Mentir para fugir de uma situação constrangedora, apesar de eticamente errado, é algo normal no comportamento humano. A situação começa a ficar diferente quando a pessoa passa a mentir sem nenhuma necessidade, apenas por hábito. O hábito se torna tão enraizado que passa a ser parte do cotidiano, quase como um vício. Mentir compulsivamente é uma doença conhecida como mitomania.
A mitomania é um distúrbio de personalidade onde o paciente possui uma tendência compulsiva e incontrolável pela mentira. Essa doença é também conhecida como mentira obsessivo-compulsiva. O paciente com mitomania mente compulsivamente, desde pequenas histórias “inofensivas” até contos mirabolantes, porém, extremamente detalhados. Além disso, na mitomania o paciente usa a mentira de forma consciente.
Não se sabe ao certo as causas para o desenvolvimento do transtorno. Pesquisas concluíram que envolvem fatores psicossociais, baixa autoestima e necessidade de autoafirmação, em uma tentativa de se proteger de situações constrangedoras.
Os principais sintomas de um paciente com mitomania são:
- As histórias contadas não são inteiramente improváveis e contêm referências à realidade;
- As aventuras imaginárias se manifestam em várias circunstâncias e de uma maneira crônica;
- Em todas as histórias o mitomaníaco é o herói;
- As histórias não são usadas para obter vantagem ou recompensa, trata-se do funcionamento psicológico, onde a pessoa apenas não consegue parar de mentir;
- O mentiroso não sente arrependimento por não dizer a verdade e, se estiver conseguindo enganar as pessoas com suas mentiras, não expressará nenhum valor moral sobre isso.
Diagnóstico e tratamento da mitomania
Normalmente, são as pessoas ao redor do mitomaníaco que detectam a compulsão. Isso acontece porque o doente começa a mentir com mais frequência e mais intensidade do que seria o considerado “normal”. Como consequências, ele pode enfrentar exclusão social, ser afetado no trabalho e, até mesmo, perder o controle da vida financeira.
A terapia cognitiva é o tratamento mais adequado para o paciente mitomaníaco. As sessões de terapia ajudarão o paciente a refazer o caminho da mentira e reverter o funcionamento inadequado do cérebro, que já se acostumou a contar mentiras. Além disso, o profissional poderá analisar o histórico de vida do paciente e ajudar a descobrir quando o transtorno começou e o que pode ter desencadeado.
Juntos, médico e paciente poderão perceber os motivos que o fazem mentir, criar um repertório de enfrentamento, formas de tolerar a frustração, fortalecer a autoestima, compreender o funcionamento psicológico, desenvolver estratégias melhores em suas histórias e minimizar o comportamento de mentir.
O tratamento pode ser bastante complicado, principalmente porque muitos mentirosos compulsivos não se consideram doentes e acreditam que não precisam de ajuda profissional. Mas, é preciso insistir e ajudar o paciente na busca por um tratamento. O grande problema é que a mitomania não vai afetar somente o paciente. As consequências se estendem para relacionamentos familiares, amorosos e de amizade. Perde-se a confiança e o mitômano acaba até mesmo por ser afastado de todo o seu círculo social.
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