incongruência de gênero / Dra Aline Rangel


15 de abril de 2019 Todos

Também conhecida como disforia de gênero, a incongruência de gênero é definida como uma condição em que uma pessoa vive um conflito interno entre o gênero físico que apresenta e aquele com o qual se identifica.

Nem toda pessoa transgênero tem incongruência de gênero. Historicamente, os transexuais foram tratados como pessoas com transtorno mental, resultando, muitas vezes, em intimidação, assédio ou discriminação, que pode desencadear problemas de saúde mental que não são necessariamente inerentes ao fato de serem transgêneros.

A boa notícia é que, depois de 28 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), e, nela, a transexualidade, até então entendida como “transtorno de identidade de gênero”, deixa de ser uma “doença mental”. No entanto, continua incluída no catálogo como “incongruência de gênero”.

Diagnóstico de incongruência de gênero

É impossível prever se uma criança com sinais de desconformidade entre o sexo biológico e a identidade de gênero persistirá com esse problema na adolescência e na vida adulta. Pesquisas mostram que cerca de 90% das crianças voltam a ficar satisfeitas com o gênero biológico quando estão próximas da adolescência.

Por volta do 2º ano de vida, as crianças já conseguem se identificar como meninos ou meninas e apresentam brincadeiras relacionadas ao próprio gênero. Entre os 2 e os 3 anos, no entanto, é que tem início a construção da identidade de gênero que engloba aspectos emocionais, psíquicos, culturais e sociais. Entre os 6 e os 7 anos, as crianças passam a ter consciência do gênero delas. Porém, o diagnóstico preciso só pode ser dado na adolescência ou na vida adulta.

O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, psiquiatras, educador, assistente social e até mesmo um cirurgião. Somente com a análise de todos os profissionais é possível ter um diagnóstico melhor.

Tratamento para a incongruência de gênero

Não existe um tratamento para a incongruência de gênero, mas, sim, uma ajuda para que a pessoa possa lidar melhor com os desafios a serem enfrentados no dia a dia. Nesse caso, o acompanhamento de psicólogo e psiquiatra é fundamental.

Além da psicoterapia, muitas pessoas optam por modificar a aparência física, de acordo com a forma como se sentem por dentro. Elas podem mudar a maneira como se vestem ou querer usar um nome diferente. Também podem tomar remédio ou fazer uma cirurgia para mudar a aparência.

Vale ressaltar que o apoio da família é fundamental. É na família que o paciente encontra o apoio em momentos de crise, quando precisa de ajuda, quando precisa desabafar ou simplesmente quando quer um carinho sem julgamento. A família é e sempre será importante no tratamento do paciente com incongruência de gênero.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder os seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!




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