depressão infantil / Dra Aline Rangel


25 de setembro de 2020 DepressãoTodos

Tristeza, irritação e desânimo fazem parte da vida de todos. Inclusive das crianças e dos adolescentes. Ficar separado dos pais, mudança de rotina, cobranças na escola… tudo isso pode gerar uma certa ansiedade nos mais jovens. O problema é quando esses sentimentos se tornam habituais. Aos poucos, nota-se algumas alterações no humor, na alimentação e no sono. Nota-se, também, que as atividades que proporcionavam prazer deixam de ser atrativas e que, eventualmente, a criança ou adolescente apresenta retraimento social. São sintomas clínicos típicos da depressão. Muitos acreditam que o transtorno depressivo não aflige os mais jovens, porém, ele não é restrito a uma faixa etária. O que fazer diante de um diagnóstico de depressão em uma criança ou adolescente? O tratamento é similar?

Como identificar sintomas depressivos em crianças e adolescentes?

Quando uma criança ou adolescente apresenta algum sintoma característico da depressão, em geral não é dada muita atenção de início. Muitos pais notam mudança, mas acreditam ser uma fase, o que acaba resultando em um diagnóstico tardio, quando os sintomas já estão mais intensos. O que também agrava a situação é o fato de que, dependendo da idade, a criança ou adolescente ainda não possui recursos para reconhecer que está deprimido, pois ainda não tem um nível de consciência que permita nomear suas emoções, cabendo ao adulto fazer isso por ele. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais apresentados.

Depressão infantil

A depressão infantil pode causar medo constante de ficar sozinho, sobretudo durante a noite, momento no qual a criança pode relatar pesadelos e, consequentemente, incapacidade de manter horas prolongadas de sono. A infância deve ser uma fase de exploração e lazer. Ao notar que a criança passa a evitar atividades lúdicas e recreativas e prefere ficar quietinha o tempo todo, por muitos dias ou até semanas, é o momento de ligar o alerta e considerar o acompanhamento de um profissional.

Durante a infância é comum que os sintomas se apresentem também de forma psicossomática. Em suma, a criança pode sentir queimação no estômago, falta de ar e outras reações no corpo. Já falei sobre as doenças psicossomáticas aqui no blog. Depois de terminar esta leitura, você pode começar a ler mais sobre a psicossomatização clicando aqui.

Depressão na adolescência

A adolescência, por sua vez, é um momento crítico no desenvolvimento pois apresenta uma série de desafios para o jovem. É nessa fase que acontecem mudanças nos hormônios e no corpo. Variações de humor são mais recorrentes, assim como forte pressão para ser aceito socialmente em grupos de amigos ou se encaixar em padrões pré-estabelecidos – sobretudo para as meninas, motivo pela qual elas são mais vulneráveis a apresentar alguns sintomas depressivos. Alguns dos mais comuns nas meninas são o isolamento, tristeza intensa, choro sem motivo aparente, baixa autoestima. Os meninos não costumam lidar com os sentimentos da mesma mesma maneira que as meninas, por isso, além dos mesmos sintomas, podem externalizar as emoções por meio de um comportamento agressivo, demonstrar irritabilidade e entrar em conflitos.

Adolescentes costumam ser um pouco mais inconsequentes e impulsivos e, por isso, podem recorrer ao álcool ou a outras drogas em busca de alívio a curto prazo ao sofrimento que sentem. Em alguns casos, podem considerar suicídio como alternativa, motivo pelo qual o diagnóstico precoce é fundamental.

Seja na infância ou na adolescência, em ambos os casos a escola será uma das mais importantes aliadas para os pais ou responsáveis. Ao notar mudanças comportamentais que possivelmente estão ligadas aos sintomas depressivos, é interessante recorrer à escola para obter mais informações sobre o comportamento da criança ou adolescente. Seu desempenho vem caindo ao longo das últimas semanas? Apresenta retraimento social e prefere se manter isolado dos demais? Está com dificuldade de aprendizado? Esses são outros sintomas importantes que podem facilitar a identificação. Diante de sinais como esse, a experiência de um profissional como o psiquiatra é primordial para realizar o diagnóstico e oferecer o tratamento mais indicado para o caso.

Como funciona o tratamento?

Felizmente os pacientes mais novos costumam responder bem ao tratamento. Desde 2005 presto serviços voltados ao adolescente e já atendi mais de mil jovens entre onze e dezessete anos. Ouvi muitas histórias e relatos e não há como afirmar que isso ou aquilo causa a depressão, pois cada pessoa tem um histórico e uma experiência de vida. Alguns pacientes relatam bullying, perdas e luto na família. Outras falam sobre mudança de casa ou de escola, família desestruturada, dificuldade em se aceitar. Há também a questão genética. Pesquisas afirmam que muitas pessoas possuem predisposição para o transtorno depressivo e pode “herdá-lo” de seus antecedentes, assim como acontece com a hipertensão, a diabetes, etc.

É importante ressaltar que, individualmente, nenhuma dessas causas define se o paciente apresenta um quadro depressivo ou não. Não é assim tão preto no branco. A depressão possui uma área muito cinzenta, afinal, as determinantes são variadas, assim como os sintomas, a intensidade, a frequência etc. Nem sempre os medicamentos são necessários no tratamento, mas quando são, a resposta é muito positiva. Muitas vezes mais positivas do que em adultos, fazendo com que o tratamento seja um pouco mais breve.

Eu sei que é muito doloroso ver um filho, um sobrinho ou um neto com depressão. Já acompanhei famílias enfrentando juntas esse transtorno, seja na infância ou na adolescência. Em alguns casos, há preconceito e/ou culpa por parte dos pais. Minha sugestão é: não se prenda a esses sentimentos e busque ajuda. Durante todos esses anos vi jovens com crises suicidas, crises de ansiedade, surtos psicóticos, comportamentos autolesivos… como disse, os sintomas são variados. Há algo, porém, que é comum: quando há apoio e compreensão da parte da família, a resposta ao tratamento é ainda mais rápida. Nesse momento, a união e o suporte familiar são mais do que pilares para uma recuperação efetiva. São uma prova de amor.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho aqui no meu blog. Abração. Tamo junto!



15 de agosto de 2019 Todos

Os estudos de transtornos mentais em crianças e adolescentes vêm crescendo ao longo dos anos. O Treatment of Adolescent Depression, disciplina norte americana sobre o assunto, revela a prevalência de depressão em várias faixas etárias. Por exemplo, crianças em idade pré-escolar (2 a 4 anos) apresentam taxa de 0,3%. Crianças de 5 a 10 anos, 2 a 3%, enquanto os adolescentes apresentam prevalência de 8%. Ou seja, a depressão se torna mais frequente com o passar dos anos.

Além disso, esse transtorno afeta de forma igual crianças de ambos os sexos, até os 10 anos. Por outro lado, em adolescentes, é 3 vezes mais comum no sexo feminino. Os sintomas, de forma geral, variam de acordo com o grau de desenvolvimento e amparo familiar. O diagnóstico é clínico e feito por um médico psiquiatra especializado nesse transtorno. 

Dentre os fatores de risco para desenvolvimento da depressão infantil, cita-se:

  • ocorrência de depressão em início prematuro em outros membros da família;
  • estressores ambientais: falecimento, separação, acidente;
  • coexistência de outras condições, como o TDAH.

Como a depressão infantil se apresenta?

Os sintomas estão muito correlacionados com a grau de desenvolvimento da infância. Mesmo assim, algumas características são comuns nessa faixa etária e nos adultos, como perda de interesse, angústia, alteração do sono e do apetite.  Outras manifestações também podem ocorrer em toda a faixa etária infantil e adolescente, como o medo de ir para a escola, apego excessivo aos pais. A seguir, detalha-se melhor de acordo com a idade.

Crianças até 5 anos

  • crianças consideradas tristes ou apáticas;
  • comumente, não conseguem elaborar verbalmente o que estão sentindo.

Crianças entre 5 e 10 anos

  • timidez excessiva;
  • queixas somáticas, como dor de cabeça e dor no estômago frequentes;
  • dificuldade de concentração.

Adolescentes

  • o humor irritável pode substituir um humor deprimido;
  • abuso de substâncias psicoativas;
  • promiscuidade sexual;
  • planejamento suicida.

Como obter ajuda?

Além da predisposição genética, fatores atuais, como bullying e exigência extrema de pais e professores, acarretam taxas cada vez maiores de depressão em crianças e adolescentes. Em adição, os transtornos depressivos são associados a dificuldades de relacionamento, desempenho escolar comprometido e autoestima sempre baixa. Por isso, a importância de se abordar a doença em estágios iniciais.

Em relação ao curso da doença, quanto mais precoce e sem tratamento, pior é o resultado. Novos episódios são mais frequentes, se a doença for grave. Contudo, os pais não devem se desesperar. O Treatment of Adolescent Depression, no mesmo estudo citado acima, mostra que as terapias atuais são bastante eficazes. Elas consistem no uso de medicação específica, como os antidepressivos da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, junto com terapia cognitivo-comportamental. 

Caso seu filho esteja com dificuldades ou você conheça outra criança com depressão infantil, busque ou sugira ajuda do médico psiquiatra. Não perca tempo em ajudá-los. 


Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como
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