns pacientes são resistentes ao tratamento com medicamentos antidepressivos. Recusam-se a tomá-los e relutam em inseri-los em seu dia a dia. Têm medo de que possam viciar, o que é um mito. Ou têm vergonha de expor esse tipo de tratamento aos familiares. Enfim… há muitas razões. Talvez o preconceito venha pois a ação do medicamento acontece na região cerebral, uma das áreas mais complexas do organismo, se não a mais complexa. E também porque não falamos tanto sobre esses fármacos como deveríamos. São medicamentos que passam por um longo processo de pesquisa, desenvolvimento e testes, assim como pelo crivo de qualidade e segurança da Anvisa.

Desde que surgiram, lá na década de 1960, esses remédios passaram por muito aperfeiçoamento e novos tipos foram e ainda vêm sendo criados. São seguros e eficazes quando tomados adequadamente. E em muitos casos são o empurrãozinho necessário para resgatar uma vida mais saudável, próspera e feliz!

Você gostaria de saber mais sobre depressão, ansiedade e demais assuntos? Então confira o meu blog, onde você encontrará uma série de textos sobre esse e outros temas. Se você está buscando apoio para lidar com alguma questão de ordem psíquica, entre em contato comigo! Eu posso ajudar você. Tamo junto! Abração.



25 de setembro de 2020 DepressãoTodos

Tristeza, irritação e desânimo fazem parte da vida de todos. Inclusive das crianças e dos adolescentes. Ficar separado dos pais, mudança de rotina, cobranças na escola… tudo isso pode gerar uma certa ansiedade nos mais jovens. O problema é quando esses sentimentos se tornam habituais. Aos poucos, nota-se algumas alterações no humor, na alimentação e no sono. Nota-se, também, que as atividades que proporcionavam prazer deixam de ser atrativas e que, eventualmente, a criança ou adolescente apresenta retraimento social. São sintomas clínicos típicos da depressão. Muitos acreditam que o transtorno depressivo não aflige os mais jovens, porém, ele não é restrito a uma faixa etária. O que fazer diante de um diagnóstico de depressão em uma criança ou adolescente? O tratamento é similar?

Como identificar sintomas depressivos em crianças e adolescentes?

Quando uma criança ou adolescente apresenta algum sintoma característico da depressão, em geral não é dada muita atenção de início. Muitos pais notam mudança, mas acreditam ser uma fase, o que acaba resultando em um diagnóstico tardio, quando os sintomas já estão mais intensos. O que também agrava a situação é o fato de que, dependendo da idade, a criança ou adolescente ainda não possui recursos para reconhecer que está deprimido, pois ainda não tem um nível de consciência que permita nomear suas emoções, cabendo ao adulto fazer isso por ele. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais apresentados.

Depressão infantil

A depressão infantil pode causar medo constante de ficar sozinho, sobretudo durante a noite, momento no qual a criança pode relatar pesadelos e, consequentemente, incapacidade de manter horas prolongadas de sono. A infância deve ser uma fase de exploração e lazer. Ao notar que a criança passa a evitar atividades lúdicas e recreativas e prefere ficar quietinha o tempo todo, por muitos dias ou até semanas, é o momento de ligar o alerta e considerar o acompanhamento de um profissional.

Durante a infância é comum que os sintomas se apresentem também de forma psicossomática. Em suma, a criança pode sentir queimação no estômago, falta de ar e outras reações no corpo. Já falei sobre as doenças psicossomáticas aqui no blog. Depois de terminar esta leitura, você pode começar a ler mais sobre a psicossomatização clicando aqui.

Depressão na adolescência

A adolescência, por sua vez, é um momento crítico no desenvolvimento pois apresenta uma série de desafios para o jovem. É nessa fase que acontecem mudanças nos hormônios e no corpo. Variações de humor são mais recorrentes, assim como forte pressão para ser aceito socialmente em grupos de amigos ou se encaixar em padrões pré-estabelecidos – sobretudo para as meninas, motivo pela qual elas são mais vulneráveis a apresentar alguns sintomas depressivos. Alguns dos mais comuns nas meninas são o isolamento, tristeza intensa, choro sem motivo aparente, baixa autoestima. Os meninos não costumam lidar com os sentimentos da mesma mesma maneira que as meninas, por isso, além dos mesmos sintomas, podem externalizar as emoções por meio de um comportamento agressivo, demonstrar irritabilidade e entrar em conflitos.

Adolescentes costumam ser um pouco mais inconsequentes e impulsivos e, por isso, podem recorrer ao álcool ou a outras drogas em busca de alívio a curto prazo ao sofrimento que sentem. Em alguns casos, podem considerar suicídio como alternativa, motivo pelo qual o diagnóstico precoce é fundamental.

Seja na infância ou na adolescência, em ambos os casos a escola será uma das mais importantes aliadas para os pais ou responsáveis. Ao notar mudanças comportamentais que possivelmente estão ligadas aos sintomas depressivos, é interessante recorrer à escola para obter mais informações sobre o comportamento da criança ou adolescente. Seu desempenho vem caindo ao longo das últimas semanas? Apresenta retraimento social e prefere se manter isolado dos demais? Está com dificuldade de aprendizado? Esses são outros sintomas importantes que podem facilitar a identificação. Diante de sinais como esse, a experiência de um profissional como o psiquiatra é primordial para realizar o diagnóstico e oferecer o tratamento mais indicado para o caso.

Como funciona o tratamento?

Felizmente os pacientes mais novos costumam responder bem ao tratamento. Desde 2005 presto serviços voltados ao adolescente e já atendi mais de mil jovens entre onze e dezessete anos. Ouvi muitas histórias e relatos e não há como afirmar que isso ou aquilo causa a depressão, pois cada pessoa tem um histórico e uma experiência de vida. Alguns pacientes relatam bullying, perdas e luto na família. Outras falam sobre mudança de casa ou de escola, família desestruturada, dificuldade em se aceitar. Há também a questão genética. Pesquisas afirmam que muitas pessoas possuem predisposição para o transtorno depressivo e pode “herdá-lo” de seus antecedentes, assim como acontece com a hipertensão, a diabetes, etc.

É importante ressaltar que, individualmente, nenhuma dessas causas define se o paciente apresenta um quadro depressivo ou não. Não é assim tão preto no branco. A depressão possui uma área muito cinzenta, afinal, as determinantes são variadas, assim como os sintomas, a intensidade, a frequência etc. Nem sempre os medicamentos são necessários no tratamento, mas quando são, a resposta é muito positiva. Muitas vezes mais positivas do que em adultos, fazendo com que o tratamento seja um pouco mais breve.

Eu sei que é muito doloroso ver um filho, um sobrinho ou um neto com depressão. Já acompanhei famílias enfrentando juntas esse transtorno, seja na infância ou na adolescência. Em alguns casos, há preconceito e/ou culpa por parte dos pais. Minha sugestão é: não se prenda a esses sentimentos e busque ajuda. Durante todos esses anos vi jovens com crises suicidas, crises de ansiedade, surtos psicóticos, comportamentos autolesivos… como disse, os sintomas são variados. Há algo, porém, que é comum: quando há apoio e compreensão da parte da família, a resposta ao tratamento é ainda mais rápida. Nesse momento, a união e o suporte familiar são mais do que pilares para uma recuperação efetiva. São uma prova de amor.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho aqui no meu blog. Abração. Tamo junto!



16 de setembro de 2020 Depressão

Ao falar sobre alguém com depressão, é comum imaginar uma pessoa extremamente triste que não consegue levantar da cama ou sair de casa. Em alguns casos isso acontece, é verdade. Porém, grande parte das pessoas diagnosticadas segue uma vida comum, pois o transtorno não é necessariamente incapacitante. A maioria, então, vai ao trabalho, dá risada, participa de reuniões e de rodas de conversa. A depressão costuma se manifestar com maior intensidade em sua vida privada, geralmente dentro de casa, onde aquela normalidade dá lugar a uma forte tristeza, crises de ansiedade e outros sintomas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 6% da população brasileira possui depressão. É possível, portanto, que você conheça alguém que foi diagnosticado com depressão, mas não faça ideia disso. E se a pessoa decidir não compartilhar essa informação com você, provavelmente você jamais saberá. Mas e se ela optar por dividir esse diagnóstico? Como agir, lidar e mostrar apoio?

Entendendo a depressão

O primeiro passo é entender do que se trata a depressão. É importante dedicar um tempo para ler, buscar relatos, se informar e se educar sobre esse transtorno. Não pretendo entrar em pormenores neste texto, pois há uma série de conteúdos que já publiquei sobre o tema, e você pode conferi-los clicando aqui.

Ao saber que um amigo, familiar ou colega está com depressão, muitas pessoas ficam sem saber muito bem como agir, o que dizer e o que não dizer. Porém, o mais importante em um momento como esse não é o dizer, mas o ouvir. Ouça ativamente e demonstre interesse genuíno no que o outro tem a dizer e em como está se sentindo. Evite interromper, dar sugestões, se comparar ou comparar com outra pessoa que passou por uma situação similar ou pior e, mesmo assim, superou. Você pode achar que está ajudando, mas comentários assim podem gerar desesperança, culpa ou uma cobrança muito grande.

Já comentei neste texto que a psicoterapia tem um poder terapêutico pois permite que o paciente coloque para fora suas dores, medos e inseguranças. Compartilhar alguns desses sentimentos com pessoas de confiança também proporciona um alívio, pois assim há a certificação de que não precisará passar por isso sozinho ou escondendo sua condição. Tenha em mente, porém, que compartilhar ou não é uma decisão individual que cabe apenas ao paciente. Respeite caso não haja interesse em falar, sobretudo no início.

Pesquisar e entender melhor sobre a depressão afastará você do julgamento. Você irá entender que algumas atividades – até mesmo as mais simples como caminhar na avenida, limpar a casa ou sair para tomar um sorvete – passam a ter um peso para quem apresenta o transtorno. A compreensão sobre essa condição tratá compreensão com o paciente.

Encorajando o tratamento

Os tratamentos para a depressão variam, pois dependem dos sintomas apresentados, assim como de sua frequência, intensidade e outros fatores. Mas seja qual for o tratamento proposto, é importante segui-lo à risca e você pode encorajar o paciente a fazer isso.

Alguns pacientes se desanimam principalmente no início do tratamento, quando ainda não há uma melhoria muito perceptível. É aí que seu apoio será crucial. Pergunte sobre a evolução do tratamento, encoraje a sua devida continuidade e fique atento a possíveis sinais de agravamento. O ideal é que o psiquiatra esteja acompanhando o paciente de perto, mas caso você note irritabilidade constante, mudança comportamental ou pensamentos suicidas, seja aliado do profissional e tome alguma ação. Se possível, entre em contato com ele e divida sua opinião.

Conexão social será fundamental

Muitos enfrentam a depressão tendo o terapeuta como a única fonte de diálogo, o que não é indicado. Um robusto corpo de pesquisas já comprovou que estar inserido em uma teia social contribui muito para o tratamento do transtorno depressivo. Isso pode ser um desafio para muitos pacientes, já que não se sentem inclinados a encontrar mais ninguém, e menos ainda a sair de casa para socializar. A sua presença, portanto, fará toda a diferença.

Lembre-se sempre de que para prestar apoio a alguém, você deve, antes, estar bem consigo mesmo. Cuide da sua saúde física e mental, reserve um tempo para você, para seus hobbies e para o seu trabalho. Estar disponível para fornecer amparo a alguém com transtorno depressivo é um ato de cuidado, uma demonstração de preocupação e uma grande prova de amor. O tratamento do seu amigo, parente ou colega certamente irá fluir muito melhor tendo sua paciência, compreensão e presença como pontos de apoio.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho aqui no meu blog. Abração. Tamo junto!




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    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


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