intervenção precoce em saúde mental / Dra Aline Rangel

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16 de outubro de 2023 Dra Aline RangelGeral

O Outubro Rosa continua a ser uma iniciativa crucial, especialmente para as mulheres do século XXI que lutam para equilibrar uma série de responsabilidades, deixando pouco espaço para cuidar de sua saúde, incluindo a realizar exames de rotina essenciais para prevenção do câncer de mama, além de tantos outros associados ao sexo biológico feminino.

O outubro rosa é um movimento voltado para a conscientização de mulheres sobre a prevenção do câncer de mama. Durante todo este mês, atividades para conscientizar e incentivar a realização de exames de rotina e do autoexame são feitas ao redor do Brasil. Quando feita anualmente, a mamografia pode detectar a doença em seus estágios iniciais, elevando as probabilidades de cura. Outro benefício do outubro rosa é a união de mulheres que têm ou já tiveram câncer de mama. A troca de experiências e testemunhos acalma e pode levar à criação de redes de apoio, essenciais para o suporte emocional da mulher durante sua jornada contra o câncer de mama.

Aceitação do diagnóstico de Câncer de Mama

Não tem jeito, o diagnóstico de um câncer ainda vem associado à perspectiva de morte precoce ou, no melhor cenário, a um tratamento muito sofrido, efeitos colaterais do tratamento, ficar careca e ter as mamas mutiladas.

Lidar com uma condição de saúde grave é muito mais fácil quando se aceita conviver com ela. A aceitação liberta porque é o encontro com a verdade. Não há nada o que fazer, além de aceitar o que a realidade lhe propõe, correto? Essa atitude pode ser tomada com serenidade, ou abraçada com revolta. Quando o primeiro caso ocorre, contudo, o bem-estar e a resignação são maiores.

Câncer de Mama e Saúde Mental

Além das complicações físicas, o câncer de mama geralmente afeta a saúde mental. A ansiedade, medo, preocupação, tristeza e até depressão podem perdurar desde o diagnóstico até o fim do tratamento. O mesmo olhar de prevenção precoce em relação ao câncer de mama também é verdadeiro para a saúde mental.  A maioria dos transtornos mentais têm uma melhor evolução quando identificados logo no início dos sintomas.

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) analisou 233 pacientes. Desses, 55% eram diagnosticados com algum tipo de câncer e estavam em processo de quimioterapia (e 37% já estava na luta há mais de 3 anos). Assim, a pesquisa identificou que mais de 30% dos pacientes sofriam possivelmente de ansiedade e mais de 26%, de depressão. Em outras palavras, mais de um quarto dos entrevistados demonstraram sintomas psiquiátricos. A pesquisa concluiu que “a ansiedade e depressão são distúrbios prevalentes em pacientes oncológicos”. Além disso, “esses transtornos psiquiátricos afetam a adesão ao tratamento, a qualidade de vida e podem influenciar na evolução do câncer”.

A pesquisa ressaltou ainda que o câncer de mama se destaca quando se trata de transtornos mentais associados a diferentes tipos de câncer. Nas palavras dos pesquisadores: “A literatura aponta que o câncer de mama é o tipo com maior prevalência de comorbidades psiquiátricas e, em decorrência da predominância do mesmo no estudo, o câncer de mama aparece com a maior porcentagem de triagem positiva tanto para ansiedade quanto para depressão.”

Agende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Estratégias de enfrentamento do Câncer de Mama

Enfrentar o câncer de mama é uma jornada desafiadora, repleta de incertezas e temores que podem impactar significativamente a saúde mental das mulheres. As preocupações com a família e o futuro, juntamente com a angústia em relação às mudanças corporais, podem sobrecarregar emocionalmente muitas mulheres. No entanto, existem estratégias valiosas para ajudar mulheres e pessoas que acompanham o seu enfrentamento da doença a lidarem com esses conflitos e preservar a estabilidade emocional durante esse período difícil.

Comunicação Aberta

Compartilhar  sentimentos e temores pode aliviar o peso emocional e proporcionar um senso de apoio e compreensão. Familiares e amigos também podem ser pilares emocionais importantes no decorrer do tratamento. Mantenha pessoas queridas por perto para sentir-se bem consigo mesma e fortalecer laços.

“Muito ajuda quem pouco atrapalha”

Se você é próximo a alguém que está neste processo, não compare a história da pessoa a de outra mulher, não diga que o tratamento “xypto” é melhor do que o que a mulher em questão está fazendo (caso você não seja um especialista na área ) ou que o médico “fulano” é melhor, por exemplo. Saber ouvir, neste caso, é muito melhor e mais efetivo do que falar.

Fazer por ela ao invés de mandar fazê-la é fundamental. A faxina que se faz na casa de uma mulher que está em tratamento de um câncer de mama pode ser, algumas vezes,  mais benéfica pra ela do que acompanhá-la na sessão de quimioterapia. Ajude com a rotina de uma mulher: o cansaço decorrente da quimioterapia pode transformar afazeres simples, como cozinhar ou varrer o chão, em exercícios de extrema intensidade. Ofereça ajuda ou compartilhe alternativas, como pedir delivery de refeições, para simplificar a rotina diária da mulher.

Manter a rotina o mais “normal”possível

Não deixar de fazer coisas por medo ou vergonha. Se estava para iniciar um curso ou tinha uma viagem programada, não modifique esses planos se não apresentarem riscos à sua saúde. Converse com seu médico sobre as atividades que podem ser feitas para manter-se na ativa durante o tratamento. Interromper sua rotina abruptamente é como mandar uma mensagem de “desistência” para o cérebro.

Auto-cuidado, corpo e sexualidade

Tarefas simples como se vestir e tomar banho podem ser encaradas com estranheza a princípio. Permita-se acostumar com as mudanças calmamente, evitando se pressionar para agir com normalidade logo após a mastectomia ou outras modificações corporais. Entretanto, não deixe de vestir as peças que você adora nem descarte a sua “marca registrada” ao se arrumar.

Práticas de autocuidado, como exercícios físicos suaves, meditação e ioga são exemplos cientificamente reconhecidos como potencializadores de melhora. Essas atividades podem ajudar a aliviar o estresse e promover o bem-estar emocional e físico durante o tratamento.

Se você se sentir menos atraente e encontrar problemas para se relacionar ou ter momentos íntimos com sua(s) parceria(s), converse bastante para que ambos possam encontrar soluções para um possível impasse. Infelizmente, o medo de acabar com um casamento por causa dos possíveis prejuízos do tratamento para uma vida sexual saudável, que para muitos ainda é sinônimo de “ter relaçoes sexuais”, é uma das principais preocupações de muitas mulheres com câncer de mama.

Educação sobre tratamentos e evolução da doença

Buscar informações claras e precisas sobre os diferentes tratamentos disponíveis, seus efeitos colaterais e os resultados esperados principalmente com a equipe, clínica e/ou hospital onde está realizando o tratamento. O conhecimento informado pode reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de controle sobre o próprio processo de cura. É importante ter uma relação de confiança com os profissionais que estão juntos durante o processo terapêutico do câncer de mama.

Acesso a recursos financeiros

Buscar informações sobre os direitos e benefícios disponíveis para pacientes oncológicos, como no Oncoguia. Isso pode incluir assistência financeira, licenças médicas, e programas de apoio governamentais e não governamentais. A garantia de estabilidade financeira pode ajudar a reduzir o estresse associado às preocupações econômicas.

Foco no presente

Viver um dia de cada vez, concentrando-se no presente e no momento atual. Isso pode ajudar a reduzir a preocupação com o futuro e promover uma abordagem mais positiva e consciente em relação à jornada do tratamento.

Grupos de apoio

Esses grupos oferecem uma comunidade de indivíduos que enfrentam desafios semelhantes e podem fornecer conselhos práticos e apoio emocional, como o Câncer com Leveza e Câncer com Bravura.

Cuidado da saúde mental

Os profissionais de saúde mental podem fornecer apoio especializado e estratégias de enfrentamento para lidar com os desafios emocionais associados ao câncer de mama. A idéia não é tratar o câncer de mama como sinônimo de um transtorno psiquiátrico, pelo contrário: bem-estar, prevenção e promoção de saúde mental também é trabalho de um psiquiatra no processo de tratamento do câncer de mama.

 


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15 de janeiro de 2020 EsquizofreniaTodos

A esquizofrenia é uma doença que afeta mais de 2,5 milhões brasileiros. Acredita-se que esse alto número deve-se à quantidade de recaídas que o paciente esquizofrênico pode ter ao longo de sua vida.

A maior causa de crises é a descontinuação do tratamento, que pode se dar em função de vários fatores, sendo os principais:

1) baixos recursos financeiros por parte do paciente e familiares associado à ausência de políticas públicas que garantam o sustento do tratamento;
2) o não reconhecimento do próprio problema como uma doença que mereça ser cuidade; 
3) a incapacidade cuidar do seu próprio tratamento.

Por isso, o apoio familiar e social é fundamental para quem vive com a esquizofrenia, pois o paciente que tem o tratamento interrompido pode voltar a ter crises graves e incapacitantes e o auxílio de pessoas próximas pode ajudá-lo a manter a rotina de medicamentos e terapias.

A falta de tratamento da esquizofrenia pode implicar perdas para o doente e para as pessoas ao seu redor.

O tratamento da esquizofrenia

O cérebro da pessoa com esquizofrenia tem um desequilíbrio de neurotransmissores que provoca sintomas como alucinações, delírios, ideia de perseguição, pensamento desorganizado, dificuldade de falar, perdas cognitivas, perda na capacidade de demonstrar emoção, entre outros.

Além disso, o paciente esquizofrênico também pode ter surtos psicóticos, e o tratamento consiste basicamente em controlar os sintomas para que o doente se reintegre socialmente e leve sua vida da melhor forma possível para cada quadro.

No entanto, alguns casos têm prognóstico melhor e, quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os seus resultados. Além disso, a manutenção do tratamento pelo tempo que for necessário também contribui para a diminuição dos sintomas mais severos.

Consequências da falta de tratamento

Quando as medidas terapêuticas são empregadas tardiamente ou não são feitas, aumentam as chance de o paciente sofrer sérias consequências, como veremos.

Problemas de socialização e convivência

Em função da diminuição das emoções, do comportamento incomum e das fortes crises, a pessoa com esquizofrenia tem a sua relação social diminuída ao extremo.

A perda da sociabilidade pode conduzir os doentes à perda de contato com família e à ausência de um lar.

Surtos frequentes de esquizofrenia

Os surtos, na maioria dos quadros de esquizofrenia, são frequentes. No entanto, em pacientes que postergaram o tratamento ou o interromperam, a frequência das crises aumentam consideravelmente.

Perdas cognitivas

A diminuição da função mental evolui gradativamente ao longo dos anos depois do início do transtorno. Esse comprometimento cognitivo dá origem a uma série de problemas.

Sendo assim, a gravidade do comprometimento cognitivo é vista como um determinante primordial da incapacidade global em pessoas com esquizofrenia.

Invalidez

A incapacidade global é o determinante de um quadro de invalidez, observada quando há prejuízo acentuado na capacidade cognitiva, crises frequentes e dificuldade de gerir a própria vida.

O lado difícil dessas consequências é que muitos pacientes com esquizofrenia acabam desempregados. Assim, acabam vivendo na pobreza e sem contato com a família.

É crucial enfatizar a importância do tratamento precoce da esquizofrenia assim que ela for diagnosticada. Atrasar ou negligenciar o tratamento para esse transtorno mental pode ter graves consequências negativas. Desde o comprometimento das funções cognitivas até a diminuição da qualidade de vida e o aumento do risco de autolesão, as repercussões da esquizofrenia não tratada são abrangentes e significativas. Felizmente, existem tratamentos medicamentosos eficazes disponíveis para gerenciar os sintomas da esquizofrenia e melhorar o bem-estar geral. Buscar intervenção precoce e aderir a um regime de medicação prescrita pode melhorar significativamente o prognóstico deste transtorno mental. É essencial que os profissionais de saúde, os pacientes e suas famílias reconheçam a importância do tratamento oportuno e trabalhem juntos para garantir que recebam os cuidados de que precisam. Ao abordar a esquizofrenia precocemente, podemos capacitar as pessoas a levar uma vida plena e reduzir o fardo desse transtorno que pode ser incapacitante tanto para o indivíduo quanto para a sociedade como um todo.

 

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!




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    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


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