prevenção suicidio / Dra Aline Rangel


13 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

Muito se fala sobre Suicídio e toda temática que envolve o paciente que está sofrendo por transtornos mentais e que atentou contra a própria vida, o que já renderia muito conteúdo para conversarmos, já que todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte em todo o mundo para pessoas de todas as idades.

Mas a abordagem de hoje vai ser um pouco diferente, queremos o olhar desse tema para aquelas pessoas que estão ao redor deste paciente, você já viveu a situação de ser um familiar, amigo ou parceiro de uma pessoa que cometeu o suicídio? 

Por volta dos anos de 1970 nos Estados Unidos, surgiu o termo “sobreviventes de suicídio” ou “sobreviventes de perda por suicídio” que descreve exatamente essa situação, pessoas afetadas pela perda de alguém que suicidou-se.

Sobreviventes de suicídio em números

A OMS estima que 800 mil pessoas morram por suicídio a cada ano. Para cada pessoa que se suicida, ao menos, 6 pessoas são atingidas diretamente, que são parceiros, filhos, pais, mães, amigos ou até mesmo colegas de trabalho. Isso quer dizer que ao menos 4,8 milhões de pessoas podem ser expostas ao luto por suicídio em um ano. Infelizmente, alguns estudos mundiais estimam que este número pode chegar a 500 milhões.

Cada sobrevivente inserido nesse contexto enfrenta a situação de forma individual, a punição e culpa se apresentam de forma mais intensa por entenderem o sentimento de responsabilidade que os sobreviventes carregam durante muito tempo. 

Fazendo um recorte do consenso coletivo, é possível observar processos em comum e que podem ser enumerados nessa fase: 

Luto

A morte de pessoas próximas e queridas faz parte da vida de todos nós. Mesmo assim, por mais que se tenha lidado com diversas perdas ao longo da existência, a morte exige que se lide com mudanças e sentimentos para muitos bastante difícil. 

A tristeza profunda, a dor da perda, arrependimentos, questionamentos a respeito da

relação com quem morreu, a ansiedade decorrente da necessidade de reorganização do grupo familiar ou social fazem parte do que pode ser chamado de luto. É impossível não sofrer, mas de maneira geral, no final desse processo a vida retoma seu caminho e novos novos vínculos, novos projetos vão sendo criados. 

No entanto, o processo de luto depois do suicídio de alguém próximo tem características próprias que o tornam mais difícil de atravessa. Os mesmos sentimentos que surgem em qualquer perda por morte aparecem acrescidos de vergonha, raiva e sentimentos de estigmatização. É comum cada um se perguntar se aquele suicídio poderia ter sido evitado, impedido.

Precisamos falar sobre isso

As pessoas envolvidas, em vez de se aproximarem para falar de quem morreu, lembrar histórias, chorar juntas e se apoiar, como costuma ocorrer nessas ocasiões, se retraem e passam até a evitar o contato entre si. Não falam no assunto em seu meio social e tentam, cada um por si, dar conta de sua dor e suas perguntas. A vergonha, o embaraço, a estigmatização podem impedir que um sobrevivente procure ajuda, apoio, atendimento.

Desse modo, o risco de que o suicídio de um próximo se torne um segredo é bastante grande. A situação não pode ser recordada, conversada, chorada. Mas isso não significa que ela desapareça. Ao contrário, sua existência passa a se manifestar de maneiras “estranhas”, entre elas o suicídio de outros integrantes da família ou grupo social numa perspectiva de transmissão psíquica, inclusive em gerações posteriores.

Sobreviventes de suicídio “sofrem muito e sofrem sozinhos”.

A condição de sobrevivente de suicídio não necessariamente implica em atendimento psicoterápico. Luto não é doença! Sobreviventes de suicídio podem não buscar ajuda, ou porque não querem ou porque acreditam que não há necessidade para isso, escondendo-se atrás de uma série de questões internas. 

Sentimentos como de vergonha ou medo do preconceito podem tornar difícil o pedido de ajuda. Sobreviventes relatam que passam a ser identificados como a “mãe do suicida”, a “filha do suicida”. Suas identidades ficam fragilizadas e é comum o retraimento e o isolamento social.

Cria-se um estado de “desorganização” inicial que leva a pessoa a se fechar e não suportar contato com mais nada e nem ninguém. Somados a esses sentimentos de raiva e vergonha que surgem, acabam dificultando tanto o processo de elaboração do luto, quanto a busca de contato e ajuda, mesmo nos grupos em que usualmente participava. As pessoas já fragilizadas ficam ainda mais debilitadas pelo isolamento social.

Romper este círculo vicioso é o desafio que o atendimento a sobreviventes de suicídio nos propõe. Para finalizar, diante de uma perda tão dolorosa como esta, será possível emergir e viver razoavelmente bem? Nossa experiência tem dito que sim: uma mulher que perdeu o filho se reaproximou do marido e estão se ajudando e acompanhando; outra já fala em namorar novamente; outra retomou o tratamento médico que precisa fazer e havia abandonado, e assim por diante. Através da aceitação e do entendimento da ambivalência afetiva com relação a quem se suicidou pode ressurgir a capacidade de amar e se relacionar. 

A compreensão e a tolerância diante do outro e de si mesmo se ampliam. Quando o sobrevivente passa a ser capaz de conviver com o ataque violento que é o suicídio de alguém afetivamente próximo e suportá-lo, a sensação de impotência, de inutilidade ou a desesperança nos relacionamentos são superadas.

Práticas de cuidado de si e de outros podem ser instauradas ou retomadas num movimento de fazer por outros e por si o que talvez não tenha sido possível viver com a pessoa que se suicidou. Realizar ações que visem a saúde e o bem-estar de si mesmo e de outras pessoas são caminhos de retomada da potência e da possibilidade de interferir construtivamente no mundo. A tristeza surgirá em muitos momentos, mas novos sentidos para a vida são criados e o ente querido pode ser lembrado com sentimentos amorosos.

 



8 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

O suicídio é um fenômeno complexo e multifacetado que pode afetar indivíduos de diversas origens, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Entretanto, é fundamental compreender que o suicídio pode ser prevenido. Reconhecer os sinais de alerta, tanto em si mesmo quanto em alguém próximo, é o primeiro e mais crucial passo. Neste contexto, é importante ressaltar a relevância de buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como um psiquiatra, ao abordar essa questão sensível.

SINAIS DE ALERTA

Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser interpretados isoladamente, mas sim como indicativos de possíveis riscos. É essencial estar atento aos seguintes sinais de alerta, principalmente quando eles se manifestam simultaneamente:

Agravamento de problemas de conduta ou expressão verbal

Um indivíduo que enfrenta pensamentos suicidas frequentemente manifesta problemas de conduta ou expressa verbalmente seus sentimentos de angústia. Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças, mas sim como sinais de alerta para um risco real. Nesse contexto, a busca por ajuda de um psiquiatra pode ser decisiva.

Preocupação com a própria morte ou falta de esperança

Pessoas em risco de suicídio frequentemente expressam preocupação com sua própria morte ou sentem falta de esperança. Elas podem falar sobre morte e suicídio com mais frequência do que o comum e confessar sentimentos de desesperança, culpa e falta de autoestima. Tais ideias podem ser expressas verbalmente, por escrito ou por meio de desenhos.

Expressão de ideias ou intenções suicidas

Comentários como “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar” ou “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar” não devem ser ignorados. São indícios claros de que a pessoa está enfrentando uma crise emocional grave e precisa de ajuda.

Isolamento

Pessoas com pensamentos suicidas tendem a se isolar. Elas podem evitar atender a telefonemas, interagir menos nas redes sociais, passar mais tempo em casa ou isoladas em seus quartos e reduzir ou cancelar atividades sociais, inclusive aquelas que antes eram apreciadas.

Outros fatores

Além desses sinais de alerta, diversos outros fatores podem contribuir para o risco de suicídio, como exposição a agrotóxicos, perda de emprego, crises econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas ou físicas, conflitos familiares, doenças crônicas e incapacitantes, entre outros. Esses fatores, embora não determinantes, devem ser levados em consideração ao avaliar o risco.

PEDINDO AJUDA

Quando pensamentos de suicídio se tornam insuportáveis, é essencial buscar ajuda. Conversar com alguém de confiança é o primeiro passo importante. Além disso, a assistência de um psiquiatra, especializado em saúde mental, pode ser crucial nesse momento delicado.

Direitos ao pedir ajuda

Ao buscar ajuda, você tem o direito de ser respeitado e levado a sério. Seu sofrimento deve ser considerado, e você deve poder falar sobre si mesmo e sua situação em privacidade. É essencial que você seja ouvido e encorajado a buscar a recuperação.

Onde buscar ajuda

Profissionais de saúde mental, como psiquiatras, são recursos valiosos para lidar com pensamentos suicidas. Além disso, é possível encontrar apoio em:

  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde: Essas unidades oferecem atendimento em saúde mental.
  • UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro e Hospitais: Em situações de emergência, esses locais podem fornecer assistência imediata.
  • Centro de Valorização da Vida – CVV (ligação gratuita 188): O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.

O CVV, em parceria com o SUS, oferece atendimento gratuito através do número 188, que pode ser acessado a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível encontrar mais informações e suporte em www.cvv.org.br.

Ao considerar a importância de buscar ajuda de um psiquiatra, reforçamos a mensagem de que a assistência profissional especializada é fundamental na prevenção do suicídio e no tratamento de questões de saúde mental. Lembre-se de que você não está sozinho(a) e que a ajuda está disponível para aqueles que buscam apoio. A vida é preciosa, e o cuidado com a saúde mental é fundamental para um futuro mais saudável e equilibrado.



5 de setembro de 2023 Dra Aline RangelSuicídio

A adolescência é aquela fase da vida bastante conhecida por ser uma época em que a cabeça do jovem está cheia de dúvidas e questionamentos sobre sua vida. Muitas vezes o jovem se perde entre a confusão e ansiedade comuns na transição da infância para a vida adulta, quando a pressão para se ajustar aos padrões e sexualidade estão à flor da pele. E quando ele não vê uma saída para isso, acaba de afogando em um mar de angústia que pode levar a comportamentos destrutivos, como o suicídio. Isso mesmo, parece difícil falar sobre isso, mas é importante debater essa questão.

Dados da última pesquisa sobre o assunto realizada pelo Ministério da Saúde, entre 2018 e 2021, revelam que o índice de suicídios nesse período cresceu 12% no país. Sendo essa a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no Brasil.

Mas afinal, por que nossos jovens se suicidam?

A maioria dos adultos pouco se lembra da adolescência e acabam dando pouca importância para o que os filhos estão passando. Mas é importante lembrar que, o que pode ser visto como nós como algo meio bobo pode levar um jovem a buscar um escape trágico. Abaixo estão listadas algumas das condições relacionadas ao suicídio entre jovens:

  • Distúrbio psicológico como depressão ou transtorno bipolar;
  • Uso de drogas;
  • Sentimento de angústia e desesperança;
  • Abuso físico ou psicológico;
  • Falta de percepção (real ou imaginaria) de apoio ou suporte familiar;
  • Baixa tolerância a frustrações, em muitos casos por não ter sido ensinado a lidar com elas.
  • Questionamentos, culpa ou inadequação no desenvolvimento da sexualidade;
  • Homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual sentido como inapropriada;
  • Casos de suicídio na família.

Saiba identificar os sinais associados ao suicídio na adolescência

A grande maioria das tentativas de suicídios entre os 14 e 15 anos vem de um quadro de depressão. E mesmo que esses sinais não sejam tão aparentes, é importante que os pais estejam atentos às vidas e comportamentos de seus filhos. Alguns sinais de que algo está errado são:

  • Isolamento da família e amigos;
  • Falta de interesse na vida;
  • Alterações de comportamento;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldades para dormir;
  • Mudanças de peso/alimentação;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sentimentos de angústia, desesperança;
  • Falar sempre em morte ou em “sumir/fugir”

Como ajudar e prevenir um suicídio?

É importante deixar claro que a depressão não é “mimimi”, e que deprimidos também riem, conversam… A ideia de que a pessoa é fraca, sem fé, sem motivos para ter depressão também é um tabu. E por esse estigma, muitos depressivos sofrem sozinhos até que, um dia, essa dor parece ser tão insuportável que o jovem busca o suicídio como válvula de escape.

Por isso, é preciso sempre estar atento, por exemplo, ao conteúdo que nossos filhos postam nas redes sociais. Mensagens muito negativas ou agressivas podem ser um sinal de que algo não anda nada bem.

Apoio e diálogo são fundamentais na prevenção do suicídio

É essencial que o adolescente não se sinta sozinho nesse momento, e que saiba que tem alguém com quem pode contar e que possa escutá-lo de forma atenta e sem juízos de valor. Por isso, deixe claro interesse na vida dele, demonstrando sempre que para todo tipo de problema existe uma solução e que o suicídio não é uma delas.

Se você não se sentir confortável para conversar sobre isso, indique um amigo ou parente com o qual o adolescente se sinta mais confortável para se abrir.

Não ignore seu filho

Ao menor sinal de que algo pode não estar indo bem com nossos filhos, devemos também buscar ajuda profissional. A terapia familiar e também individual é um dos meios mais eficazes de fazer com que essa tristeza aguda na vida do adolescente acabe de uma vez.

Um terapeuta ou psiquiatra sabe como lidar com isso da melhor forma possível. E mesmo que seu filho não queira ir a uma consulta ou diga que está tudo bem, tenha em mente que pensamentos suicidas vão e vem e que, com a ajuda profissional, a probabilidade disso acontecer é muito menor.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



1 de setembro de 2023 Suicídio

Você sabia que a cada 45 minutos, uma pessoa morre por suicídio no Brasil? Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas se o comportamento suicida fosse identificado a tempo.

O suicídio é complexo e multifatorial. Ele envolve causas variadas e costuma estar relacionado a transtornos psíquicos de ansiedade, humor e personalidade, como a depressão, borderline, bipolaridade, abuso de drogas, entre outros. Fatores como bullying, dificuldades financeiras, perdas afetivas, problemas no trabalho, existência de doenças crônicas ou terminais e conflitos familiares também podem dar origem ao comportamento suicida.

Este é, sem dúvida nenhuma, um problema de saúde pública, até porque o suicídio está entre as principais causas de óbito no mundo. Ele traz muito sofrimento não apenas para quem comete o atentado contra a própria vida, mas também para as pessoas que conviviam com o indivíduo.

Amigos e familiares geralmente se perguntam como não perceberam que havia algo errado e se penalizam porque não fizeram nada para impedir tal fim. De fato, uma pessoa com comportamento suicida reúne características específicas que dão pistas de que ela está prestes a se matar. Confira a seguir que características são essas.

Alterações comportamentais

As pessoas que tiram a própria vida, antes desse desfecho, apresentam alterações no comportamento. As mudanças podem sinalizar o sofrimento profundo e indicar que algo realmente não vai bem. Normalmente elas perdem o interesse em atividades que antes davam prazer, ficam sem energia para realizar tarefas cotidianas, tornam-se mais impulsivas e podem ter dificuldades para tomar decisões e solucionar problemas que eram facilmente resolvidos.

Mudanças no humor

As mudanças de humor são manifestações naturais, que acontecem conforme o dia e a situação, no entanto, alterações drásticas e bruscas no estado de espírito podem ser sintomas de comportamento suicida. Por exemplo, se alguém que é otimista repentinamente passa a ser pessimista ou se uma pessoa eufórica se torna depressiva sem razão aparente, essa mudança merece atenção especial.

Alarmes verbais

Nem sempre as ameaças de que a pessoa vai tirar a própria vida são alarmes falsos. Em muitos casos, não se trata do simples desejo de chamar a atenção, mas de um pedido de socorro, porque ela realmente está em sofrimento mental. Quem fala em se matar, pode realmente apresentar uma forte tendência suicida. Fique de olho!

Isolamento social

Uma das marcas do comportamento suicida é o isolamento social. A pessoa se afasta da família, se distancia dos amigos e deixa de participar de grupos estudantis, profissionais, esportivos e religiosos.

A solidão passa a ser sua principal companhia, pois, no fundo, o indivíduo acredita que ninguém o aceita e o compreende. Ele prefere o silêncio que os possíveis conselhos e julgamentos. É possível que, mesmo em meio a muitas pessoas, ele se sinta sozinho.

Consumo abusivo de substâncias

O consumo exagerado de bebidas alcoólicas, medicamentos e outras substâncias psicoativas é uma das características de pessoas com comportamento suicida. De acordo com estudos recentes, mais de 50% dos casos de suicídio acontecem com pessoas depressivas ou que possuem transtornos de humor relacionados ao uso de drogas.

Quer saber mais sobre comportamento suicida? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


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26 de setembro de 2022 GeralTodos
Nós mês em que comemoramos as discussões sobre estratégias de prevenção do suicídio, setembro amarelo, temos que protagonizar às famílias, pacientes e, por fim, nós profissionais de saúde para nos apoiarmos mutuamente. Nós sabemos da importância da família no tratamento do paciente psiquiátrico. É na família que o paciente encontra o apoio em momentos de crise, quando precisa de ajuda, quando precisa desabafar ou simplesmente quando quer um carinho sem julgamento. A família é e sempre será importante no tratamento do paciente psiquiátrico pois, inclusive, é a primeira a perceber que ATENÇÃO: algo não vai bem!

Porém, não podemos nos esquecer que a família também precisa de apoio nesses momentos. Sabe-se que o adoecimento de um membro desestrutura e enfraquece a unidade familiar. Algumas pesquisas sugerem que 25% a 50% dos familiares de pacientes críticos experimentam sintomas psicológicos, incluindo estresse agudo, estresse pós-traumático, ansiedade generalizada e depressão. Por isso, é preciso um cuidado especial com todos.

Cuidados com a família do paciente psiquiátrico

O primeiro passo para um cuidado com a família é ser transparente em relação à doença do paciente. Ela precisa saber e entender melhor todos os sintomas e reações que a doença pode causar. Sendo transparente, a família tem a oportunidade de conversar melhor com o médico e profissionais de saúde e até mesmo de ajudar com soluções básicas no dia a dia, tornando a rotina o mais próximo possível da realidade do paciente. Sejamos realistas: dá pra pedir para um paciente que sempre foi sedentário praticar uma atividade física após uma única consulta?

Além disso, é importante que o profissional de saúde esteja aberto a ouvir e ajudar os familiares. Muitas vezes, em meio às crises e problemas do paciente, a família se sente sem ter para onde correr ou pedir ajuda. Nesse momento, o apoio do médico é fundamental, só ele poderá ajudar a acalmar e entender o momento do paciente psiquiátrico.

Em muitos casos é recomendado que o familiar também realize um tratamento psicológico. O apoio psicológico e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento não poderão modificar a situação do paciente, mas poderão ajudar o familiar a negociar com suas emoções e, assim, manter uma autoestima positiva, esperança e bem-estar, o que é fundamental, uma vez que seu estado de saúde física e emocional influenciarão diretamente o bem-estar e os cuidados do paciente e a qualidade de vida de ambos.

Terapia familiar

A terapia familiar também pode ser uma alternativa para as famílias com pacientes psiquiátricos. Nesse contexto, a família pode ser vista tanto em sua estrutura nuclear — pai, mãe e filhos — quanto em sua estrutura estendida, incluindo assim avós, primos, genros, noras ou pessoas próximas que convivem com o paciente. Durante as sessões os envolvidos têm a oportunidade de expor suas dificuldades, conflitos internos, insatisfações e até mesmo inseguranças.

A maioria dos estudos parte do pressuposto de que independentemente do programa de apoio adotado, a família deve participar do tratamento e receber suporte não apenas para aprender a cuidar do paciente, mas, sobretudo, para enfrentar, compreender e compartilhar a situação de doença e/ou deficiência, e conseguir lidar mais adequadamente com seus próprios problemas, conflitos, medo e aumento das responsabilidades.

 


Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto.
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Você também deve gostar do texto:  Pósvenção do Suicídio: A necessidade do trabalho com sobreviventes de suicídio de pessoas próximas #setembroamarelo.

 

 

 



4 de abril de 2020 Todos

O quê eu posso fazer para ajudar alguém com um sofrimento profundo e ideação suícida?

Muitas vezes sou questionada pela família ou amigos de quem está num profundo sofrimento emocional e pensando em morte sobre “o que posso fazer para ajudar a aliviar o sofrimento dele(a)?” Para este e outro pedidos de ajuda, eu gostaria de ter uma “receita de bolo”. Infelizmente ela não existe. Mas a nossa experiência como profissionais da saúde mental e as evidências científicas nos permitem dar orientações adequadas sobre o que fazer ou não fazer.

1- Primeira Dica

 Pergunte: “Você está pensando em se matar?” Não é uma pergunta fácil, mas estudos mostram que perguntar a indivíduos em risco se eles estão com pensamentos suicidas não aumenta suicídios ou pensamentos suicidas.

2- Segunda Dica

Mantenha-os seguros: reduzir o acesso de pessoas em profundo sofrimento a itens ou lugares altamente letais é uma parte importante da prevenção de suicídios. Embora isso nem sempre seja fácil, perguntar se a pessoa em risco tem um plano e remover ou desativar os meios letais pode fazer a diferença.

3- Terceira Dica

Esteja lá: ouça com atenção e aprenda o que o indivíduo está pensando e sentindo. Os resultados sugerem que reconhecer e falar sobre suicídio pode de fato reduzir ao invés de aumentar os pensamentos suicidas.

4- Quarta Dica

Ajude-os a se conectar: ​​salve o número do Centro de Valorização da Vida em seu telefone para que ele esteja lá quando você precisar: 188. Você também pode ajudar a estabelecer uma conexão com um indivíduo de confiança, como um membro da família, amigo, conselheiro espiritual ou profissional de saúde mental. Se você estiver fora do Brasil, visite a Associação Internacional de Prevenção de Suicídio e telefones de outros países neste link para obter um banco de dados de recursos internacionais.

5- Quinta Dica

Mantenha-se conectado: manter contato após uma crise ou após a alta hospitalar pode fazer a diferença. Estudos mostram que o número de mortes por suicídio diminui quando alguém acompanha a pessoa em risco. Também pode ser útil salvar vários números de emergência no seu telefone celular. A capacidade de obter ajuda imediata para você ou para um amigo pode fazer a diferença. O número de telefone de um amigo ou parente confiável. O número emergencial de resgate em saúde SAMU: 192, Corpo de Bombeiros: 193, da Polícia Militar: 190. Caso o paciente seja assistido por um psiquiatra ou psicoterapeuta, tenha sempre em mãos o telefone desses profissionais.

Quer saber mais outras dicas de como lidar com situações emocionais extremamente difíceis? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!




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