Dra Aline Rangel / Dra Aline Rangel


O uso da cetamina no tratamento e prevenção do suicídio tem sido objeto de interesse crescente na comunidade médica. A cetamina é um anestésico que, nas últimas décadas, chamou a atenção de psiquiatras, neurocientistas e profissionais de saúde mental devido ao seu potencial efeito antidepressivo e antissuicida. Esta abordagem inovadora oferece uma nova esperança para aqueles que sofrem com ideações suicidas e transtornos depressivos resistentes ao tratamento convencional.

Suicídio: uma epidemia global

A depressão e a ideação suicida representam um problema de saúde pública em escala global. Milhões de pessoas, em todo o mundo, lutam diariamente contra a escuridão emocional que essas condições podem causar. O tratamento convencional, incluindo terapias e antidepressivos é eficaz para muitos, mas uma parcela significativa de pacientes não responde adequadamente ou leva semanas para obter alívio. Para aqueles em estado de crise, essa espera pode ser perigosa.

Cetamina: rápida ação antidepressiva e antissuicida

A cetamina se destaca por sua rápida ação antidepressiva. Diferentemente dos antidepressivos tradicionais, que podem levar semanas para começar a fazer efeito, a cetamina pode proporcionar alívio em questão de horas, em alguns casos, sobretudo do planejamento e crise com intenção suicida. Isso a torna uma opção atraente para aqueles que necessitam de ajuda imediata.

O Mecanismo de Ação

O mecanismo exato pelo qual a cetamina atua no alívio da depressão e na redução da ideação suicida ainda não é completamente compreendido. No entanto, acredita-se que ela atue na modulação dos receptores de glutamato no cérebro, promovendo uma regulação positiva das vias neuronais afetadas pela depressão. Isso leva a uma rápida melhoria do humor e à diminuição dos pensamentos e planejamento suicidas.

A administração da cetamina

A cetamina pode ser administrada de várias maneiras, incluindo por via intravenosa (IV) e intranasal. A escolha do método depende das necessidades individuais do paciente e da avaliação do médico. A administração supervisionada por profissionais de saúde é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

Eficácia e pesquisa contínua

Estudos clínicos têm demonstrado repetidamente a eficácia da cetamina na redução da ideação suicida e na melhoria dos sintomas depressivos. No entanto, é importante destacar que a cetamina não é uma cura definitiva. Os efeitos podem ser temporários, e a manutenção do tratamento psiquiátrico e o acompanhamento contínuo são essenciais para o sucesso a longo prazo. Sozinha, ela não trata essas condições.

Desafios e considerações éticas sobre o uso da cetamina

O uso da cetamina no tratamento da ideação suicida também levanta desafios e considerações éticas importantes. A administração controlada por profissionais de saúde é necessária para evitar o uso indevido da substância. Além disso, é essencial avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios de qualquer intervenção, garantindo que os pacientes recebam o tratamento mais apropriado para suas necessidades individuais.

A cetamina oferece uma nova esperança para aqueles que enfrentam pensamentos e planejamento suicidas e depressão resistente ao tratamento. Seus efeitos rápidos podem proporcionar alívio imediato, mas é fundamental que os pacientes recebam acompanhamento contínuo e avaliações de um psiquiatra para garantir seu bem-estar a longo prazo.



15 de setembro de 2023 Dra Aline RangelTodos

Entender a importância da saúde mental e considerar a consulta com um psiquiatra é fundamental para o bem-estar integral de uma pessoa. Neste artigo, exploraremos detalhadamente os cinco principais motivos para priorizar sua saúde mental, com insights valiosos e orientações para ajudá-lo a tomar decisões informadas sobre seu próprio cuidado emocional. Vamos mergulhar profundamente em cada um desses motivos, fornecendo informações e perspectivas que podem fazer toda a diferença em sua jornada rumo ao equilíbrio emocional e ao bem-estar duradouro.

🧠 Motivo 1: Recuperar o controle

Às vezes, a vida pode nos lançar desafios que parecem estar além de nosso controle. Pensamentos, emoções ou comportamentos podem sair do equilíbrio e começar a afetar negativamente várias áreas de nossas vidas, incluindo relacionamentos, trabalho e nossa percepção de bem-estar. É nesses momentos que buscar ajuda de um psiquiatra se torna essencial.

A Importância de pedir ajuda

Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, ao contrário: é um ato de coragem. Muitos de nós passam por momentos de intensa angústia emocional e é fundamental reconhecer quando a situação está além de nossa capacidade de lidar sozinhos. Um profissional de saúde mental pode oferecer a você as ferramentas, estratégias e apoio necessários para recuperar o controle sobre sua vida emocional.

Como um profissional pode ajudar

Através dos encontros em consultas, você terá a oportunidade de explorar os pensamentos e sentimentos que estão causando desconforto e conflito. Um psiquiatra pode ajudá-lo a identificar padrões de pensamento prejudiciais, aprender a regular emoções intensas e desenvolver habilidades para lidar com os desafios do dia a dia. Através desse processo, você estará mais preparado para enfrentar as dificuldades da vida de maneira eficaz.

🌟 Motivo 2: Lidar com os desafios difíceis da vida

A vida é uma jornada repleta de altos e baixos e todos nós enfrentamos momentos difíceis em algum momento. Situações como doenças graves, a perda de uma pessoa querida, separação, divórcio ou problemas no trabalho podem ser particularmente esmagadoras. Quando esses desafios surgem, buscar ajuda de um psiquiatra pode fazer uma grande diferença em como você lida com eles.

Resiliência Emocional

Um profissional de saúde mental pode ajudá-lo a desenvolver resiliência emocional, permitindo que você enfrente os desafios da vida com uma mente mais clara e uma perspectiva mais saudável. Ao aprender a lidar com o luto, o estresse e as mudanças significativas na vida, você se tornará mais adaptável e capaz de enfrentar as adversidades com mais eficácia.

Apoio na tomada de decisões

Quando você está passando por um período difícil, pode ser difícil tomar decisões importantes. Um profissional de saúde mental pode oferecer uma perspectiva imparcial e objetiva, ajudando-o a avaliar suas opções e tomar decisões informadas. Isso pode ser especialmente útil durante divórcios, questões de guarda, decisões médicas complexas e outras situações desafiadoras.

🚫 Motivo 3: Superar comportamentos compulsivos,  uso de álcool, drogas ou auto-medicação

Vícios de forma geral, o uso de álcool, drogas e/ou auto-medicação é uma preocupação séria que pode afetar sua saúde física, emocional e social. Quando o uso dessas substâncias começa a interferir na sua saúde, emoções, relacionamentos, trabalho ou responsabilidades diárias, é crucial buscar ajuda profissional.

Efeitos do abuso de substâncias e compulsões não-químicos

O abuso de substâncias e compulsões não-químicas (compras, jogo, alimentar, sexual, etc) podem levar a uma série de problemas, incluindo dependência, deterioração da saúde mental, problemas financeiros e legais, bem como impactos negativos nos relacionamentos familiares e sociais. É uma situação complexa que requer intervenção especializada.

Tratamento e recuperação

Psiquiatras especializados em vícios podem fornecer avaliação, aconselhamento e suporte para ajudá-lo a superar o abuso de substâncias e comportamentos compulsivos. O tratamento pode incluir terapia individual ou em grupo, programas de reabilitação e estratégias de prevenção de recaída. Ao buscar ajuda, você dá um passo importante na direção da recuperação e da saúde a longo prazo.

🤔 Motivo 4: Obter perspectivas imparciais

Em alguns momentos da vida, você pode se encontrar em uma encruzilhada, enfrentando decisões difíceis e emocionalmente complexas. Nessas situações, ter uma perspectiva imparcial e objetiva pode ser inestimável. Um psiquiatra pode desempenhar esse papel crucial.

A Necessidade de Orientação

É normal se sentir confuso quando confrontado com escolhas que podem ter um impacto significativo em sua vida. A ideia é poder ajudá-lo a explorar suas opções, avaliar os prós e contras e considerar as implicações a longo prazo de suas decisões.

Tomada de Decisões Mais Conscientes

Em nosso trabalho, você terá a oportunidade de abordar seus dilemas e preocupações de maneira estruturada e focada. Isso pode ajudá-lo a tomar decisões mais conscientes e alinhadas com seus valores e objetivos pessoais.

🌈 Motivo 5: Restaurar a esperança

Há momentos na vida em que a desesperança pode tomar conta, fazendo com que você sinta que a vida não vale mais a pena ser vivida. Nessas situações, é crucial entender que, muitas vezes. você não está preparado para tomar decisões de vida ou morte sozinho.

Lidando com a desesperança

Sentir-se sem esperança é uma experiência profundamente dolorosa. É importante reconhecer que a desesperança é uma emoção temporária e que a ajuda está disponível. Quero ajudá-lo a encontrar uma saída da escuridão e a restaurar a esperança em sua vida.

🆘 Buscando ajuda

Você quer saber como é uma primeira consulta comigo?

Explico tudo lá no artigo acima.



13 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

Muito se fala sobre Suicídio e toda temática que envolve o paciente que está sofrendo por transtornos mentais e que atentou contra a própria vida, o que já renderia muito conteúdo para conversarmos, já que todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte em todo o mundo para pessoas de todas as idades.

Mas a abordagem de hoje vai ser um pouco diferente, queremos o olhar desse tema para aquelas pessoas que estão ao redor deste paciente, você já viveu a situação de ser um familiar, amigo ou parceiro de uma pessoa que cometeu o suicídio? 

Por volta dos anos de 1970 nos Estados Unidos, surgiu o termo “sobreviventes de suicídio” ou “sobreviventes de perda por suicídio” que descreve exatamente essa situação, pessoas afetadas pela perda de alguém que suicidou-se.

Sobreviventes de suicídio em números

A OMS estima que 800 mil pessoas morram por suicídio a cada ano. Para cada pessoa que se suicida, ao menos, 6 pessoas são atingidas diretamente, que são parceiros, filhos, pais, mães, amigos ou até mesmo colegas de trabalho. Isso quer dizer que ao menos 4,8 milhões de pessoas podem ser expostas ao luto por suicídio em um ano. Infelizmente, alguns estudos mundiais estimam que este número pode chegar a 500 milhões.

Cada sobrevivente inserido nesse contexto enfrenta a situação de forma individual, a punição e culpa se apresentam de forma mais intensa por entenderem o sentimento de responsabilidade que os sobreviventes carregam durante muito tempo. 

Fazendo um recorte do consenso coletivo, é possível observar processos em comum e que podem ser enumerados nessa fase: 

Luto

A morte de pessoas próximas e queridas faz parte da vida de todos nós. Mesmo assim, por mais que se tenha lidado com diversas perdas ao longo da existência, a morte exige que se lide com mudanças e sentimentos para muitos bastante difícil. 

A tristeza profunda, a dor da perda, arrependimentos, questionamentos a respeito da

relação com quem morreu, a ansiedade decorrente da necessidade de reorganização do grupo familiar ou social fazem parte do que pode ser chamado de luto. É impossível não sofrer, mas de maneira geral, no final desse processo a vida retoma seu caminho e novos novos vínculos, novos projetos vão sendo criados. 

No entanto, o processo de luto depois do suicídio de alguém próximo tem características próprias que o tornam mais difícil de atravessa. Os mesmos sentimentos que surgem em qualquer perda por morte aparecem acrescidos de vergonha, raiva e sentimentos de estigmatização. É comum cada um se perguntar se aquele suicídio poderia ter sido evitado, impedido.

Precisamos falar sobre isso

As pessoas envolvidas, em vez de se aproximarem para falar de quem morreu, lembrar histórias, chorar juntas e se apoiar, como costuma ocorrer nessas ocasiões, se retraem e passam até a evitar o contato entre si. Não falam no assunto em seu meio social e tentam, cada um por si, dar conta de sua dor e suas perguntas. A vergonha, o embaraço, a estigmatização podem impedir que um sobrevivente procure ajuda, apoio, atendimento.

Desse modo, o risco de que o suicídio de um próximo se torne um segredo é bastante grande. A situação não pode ser recordada, conversada, chorada. Mas isso não significa que ela desapareça. Ao contrário, sua existência passa a se manifestar de maneiras “estranhas”, entre elas o suicídio de outros integrantes da família ou grupo social numa perspectiva de transmissão psíquica, inclusive em gerações posteriores.

Sobreviventes de suicídio “sofrem muito e sofrem sozinhos”.

A condição de sobrevivente de suicídio não necessariamente implica em atendimento psicoterápico. Luto não é doença! Sobreviventes de suicídio podem não buscar ajuda, ou porque não querem ou porque acreditam que não há necessidade para isso, escondendo-se atrás de uma série de questões internas. 

Sentimentos como de vergonha ou medo do preconceito podem tornar difícil o pedido de ajuda. Sobreviventes relatam que passam a ser identificados como a “mãe do suicida”, a “filha do suicida”. Suas identidades ficam fragilizadas e é comum o retraimento e o isolamento social.

Cria-se um estado de “desorganização” inicial que leva a pessoa a se fechar e não suportar contato com mais nada e nem ninguém. Somados a esses sentimentos de raiva e vergonha que surgem, acabam dificultando tanto o processo de elaboração do luto, quanto a busca de contato e ajuda, mesmo nos grupos em que usualmente participava. As pessoas já fragilizadas ficam ainda mais debilitadas pelo isolamento social.

Romper este círculo vicioso é o desafio que o atendimento a sobreviventes de suicídio nos propõe. Para finalizar, diante de uma perda tão dolorosa como esta, será possível emergir e viver razoavelmente bem? Nossa experiência tem dito que sim: uma mulher que perdeu o filho se reaproximou do marido e estão se ajudando e acompanhando; outra já fala em namorar novamente; outra retomou o tratamento médico que precisa fazer e havia abandonado, e assim por diante. Através da aceitação e do entendimento da ambivalência afetiva com relação a quem se suicidou pode ressurgir a capacidade de amar e se relacionar. 

A compreensão e a tolerância diante do outro e de si mesmo se ampliam. Quando o sobrevivente passa a ser capaz de conviver com o ataque violento que é o suicídio de alguém afetivamente próximo e suportá-lo, a sensação de impotência, de inutilidade ou a desesperança nos relacionamentos são superadas.

Práticas de cuidado de si e de outros podem ser instauradas ou retomadas num movimento de fazer por outros e por si o que talvez não tenha sido possível viver com a pessoa que se suicidou. Realizar ações que visem a saúde e o bem-estar de si mesmo e de outras pessoas são caminhos de retomada da potência e da possibilidade de interferir construtivamente no mundo. A tristeza surgirá em muitos momentos, mas novos sentidos para a vida são criados e o ente querido pode ser lembrado com sentimentos amorosos.

 



8 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

O suicídio é um fenômeno complexo e multifacetado que pode afetar indivíduos de diversas origens, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Entretanto, é fundamental compreender que o suicídio pode ser prevenido. Reconhecer os sinais de alerta, tanto em si mesmo quanto em alguém próximo, é o primeiro e mais crucial passo. Neste contexto, é importante ressaltar a relevância de buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como um psiquiatra, ao abordar essa questão sensível.

SINAIS DE ALERTA

Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser interpretados isoladamente, mas sim como indicativos de possíveis riscos. É essencial estar atento aos seguintes sinais de alerta, principalmente quando eles se manifestam simultaneamente:

Agravamento de problemas de conduta ou expressão verbal

Um indivíduo que enfrenta pensamentos suicidas frequentemente manifesta problemas de conduta ou expressa verbalmente seus sentimentos de angústia. Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças, mas sim como sinais de alerta para um risco real. Nesse contexto, a busca por ajuda de um psiquiatra pode ser decisiva.

Preocupação com a própria morte ou falta de esperança

Pessoas em risco de suicídio frequentemente expressam preocupação com sua própria morte ou sentem falta de esperança. Elas podem falar sobre morte e suicídio com mais frequência do que o comum e confessar sentimentos de desesperança, culpa e falta de autoestima. Tais ideias podem ser expressas verbalmente, por escrito ou por meio de desenhos.

Expressão de ideias ou intenções suicidas

Comentários como “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar” ou “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar” não devem ser ignorados. São indícios claros de que a pessoa está enfrentando uma crise emocional grave e precisa de ajuda.

Isolamento

Pessoas com pensamentos suicidas tendem a se isolar. Elas podem evitar atender a telefonemas, interagir menos nas redes sociais, passar mais tempo em casa ou isoladas em seus quartos e reduzir ou cancelar atividades sociais, inclusive aquelas que antes eram apreciadas.

Outros fatores

Além desses sinais de alerta, diversos outros fatores podem contribuir para o risco de suicídio, como exposição a agrotóxicos, perda de emprego, crises econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas ou físicas, conflitos familiares, doenças crônicas e incapacitantes, entre outros. Esses fatores, embora não determinantes, devem ser levados em consideração ao avaliar o risco.

PEDINDO AJUDA

Quando pensamentos de suicídio se tornam insuportáveis, é essencial buscar ajuda. Conversar com alguém de confiança é o primeiro passo importante. Além disso, a assistência de um psiquiatra, especializado em saúde mental, pode ser crucial nesse momento delicado.

Direitos ao pedir ajuda

Ao buscar ajuda, você tem o direito de ser respeitado e levado a sério. Seu sofrimento deve ser considerado, e você deve poder falar sobre si mesmo e sua situação em privacidade. É essencial que você seja ouvido e encorajado a buscar a recuperação.

Onde buscar ajuda

Profissionais de saúde mental, como psiquiatras, são recursos valiosos para lidar com pensamentos suicidas. Além disso, é possível encontrar apoio em:

  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde: Essas unidades oferecem atendimento em saúde mental.
  • UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro e Hospitais: Em situações de emergência, esses locais podem fornecer assistência imediata.
  • Centro de Valorização da Vida – CVV (ligação gratuita 188): O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.

O CVV, em parceria com o SUS, oferece atendimento gratuito através do número 188, que pode ser acessado a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível encontrar mais informações e suporte em www.cvv.org.br.

Ao considerar a importância de buscar ajuda de um psiquiatra, reforçamos a mensagem de que a assistência profissional especializada é fundamental na prevenção do suicídio e no tratamento de questões de saúde mental. Lembre-se de que você não está sozinho(a) e que a ajuda está disponível para aqueles que buscam apoio. A vida é preciosa, e o cuidado com a saúde mental é fundamental para um futuro mais saudável e equilibrado.



5 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

A adolescência é aquela fase da vida bastante conhecida por ser uma época em que a cabeça do jovem está cheia de dúvidas e questionamentos sobre sua vida. Muitas vezes o jovem se perde entre a confusão e ansiedade comuns na transição da infância para a vida adulta, quando a pressão para se ajustar aos padrões e sexualidade estão à flor da pele. E quando ele não vê uma saída para isso, acaba de afogando em um mar de angústia que pode levar a comportamentos destrutivos, como o suicídio. Isso mesmo, parece difícil falar sobre isso, mas é importante debater essa questão.

Dados da última pesquisa sobre o assunto realizada pelo Ministério da Saúde, entre 2018 e 2021, revelam que o índice de suicídios nesse período cresceu 12% no país. Sendo essa a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no Brasil.

Mas afinal, por que nossos jovens se suicidam?

A maioria dos adultos pouco se lembra da adolescência e acabam dando pouca importância para o que os filhos estão passando. Mas é importante lembrar que, o que pode ser visto como nós como algo meio bobo pode levar um jovem a buscar um escape trágico. Abaixo estão listadas algumas das condições relacionadas ao suicídio entre jovens:

  • Distúrbio psicológico como depressão ou transtorno bipolar;
  • Uso de drogas;
  • Sentimento de angústia e desesperança;
  • Abuso físico ou psicológico;
  • Falta de percepção (real ou imaginaria) de apoio ou suporte familiar;
  • Baixa tolerância a frustrações, em muitos casos por não ter sido ensinado a lidar com elas.
  • Questionamentos, culpa ou inadequação no desenvolvimento da sexualidade;
  • Homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual sentido como inapropriada;
  • Casos de suicídio na família.

Saiba identificar os sinais associados ao suicídio na adolescência

A grande maioria das tentativas de suicídios entre os 14 e 15 anos vem de um quadro de depressão. E mesmo que esses sinais não sejam tão aparentes, é importante que os pais estejam atentos às vidas e comportamentos de seus filhos. Alguns sinais de que algo está errado são:

  • Isolamento da família e amigos;
  • Falta de interesse na vida;
  • Alterações de comportamento;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldades para dormir;
  • Mudanças de peso/alimentação;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sentimentos de angústia, desesperança;
  • Falar sempre em morte ou em “sumir/fugir”

Como ajudar e prevenir um suicídio?

É importante deixar claro que a depressão não é “mimimi”, e que deprimidos também riem, conversam… A ideia de que a pessoa é fraca, sem fé, sem motivos para ter depressão também é um tabu. E por esse estigma, muitos depressivos sofrem sozinhos até que, um dia, essa dor parece ser tão insuportável que o jovem busca o suicídio como válvula de escape.

Por isso, é preciso sempre estar atento, por exemplo, ao conteúdo que nossos filhos postam nas redes sociais. Mensagens muito negativas ou agressivas podem ser um sinal de que algo não anda nada bem.

Apoio e diálogo são fundamentais na prevenção do suicídio

É essencial que o adolescente não se sinta sozinho nesse momento, e que saiba que tem alguém com quem pode contar e que possa escutá-lo de forma atenta e sem juízos de valor. Por isso, deixe claro interesse na vida dele, demonstrando sempre que para todo tipo de problema existe uma solução e que o suicídio não é uma delas.

Se você não se sentir confortável para conversar sobre isso, indique um amigo ou parente com o qual o adolescente se sinta mais confortável para se abrir.

Não ignore seu filho

Ao menor sinal de que algo pode não estar indo bem com nossos filhos, devemos também buscar ajuda profissional. A terapia familiar e também individual é um dos meios mais eficazes de fazer com que essa tristeza aguda na vida do adolescente acabe de uma vez.

Um terapeuta ou psiquiatra sabe como lidar com isso da melhor forma possível. E mesmo que seu filho não queira ir a uma consulta ou diga que está tudo bem, tenha em mente que pensamentos suicidas vão e vem e que, com a ajuda profissional, a probabilidade disso acontecer é muito menor.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


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A anedonia é um estado difícil de se explicar a quem nunca o experimentou. É como se as cores da vida desaparecessem, deixando para trás um vazio frio e sombrio. A incapacidade de sentir prazer em atividades que costumavam nos alegrar é avassaladora. Eu estava presa nesse labirinto emocional, perdidoa em uma busca desesperada por uma saída. No entanto, posso dizer que não só encontrei uma saída, mas também aprendi a sentir novamente.

Um Mundo Cinza

A anedonia transformou meu mundo em uma paleta de cinzas. E não eram “50 tons de cinza”… Coisas que antes me enchiam de alegria e satisfação, como passear no Horto, ouvir música e socializar, tornaram-se tarefas vazias e sem sentido. Cada dia era uma batalha contra a apatia e a indiferença que se apoderaram de mim. Eu me perguntava se algum dia voltaria a sentir a alegria e a emoção que outros pareciam desfrutar tão facilmente.

O Caminho da Recuperação

Minha jornada para superar a anedonia foi longa e desafiadora. Inicialmente, foi difícil aceitar que eu estava enfrentando esse problema. A negação me cegava para a realidade, tornando ainda mais difícil buscar ajuda. No entanto, reconhecer que precisava de suporte foi o primeiro passo para a cura.

Buscar Ajuda Profissional

Buscar a orientação do psiquiatra foi fundamental para minha recuperação. A Aline me ajudou a compreender as causas subjacentes da minha anedonia e a desenvolver estratégias para enfrentá-la. As consultas  me proporcionaram um espaço seguro para explorar meus sentimentos e preocupações, e, juntas, íamos descobrindo técnicas para lidar com os desafios emocionais. Embora eu negue até hoje para a maioria das pessoas, tomar o antidepressivo foi essencial pra minha recuperação.

Reconectar com a Vida

Ao longo do processo de tratamento, percebi que precisava me reconectar com a vida e redescobrir o que me trazia felicidade. Embora no início fosse difícil encontrar prazer em atividades cotidianas, aprendi a valorizar os pequenos momentos que me traziam alguma alegria, como apreciar a beleza da natureza (eu me forçava pegar o carro e ficar no estacionamento de um parque) ou saborear uma refeição deliciosa, ainda que sozinha e pedindo por delivery.

Aceitar as Emoções

Uma das lições mais importantes que aprendi foi que é normal ter altos e baixos emocionais. Aceitar minhas emoções, mesmo as mais difíceis, foi um passo essencial para aprender a sentir novamente. Em vez de lutar contra meus sentimentos, aprendi a acolhê-los e a permitir que fluíssem naturalmente.

Conforme eu progredia no meu tratamento, gradualmente, comecei a redescobrir a alegria em minha vida. As cores começaram a voltar ao meu mundo, e as atividades que antes pareciam sem graça ganharam vida novamente. Encontrar propósito e significado em minhas experiências diárias tornou-se uma bênção.


Superar a anedonia não é uma tarefa fácil, mas é possível com paciência, autoaceitação e apoio profissional. A jornada de recuperação é única para cada pessoa, mas é importante lembrar que não estamos sozinhos nessa luta. Com o devido cuidado e determinação, é possível aprender a sentir novamente e redescobrir a beleza da vida. Se você também está enfrentando a anedonia, saiba que há esperança e ajuda disponível para você. O primeiro passo é buscar o apoio adequado e permitir-se a oportunidade de cura e crescimento emocional. Acredite em si mesmo(a) e no poder de superar os desafios que a vida apresenta. A alegria pode estar à sua espera, apenas aguardando ser redescoberta.

*Obrigada, Hanna, por me permitir fazer minhas suas palavras!


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Pessoas que sofrem com transtornos mentais tendem a se isolar ou a não serem bem-aceitas por colegas de trabalho e familiares. No caso do transtorno bipolar, por exemplo, outras pessoas não entendem que o paciente está sofrendo com algum tipo de problema e não está em perfeitas condições para uma boa convivência. Por isso, é importante entender como funciona esse transtorno e o que podemos fazer para ter um relacionamento saudável e harmonioso com quem sofre com isso.

O que é o transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é uma condição crônica de saúde mental caracterizada por oscilações extremas de humor que alternam entre períodos de mania e depressão. Enquanto a depressão é mais conhecida, a mania é um aspecto crucial do transtorno bipolar que ainda é muito mal compreendido pela população de forma geral. Todo e qualquer episódio de oscilação do humor, seja no contexto de um conflito emocional grave (p.ex.: após uma separação conjugal) ou de outros transtornos psiquiátricos (p.ex.: Transtorno de Personalidade Borderline), criam crenças equivocadas de que “essa pessoa é bipolar”.

A mania, com alegria ou irritabilidade patológicas, é o estado de exaltação do humor. Nesse quadro, o paciente demonstra estar alegre sem um motivo específico. Esse humor pode ser eufórico, irritável ou até arrogante. Nesse estágio, é comum que ele também apresente mania de grandeza.

A hipomania é um estado semelhante ao de mania, mas em menor intensidade. Apesar de ser uma fase mais amena, requer atenção redobrada, pois o paciente pensa que já está curado e não precisa manter o tratamento.

A depressão, dentro do transtorno afetivo bipolar, se divide nos tipos 1 e 2. Durante o tipo 1, a pessoa apresenta momentos depressivos intercalados com episódios de mania. Já no tipo 2, os estados de mania são menos intensos.

Além disso, existem diferentes tipos desse transtorno, mas todos afetam o humor, a energia e a eficiência do indivíduo. As oscilações de humor podem não respeitar um período de tempo, ocorrendo de forma aleatória.

Quais são as causas do transtorno bipolar

Não há uma comprovação científica para a origem do problema, o que se sabe é que fatores genéticos e a ocorrência de alterações no cérebro ou nos níveis dos neurotransmissores estão relacionados com o transtorno.

Existem também outras causas que podem servir como gatilhos para o transtorno bipolar, tais como estresse prolongado, uso de remédios inibidores de apetite, puerpério, hipertireoidismo e hipotireoidismo.

Dicas para lidar com pessoas bipolares

Existem algumas dicas essenciais que servem como regras de convivência para ajudar você a viver de forma harmoniosa com pessoas bipolares num momento de crise. Veja:

  1. Evite discutir, pois esse debate pode desencadear uma crise na pessoa. Assim, evite dizer coisas que podem gerar irritação.
  2. Tenha calma ao falar e use um tom de voz adequado. Dessa forma, você evita que a pessoa bipolar aja com impulsividade e tome atitudes exageradas.
  3. Procure ser positivo ao conversar com o paciente, principalmente nos episódios depressivos.
  4. Evite embates, pois será prejudicial para ambos. Lembre-se de que a pessoa já sofre com a variação de emoções.
  5. Não torne a pessoa bipolar uma vítima da situação e evite facilitar as coisas para ela. A atitude correta é se mostrar disponível, incentivá-la a realizar suas tarefas e seguir em frente.
  6. Não julgue a condição de quem sofre com o transtorno, evite preconceitos ou suposições inadequadas sobre o quadro dele.
  7. Esteja atento ao que é dito pela pessoa bipolar. Normalmente, eles costumam fazer o que dizem. Então, se ouvi-lo comentar qualquer coisa relacionada a suicídio, por exemplo, procure ajuda.

 

Lidar com uma pessoa que tem o diagnóstico de transtorno bipolar requer compreensão, paciência e compaixão. Ao se informar sobre o transtorno, criar um ambiente seguro e acolhedor e incentivar os cuidados pessoais e a busca de ajuda profissional, você pode ter um impacto positivo na qualidade de vida dessa pessoa. Lembre-se de que estar presente para alguém com transtorno bipolar significa oferecer apoio consistente, ouvir ativamente e reconhecer suas experiências únicas. Juntos, podemos ajudar indivíduos com transtorno bipolar a navegar em sua jornada rumo à estabilidade e ao bem-estar. Com todas essas informações e colocando em prática essas dicas você estará apto a lidar melhor com quem sofre com o transtorno bipolar.


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Transtorno do humor é uma condição patológica que apresenta alterações no humor, comportamento, na energia, na forma de sentir, de pensar e reagir.  Esse tipo de transtorno compromete não apenas o humor, como também a afetividade e as relações sociais.

Tal problema pode impactar diferentes áreas da vida, incluindo a familiar, profissional, escolar ou acdêmica, social e amorosa, uma vez que o transtorno de humor pode se manifestar em episódios isolados ou recorrentes. Consequentemente, o indivíduo é assolado por sérios prejuízos.

Há diferentes tipos de transtorno do humor, entre eles, a depressão, o transtorno bipolar, ciclotimia e a depressão leve persistente (anteriormente chamada de distimia). Quer conhecer os transtornos do humor mais a fundo? Leia o artigo e fique por dentro do assunto!

Tipos de transtorno do humor

Como foi mencionado anteriormente, não há somente um tipo de perturbação do humor. Confira a seguir os principais transtornos existentes:

  • Depressão – Transtorno do humor que gera um estado de angústia, melancolia, ansiedade, desânimo, queda de energia, fadiga e falta de motivação. Não deve ser confundida com os episódios pontuais de tristeza diante dos problemas da vida.
  • Transtorno Bipolar: A bipolaridade ou transtorno afetivo bipolar é uma condição caracterizada pela alternância, muitas vezes súbita, de humor e comportamento. O transtorno bipolar tem ganhado cada vez  consistência de se tratar de um “espectro” de humor em detrimento de dois pólos distintos de humor: a mania e a depressão.
  • Ciclotimia – Ciclotimia é uma condição que integra o espectro bipolar, sendo considerada uma forma mais leve de bipolaridade. Essa perturbação do humor mescla períodos de euforia, excitação e hiperatividade com outros de tristeza, desânimo e inatividade.
  • Distimia – A distimia, ou transtorno depressivo persistente, é um tipo de depressão. Ela tem a intensidade moderada e duração mais longa que a depressão. Pessoas com distimia são vistas como indivíduos constantemente mal humorados, o que produz impactos negativos para o convívio social.

Sintomas do transtorno do humor

Os sinais individuais de cada transtorno do humor já foram mencionados, porém, há sintomas gerais e comuns que se repetem em todos esses tipos de perturbação. São eles:

  • alteração na energia/vitalidade
  • reações desproporcionais diante de fatos estressantes,
  • mudança de estado afetivo sem razão aparente,
  • perda de interesse em atividades que antes eram tidas como prazerosas,
  • dificuldade para manter relacionamentos interpessoais saudáveis,
  • perda ou aumento do apetite,
  • distúrbios do sono,
  • sentimentos negativos,
  • agitação ou retardo psicomotor,
  • prejuízos no desempenho social e/ou profissional

Causas do problema

Os transtornos do humor apresentam causas multifatoriais. Eles podem ter origens genéticas, psicossociais ou os dois. Perturbações do humor podem acontecer devido alterações bioquímicas no cérebro, como o déficit no metabolismo da serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar e equilíbrio do humor. Eventos negativos, como a morte de alguém querido, o desemprego repentino, mudanças físicas, episódios de doença e términos de relacionamentos também podem provocar o aparecimento de transtornos do humor.

Tratamentos para transtornos do humor

O tratamento para o transtorno do humor pode ser psicoterápico, farmacológico ou ambos, a fim de aumentar a efetividade. O tratamento farmacológico é realizado através de medicamentos antidepressivos, estabilizadores do humor e/ou antipsicóticos. A psicoterapia traz abordagens que visam melhorar a qualidade de vida do paciente e ajudá-lo a desenvolver diversos recursos internos para lidar com as disfunções.

Compreender os diferentes tipos de transtornos de humor e suas características únicas, é essencial para que os profissionais de saúde mental possam diagnosticar com precisão e desenvolver planos de tratamento personalizados para seus pacientes. A importância de uma avaliação abrangente não pode ser subestimada, pois um diagnóstico incorreto ou tratamento inadequado pode levar a complicações adicionais e dificultar o processo de recuperação.

Além disso, o valor do tratamento baseadas em evidências, como medicamentos, psicoterapia e modificações no estilo de vida, não pode ser subestimado. A colaboração entre profissionais  e pacientes é crucial para garantir que a abordagem de tratamento escolhida esteja alinhada com as necessidades e preferências individuais.

Também é importante reconhecer o papel do suporte contínuo e do monitoramento no manejo de longo prazo dos transtornos de humor. Acompanhamentos regulares e ajustes no plano de tratamento podem ser necessários para otimizar os resultados e prevenir recaídas. Além disso, conscientizar sobre os transtornos de humor e reduzir o estigma associado à saúde mental é essencial para incentivar as pessoas a procurar ajuda e apoio

 


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A Neurastenia (neuro = cérebro, astenia= fraqueza), é um transtorno psicológico resultado do enfraquecimento do sistema nervoso central, culminando em cansaço física e mental. É um termo antigo, usado pela primeira vez por George Miller Beard, em 1869, para designar um quadro de exaustão física e psicológica, fraqueza, nervosismo e sensibilidade aumentada (principalmente irritabilidade e humor depressivo).Era um diagnóstico muito frequente no final do século XIX que desapareceu e foi revivido várias vezes durante o século XX sendo incluído no CID-10 pela OMS mas não pelo DSM-5. Sua prevalência está entre 3 e 11% da população mundial, sendo tão comum em homens quanto em mulheres.

Era um diagnóstico muito frequente no final do século XIX e foi revivido várias vezes durante o século XX, sendo incluído no CID-10 pela Organização Mundial da Saúde. Os Estados Unidos são campeões no ranking de prevalência da doença e chegaram até a batizá-la como “americanitis”, pois a consideravam como transtorno psíquico característico dos americanos.

Principais sinais e sintomas da neurastenia

Além do cansaço, pode ser causada por combinação de fatores genéticos e ambientais, rotinas estressantes ou problemas familiares. Entre os principais sintomas estão:

  • dor de cabeça;
  • esgotamento físico e emocional;
  • dores no corpo;
  • aumento da sensibilidade;
  • pressão e peso na cabeça;
  • zumbidos no ouvido;
  • tonturas;
  • alterações no sono;
  • cansaço excessivo;
  • dificuldade em relaxar;
  • dificuldade de concentração;
  • dormência e formigamento dos membros;
  • distúrbios gastrointestinais;
  • ansiedade ou depressão.

 Por apresentar sintomas parecidos com os de outros transtornos psicológicos, a neurastenia deve ser cuidadosamente analisada por um psiquiatra. Além disso, a rotina do paciente e o histórico de saúde também precisam ser verificados. Ainda, o médico pode realizar testes psicológicos, baseados nos sintomas e na duração, que deve ser superior a três meses.

No geral, o psiquiatra observará se o paciente apresenta:

  • exaustão persistente e angustiante após esforço físico ou mental menor;
  • sensação geral de mal-estar acompanhada por um ou mais sintomas — dores musculares, tonturas, dor de cabeça de tensão, distúrbios do sono, incapacidade de relaxar e irritabilidade;
  • impossibilidade de se recuperar por meio de descanso ou atividade prazerosa;
  • sono não reparador, muitas vezes, incomodado com pesadelos;
  • Algo não causado por distúrbios mentais orgânicos, mas sim por outros transtornos afetivos, transtorno do pânico ou transtorno de ansiedade generalizada.

Neurastenia ao longo dos séculos XIX, XX e XXI

A neurastenia foi um diagnóstico comum que teve origem no final do século XIX e permaneceu popular por mais de 60 anos. O diagnóstico tornou-se amplamente adotado porque fornecia uma nova perspectiva sobre as dificuldades dos pacientes. Argumentava-se que todos os casos de neurastenia compartilhavam um padrão comum de sintomas, um curso semelhante, uma via causal comum e uma tendência a responder a alguns tratamentos interessantes. Assim, por muitos anos, a neurastenia infiltrou-se no mundo médico e tornou-se um fenômeno diagnóstico generalizado.

A medicina moderna enfrenta dificuldades ao diferenciar uma doença clínica de um transtorno emocional. Na verdade, muitas vezes há algum grau de sobreposição e comorbidade (ocorrência de duas doenção ao mesmo tempo ou associadas) entre distúrbios clínicos e transtornos psiquiátricos. Corpo e mente estão entrelaçados e o estado mental de um paciente terá um impacto em sua condição física.

O diagnóstico de neurastenia perdeu importância e passou a se subdiagnosticado após 1920 devido à ênfase em uma abordagem mais científica para a medicina. No entanto, o diagnóstico de neurastenia permaneceu intacto. Durante a década de 1940, a neurastenia foi descrita como uma condição psiconeurótica viável classificada junto com histeria, ansiedade, compulsões e neuroses traumáticas. Mais recentemente, a neurastenia tem sido descrita como uma categoria diagnóstica viável em livros didáticos  e sistemas de diagnóstico da Organização Mundial de Saúde.

Ao longo da história da neurastenia, ficou claro que a maioria dos médicos se sentia mais confortável em fazer um diagnóstico de um problema médico do que em considerar os sintomas como enraizados emocionalmente. Como muitas vezes não havia uma causa orgânica identificável, os médicos às vezes se recusavam a tratar pacientes neurastênicos ou se contentavam em fornecer conselhos vagos para lidar com os sintomas da neurastenia. No entanto, recomendava-se “evitar tratar os sintomas neuróticos como se houvesse uma doença orgânica presente… administrar medicamentos e realizar operações claramente nunca pode remediar o que não está lá para ser remediado”.

Com o tempo, a causa provável da neurastenia passou a ser vista como um conflito psicológico em vez de uma “exaustão” do sistema nervoso . Houve uma ênfase em evitar prescrever longos períodos de repouso, pois isso poderia convencer os pacientes de que eles estavam incapacitados ou com deficiência grave. Ainda hoje, parece útil enfatizar as forças e a resiliência do paciente no caminho para a saúde, em vez de sua incapacidade e fraqueza. Além disso, o estado mental adoecido às vezes era o foco do tratamento em vez do conjunto de sintomas.  Assim, não foi surpreendente que os pacientes se beneficiassem de uma avaliação honesta e de uma atitude de apoio de seu médico. O estado mental do paciente precisava de tratamento além da condição física.

Os pacientes com neurastenia eram caracterizados pela expressão “dupla carga do neurastênico” devido ao sofrimento subjetivo e às reações sociais dos outros que podem não ter respeitado a realidade de sua experiência. Essa carga reforçou a opinião dos médicos de endossar uma base médica para a neurastenia. A neurastenia foi reconhecida como uma condição médica, tanto por pacientes quanto por médicos, reduzindo provavelmente o interesse por fatores psicológicos potenciais. A sobreposição significativa dos diagnósticos modernos e históricos relacionados ao sofrimento devido à fadiga sugere que há muito a ser compreendido sobre este quadro clínico-psicológico. Hoje, século XXI, observamos  novamente essa sobreposição de sinais e sintomas em casos contemporâneos de síndrome da fadiga crônica e fibromialgia.

Agende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Qual é o tratamento indicado?

O tratamento tem como principal objetivo oferecer uma melhor qualidade de vida, reduzir os sintomas e promover uma rotina mais leve ao paciente. Na maioria das vezes, a melhor indicação é a psicoterapia combinada com o uso de medicamentos, que estimulam a produção e liberação de hormônios responsáveis pelo bem-estar.

Além disso, é importante que o paciente se comprometa a adotar novos hábitos de vida e que mantenha uma alimentação equilibrada e rica em fibras, legumes, verduras e frutas. Ainda, que evite uso de bebidas alcoólicas, comidas gordurosas e cigarro, por exemplo. É indicado também praticar atividades físicas regulares, o que ajudará a estimular a produção de hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, ajudando a relaxar.

Por fim, pessoas com neurastenia devem evitar rotinas estressantes, reservando pelo menos um dia por semana para o descanso, de preferência em locais tranquilos, agradáveis e com bastante ar puro.

Ao explorarmos a história do diagnóstico da neurastenia, percebemos o quão complexo e multifacetado é o campo da medicina e da saúde mental. A neurastenia, que foi amplamente diagnosticada e discutida durante mais de seis décadas, foi gradualmente desaparecendo à medida que a medicina buscava uma abordagem mais científica. No entanto, é importante reconhecer que a experiência de sofrimento dos pacientes persistiu, mesmo que os sintomas fossem vagos e não específicos.

Hoje, vemos esses mesmos desafios na compreensão de condições como a síndrome da fadiga crônica e a fibromialgia. Embora esses diagnósticos tenham evoluído e sido reconhecidos de forma mais precisa, ainda existem semelhanças intrigantes com a neurastenia do passado. A sobreposição dos sintomas de fadiga, dores musculares e dificuldades cognitivas é evidente, assim como a busca por validação e compreensão da experiência subjetiva do paciente.

Nossa compreensão dessas condições está em constante evolução. À medida que avançamos, devemos aprender com os erros do passado e evitar cair em armadilhas de diagnósticos excessivamente amplos ou imprecisos. É fundamental reconhecer a interação complexa entre o corpo e a mente, entendendo que os fatores psicológicos e sociais desempenham um papel crucial nas manifestações físicas dessas condições.

 


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Referências: Overholser, J. C., & Beale, E. E. (2019). Neurasthenia. The Journal of Nervous and Mental Disease, 207(9), 731–739.


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8 de dezembro de 2022 Dra Aline RangelAnsiedade

A ansiedade é um problema global. Ao redor do mundo, cerca de 25-30% da população sofre com algum transtorno de ansiedade de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS)1. Ela pode se manifestar de diferentes maneiras e pode ser descrita como uma das experiências mais angustiantes que uma pessoa possa vivenciar. Essas crises podem ser avassaladoras e debilitantes, mas é essencial reconhecer os sinais para buscar apoio adequado e tratamento. Neste artigo, exploraremos oito sinais que indicam uma crise de ansiedade, ajudando você a compreender melhor essa condição e tomar medidas proativas para gerenciá-la.

1) Alterações no sono

A dificuldade para adormecer ou manter o sono é um dos indicativos de transtorno de ansiedade, tanto que, 50% das pessoas com transtornos de ansiedade têm problemas para dormir. Quando o indivíduo vira de um lado para o outro, não consegue pegar no sono e acorda excessivamente cansado, há grandes chances de estar vivendo uma crise de ansiedade.

2) Preocupação excessiva

Outra marca da ansiedade é a preocupação excessiva. Se preocupar moderadamente com as coisas do dia a dia é natural, porém, ter sempre a sensação de que algo ruim vai acontecer é um indício de que a pessoa está ansiosa patologicamente. Ficar preocupado de maneira intensa e persistente, a ponto de sofrer com essa condição, revela a desregulação psíquica e emocional característica desse tipo de crise.

3) Tensão muscular

A tensão muscular é uma das manifestações físicas da ansiedade. É comum que em meio a crises ansiosas, a pessoa tenha a sensação de mandíbula apertada, punho tensionado e músculos enrijecidos por todo corpo. Por vezes, a tensão é tão grande que pode gerar dores locais. Nesse caso, técnicas como massagens e exercícios regulares podem ajudar a relaxar e aliviar as tensões.

4) Ataques de pânico

Os ataques de pânico podem sinalizar uma crise intensa de ansiedade. A sensação repentina de medo, coração acelerado, aperto no peito e garganta, suor, tremor, mãos frias, dores no estômago e fraqueza acontecem nesse tipo de ataque e estão intimamente relacionados a transtornos de ansiedade.

5) Comportamento compulsivo

Os comportamentos compulsivos, além dos pensamentos intrusivos, descontrolados e irracionais também são sinais de que uma crise de ansiedade se aproxima ou já está acontecendo. Comer excessivamente ou comprar de forma impulsiva/ compulsiva, por exemplo, são atitudes que indicam transtornos de ansiedade. Fique de olho!

6) Tontura e sensação de desmaio

Crises agudas de ansiedade podem vir acompanhadas de tontura e sensação de desmaio sem qualquer aviso. Sintomas como náuseas e vômitos também são comuns em quadros de ansiedade

7) Falta de ar

Na iminência de uma crise de ansiedade, muitos indivíduos sentem falta de ar, respiração ofegante, peito apertado e, até mesmo, uma fadiga incapacitante. Esses sintomas físicos podem aparecer isoladamente ou em conjunto com outros sinais, como balançar braços e pernas sem parar, roer unhas e falar muito rápido.

8) Mudanças de humor

Pessoas ansiosas tendem a apresentar alterações de humor repentinamente. Alguém naturalmente calmo pode ficar irritado, pessoas otimistas podem ficar pessimistas temporariamente e os alegres podem passar por um período de tristeza sem razão aparente.

A ansiedade é uma condição complexa que pode impactar significativamente o bem-estar de uma pessoa quando não é tratada. Ao reconhecer os sinais de uma crise de ansiedade, os indivíduos podem tomar medidas proativas para gerenciar sua ansiedade e melhorar sua qualidade de vida. Lembre-se de buscar ajuda profissional, aprender e utilizar estratégias de enfrentamento, pois isso é crucial para atravessar uma crise de ansiedade. Com o apoio adequado e as ferramentas corretas, é possível recuperar o controle e encontrar a paz interior diante dos desafios que a ansiedade apresenta.

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Referências:

  1. WHO. Mental health action plan 2013- 2020. 2013. p. 1e48.



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    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


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