LGBTQIA+ / Dra Aline Rangel

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Embora amplamente invisível até recentemente, a população LGBTQ+ idosa representa uma parcela significativa (e crescente) tanto da comunidade LGBTQ+ quanto da população geral com mais de 65 anos. Enfrentando os mesmos desafios que atingem todas as pessoas à medida que envelhecem, esses indivíduos também lidam com uma série de barreiras e desigualdades únicas, que podem dificultar uma vida saudável e plena na terceira idade. O etarismo impacta de forma única homens gays e mulheres lésbicas, gerando desafios como o medo da solidão e da invisibilidade. Veja como a comunidade LGBTQIA+ enfrenta o envelhecimento e as barreiras impostas pelo preconceito de idade e orientação sexual.

O que é o Etarismo e como ele impacta a comunidade LGBTQIA+?

O etarismo é o preconceito contra pessoas mais velhas, promovendo a ideia de que a juventude é a fase mais desejável da vida. Na comunidade LGBTQIA+, o etarismo afeta homens e mulheres de maneiras diferentes. Para homens gays, a pressão estética é intensa, enquanto para mulheres lésbicas, o envelhecimento frequentemente leva a uma invisibilidade dupla – tanto como mulher quanto como lésbica. Em uma sociedade que as espera no papel de cuidadoras, muitas vezes o fato de serem lésbicas é ignorado, fazendo com que suas relações afetivas sejam desconsideradas por familiares e pela sociedade em geral​.

Muitos homossexuais relatam temores em relação à velhice que incluem o medo da solidão e a ausência de apoio familiar, uma vez que a maioria não tem filhos e enfrenta rupturas com parentes ao longo da vida. Mesmo em instituições, relatos mostram que o público homossexual mais velho enfrenta resistência e falta de compreensão. Em muitos casos, “retornar ao armário” acaba sendo uma condição para o acolhimento seguro, mesmo que seja sentido como um retrocesso doloroso​.

A solidão e o envelhecimento de pessoas lésbicas e gays

Homens gays frequentemente sentem que envelhecer significa “perder valor” na comunidade, alimentando a insatisfação e baixa autoestima. A falta de modelos positivos de homens homossexuais mais velhos apenas reforça essa perspectiva, e as redes sociais desempenham um papel na perpetuação do “ideal jovem”​. De outra forma, muitas mulheres lésbicas são tratadas como “tias” ou “amigas” por familiares, e suas relações são desconsideradas. Esse apagamento afeta profundamente a saúde mental e a autoestima das mulheres mais velhas, que muitas vezes acabam por internalizar a LGBTfobia e se isolam​.

É comum que muitas pessoas, sobretudo familiares mais próximos, não validem a vida amorosa e a constituição da “família homossexual”. Anula-se a orientação sexual da pessoa. São comuns frases como: ‘Faz tempo que você não traz aquela sua amiga, não é?’, ou ‘aquele amigo que está sempre com você’, desconsiderando o fato de que se trata de uma namorada ou namorado, por exemplo. Uma vez que aos olhos dos outros (família, amigos e/ou colegas de trabalhos, etc) o relacionamento dessa mulher lésbica ou homem gay não é válido, irão exigir que ela tenha toda disponibilidade do mundo para se submeter ao que eles desejarem. Muitos se vêem obrigados a serem os “cuidadores dos idosos” da família por não terem constituído uma “família Doriana”. Mas o mais impressionante disso é que muitas pessoas se veem nesse ‘dever moral’. As mulheres lésbicas, principalmente, tomam para si esta “missão”, muitas vezes por viverem uma vida inteira num conflito chamado homofobia internalizada.

A pressão estética e o medo de perder a juventude

O uso crescente de tratamentos estéticos, como botox e harmonização, entre homens gays reflete o valor desproporcional dado à juventude. Na comunidade lésbica, enquanto a pressão estética é menos intensa, muitas mulheres ainda sofrem ao ver sua identidade ignorada. Quando envelhecem, a expectativa social é de que as lésbicas mais velhas assumam um papel submisso de cuidadora, especialmente para familiares, mesmo que tenham uma vida plena e afetiva com suas parceiras.

Estratégias para enfrentar o etarismo e valorizar o envelhecimento

  1. Busque modelos positivos de idosos LGBTQIA+: Valorizar pessoas homossexuais mais velha s e conhecer histórias de resiliência pode ajudar a desmistificar o envelhecimento e o medo de “perder o valor” com o tempo.
  2. Fortaleça as conexões sociais: Participar de grupos LGBTQIA+ de todas as idades, que valorizem cada fase da vida, ajuda a reduzir o isolamento.
  3. Invista em saúde mental: O apoio psicológico e o apoio mútuo com pessoas que compartilham a mesma dor é fundamental para homens e mulheres que enfrentam o etarismo e a LGBTfobia (externa ou internalizada).
  4. Pratique o Autocuidado e Celebre a Experiência de Vida: Cuidar da saúde física e emocional sem ceder à pressão estética é essencial. Exercícios físicos e uma boa alimentação são maneiras de manter o bem-estar e valorizar o corpo em qualquer idade. Celebrar as conquistas e os desafios superados fortalece a autoestima e ajuda a comunidade LGBTQIA+ a enfrentar o preconceito etário.

Envelhecer é um processo natural, mas pode ser especialmente desafiador para mulheres e homens homossexuais devido ao etarismo e à falta de apoio familiar. Superar esses desafios envolve adotar uma postura de aceitação e criar redes de apoio que valorizem a experiência e a diversidade de vivências.

Se você é uma mulher lésbica ou um homem gay e se identificou com este texto, eu te convido a fazer parte de uma comunidade de mútua ajuda e a compartilhar a sua história. Mande um e-mail para mim e se apresente: aline@apsiquiatra.com.br


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A família (biológica ou não) é um pilar fundamental na vida de qualquer indivíduo, oferecendo amor, suporte e segurança. No entanto, quando um membro da família se identifica como parte da comunidade LGBTQIAPN+, surgem desafios adicionais que requerem compreensão, aceitação e acolhimento. Neste artigo, exploraremos a importância de criar um ambiente familiar inclusivo, o impacto positivo que isso tem nas pessoas LGBTQIAPN+ e alguns desafios comuns enfrentados por essas famílias.

Desafios enfrentados pelas famílias

Quando um filho, filha, irmão ou irmã revela sua orientação sexual ou identidade de gênero, é natural que a família enfrente um período de adaptação. O desconhecimento, o medo do estigma social e a preocupação com o bem-estar do ente querido podem gerar tensões e desafios emocionais. É importante reconhecer e abordar esses desafios para que a família possa fortalecer os laços e oferecer um ambiente de apoio.

1) Desconhecimento e educação:

Um dos primeiros desafios é o desconhecimento em relação à comunidade LGBTQIAPN+. Muitas famílias podem não ter tido contato prévio com questões de orientação sexual e identidade de gênero, o que pode levar a preconceitos ou falta de entendimento. É fundamental investir tempo em educação, buscar informações confiáveis e abrir-se para aprender sobre a diversidade humana.

2) Superando o estigma:

As famílias podem enfrentar o estigma social relacionado à LGBTfobia. O medo do julgamento dos outros pode causar ansiedade e afetar a saúde mental dos membros da família. É importante que a família desenvolva uma mentalidade aberta e solidária, estando preparada para enfrentar possíveis desafios externos e defender o bem-estar de seu ente querido.

3) Comunicação e apoio emocional:

A comunicação aberta e o apoio emocional são fundamentais para o acolhimento de um membro LGBTQIAPN+ na família. É essencial criar um espaço seguro onde todos possam expressar seus sentimentos e preocupações. O diálogo franco e respeitoso permite que as questões sejam abordadas de maneira construtiva, promovendo a compreensão e fortalecendo os laços familiares.

A importância do acolhimento

Ao acolher um membro LGBTQIAPN+ na família, criamos um ambiente inclusivo e respeitoso, a família promove o amor incondicional, aceitação e respeito pela diversidade humana. Isso contribui para o bem-estar emocional, a autoestima e o desenvolvimento saudável do indivíduo. Além disso, a família se torna uma fonte de apoio e segurança, ajudando a enfrentar os desafios externos que podem surgir. Ao enfrentar os desafios, educar-se e cultivar um ambiente inclusivo, a família fortalece seus laços e contribui para o bem-estar de todos os seus membros.

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Lembre-se de que o amor e a aceitação são pilares fundamentais para construir um futuro onde todas as pessoas se sintam respeitadas e valorizadas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Juntos, podemos criar um mundo mais acolhedor e inclusivo para a comunidade LGBTQIAPN+ e suas famílias.


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27 de junho de 2022 LGBTQIA+Todos

O fato de uma pessoa ser homossexual não a isenta de ser homofóbica. A negação da própria orientação sexual é chamada homofobia internalizada, um problema mais comum do que se imagina.  Na homofobia internalizada, o indivíduo tem dificuldade para se aceitar e gostar de si mesmo pelo simples fato de ter uma orientação sexual homoafetiva. Isso acontece, muitas vezes, por causa da carga negativa que ela assimilou durante a vida inteira sobre a homossexualidade.

A homofobia  é extremamente prejudicial, tanto para quem pratica os atos homofóbicos, quanto para as pessoas que são alvos deles. 

Identifique os sintomas da homofobia internalizada

O primeiro passo para lidar com a homofobia internalizada é reconhecer o problema. Para tanto, é indispensável identificar os sintomas desse tipo de homofobia. São eles:

  • Baixa autoestima e imagem corporal negativa;
  • Sentimento de insatisfação consigo mesmo;
  • Tendências para o perfeccionismo e cobranças pessoais;
  • Depressão, ressentimento, hiper-reatividade, raiva e vergonha;
  • Preconceito e desprezo por homossexuais assumidos;
  • Desejo velado por pessoas do mesmo sexo;
  • Visão estigmatizada e intolerante do homossexualismo;
  • Ações automáticas e exageradas diante manifestações públicas de afeto entre homossexuais;
  • Pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos;
  • Tentativas de mudar a própria orientação sexual;
  • Permanência em relacionamentos abusivos;
  • Vida dupla (heterossexual para a sociedade, homossexual às escondidas);
  • Práticas sexuais inseguras.

Busque aconselhamento profissional

Quem descobre ter atração por pessoas do mesmo sexo por vezes decide esconder seus desejos e reprimir os sentimentos para evitar julgamentos. A fim de se enquadrar nos padrões sociais, alguns homossexuais podem optar por levar a vida como heterossexuais.

Além de usarem uma “máscara social”, eles passam a apresentar atitudes homofóbicas e manifestar o ódio por gays, o que na verdade revela o ódio por perceber seus próprios desejos homossexuais no outro. Se você tiver esse tipo de comportamento, ou perceber a homofobia internalizada partindo de alguém próximo, não hesite em buscar aconselhamento profissional.

Tenha em mente que a orientação sexual não é um transtorno, mas ela pode causar problemas psiquiátricos, portanto, o tratamento especializado é bem-vindo para evitar consequências negativas.

Ame-se e tente se aceitar

Seja homossexual ou não, é ideal que toda pessoa se enxergue de maneira positiva, se ame e se aceite. A homossexualidade não é um defeito ou doença, sendo assim, não deve ser encarado como algo vergonhoso.

É fato que o processo de aceitação não acontece da noite para o dia, até porque, o preconceito contra homossexuais, em muitos casos, está enraizado há muito tempo. Ainda assim, vale a pena tentar se libertar dos conceitos negativos contra si mesmo e contra a comunidade LGBT.

Uma das maneiras de lidar com a homofobia internalizada é se fortalecer como indivíduo para, então, conviver tranquilamente com seus próprios desejos e escolhas. Isso só é possível a partir do amor próprio e aceitação pessoal.

 

Você pode se interessar também pela leitura do texto abaixo:

Estereótipos de masculinidade afetam a saúde mental de homens gays

Quer saber mais sobre homofobia internalizada? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


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19 de junho de 2022 LGBTQIA+

Vários estudos identificam que jovens LGBTQIA+ apresentam graves comportamentos de risco à saúde e piores desfechos negativos de saúde para esta população em comparação com seus pares heterossexuais. Uma prevalência maior de jovens de minorias sexuais relata sofrimento emocional, depressão, automutilação, ideação suicida e tentativas de suicídio. Os problemas típicos encontrados pelos adolescentes durante seu desenvolvimento até a idade adulta podem ser desafiadores para qualquer jovem, mas os adolescentes LGBTQIA+ enfrentam um conjunto único de preocupações relacionadas à saúde como resultado do estigma que impede o seu acesso aos cuidados em saúde (hospitais, ambulatórios, profissionais de saúde, etc).

Pacientes transgêneros ​​relatam sofrer algum tipo de discriminação nos cuidados de saúde também, o que cria uma barreira às vezes intransponível, ao seu acesso aos cuidados de saúde. Lembro do meu primeiro contato numa enfermaria com uma mulher “trans”, ainda no ensino médio, internada numa enfermaria de homens. Uma mulher transgênero à espera de seu primeiro exame físico  desabafou: “quando eu caminhei em direção ao banheiro feminino, a enfermeira pulou e me disse para usar o banheiro compartilhado pelos homens. Senti vontade de sair e largar de mão o meu tratamento.” Ela tinha pancreatite aguda grave e considerou deixar de tratar-se pois tamanho era o sofrimento a cada ida ao banheiro masculino.

Profissionais da Saúde como promotores da saúde LGBTQIA+

Como profissionais da saúde, é essencial que compreendamos as disparidades e a discriminação que a população LGBTQIA+ encontra quando procura atendimento de saúde. Os profissionais precisam defender apaixonadamente e exibir um alto nível de competência cultural ao cuidar de todos os pacientes. Como promotores de saúde, quando os cuidados de saúde não são iguais, perdemos a oportunidade de prestar cuidados de saúde de qualidade. Também é fundamental que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros se sintam à vontade para discutir questões de sexualidade e orientação sexual com todos os pacientes, incluindo adolescentes, porque os adolescentes correm maior risco e podem não se sentir à vontade para iniciar essas discussões por conta própria.

Embora tenha havido mudanças significativas desde que este estudo foi realizado, dados de estudos baseados em pesquisas com médicos sugerem que muitos médicos têm atitudes negativas em relação a indivíduos LGBTQIA+, o que afeta a capacidade dos médicos de fornecer cuidados adequados a essa população de pacientes. Uma pesquisa nacional de médicos em 2001 revelou que 73% dos médicos pesquisados ​​relataram que se sentiriam à vontade para tratar pacientes LGB, 19% se sentiriam um pouco confortáveis ​​e 6% se sentiriam um pouco ou muito desconfortáveis ​​(Coker et al., 2010).

Tal como acontece com muitos tópicos delicados que devem ser abordados durante uma consulta médica, os pacientes devem ter garantia de confidencialidade Os cuidados de saúde não são cuidadosos quando 73% dos entrevistados transgêneros e 29% dos entrevistados lésbicas, gays e bissexuais relatam acreditar que serão tratados de maneira diferente pela equipe médica por causa de seu status LGBTQ+ segundo o Healthcare Equality Index 2022.

Política Nacional de Saúde LGBT

A Política Nacional de Saúde LGBT é um divisor de águas para as políticas públicas de saúde no Brasil e um marco histórico de reconhecimento das demandas desta população em condição de vulnerabilidade. Sua formulação seguiu as diretrizes de governo expressas no Programa Brasil sem Homofobia, que foi coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e que atualmente compõe o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3).

Igualdade ao cuidado à saúde para TODXS

Tal como acontece com a maioria das coisas, a honestidade é a melhor política. Abordando todos os pacientes de forma aberta e honesta, fazendo as perguntas necessárias, o gerente de caso pode afetar uma avaliação completa e adequada. Envolver pacientes LGBTQIA+ não deve ser diferente de envolver qualquer paciente. É nosso trabalho e responsabilidade ética não apenas ouvir, mas ouvir as necessidades, medos e desejos de nossos pacientes. Aceitar todos os nossos pacientes como os encontramos e deixar bagagem pessoal fora da relação profissional é nosso dever. Uma abordagem prática com um ambiente agradável e acolhedor sinaliza aos pacientes que eles estão no lugar certo e que você é a pessoa certa – aquela que finalmente os ouvirá.

É imprescindível a ação da sociedade civil nas suas mais variadas modalidades de organização com os governos para a garantia do direito à saúde, para o enfrentamento das iniquidades e para o pleno exercício da democracia e do controle social.

A garantia ao atendimento à saúde é uma prerrogativa de todo cidadão e cidadã brasileiros, respeitando-se suas especificidades de gênero, raça/etnia, geração, orientação e práticas afetivas e sexuais.

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19 de fevereiro de 2021 LGBTQIA+Todos

A Síndrome de Borderline ou Transtorno de Personalidade Borderline, ou ainda Síndrome de Limítrofe é um transtorno mental grave caracterizado por mudanças súbitas de humor, medo de abandono e comportamentos compulsivos de indivíduos, como gastar ou comer descontroladamente. Ela pode ser muito comumente confundida com a esquizofrenia ou bipolaridade, sendo necessário o diagnóstico de um psiquiatra.

Uma pessoa com esse transtorno tem uma autoimagem muito distorcida e muitas vezes se sente inútil e falha em tudo o que faz. Isso pode acabar afastando o indivíduo de pessoas que ama. Muitas vezes, a pessoa com a síndrome, por esse sentimento de incapacidade ser tão forte, acabam se sabotando quando têm chances reais de que algo dê certo em seus planos e metas.

Esse transtorno afeta o modo como o indivíduo se vê e, a partir daí, como se relaciona e como se comporta em relação a outras pessoas.

Quais os sintomas da Síndrome de Borderline?

Os indivíduos que sofrem do Transtorno de Personalidade Borderline tem medo que as emoções fujam do controle e, por isso, tendem a se tornarem mais irracionais em situações de muito estresse, criando dependência em relação a outras pessoas e “válvulas de escape” para se sentirem mais confortáveis e, assim, estáveis.

Os sintomas mais comuns englobam momentos de estabilidade que alternam com surtos psicóticos. Geralmente esse transtorno de personalidade se desenvolve na adolescência e vai ficando cada vez mais frequente com o passar dos anos. Uma pessoa que sofre da Síndrome de Borderline também possui relações interpessoais intensas e instáveis. Outros sintomas da síndrome são:

  • Alterações de humor ao longo do dia;
  • Raiva, desespero e pânico;
  • Instabilidade;
  • Medo de abandono;
  • Impulsividade (gastos descontrolados, consumo exagerado de comida, outras substâncias e sexo);
  • Incapacidade de cumprir regras e obedecer a leis;
  • Baixa autoestima;
  • Sentimento de solidão e vazio;
  • Atos autolesivos e tentativas de suicídio.

O que leva uma pessoa a desenvolver essa síndrome?

As causas do Transtorno de Personalidade Borderline estão ligadas, geralmente, a situações traumáticas durante a infância. Alguns fatores que levam ao desenvolvimento do transtorno podem ser a predisposição genética, experiências como enfrentar doenças graves ou a morte de entes queridos, situações de abuso ou negligência, e também instabilidade familiar.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito através da descrição do comportamento pelo próprio paciente para o profissional, que irá analisar os fatores recorrentes na vida do indivíduo de acordo com o conhecimento sobre os vários tipos de transtornos de personalidade existentes.

Também é indicado o uso de exames fisiológicos para que sejam descartados outros transtornos como esquizofrenia, por exemplo.

Há tratamento eficaz para o transtorno?

Sim. Para que uma pessoa com Síndrome de Borderline possa se tratar é necessário o acompanhamento de um psiquiatra ou psicólogo, através da psicoterapia em grupo ou individual. Com ela, mudanças gradativas são percebidas na vida do paciente, que começa a controlar melhor as suas emoções negativas e os gatilhos que elas proporcionam.

É importante que ele confie em seu terapeuta e se sinta confortável para se abrir com ele. Além disso, pode ser indicado também o uso de medicamentos antidepressivos, estabilizadores de humor e calmantes.

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15 de abril de 2019 LGBTQIA+Todos

Os assexuais são pessoas que não têm a sexualidade orientada nem para hétero, nem para homo, nem para bissexualidade – não sentem atração sexual nenhuma e vivem muito bem assim. Não sentem necessidade de fazer sexo. A chamada assexualidade é mais comum do que imaginamos. De acordo com o Programa de Estudos da Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (ProSex-IPq), cerca de 7,7% das mulheres brasileiras e 2,5% dos homens, entre 18 e 80 anos, são assexuais.

A assexualidade pode ser dividida em diversos tipos. Há os assexuais da área grey, ou greyssexuais, que só sentem atração em momentos muito específicos. Já os demissexuais são aqueles que, ao terem ligação afetiva com alguém, podem passar a sentir vontade de fazer sexo.

Curiosidades sobre a assexualidade

1 – Não é doença

A condição não é considerada doença ou distúrbio psiquiátrico, porém ela deve ser diferenciada da hipossexualidade, que é uma patologia. Na condição de hipossexual, a pessoa não sente o desejo que gostaria, e isso causa incômodo e sofrimento. No caso dos assexuais, não há desconforto algum na falta da prática sexual.

2 – Atinge mais mulheres que homens

Há 2 fatores principais para isso. O 1º é cultural, porque elas falam mais da própria sexualidade sem inibição. O 2º é fundamentado na biologia. A mulher tem uma série de fatores que vão levando a oscilações hormonais, como a gravidez, o pós-parto, o climatério e a menopausa.

3 – Não é questão de baixa libido

Um assexual não necessariamente tem a ver com existência de disfunção hormonal ou libido baixa. Muitos podem gostar de sexo, mas não desejam a todo momento.

4 – As pessoas assexuais podem ter um relacionamento normal

Pode haver amor, interesse, envolvimento e, até mesmo, intimidade, apesar de não haver relação sexual. Os assexuais acreditam que o amor não está necessariamente vinculado ao sexo e, por isso, não sentem necessidade de se sentirem atraídos sexualmente para que possam estar em um relacionamento.

5 – Assexuais também transam

Um assexual pode fazer sexo sem necessariamente se sentir atraído sexualmente. Faz apenas pelo desejo.

6 – Os assexuais se dividem no aspecto amoroso

Eles podem ser heterorromânticos, birromânticos ou homorromânticos. As relações não necessariamente precisam envolver sexo. Há também os arromânticos, aqueles que, comumente, não se apaixonam por nenhum dos gêneros.

7 – Os assexuais se consideram parte da comunidade LGBT

Entretanto, a aceitação ainda é mínima.

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8 de dezembro de 2017 LGBTQIA+

A homossexualidade como “doença”

Desde a sua décima edição, a Classificação Internacional das Doenças da Organização Mundial de Saúde retirou da sua lista de Transtornos Psiquiátricos o “homossexualismo”, seguindo uma tendência mundial em considerar a homossexualidade como uma das variáveis de orientação sexual e não uma doença, como o sufixo “ismo” sugeria. Não sendo doença (ou Transtorno Psiquiátrico), a homossexualidade não demanda tratamento. Porém, com muita frequência, recebemos pais preocupados com a “escolha sexual” dos seus filhos, adultos com uma “homofobia internalizada” (ainda que assumidamente homossexuais) e adolescentes ou adultos jovens “em cima do muro” no que se refere a sua sexualidade, o que lhes causa bastante transtorno. Segundo Carmita Abdo, “é muito comum os homossexuais ou pessoas próximas procuram, à vezes, o auxílio de um profissional da saúde, no sentido de se reassegurarem ou mudarem de orientação sexual‘. 

A homossexualidade como fator de risco para conflitos emocionais

Há quase quarenta décadas, Marmor argumentava que, [apesar do homossexualidade não fazer parte do campo de ação do psiquiatra, apenas por ser homossexual, justificava-se a intervenção psiquiátrica, preventivamente indicada, para adolescentes e adultos que não estivessem fazendo identificações de papel de gênero “apropriadas”]. Isto porque a sociedade encarava a homossexualidade como um desvio de conduta.

O que observo, nos dias atuais, deixando de lado qualquer juízo encarado como “conservador” ou “liberal”, é que, se a atração sexual, a orientação sexual ou a indefinição desta, causa sofrimento, conflito ou quaisquer outros transtornos (doença ou não), um profissional especializado pode e deve ser consultado.

“Sair do armário”

Entender o desenvolvimento da sexualidade é tarefa difícil para a maioria das pessoas. Mudanças no corpo, atração e afetos dirigidos a outras pessoas, conhecimento e construção da identidade são trabalhos difíceis para qualquer pessoa, independente da orientação sexual desenvolvida. Não se trata de “sair do armário” e se revelar para as pessoas, pelo contrário: devemos entrar no “nosso armário”, ou seja, nas nossa emoções, pensamentos e crenças mais íntimas na construção de uma sexualidade ímpar, com auto-respeito e liberdade em expressá-la.

 

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Cuidado em Saúde da população LGBTQIA+
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    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


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