relação sexual / Dra Aline Rangel

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A ideia desse artigo é mergulhar no intrigante mundo do desejo sexual masculino, onde os estereótipos frequentemente retratam os homens como seres obcecados por sexo. De livros a filmes, a mídia tem perpetuado a ideia de que os homens estão exclusivamente focados no sexo, enquanto as mulheres são consumidas pelo romance. Mas essa representação é precisa? Vamos explorar os mitos e as verdades que cercam o desejo sexual masculino.

Estereótipos do desejo sexual masculino

Os homens pensam em sexo o dia todo?

Ao contrário da crença popular de que os homens pensam em sexo a cada sete segundos, um estudo* recente realizado na Universidade Estadual de Ohio revelou que os homens têm em média 19 pensamentos sobre sexo por dia, enquanto as mulheres têm em média 10. Além disso, o estudo sugeriu que os homens também pensam com frequência em comida e sono. Talvez os homens simplesmente se sintam mais à vontade para expressar seus pensamentos sobre sexo. Terri Fisher, autora principal do estudo, propôs que indivíduos que são abertos e à vontade com sua sexualidade têm mais probabilidade de pensar frequentemente em sexo.

O enigma do sexo casual: os homens são mais abertos?

Um estudo realizado em 2015** mostrou que os homens estavam mais dispostos do que as mulheres a se envolver em sexo casual,  transar com alguém desconhecido sem o compromisso de estabelecer com essa pessoa um relacionamento sério. No entanto, uma reviravolta intrigante surgiu no mesmo estudo quando as mulheres estavam em um ambiente mais seguro (um bar próximo à sua casa, p.ex.). O estudo demonstrou que a disposição das mulheres para se envolver numa relação sexual considerada casual, aumentou em uma situação mais segura, indicando que as normas sociais e os fatores culturais influenciam significativamente a busca de relacionamentos sexuais tanto para homens quanto para mulheres.

A conexão complexa: o desejo sexual, emoções e o cérebro

O desejo sexual, também conhecido como libido, não é quantificável, mas sim entendido em termos relativos. A libido masculina tem raízes em duas áreas cruciais do cérebro: o córtex cerebral e o sistema límbico. Essas regiões desempenham um papel fundamental no desejo e no desempenho sexual do homem, a ponto de a satisfação sexual poder ser alcançada apenas por meio de pensamentos ou sonhos. O córtex cerebral, responsável por funções superiores como planejamento e pensamento, influencia os pensamentos e a excitação sexual. Sinais originados dessa região interagem com outras partes do cérebro e nervos, acelerando a frequência cardíaca, o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais e iniciando o processo de ereção. O sistema límbico, que engloba várias partes do cérebro associadas à emoção, motivação e desejo sexual, também contribui para a resposta sexual de um indivíduo.

Testosterona

A testosterona é o hormônio mais intimamente associado ao desejo sexual masculino. Produzida principalmente nos testículos, a testosterona desempenha um papel crucial em diversas funções do corpo, incluindo:

  • Desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos
  • Crescimento de pelos no corpo
  • Massa óssea e desenvolvimento muscular
  • Aprofundamento da voz na puberdade
  • Produção de espermatozoides
  • Produção de glóbulos vermelhos

Níveis baixos de testosterona geralmente estão relacionados a uma baixa libido. Os níveis de testosterona tendem a ser mais altos pela manhã e mais baixos à noite. Ao longo da vida de um homem, seus níveis de testosterona estão no auge durante a adolescência tardia e, em seguida, começam a diminuir gradualmente.

Perda da libido no homem

O desejo sexual pode diminuir com a idade. Mas às vezes a perda de libido está associada a uma condição subjacente. Os seguintes fatores podem causar uma diminuição no desejo sexual:

  • Estresse ou depressão. Cérebro, emoções e libido estão relacionados de forma bastante complexa, como mencionado anteriormente.
  • Doenças metabólicas. Um doença endocrinológica, como o hipogonadismo, pode diminuir os hormônios sexuais masculinos.
  • Níveis baixos de testosterona. Certas condições médicas, como apneia do sono, podem causar níveis baixos de testosterona, o que pode afetar seu desejo sexual.
  • Medicações. Alguns medicamentos podem afetar a libido. Por exemplo, alguns antidepressivos, anti-histamínicos e até mesmo medicamentos para pressão arterial podem prejudicar as ereções.
  • Pressão alta. Danos ao sistema vascular podem afetar a capacidade de um homem de obter ou manter uma ereção.
  • Diabetes. Assim como a pressão alta, o diabetes pode danificar o sistema vascular de um homem e afetar sua capacidade de manter uma ereção.

 

Apenas você, homem, pode avaliar o que é normal para o seu desejo sexual. Se você estiver enfrentando alterações na libido, seja diminuição ou percepção de excesso, procure ajuda especializada. Às vezes, pode ser difícil falar com alguém sobre seus desejos sexuais, mas um profissional especializado pode ser capaz de ajudá-lo.


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Referências: *Spurgas, A. K. (2020). Diagnosing desire: Biopolitics and femininity into the twenty-first century. The Ohio State University Press. ** Baranowski AM, Hecht H. Gender Differences and Similarities in Receptivity to Sexual Invitations: Effects of Location and Risk Perception. Arch Sex Behav. 2015 Nov;44(8):2257-65. doi: 10.1007/s10508-015-0520-6. Epub 2015 Apr 1. PMID: 25828991.


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O transtorno de aversão sexual (TAS) caracteriza-se pela aversão a qualquer tipo de contato sexual, particularmente o contato genital. A ideia de um relacionamento sexual causa repulsa e desconforto. Contudo, a pessoa se sente culpada e envergonhada com a situação – o que diferencia o transtorno de aversão sexual de um quadro de assexualidade.

O transtorno de aversão sexual se desenvolve, em geral, em resposta a experiências sexuais negativas e mensagens negativas sobre sexualidade.O medo apresentado chega a tal ponto que as pessoas passam a deixar de frequentar ambientes sociais e até adotar uma forma de se vestir defensiva para evitar a intenção e a aproximação de outras pessoas.

A prevalência do TAS é desconhecida e difícil de estabelecer, pois indivíduos com este transtorno evitam encontros sexuais e relacionamentos íntimos, portanto, raramente procuram terapia de aversão sexual ou clínicas de terapia de casais. O TAS é relatado principalmente por mulheres. Homens com TAS têm mais probabilidade de evitar relacionamentos e, portanto, sofrem de ansiedade de desempenho sexual ou ansiedade orgásmica.

Embora não se saiba o que causa o desenvolvimento do TAS em algumas pessoas e não em outras, histórico familiar de transtorno de ansiedade e fobia é comum em pessoas com TAS. A vergonha em falar sobre este assunto pode prejudicar o tratamento. O primeiro passo para tratar o transtorno é reconhecer o problema e procurar ajuda de um psiquiatra.

Não confunda transtorno de aversão sexual com abstenção

Antes de prosseguirmos, é essencial que façamos uma distinção clara entre o transtorno e a abstenção. O transtorno é uma doença psicológica, que causa sofrimento à pessoa, que pode se sentir anormal, perdida e infeliz e fugir do constrangimento causado pelas interações sociais. Já a abstenção é um processo consciente em que a pessoa passa a redirecionar o prazer sexual para outras áreas da sua vida, como projetos profissionais, sociais, científicos ou de qualquer natureza. Pessoas com quadro de assexualidade não se incomodam com a falta de desejo sexual, encaram essa situação de forma natural e parte da vida.

Causas do transtorno de aversão sexual

Ainda existem poucos estudos sobre o transtorno de aversão sexual, o que dificulta o entendimento de um padrão de comportamento destes indivíduos. Entretanto, o que se sabe até agora é que esse processo pode ser desencadeado por experiências traumáticas em qualquer fase da vida. Condições de saúde e tratamentos médicos também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da aversão sexual. Algumas doenças, como vários tipos de câncer, causam mudanças físicas que afetam a função sexual e/ou imagem corporal de um indivíduo. Alguns medicamentos, como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), podem diminuir a resposta orgásmica, criando um ambiente e uma experiência sexual imprevisíveis e frustrantes. O distúrbio pode ser ocasionados por abuso sexual durante a infância ou adolescência ou ter origem em experiências familiares traumáticas, como exposição precoce à sexualidade e até mesmo o adultério de um dos membros da família. Casos de agressão sexual na vida adulta e exposição a crenças e sistemas morais repressivos também podem fazer com que o indivíduo enxergue o sexo de forma imoral e aversiva.

Transtorno Sexual ou Fobia

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais até sua 4a edição (DSM-IV-TR) (1)  descreveu anteriormente o transtorno de aversão sexual como “caracterizado por aversão extrema recorrente ou persistente e evitação de todo contato genital com um parceiro sexual que não seja atribuível a outro transtorno psiquiátrico”. O transtorno de aversão sexual foi posteriormente removido do DSM-5 (2) devido ao seu uso raro e à falta de pesquisas de apoio. Agora, ele é classificado como uma disfunção sexual. Ocorreram diversos debates sobre se a aversão sexual deveria ser classificado como uma fobia ou um transtorno sexual. Na Classificação Internacional de Doenças (CID 11) da Organização Mundial da Saúde, a Aversão Sexual permanece como um diagnóstico bem estabelecido dentre os transtornos sexuais (3).


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Referências: (1) American Psychiatric Association. (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-IV-TR). Artmed Editora. (2) American Psychiatric Association. (2022). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-5-TR). Artmed Editora. (3) Reed GM, Drescher J, Krueger RB, Atalla E, Cochran SD, First MB, Cohen-Kettenis PT, Arango-de Montis I, Parish SJ, Cottler S, Briken P, Saxena S. Disorders related to sexuality and gender identity in the ICD-11: revising the ICD-10 classification based on current scientific evidence, best clinical practices, and human rights considerations. World Psychiatry. 2016 Oct;15(3):205-221. doi: 10.1002/wps.20354. Erratum in: World Psychiatry. 2017 Jun;16(2):220. PMID: 27717275; PMCID: PMC5032510.


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Assunto considerado tabu, a disfunção sexual masculina acarreta problemas significativos na vida particular e de casais. De modo simples, estamos falando de bloqueios que impedem uma resposta sexual adequada, da incapacidade persistente ou recorrente de manter uma ereção até o final da atividade sexual. Fatores orgânicos e psicológicos estão associados a esses desajustes.Trata-se de um quadro que afeta a vida de quase metade dos brasileiros.

Fatores psicológicos que contribuem para a disfunção sexual masculina

1) Estresse e ansiedade

Você sabia que o simples fato de pensar muito em como será o desempenho na cama altera o ato sexual? Muitos homens sentem-se obrigados a satisfazer todos os desejos do parceiro e entram numa verdadeira corrida que mina a naturalidade. Outras preocupações (trabalho, casa, família, filhos, dinheiro), quando se manifestam de maneira excessiva, também são verdadeiros entraves a uma vida sexual satisfatória. E não pense você que tal comportamento restringe-se aos mais velhos – rapazes jovens também são impactados.

2) Pornografia

Estudos já comprovam certo impacto negativo da pornografia na vida sexual das pessoas. O que acontece, às vezes, é uma comparação desleal. O que é capturado sob lentes, posições estratégicas e efeitos audiovisuais não pode ser cobrado com tanta veemência na vida real. Quando a mente humana é “enganada”, pode-se cair na tentação de esperar da (o) parceira (o) atitudes plásticas demais.

3) Não posso ser pai agora! E se eu pegar alguma doença?

Relacionar-se sexualmente com sua (o) parceira (o) com medo de contrair alguma infecção ou doença, além de lidar com a possibilidade de ser pai, são outras causas de disfunção erétil psicológica. Muitos homens chegam preocupados ao consultório, mesmo tendo feito uso de preservativos adequadamente. Neste caso, salienta-se a importância de conhecer a (o) parceira (o) e não abrir mão de métodos de barreira.

4) Distúrbios mentais, como o de personalidade

Patologias que deixam o cérebro deficitário funcional e estruturalmente, de certa forma, prejudicam o ato sexual. Pense, por exemplo, em alguém com problemas de autoestima, quando o mínimo “erro” cometido altera a percepção em relação ao outro e a si próprio. Neste caso, qualquer comentário (mesmo aqueles ditos sem intenção de depreciar) pode impedir a plenitude nos momentos mais íntimos. O mesmo acontece no estado depressivo, que provoca falta de vontade de agir.

5) Desgastes no relacionamento

Quando a vida a dois não vai bem, discussões, brigas e até mesmo palavras mal empregadas podem causar danos importantes ao desempenho sexual.

Soluções para disfunção sexual masculina

Em alguns casos, pode-se fazer necessário o uso ou ajustes de medicamentos (determinados antidepressivos, por exemplo, têm efeitos colaterais na libido). Em todas as nuances, a terapia é uma ótima aliada, pois é possível, entre outros benefícios, avaliar certos comportamentos, descobrir suas “raízes”, dissipar incômodos e, consequentemente, realizar-se sexualmente. Disfunções sexuais precisam ser tratadas. Não tenha medo de compartilhar essas coisas com sua (o) parceira (o) e com algum especialista. O diálogo continua sendo essencial.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!

 


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A sexualidade humana é um dos temas que mais provocam polêmicas quando o assunto é a saúde. Apesar de ser considerado tabu e, consequentemente, ter sua discussão evitada em diversos grupos, é um assunto que deve ser discutido pela importância que apresenta na vida das pessoas e na sociedade como um todo. Contribuindo com essa discussão, neste artigo iremos abordar uma temática bastante extensa e complexa, mas que vale muito a pena ser compreendida: os transtornos sexuais. Quando falamos neste tipo de desvio, estamos tratando de transtornos que se incluem em 3 grandes grupos, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, texto revisado (DSM5TR), 2022. São eles:

  • Disfunções sexuais;

  • Disforia de gênero;

  • Transtornos parafílicos.

Disfunções sexuais

As disfunções presentes no primeiro grupo dos transtornos são caracterizadas como uma perturbação clínica na capacidade ou de resposta sexual ou de experimentação do prazer sexual. A ajuda de um profissional é de extrema importância, pois é preciso determinar se a disfunção não é resultado de um estímulo sexual inadequado, evitando assim um tratamento desnecessário. Dentre os males deste grupo, temos:

  • Ejaculação retardada;
  • Transtorno do orgasmo feminino;
  • Transtorno erétil;
  • Ejaculação precoce;
  • Transtorno do interesse/ excitação sexual feminino;
  • Disfunção sexual induzida por substância/medicamento;
  • Transtorno da dor gênito-pélvica/ penetração;
  • Transtorno do desejo sexual masculino hipoativo;
  • Outras disfunções não especificadas.

Disforia de gênero

A disforia de gênero possui o subgrupo de transtornos mais amplamente discutidos atualmente, graças a conscientização sobre tais tipos de transtornos e das pessoas afetadas pelos mesmos. A disforia de gênero se divide em disforia de gênero em crianças, em adolescentes, em adultos, não especificada e especificada. Pessoas com este tipo de transtornos se identificam como transgêneros, isto é, como pessoas que, seja de forma transitória ou de forma permanente, se identificam com o gênero oposto ao de nascimento, ou como transsexuais, que são pessoas que passam por um processo de resignação social e sexual em termos de gênero.

Parafilias

Aqui temos os transtornos-tabu. As parafilias se caracterizam como um desejo sexual intenso e persistente, que não são voltados para carícias preliminares com parceiros humanos com características normais e maturidade ou que não incluem a estimulação genital. Os transtornos parafílicos incluem:

  • Voyeurismo (espiar pessoas em atividades privadas);
  • Exibicionismo (expor genitais em locais públicos ou para outras pessoas sem consentimento);
  • Frotteurismo (se esfregar em outras pessoas sem consentimento);
  • Masoquismo sexual (submeter-se à humilhação, dor ou sofrimento);
  • Sadismo sexual (submeter outras pessoas a humilhação, dor ou sofrimento);
  • Pedofilia (interesse sexual por crianças, considerado crime);
  • Fetichismo (utilização de objetos inanimados ou interesse sexual por outras partes do corpo que não as genitais);
  • Escatologia telefônica (telefonemas obscenos);
  • Necrofilia (interesse por cadáveres);
  • Zoofilia (interesse por animais);
  • Clismafilia (interesse por enemas);
  • Urinofilia (interesse por urina);
  • Cropofilia (interesse por fezes);

Entre outras parafilias não especificadas.

Todo transtorno sexual, seja parafílicos ou não, deve ser tratado e cuidado de maneira a garantir ao indivíduo maior qualidade de vida. Eles englobam uma ampla variedade de condições que podem impactar significativamente a vida das pessoas. O diagnóstico preciso é vital para identificar o distúrbio específico e suas causas subjacentes, permitindo que os profissionais de saúde desenvolvam planos de tratamento eficazes. É crucial fornecer às pessoas com transtornos sexuais o apoio e a assistência necessários para enfrentar seus desafios com dignidade e respeito. 


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Os transtornos sexuais são caracterizados  por alterações psicofisiológicas nas diferentes fases da resposta sexual, o que pode causar sofrimento acentuado, problemas de autoestima e dificuldades nos relacionamentos amorosos. As etapas da resposta sexual humana consistem no desejo, excitação, orgasmo e resolução. Quando existe algum tipo perturbação ou ruptura nesse ciclo natural e saudável, os distúrbios sexuais acontecem.

Disfunção orgásmica

A disfunção orgásmica ou anorgasmia é a falta de orgasmo nas relações sexuais. Ela é considerada primária quando a pessoa nunca teve orgasmo na vida ou secundária, quando já teve e passou a não ter. Esse transtorno pode ser classificado como situacional ou absoluto. Ele é situacional quando acontece em determinadas ocasiões, como quando a pessoa não se sente confortável no lugar da transa. Mas quando a anorgasmia ocorre sempre, independentemente das circunstâncias, o problema é chamado de absoluto. Como as causas da disfunção orgásmica são normalmente psicológicas, interpessoais e emocionais, o tratamento psiquiátrico é o mais indicado para controlar ou reverter o problema. Eventualmente essa condição está associada a quadros clínicos, como acidentes, alterações hormonais e ginecológicas.

Vaginismo

O vaginismo é uma contração indesejada, involuntária e inconsciente da musculatura vaginal. Esse transtorno normalmente atrapalha e, por vezes, impede a penetração no canal vaginal, pois provoca dor e desconforto intenso. Tal disfunção sexual pode ser decorrente de tabus e traumas sexuais, educação rígida e conservadora, além de experiências passadas que provocaram sofrimento físico e emocional. O primeiro diagnóstico costuma ser feito pelo ginecologista, baseado no conjunto de sintomas, exame ginecológico e relatos dos pacientes. A partir daí, o tratamento se fundamenta na identificação das causas do vaginismo e amenização dos sintomas através de modulação hormonal e exercícios pélvicos. Além da participação ginecologista, um bom terapeuta sexual é fundamental para tratar a condição, pois a manutenção da saúde mental é determinante para que a mulher relaxe e consiga ter uma vida sexual ativa e prazerosa.

Dispareunia

A dispareunia é uma dor genital que ocorre antes, durante ou depois do ato sexual. Ela pode ser causada por doenças ginecológicas ou excessivo desconforto vaginal no sexo, seja por razões físicas ou psicológicas que interferem na saúde sexual. O tratamento da dispareunia normalmente é realizado por ginecologistas, no entanto, o acompanhamento psiquiátrico associado pode ser muito útil para que o paciente consiga lidar com o problema, minimizando assim os seus conflitos psicológicos.

Disfunção Erétil

Disfunção erétil é um problema comum que afeta cerca de 30% dos brasileiros, ou seja, aproximadamente 15 milhões de homens no país. Esse transtorno consiste na dificuldade de obter ou manter a ereção, de modo que aconteça a penetração. As causas da disfunção erétil podem ser psicológicas ou biológicas, como a existência de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, acidentes com o pênis ou medula espinhal, dependência química, efeito colateral de medicamentos, traumas e tabus sexuais. O tratamento deve incluir o acompanhamento de urologista, que pode receitar o uso de medicação oral, injeções intrapenianas, implante de próteses e terapias hormonais. O tratamento psiquiátrico também é importante, pois os padrões mentais são determinantes na saúde sexual.

Ejaculação Precoce

A ejaculação precoce acontece quando o homem não consegue controlar o processo ejaculatório e não segura o gozo até o fim do ato sexual, o que pode reduzir significativamente a sensação de prazer, provocando certa frustração nele e na parceira (o). Nesse transtorno, a ejaculação acontece logo depois da penetração, nos primeiros minutos dela, ou mesmo sem que ela ocorra, apenas com os pensamentos eróticos e a ereção. Aproximadamente 40% dos homens sofrem com esse problema, mas a boa notícia é que a ejaculação precoce pode ser tratada com procedimentos e medicamentos específicos para as lesões diagnosticadas e doenças encontradas, além de psicoterapia para a compreensão das causas e controle dos sintomas.

Ejaculação Retardada

A característica particular da ejaculação retardada é retardo acentuado ou incapacidade de atingir a ejaculação. O homem relata dificuldade ou incapacidade para ejacular, a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular.  A definição de “retardo” não apresenta limites precisos, tendo em vista que não há consenso sobre o que seria um tempo razoável para atingir o orgasmo ou o que é um tempo inaceitavelmente longo para a maioria dos homens e parcerias sexuais. A demora em ejacular chega a ponto de causar exaustão ou desconforto genital,

Transtorno do desejo sexual hipoativo

O transtorno do desejo sexual hipoativo, comumente expressado com “falta de libido”, se baseia na diminuição ou falta de motivação e interesse por sexo. Nesse caso, a pessoa com baixa libido não apresenta vontade de manter relações sexuais. O problema pode ser causado por múltiplos fatores, como conflitos no relacionamento, alterações hormonais, falta de intimidade, dificuldades de comunicação com o(a) parceiro(a), além de traumas sexuais. O tratamento deve ser conduzido de acordo com a causa. Se o problema for de ordem orgânica (alterações hormonais, secundário a medicações, hipertensão arterial, entre outras causa) o clínico (urologista, ginecologista, endocrinologista, etc),  deve comandar o processo. Se a razão do transtorno for de ordem mental, o paciente deve buscar o auxílio de psicólogos e psiquiatras. De todo modo, nada impede que o tratamento seja multidisciplinar.

 

Os transtornos sexuais podem impactar significativamente a qualidade de vida tanto de homens quanto de mulheres. Compreender as causas, sintomas e opções de tratamento disponíveis é crucial para pessoas afetadas por essas condições. Buscar ajuda profissional, seja por meio de terapia, medicamentos ou mudanças no estilo de vida, pode contribuir muito para melhorar a saúde sexual e o bem-estar geral. É essencial quebrar o estigma em torno dos distúrbios sexuais e criar um ambiente de apoio onde as pessoas possam buscar ajuda sem medo ou vergonha. 


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25 de junho de 2022 Todos

O vaginismo é um problema sério e nós precisamos falar sobre isso. Também conhecido como transtorno de dor gênito-pélvica, ele afeta a vida sexual de mulheres de todas as idades. Sabe aquela dor chata na hora do sexo? É dela que estamos falando. Neste texto, vou esclarecer quais as causas, como identificar os sintomas e buscar tratamento adequado.

Atualmente, estima-se que entre 5 e 17% da população feminina mundial sofra deste distúrbio. Mas, devido ao tabu existente acerca do tema, os números podem ser maiores, uma vez que muitas mulheres não são encorajadas a investigar incômodos mais íntimos.

O que é o vaginismo?

Caracteriza-se pela contração involuntária dos músculos (espasmo) ao redor do orifício da vagina, de modo leve ou severo, causando até mesmo impossibilidade de manter relação. Às vezes, ocorre na tentativa de introdução de objetos eróticos, absorventes internos e, também, durante exames ginecológicos.

Mulheres com vaginismo não são “anormais” e sentem, sim, excitação e conseguem atingir o orgasmo como qualquer outra, desde que não haja tentativa de penetração. É como se o corpo desejasse, mas a mente bloqueasse.

Nem toda dor significa vaginismo

É importante diferenciar e dizer que outras dores (dispareunias) podem se manifestar antes, durante e após a relação sexual, não guardando relação com o vaginismo, como nos casos de infecções, atrofias, problemas urinários e intestinais, endometriose e malformações. O diagnóstico leva em consideração a época de aparecimento – se presente desde o começo da vida sexual ou depois de um período de relações habituais, exames clínicos e histórico pessoal.

Tratamento

Medicamentos podem tratar doenças associadas ao vaginismo, como infecção urinária. Hormônios, géis anestésicos e aplicação de toxina botulínica (e outras intervenções similares aplicadas nos músculos envolvidos na anatomia vaginal) combatem a atrofia e atuam no relaxamento da musculatura vaginal. Fisioterapia com exercícios perineais e psicoterapia (em casal, se possível, pois é algo que afeta ambas as partes) também são aliadas no tratamento multidisciplinar.

Consequências

Para além da dor, a principal delas é a insegurança com o parceiro, o que, consequentemente, gera sentimentos como culpa, incapacidade, rejeição, frustração, baixa autoestima. No final das contas, enorme distância entre os casais. Algumas mulheres sentem muita vergonha e não procuram ajuda médica, o que é extremamente danoso em termos emocionais e reprodutivos.

Tudo começa na mente

Medo (quase sempre inconsciente, de que a vagina não tenha espaço suficiente para receber o pênis, de ser machucada, etc), ansiedade elevada, contração e dor. Esse é, basicamente, o ciclo que se relaciona ao vaginismo primário, desencadeado por um mecanismo psicossomático, e ao tipo vinculado a uma experiência negativa ou imaginária.

Multifatorial, o vaginismo precisa ser abordado considerando-se causas orgânicas e/ou psicológicas. Você sabia que a forma como a menina foi conduzida nas fases da infância e adolescência à educação sexual interfere, e muito, na ocorrência de bloqueios deste tipo? Questões culturais, falta de conhecimento acerca do próprio corpo, histórias de abuso, resistências morais quanto ao prazer também influenciam.

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17 de janeiro de 2021 Todos

Você sabia que 51% dos brasileiros não estão satisfeitos com a vida sexual? Pesquisas recentes apontam que 22% das mulheres não alcançam o orgasmo quando praticam sexo, enquanto 62% dos homens apresentam dificuldade para manter a ereção.

A sexualidade é muito importante, tanto que tem sua  relevância legitimada pela OMS, Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que o sexo é um dos pilares da qualidade de vida. Isso significa que a insatisfação nesse âmbito pode impactar negativamente o bem-estar geral dos indivíduos adultos.

Vale destacar que os problemas sexuais podem estar relacionados a múltiplos fatores, como por exemplo, alterações hormonais, problemas de autoestima, estresse, ansiedade, depressão, traumas passados, questões orgânicas, etc.

Independente de qual seja a causa das dificuldades sexuais, é indispensável buscar ajuda para solucionar o problema. O psiquiatra pode ser um grande aliado nessa tarefa! Confira a seguir quando esse profissional deve ser procurado.

Quando a insatisfação sexual for persistente

É natural que vez ou outra a pessoa não se sinta realizada na cama. O sexo depois de um dia estressante no trabalho, uma dificuldade pontual de ereção ou um episódio isolado de ejaculação precoce não é motivo para se preocupar. Entretanto, se o problema é duradouro, ligue o sinal de alerta e procure saber o que está acontecendo. Em alguns casos, o tratamento deverá ser multidisciplinar, com a participação do psiquiatra, urologista, ginecologista, fisioterapeuta, etc.

Quando bloqueios emocionais impedirem que a vida sexual seja plena

Se tabus e bloqueios emocionais ou culturais atrapalham a plenitude no sexo, é recomendável procurar o psiquiatra o quanto antes. Ao contrário do que muitos pensam, a sexualidade não é só uma questão de corpo. Envolve a mente também! Em boa parte dos casos, a insatisfação sexual tem íntima relação com problemas como traumas do passado e limitações mentais, como baixa autoestima, depressão, baixa autoconfiança e insegurança com a própria imagem.

Quando quiser aprender a lidar com a vida sexual

Procure o psiquiatra para desabafar e aprender a lidar com a própria sexualidade da forma mais natural possível. Esse profissional o receberá com discrição e sem julgamentos, pois está preparado para ouvir e tratar queixas como timidez, medo e constrangimento durante o sexo. Além disso, o psiquiatra convive diariamente com reclamações em relação à monotonia sexual, pouca frequência, ausência de preliminares, baixa libido, falta de sintonia, etc.

Quando precisar tratar um transtorno sexual específico

A vida sexual pode estar insatisfatória porque um dos parceiros ou ambos possuem algum transtorno relacionado ao sexo. As disfunções sexuais são caracterizadas por mudanças psicofisiológicas que atrapalham o desempenho e a satisfação no sexo. São perturbações capazes de gerar dificuldades no relacionamento, além de sofrimento acentuado. Os principais transtornos incluem a aversão sexual, o desejo sexual hipoativo, a dispareunia, o transtorno orgásmico, a ejaculação precoce, o sadismo, o vaginismo, o exibicionismo, o fetichismo, o masoquismo e  a disfunção erétil

Quer saber mais sobre quando procurar um psiquiatra para avaliar a insatisfação sexual? Clique aqui.

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