Dra Aline Rangel / Dra Aline Rangel

Venvanse_aline_rangel.png

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Com prevalência variando de 5,9% a 10% em crianças e 2,5% a 7% em adultos, o TDAH afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com diferenças importantes entre os gêneros ao longo da vida. Já o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCA), um distúrbio alimentar crônico, é caracterizado por episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos sem comportamentos compensatórios, atingindo cerca de 2,8% da população.

Embora pareçam condições distintas, estudos mostram que tanto o TDAH quanto o TCA compartilham uma característica neurobiológica central: a disfunção no sistema de recompensa do cérebro. Essa similaridade abre caminho para intervenções eficazes, como o uso da lisdexanfetamina (LDX) –  comercializada com o nome Venvanse ® aqui no Brasil – um medicamento que tem se mostrado promissor no tratamento de ambas as condições.

O sistema de recompensa no TDAH e na Compulsão Alimentar

O sistema de recompensa desempenha um papel central na regulação da motivação, do prazer e da tomada de decisões. Tanto no TDAH quanto no TCA, há uma disfunção nesse sistema, especialmente em relação à dopamina, um neurotransmissor crucial para o processamento de recompensas.

  • TDAH: Pacientes apresentam dificuldade em lidar com atividades que não oferecem gratificação imediata, o que leva a impulsividade e problemas de autorregulação.
  • TCA: No transtorno da compulsão alimentar, observa-se uma hipersensibilidade às recompensas alimentares, resultando em um ciclo de compulsão e reforço positivo contínuo.

Essa preferência por recompensas imediatas é comum em condições como transtornos por uso de substâncias e compulsão alimentar, dificultando o controle sobre comportamentos impulsivos.

Lisdexanfetamina: um tratamento promissor

A lisdexanfetamina (LDX) é um pró-fármaco que se converte em dextroanfetamina no organismo, aumentando os níveis de dopamina e norepinefrina em áreas do cérebro relacionadas à atenção, controle de impulsos e recompensa. Ela é amplamente utilizada no tratamento do TDAH e também tem demonstrado eficácia no manejo do TCA.

Benefícios da Lisdexanfetamina no TDAH:

  • Redução da impulsividade e da aversão a recompensas tardias.
  • Melhora na tomada de decisões e no controle de impulsos.
  • Efeitos consistentes ao longo do dia devido à sua ação prolongada.

Benefícios da Lisdexanfetamina no TCA:

  • Redução significativa nos episódios de compulsão alimentar.
  • Normalização da resposta de recompensa aos alimentos.
  • Melhora na regulação dopaminérgica, reduzindo o ciclo de compulsão e reforço positivo.

Estudos mostram que a LDX pode atuar diretamente na habênula lateral (LHb), uma estrutura do cérebro associada à sinalização de não recompensa. Essa regulação contribui para a normalização do sistema de recompensa em pacientes com TDAH e TCA, promovendo escolhas mais equilibradas e reduzindo os comportamentos impulsivos.

Conexão entre TDAH, Compulsão Alimentar e tratamento

A relação entre TDAH e TCA vai além das semelhanças nos sintomas. Ambos os transtornos compartilham disfunções neurobiológicas que afetam o dia a dia dos pacientes, aumentando o risco de comorbidades psiquiátricas. Intervenções que abordam essas disfunções, como o uso da lisdexanfetamina, têm se mostrado eficazes na melhoria da qualidade de vida.

Investir em um tratamento adequado, que pode incluir psicoestimulantes, terapia comportamental e mudanças no estilo de vida, é essencial para o manejo desses transtornos. O impacto positivo da LDX no sistema de recompensa oferece uma abordagem inovadora para tratar não apenas os sintomas principais, mas também as comorbidades associadas.


Referências:

  1. Newcorn JH, Ivanov I, Krone B, Li X, Duhoux S, White S, et al. Neurobiological basis of reinforcement-based decision making in adults with ADHD treated with lisdexamfetamine dimesylate: Preliminary findings and implications for mechanisms influencing clinical improvement. J Psychiatr Res. 2024;170:19-26.
  2. Schneider E, Higgs S, Dourish CT. Lisdexamfetamine and binge-eating disorder: A systematic review and meta-analysis of the preclinical and clinical data with a focus on mechanism of drug action in treating the disorder. Eur Neuropsychopharmacol. 2021;53:49-78.
  3. Mondoloni S, Mameli M, Congiu M. Reward and aversion encoding in the lateral habenula for innate and learned behaviours. Transl Psychiatry. 2022;12(1):3.

novembro-azul_toque_aline_rangel-1200x1200.png

O movimento internacional Novembro Azul, comemorado em todo o mundo, nasceu do “Movember”, que é a junção das palavras “moustache” (bigode, em inglês) e “november” (novembro), na Austrália. A ideia rapidamente se espalhou e hoje é celebrada em diversos países, inclusive o Brasil, para lembrar aos homens a importância de cuidar da saúde, especialmente a prevenção do câncer de próstata.

Aqui no Brasil, o Instituto Lado a Lado pela Vida realiza, desde sua fundação em 2008,  iniciativas para promover a mudança de comportamento dos homens. Em 2011, o Instituto lançou o Novembro Azul no país, com o objetivo de conscientizar e orientar os homens acerca da sua saúde; estimular uma importante mudança de hábitos, e também trabalhar por um melhor acesso da população masculina à saúde de forma integral. Atualmente, é o maior movimento em prol da saúde do homem no país. Em 2024, a campanha está pautada na mensagem “Saúde do Homem: Cada Passo Conta”, mostrando como podemos sair do labirinto da dúvida com informação e cuidado.

E olha, para isso, nada de desculpas ou mitos! Fazer o exame de próstata não é “uma dedada” que “vai deixar de ser homem” ou trazer qualquer conotação sexual. A cartilha do Ministério da Saúde alerta que, em casos suspeitos, o exame do toque retal é um método de avaliação importante e absolutamente clínico – e nada tem a ver com brincadeiras de “virar gay”! O exame de toque reta é uma ferramenta essencial para a saúde masculina e prevenção do câncer de próstata, assim como tantas outras que usamos no dia a dia sem questionar.

Saúde Integral do Homem

A saúde do homem, porém, vai além da próstata. Ela envolve também cuidar da saúde mental, algo que infelizmente ainda é negligenciado por muitos. Desde jovens, os homens são educados a “não chorar”, “ser forte” e “segurar as pontas”, e isso leva muitos a não buscarem ajuda mesmo quando necessário. Sem tratamento, os problemas emocionais podem prejudicar não só o próprio homem, mas também aqueles ao seu redor.

A proposta do Novembro Azul, portanto, é mais do que um lembrete para cuidar do físico; é um convite para que os homens cuidem da saúde integral, incorporando a saúde mental ao seu autocuidado. Para superar o estigma, precisamos promover uma educação emocional desde cedo – antes mesmo que eles tenham bigode!

Um novo olhar para a Saúde Masculina

Os desafios culturais e o estigma de “ser macho” muitas vezes dificultam que os homens busquem apoio emocional. São condicionados a evitar mostrar fraqueza e acabam reprimindo suas próprias emoções, o que gera problemas de saúde mental que, em muitos casos, poderiam ser tratados desde cedo.Cuidar da saúde mental é, sim, cuidar do corpo. Ansiedade, estresse e depressão, por exemplo, têm impactos no sistema imunológico e aumentam o risco de doenças crônicas. Além disso, a saúde emocional é crucial para manter bons relacionamentos, melhor desempenho profissional e uma vida social mais saudável.

Estratégias para promover a Saúde do Homem

  1. Educação e Conscientização: É preciso ensinar aos homens a importância de reconhecer seus sentimentos e procurar ajuda quando necessário. Quebrar o estigma da vulnerabilidade e tornar as informações sobre saúde mental acessíveis é fundamental.
  2. Expressão Emocional e Apoio Social: Estimular uma cultura onde os homens sintam-se à vontade para falar sobre o que sentem é essencial. Grupos de apoio e terapia são excelentes para criar um espaço seguro onde eles possam se expressar.

O Novembro Azul não se trata só de lembrar do exame de próstata, mas de promover um cuidado integral do homem. Desde o físico até o emocional, a saúde do homem deve ser valorizada o ano todo. E para aqueles que ainda têm receio do exame de próstata, lembrem-se: o médico está ali para ajudar, não para “mexer com a sua masculinidade”. Afinal, a verdadeira força está em cuidar de si e viver uma vida longa e saudável – com ou sem bigode!


gay_idoso_aline_rangel.png

Embora amplamente invisível até recentemente, a população LGBTQ+ idosa representa uma parcela significativa (e crescente) tanto da comunidade LGBTQ+ quanto da população geral com mais de 65 anos. Enfrentando os mesmos desafios que atingem todas as pessoas à medida que envelhecem, esses indivíduos também lidam com uma série de barreiras e desigualdades únicas, que podem dificultar uma vida saudável e plena na terceira idade. O etarismo impacta de forma única homens gays e mulheres lésbicas, gerando desafios como o medo da solidão e da invisibilidade. Veja como a comunidade LGBTQIA+ enfrenta o envelhecimento e as barreiras impostas pelo preconceito de idade e orientação sexual.

O que é o Etarismo e como ele impacta a comunidade LGBTQIA+?

O etarismo é o preconceito contra pessoas mais velhas, promovendo a ideia de que a juventude é a fase mais desejável da vida. Na comunidade LGBTQIA+, o etarismo afeta homens e mulheres de maneiras diferentes. Para homens gays, a pressão estética é intensa, enquanto para mulheres lésbicas, o envelhecimento frequentemente leva a uma invisibilidade dupla – tanto como mulher quanto como lésbica. Em uma sociedade que as espera no papel de cuidadoras, muitas vezes o fato de serem lésbicas é ignorado, fazendo com que suas relações afetivas sejam desconsideradas por familiares e pela sociedade em geral​.

Muitos homossexuais relatam temores em relação à velhice que incluem o medo da solidão e a ausência de apoio familiar, uma vez que a maioria não tem filhos e enfrenta rupturas com parentes ao longo da vida. Mesmo em instituições, relatos mostram que o público homossexual mais velho enfrenta resistência e falta de compreensão. Em muitos casos, “retornar ao armário” acaba sendo uma condição para o acolhimento seguro, mesmo que seja sentido como um retrocesso doloroso​.

A solidão e o envelhecimento de pessoas lésbicas e gays

Homens gays frequentemente sentem que envelhecer significa “perder valor” na comunidade, alimentando a insatisfação e baixa autoestima. A falta de modelos positivos de homens homossexuais mais velhos apenas reforça essa perspectiva, e as redes sociais desempenham um papel na perpetuação do “ideal jovem”​. De outra forma, muitas mulheres lésbicas são tratadas como “tias” ou “amigas” por familiares, e suas relações são desconsideradas. Esse apagamento afeta profundamente a saúde mental e a autoestima das mulheres mais velhas, que muitas vezes acabam por internalizar a LGBTfobia e se isolam​.

É comum que muitas pessoas, sobretudo familiares mais próximos, não validem a vida amorosa e a constituição da “família homossexual”. Anula-se a orientação sexual da pessoa. São comuns frases como: ‘Faz tempo que você não traz aquela sua amiga, não é?’, ou ‘aquele amigo que está sempre com você’, desconsiderando o fato de que se trata de uma namorada ou namorado, por exemplo. Uma vez que aos olhos dos outros (família, amigos e/ou colegas de trabalhos, etc) o relacionamento dessa mulher lésbica ou homem gay não é válido, irão exigir que ela tenha toda disponibilidade do mundo para se submeter ao que eles desejarem. Muitos se vêem obrigados a serem os “cuidadores dos idosos” da família por não terem constituído uma “família Doriana”. Mas o mais impressionante disso é que muitas pessoas se veem nesse ‘dever moral’. As mulheres lésbicas, principalmente, tomam para si esta “missão”, muitas vezes por viverem uma vida inteira num conflito chamado homofobia internalizada.

A pressão estética e o medo de perder a juventude

O uso crescente de tratamentos estéticos, como botox e harmonização, entre homens gays reflete o valor desproporcional dado à juventude. Na comunidade lésbica, enquanto a pressão estética é menos intensa, muitas mulheres ainda sofrem ao ver sua identidade ignorada. Quando envelhecem, a expectativa social é de que as lésbicas mais velhas assumam um papel submisso de cuidadora, especialmente para familiares, mesmo que tenham uma vida plena e afetiva com suas parceiras.

Estratégias para enfrentar o etarismo e valorizar o envelhecimento

  1. Busque modelos positivos de idosos LGBTQIA+: Valorizar pessoas homossexuais mais velha s e conhecer histórias de resiliência pode ajudar a desmistificar o envelhecimento e o medo de “perder o valor” com o tempo.
  2. Fortaleça as conexões sociais: Participar de grupos LGBTQIA+ de todas as idades, que valorizem cada fase da vida, ajuda a reduzir o isolamento.
  3. Invista em saúde mental: O apoio psicológico e o apoio mútuo com pessoas que compartilham a mesma dor é fundamental para homens e mulheres que enfrentam o etarismo e a LGBTfobia (externa ou internalizada).
  4. Pratique o Autocuidado e Celebre a Experiência de Vida: Cuidar da saúde física e emocional sem ceder à pressão estética é essencial. Exercícios físicos e uma boa alimentação são maneiras de manter o bem-estar e valorizar o corpo em qualquer idade. Celebrar as conquistas e os desafios superados fortalece a autoestima e ajuda a comunidade LGBTQIA+ a enfrentar o preconceito etário.

Envelhecer é um processo natural, mas pode ser especialmente desafiador para mulheres e homens homossexuais devido ao etarismo e à falta de apoio familiar. Superar esses desafios envolve adotar uma postura de aceitação e criar redes de apoio que valorizem a experiência e a diversidade de vivências.

Se você é uma mulher lésbica ou um homem gay e se identificou com este texto, eu te convido a fazer parte de uma comunidade de mútua ajuda e a compartilhar a sua história. Mande um e-mail para mim e se apresente: aline@apsiquiatra.com.br


compulsao_sexual_aline_rangel.png

O transtorno de comportamento sexual compulsivo ou, simplesmente, compulsão sexual (CID-11: HA02) é caracterizado pela dificuldade persistente em controlar impulsos sexuais intensos, levando a comportamentos repetitivos, apesar das consequências negativas para o indivíduo. Assim como no impulso sexual excessivo, não há uma medida exata do que seria um “comportamento sexual normal”. O que define o transtorno é o impacto negativo desses comportamentos na vida cotidiana.

Exemplos de comportamentos compulsivos incluem:

  • Passar horas consumindo material sexual online, negligenciando tarefas diárias e responsabilidades.
  • Buscar relações sexuais repetitivas com diferentes parceiros, mesmo quando isso coloca em risco a saúde, o trabalho ou relacionamentos.
  • Utilizar o sexo como uma forma de evitar lidar com emoções difíceis, como estresse ou ansiedade, repetidamente, sem sucesso em controlar esse padrão.

Esse termo “comportamento sexual” age como um “guarda-chuva” que cobre diferentes tipos de expressões sexuais, desde pensamentos, fantasias e impulsos até ações repetitivas. O comportamento sexual torna-se problemático quando é compulsivo e a pessoa não consegue controlar a repetição, mesmo quando isso gera sofrimento e prejuízos à sua vida.

Essa explicação deve deixar claro que o problema não é a “quantidade” de atividade sexual em si, mas o “impacto negativo” que esse comportamento repetitivo e incontrolável gera.

Identificando seus gatilhos de “Vício Sexual

Muitas pessoas acreditam que “viciados em sexo” são provocados apenas quando encontram uma imagem erótica, como uma foto sugestiva ou veem uma pessoa vestida de maneira sensual. No entanto, na realidade, quase qualquer coisa pode ser um gatilho para o vício sexual.

Um gatilho é algo que desperta pensamentos e sentimentos de desejo, que resultam em fantasias e comportamentos sexuais. O gatilho pode ser de natureza sexual, mas também pode ser um evento desagradável ou uma memória infeliz. O desejo sexual e a necessidade de satisfazer esse desejo tornam-se uma forma de evitar pensamentos ou sentimentos difíceis de lidar. Eventos positivos também podem ser gatilhos para comportamentos sexuais.

A compulsão sexual pode ser considerado algo cíclico. Gatilhos geram fantasias sexuais, que levam a rituais, como visitar sites pornográficos ou contatar parceiros sexuais. A consumação do ato, que envolve o sexo e o orgasmo, é seguida por um distanciamento emocional, como racionalizações ou culpar outros pelo comportamento sexual. Em seguida, geralmente há uma onda de emoções negativas, como culpa, vergonha, ansiedade ou depressão. Esse desconforto emocional pode, então, desencadear um novo ciclo de compulsividade sexual.

Quando você está ciente dos seus gatilhos, pode preveni-los. Isso é especialmente verdade se você puder substituir uma atividade positiva e não sexual quando um gatilho ocorrer. Atividades positivas podem incluir conversar com um amigo próximo, ir à academia, reaproximar-se de relacionamentos sexuais “saudáveis” ou trabalhar, ou um hobby.

Identificando seus Gatilhos Internos e Externos

Liste os gatilhos internos que podem levar a um ciclo de atuação sexual. Gatilhos internos comuns incluem baixa autoestima, estresse, sentimentos de solidão e tédio, ou tristeza. Avalie a “força” do gatilho de 1 a 10, sendo: 1=Não muito forte, fácil de ignorar e 10=Muito forte, incontrolável. Também anote atividades positivas que você pode realizar quando enfrentar um gatilho.

GATILHOS INTERNOS                  FORÇA                 ATIVIDADES POSITIVAS

1._____________________________    _________    __________________________________

2._____________________________    _________    __________________________________

3._____________________________    _________    __________________________________

4._____________________________    _________    __________________________________

Agora liste os gatilhos externos que podem levar a um ciclo de atuação sexual. Gatilhos externos comuns incluem o uso de drogas e álcool, discussões, críticas, dificuldades no trabalho ou na escola. Avalie a “força” do gatilho e liste atividades positivas para superá-lo.

GATILHOS EXTERNOS                   FORÇA                 ATIVIDADES POSITIVAS

1._____________________________    _________    __________________________________

2._____________________________    _________    __________________________________

3._____________________________    _________    __________________________________

4._____________________________    _________    __________________________________


rejeicao.alinerangel.png

2 de setembro de 2024 Dra Aline RangelSem categoria

O que é a Rejeição e por que dói tanto?

Rejeição ocorre quando nos sentimos não aceitos ou desvalorizados por outra pessoa ou grupo. Esse sentimento pode ser desencadeado por um comentário, uma crítica ou a sensação de não ser correspondido em suas expectativas. A rejeição, especialmente quando recorrente, pode ter um impacto duradouro em nossa autoestima. A rejeição ativa áreas do cérebro ligadas à dor física, o que explica por que essa experiência pode ser tão dolorosa e impactante para nossa saúde emocional.

E quando a Rejeição se torna “complexo de rejeição“?

Quando experimentamos rejeição, seja no passado ou no presente, é comum internalizarmos essas experiências e começarmos a acreditar que não somos bons o suficiente. Isso pode nos levar a evitar situações em que o risco de rejeição parece alto, criando um ciclo de isolamento, insegurança e à gênese do “complexo de rejeição”.

complexo de rejeição se manifesta como um medo persistente e intenso de ser rejeitado por outras pessoas. Essa crença negativa pode se infiltrar em diversos aspectos da vida, desde a forma como nos relacionamos com os outros, nos ambientes que estamos (escola, faculdade, trabalho etc) até as decisões que tomamos.

Sintomas do Complexo de Rejeição

  • Autocrítica implacável: Indivíduos com complexo de rejeição tendem a ser extremamente críticos consigo mesmos, focando em seus erros e falhas, mesmo que pequenos. Frases como “Eu nunca sou bom o suficiente” ou “Eu vou cometer um erro e todos vão me rejeitar” são comuns.
  • Baixa autoestima: A crença de que não são bons o suficiente os impede de acreditar em suas capacidades e leva a uma baixa autoestima. Isso pode se manifestar em timidez, inibição e dificuldade em se expressar.
  • Isolamento social: O medo de ser rejeitado pode levar ao isolamento social. Pessoas com esse complexo evitam situações em que se sintam expostas ou vulneráveis, como festas, eventos sociais ou até mesmo iniciar conversas.
  • Dificuldade em se expressar: O receio de críticas ou julgamentos pode inibir a expressão de ideias e opiniões, limitando a participação em debates e a comunicação assertiva.
  • Perfeccionismo exacerbado: A busca incessante pela perfeição pode ser uma forma de mascarar a insegurança e o medo de ser rejeitado. Essa obsessão por resultados impecáveis pode gerar frustração, ansiedade e exaustão.

 

Exercícios para Lidar com a Rejeição

  1. Respire e dê uma pausa: Sentir-se rejeitado pode soar como um alarme emocional em sua mente. Ao invés de reagir imediatamente, crie uma pausa entre o gatilho e sua reação. Quando perceber que está reagindo de forma intensa, pare por um momento e faça algumas respirações profundas. Foque em respirações lentas e profundas por pelo menos um minuto para acalmar seu sistema nervoso e reduzir a intensidade emocional

     Técnica de Respiração 4-7-8: Essa técnica pode ajudar a reduzir a resposta de estresse do seu corpo, permitindo que você reflita sobre a situação com mais calma.

    • Inspire pelo nariz por 4 segundos.
    • Segure a respiração por 7 segundos.
    • Expire lentamente pela boca por 8 segundos.
    • Repita por 4-5 ciclos.

2. Desafie pensamentos negativos: A rejeição pode distorcer nossa percepção, fazendo-nos imaginar o pior cenário possível. Para desafiar esses pensamentos, pergunte-se: Que evidências eu tenho de que estou realmente sendo rejeitado? Estou “lendo a mente” de alguém ou assumindo algo sem provas? Existe outra explicação possível para o que aconteceu?

4. Pratique autocompaixão: Muitas vezes, a rejeição ativa um crítico interno que nos faz sentir “sensíveis demais” ou “não bons o suficiente”. Ao invés de julgar a si mesmo, pratique a autocompaixão. Lembre-se de que todos enfrentam rejeição ou críticas em algum momento e que sua sensibilidade é uma parte normal do ser humano. Diga a si mesmo: “É normal sentir-se magoado. Eu sou forte o suficiente para superar isso.”

5. Reenquadre a crítica: Em vez de enxergar uma crítica como uma rejeição pessoal, tente vê-la como uma oportunidade de crescimento. Nem toda crítica é negativa ou mal-intencionada; muitas vezes, ela pode ser construtiva. Reenquadrar a crítica dessa maneira pode reduzir a carga emocional associada.

6. Comunique suas necessidades: Talvez a mais de difícil de praticar, não é? Expressar que você se sentiu magoado pode ser desafiador, mas é importante para evitar mal-entendidos. Use declarações em primeira pessoa para comunicar seus sentimentos sem culpar os outros. Exemplo: “Eu me senti magoado quando você não respondeu à minha mensagem. Entendo que pode ter estado ocupado, mas gostaria de saber quando não puder responder de imediato.”

7. Transforme o fracasso em oportunidade de aprendizado: Muitas vezes, o fracasso pode ser um gatilho para a sensação de rejeição. Ao invés de ver o fracasso como uma reflexão do seu valor, tente enxergá-lo como parte natural do processo de aprendizado. Pense em uma vez em que você se sentiu fracassado e escreva três coisas que você aprendeu com essa experiência.

8. Jornal ou diário de pensamentos: Quando você se sentir rejeitado ou criticado, escreva o que aconteceu, como interpretou a situação e o que sentiu. Depois, desafie esses pensamentos procurando por evidências e explicações alternativas. Exemplo:

    • Situação: Meu amigo não respondeu à minha mensagem imediatamente.
    • Pensamento: Eles estão bravos comigo ou não querem falar mais comigo.
    • Evidência a favor: Não responderam há horas.
    • Evidência contra: Falamos ontem, e eles estão ocupados com trabalho.
    • Explicação alternativa: Talvez estejam sobrecarregados ou distraídos, mas não estão bravos comigo.

ACREDITE! Esses exercícios são ferramentas práticas para ajudar a reduzir o impacto emocional da rejeição e a melhorar a forma como lidamos com essas situações no dia a dia. Ao praticá-los, é possível desenvolver maior resiliência e um senso de controle sobre as próprias emoções.


aline_rangel.png

31 de julho de 2024 Dra Aline RangelDestaquesTodos

Se você está pensando em fazer uma consulta com o psiquiatra mas, só de pensar em agendar, teme escrever uma mensagem de WhatsApp ou fica ansioso(a) ao digitar o número, permita-me tranquilizá-lo(a) explicando o passo a passo do que é uma avaliação em psiquiatria, que realizo quatro ou cinco vezes por dia nos últimos 20 anos. (Observação: nem todos os psiquiatras conduzirão suas avaliações exatamente como eu faço, mas o processo de coleta de informações geralmente será semelhante ao que descrevo aqui.)

“Estou envergonhado(a) por estar aqui.”

“Realmente não queria vir hoje.”“Estou preocupado(a) que você me diga que sou louco(a).”

 “Devia ter feito isso há anos.”

Essas são algumas das coisas mais comuns que os pacientes me dizem no início de sua primeira consulta, porque, vamos encarar a realidade: a ideia de abrir o “livro da sua vida”, contar seus conflitos emocionais, pensamentos, falar de sexualidade, drogas e tantas outras questões sobre a saúde mental para alguém que, naquele momento, é um completo estranho, pode ser intimidante.

Respira fundo, a consulta com a psiquiatra irá começar…

Primeiro, eu me apresentarei e terei uma ideia geral do motivo pelo qual você está aqui e das questões que deseja orientação, cuidado e/ou tratamento. Vou informá-lo(a) de que não tenho uma “bola de cristal”, preciso que ouvir a sua “verdade” e, embora eu possa fornecer um diagnóstico já de imediato, esse não é o aspecto mais importante – poderíamos chamar sua condição de “meu problema” se quiser. Não acho adequado ter pressa nesta primeira conversa. Neste primeiro contato, o que realmente importa é criar uma intervenção que funcione para você e o ajude a se sentir melhor. Ao final da consulta, já deixaremos a segunda parte da sua avaliação agendada para 15 dias no máximo.

Sim, psiquiatras fazem perguntas idiotas…

 Uma coisa importante em lembrar é que nem todas as perguntas que eu farei se aplicarão a você. Psiquiatras fazer muitas perguntas e talvez você nem saiba responde-las. Entretanto, um avaliação minuciosa, assim como aquela que um médico clínico geral faria durante um exame físico, envolve verificar e descartar uma infinidade de sintomas e doenças. Embora eu possua um estetoscópio bem guardado dentro do meu consultório, provavelmente não vou ouvir seus pulmões; estarei mais preocupada em como você está se saindo no dia a dia.

Farei perguntas vagas: “e a família, trabalho, e a vida e isso ou aquilo…” Se você preferir perguntas mais diretas, pouco papo, iremos para elas… Não tem como ser diferente: preciso conhecer a sua história desde que você se conhece por gente. Também não se preocupe que sua fala faça sentido, divague sobre o que vier espontaneamente à sua mente e achar importante me contar. A ideia é abrir vários hiperlinks e acessar seu psiquismo. A gente fecha depois.

Se você começar se queixando de que está “nervoso”, eu vou te perguntar “o que é nervoso?”. Percepções pré-concebidas ou generalizadas demais não me ajudam  a te conhecer. Faço perguntas que talvez eu saiba a resposta mas preciso confrontar com sua realidade e posso parecer idiota ou, pior, que estou me fazendo de idiota. Eu durmo quando estou nervosa, por exemplo, enquanto a maioria das pessoas fica agitada.

Você pode não ter qualquer sintoma de depressão, mas junto com a ansiedade, os transtornos de humor são os mais frequentes na população brasileira e, com certeza, farei perguntas sobre tristeza, solidão, vontade de fazer e prazer em fazer as atividades que costuma estar envolvido(a). Vou perguntar com que frequência você sente isso ou aquilo, há quanto tempo, se tem padrão ou associação com alguma coisa, a que horas… Conversaremos sobre oscilações de humor, insônia e qualquer histórico de raiva, explosão ou comportamento excessivamente impulsivo ou compulsivo. Você pode se assustar, mas perguntarei sobre suicídio. Às vezes não é sobre querer morrer de verdade ou se matar, mas tem momentos na vida em que não queremos existir… Ou um vazio gigantesco onde nada nem ninguém parece ter sentido para sua existência. Pode parecer uma cena horrível mas isso é mais comum do que você possa imaginar.

A seguir, virão perguntas sobre ansiedade. Você fica acordado(a) até tarde da noite com pensamentos recorrentes, obsessivos ou ruminantes correndo pela sua mente? Preocupa-se com ou precisa fazer algo a ponto de interferir em sua vida diária? Já teve um ataque de pânico? Fique tranquilo, eu traduzirei o “psiquiatrês” pra você.

“Família ê, família ah, família oh yeah, yeah yeah…”

É importante você me contar se, na sua família, tem alguém com um diagnóstico de transtorno psiquiátrico, mesmo que você só desconfie. Você pode não saber como funciona, mas não só a genética como também comportamentos e hábitos apreendidos desde a infância poderão me ajudar a te ajudar. Já te adianto que não precisa se apavorar em ter a mesma doença que um pai, mãe ou avós. Teremos tempo para eu te explicar como funciona essa questão da hereditariedade em transtornos psiquiátricos. Também perguntarei algumas coisas sobre o uso de drogas e histórico de trauma.

Você já sabe: nós, psiquiatras e psicólogos(as) adoramos “caçar trauma” mas meu olho pode se arregalar quando ouvir sua história e você travar. Não estou assustada, eu aguento ouvir coisas que até Deus duvida mas algo pode ter me impactado. A-M-O conhecer gente. Não cairei na “psicologia de botequim” e atestar que “a culpa de tudo de ruim na sua vida é por causa desse trauma”. Lembre-se de que ser o mais honesto possível comigo permitirá que eu forneça o melhor atendimento informado. Julgamento, vergonha e culpa não são bem-vindos em meu consultório (ou na tela do meu computador).

Possivelmente eu vou perguntar se você acredita em Deus, Adonai, Olorum, Alá, Jeová… Se tem uma religião, se é ateu ou agnóstico. Não vou querer te converter a nenhuma religião tampouco atribuir todos os seus problemas ao fato de ser uma pessoa religiosa. A ideia é acessar tudo que possa me contar um pouquinho sobre quem é você.

A consulta psiquiátrica “dá” mas também “tira” diagnóstico

Posso contrariar você em algum momento, talvez não seja pânico, TDAH, bipolaridade, mas farei com respeito e explicarei o meu ponto de vista. A consulta psiquiátrica também é uma oportunidade de uma segunda opinião ou de esmiuçar transtornos psiquiátricos previamente diagnosticados, sobretudo quando o tratamento não está dando certo.

Falaremos sobre sua história psiquiátrica e eu perguntarei se você já foi prescrito medicamentos psicotrópicos anteriormente ou foi hospitalizado(a) por motivos de saúde mental e clínica. Caso você faça outros tratamentos ou tenha alguma doença clínica e não sabe explicar direito, traga um exame, relatório ou prescrição para eu dar uma olhada. Devo te pedir alguns exames se for necessário, ok? Se você tiver exames recentes, traga também, mesmo que seja do dedão do pé, viu? Dimensionar e identificar como está a sua saúde física me ajuda a cuidar da sua saúde mental e vice-versa.

E qual o meu transtorno psiquiátrico, Aline Rangel?!

As informações que você me fornecer ajudam a identificar um diagnóstico e a descartar outros que possam ou não se aplicar a você. Minha visão sobre diagnósticos, como mencionei anteriormente, é que são diretrizes flexíveis. Nem todos com depressão querem se matar, e nem todos com ansiedade têm ataques de pânico. Eu pratico uma abordagem centrada na pessoa, o que significa que ajudo os pacientes a encontrarem o que funciona para eles numa vida real, possível e que valha a pena ser vivida. No final das contas, você se conhece melhor e, sem a sua contribuição, minhas sugestões são sem sentido.

E afinal, como é o tratamento com o psiquiatra?

 O final da sessão é quando discutimos que caminhos iremos tomar. Muitas pessoas me procuram porque só precisam responder “isso que eu sinto é normal?”. Possivelmente eu responderei: “depende”, “talvez”, “veja bem…”

Inevitavelmente, você deve ter me procurado com um “pré-conceito” estabelecido de que “um(a) psiquiatra é um psicólogo(a) que prescreve medicações”. A essa altura você já deve ter entendido que eu não sou assim. Mas eu te explicarei novamente o que um psiquiatra faz de verdade além de receitar um remédio.

Talvez eu te oriente a ter novas conversas comigo, outras consultas, iniciar uma psicoterapia comigo ou com um outro profissional especialista em saúde mental. Você vai me perguntar “qual a diferença entre um psiquiatra e um psicólogo” ou se “eu sou uma psicóloga”. Não tem problema, eu te explico novamente e quantas vezes forem necessárias.

Serotonina, Dopamina, Noradrenalina…

Sabe aquela Biologia que você fez questão de esquecer, nunca aprendeu e/ou não tem a menor vontade de entender? Pois é, teremos uma aula de neurotransmissores… Mas só se você quiser, viu? Relaxa. Preciso te dizer que tudo que envolve nossas emoções, pensamentos e comportamentos não vêm do nosso coração mas do cérebro e de todo o sistema nervoso. As células nervosas, os neurônios, se comunicam entre si através de uma rede diversa e complexa de diferentes neurotransmissores, hormônios, receptores, etc.

Todas as funções normais do cérebro humano exigem um conjunto ordenado de reações químicas e essas reações são aquelas associadas aos famosos neurotransmissores que citei ali em cima. Essa parte fascinante nas neurociências merece nossa atenção por um motivo muito relevante: defeitos nos neurotransmissores são a base de muitos distúrbios neurológicos e psiquiátricos, gerando consequentemente sintomas.

Além disso, praticamente todas as drogas psicoativas, terapêuticas ou não, exercem seus efeitos nessa comunicação entre os neurônios. Ah, e já ia me esquecendo! O processo de aprendizagem, atenção e memória também está intimamente ligado às modificações na efetividade desses neurotransmissores. Você com certeza trará alguma queixa sobre isso.

Remédio psiquiátrico: precisa mesmo, engordam, viciam, deixa lerdo(a), altera libido?

Se houver indicação, eu vou te apresentar opções de tratamento com psicotrópicos, com base em vários fatores – indicação precisa conforme a sua história clínica, genética, efeitos colaterais, reações anteriores a medicamentos semelhantes, custo, etc.

Possivelmente você questionará se é mesmo necessário tomar este ou aquele remédio. Eu te dou uma garantia: se eu te orientar que faça uso de um remédio, é porque considerei todas as possibilidades, os riscos e benefícios de você iniciar um psicotrópico.

Você vai querer saber “o que é tarja preta”, “remédio controlado”, “receita azul”, “receita amarela”… Vou lhe dar a oportunidade de fazer perguntas sobre os efeitos colaterais caso optemos por usar uma medicação, e também o incentivarei fortemente a entrar em contato comigo antes de se perder no buraco negro dos fóruns encontrados na internet. Em algum lugar, alguém vai afirmar que o Escitalopram (Lexaproâ) fez “crescer um chifre em suas costas”, e você não precisa desse tipo de estresse em sua vida.

Ufa, você sobreviveu à consulta com um psiquiatra!

Respira funda: terminaremos essa primeira consulta em uns 90 minutos. Você deverá está com muita coisa na cabeça a essa altura. Perguntarei como você se sente em relação ao diagnóstico que lhe dei ou afastei. Você terá tempo para fazer isso com cama. Como já descrevi, gosto de dividir a primeira avaliação em duas consultas para que dê tempo para “digerir” tanta coisa.

Talvez você não goste e não concorde com nada que eu disser sobre você. Sinto que estou muito melhor em “dar nomes” atualmente, mas você pode não gostar do que ouvir de mim. Fale comigo. Exponha seu incômodo, mesmo que nunca mais queira olhar na minha cara.

Aprendo muito com vocês que me procuram e, dos aprendizados mais importantes que tive, ao longo desses 20 anos, é que, dar a alguém um diagnóstico como bipolar, por exemplo, quando essa pessoa não conhece nada em relação à saúde mental ou está muito vulnerável, pode abalar profundamente sua realidade – pode fazê-la se ver como quebrado(a), louco(a) ou defeituoso(a).  Já ouvi todas essas palavras de pacientes recém-diagnosticados, e é nesse momento que eu construo a melhor empatia terapêutica com eles.

O tratamento psiquiátrico é, por fim, uma construção de confiança, habilidades emocionais, relacionamentos, mecanismos de proteção, enfrentamento, arquiteturas de neurotransmissores saudáveis, etc. Mas, sobretudo “de uma vida que valha a pena ser vivida” (Linehan, 2020).

Eu te aguardo em consulta!

Aline Rangel é psiquiatra e atende em seu consultório em São Paulo (SP) e por telemedicina em todo o território brasileiro. Desde que entrou na universidade, em 1998, já queria ser psiquiatra e, desde então, não parou de estudar e estar em contato com a subjetividade do ser humano. Sempre estudou temáticas consideradas “difíceis” em Psiquiatria (vícios, sexualidade, personalidade, etc), mas acredita que a Depressão e a Ansiedade não são só as queixas que mais aparecem em consultório, “são as mais complexas” define. “Se eu não conhecer em profundidade o ser humano que está deprimido ou ansioso e ajudá-lo, a partir daí, como meu paciente em sua totalidade, possivelmente a história irá se repetir e ele voltará 10 anos depois, possivelmente ainda mais adoecido”, finaliza.

Novembro-azul-aline-rangel.png

1 de novembro de 2023 Dra Aline RangelDestaquesTodos

O movimento internacional conhecido como Novembro Azul é comemorado em todo o mundo e foi iniciado a partir do movimento  Movember”,  cujo nome surgiu da junção das palavras “moustache” (bigode, em inglês) e “november” (novembro em inglês), na Austrália. A iniciativa rapidamente se disseminou, sendo adotada por vários países, inclusive o Brasil, como forma de chamar a atenção dos homens para a importância da prevenção do câncer de próstata.

Hoje, o movimento Novembro Azul já alcança mais de 1,1 milhões de pessoas em campanhas realizadas em vários países como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Finlândia, Holanda, Espanha, África do Sul e Irlanda. Seu objetivo principal é mudar os hábitos e atitudes do público masculino em relação à sua saúde e seu corpo, incentivando, assim, o diagnóstico precoce de doenças como o câncer de próstata.

Saúde integral do homem

No entanto, o cuidado da saúde do homem não se resume apenas à prevenção do câncer de próstata. A saúde integral do homem abrange diversos aspectos, incluindo a saúde mental. Infelizmente, por muito tempo, a saúde mental tem sido uma questão negligenciada na discussão sobre a saúde masculina.

Os estigmas sociais, os padrões de masculinidade tóxicos e as expectativas culturais têm levado muitos homens a reprimir suas emoções e evitar buscar ajuda quando necessário. Isso resulta em problemas de saúde mental não diagnosticados e não tratados, que muitas vezes se manifestam de maneiras prejudiciais, afetando não apenas a vida dos homens, mas também de suas famílias e comunidades.

Com o Novembro Azul como pano de fundo, é crucial enfatizar a importância de abordar a saúde do homem de maneira integral, incorporando a saúde emocional como parte essencial desse cuidado. A sociedade machista que herdamos só será ressignificada se a saúde mental do homem for promovida, principalmente via psicoeducação diária, desde o “berço”.

A importância do cuidado com a saúde mental masculina

Desafios culturais e estigmas sociais

Os homens frequentemente enfrentam desafios únicos quando se trata de cuidar de sua saúde mental. Desde tenra idade, são socializados para reprimir suas emoções, acreditando que expressar vulnerabilidade é um sinal de fraqueza. Esses estereótipos de masculinidade podem criar barreiras significativas para buscar ajuda quando necessário, levando a problemas de saúde mental a se agravarem antes que sejam adequadamente tratados.

Impacto na saúde física e emocional

A saúde mental desempenha um papel crucial na saúde física e emocional global. Problemas como estresse crônico, ansiedade e depressão podem ter efeitos adversos sobre o sistema imunológico, aumentando o risco de doenças crônicas e comprometendo a qualidade de vida. Além disso, a saúde mental precária pode afetar negativamente relacionamentos pessoais, desempenho no trabalho e participação social, contribuindo para um ciclo de isolamento e solidão.

Estratégias para promover a saúde mental masculina

Educação e conscientização

Uma abordagem fundamental para promover a saúde mental masculina é educar e conscientizar sobre a importância de reconhecer e abordar problemas de saúde mental. Isso envolve desfazer os estigmas associados à busca de ajuda e fornecer informações acessíveis sobre os recursos disponíveis.

Incentivo à expressão emocional e apoio social

Encorajar uma cultura de expressão emocional saudável e promover redes de apoio social são essenciais para garantir que os homens se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e buscar ajuda quando necessário. Grupos de apoio, terapia individual e programas comunitários podem oferecer um ambiente seguro para discutir questões pessoais e encontrar suporte adequado.

Todo mês é Azul 

À medida que o Novembro Azul nos lembra da importância da prevenção e do cuidado da saúde dos homens, é fundamental expandir o diálogo para incluir a saúde mental como uma parte integral desse processo. Desafiar os estigmas culturais e promover estratégias eficazes de autocuidado e busca de ajuda são passos cruciais para garantir que os homens tenham acesso ao suporte necessário para manter um bem-estar holístico. Ao adotar uma abordagem inclusiva e abrangente para a saúde masculina desde o início da sua existência, podemos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais saudável e solidária para todos. Juntos, podemos fazer do Novembro Azul não apenas um mês de conscientização, mas um compromisso contínuo e diário com o cuidado integral da saúde do homem, sobretudo da sua saúde emocional desde a infância.

Quer saber mais sobre o Câncer de Próstata, o que é, prevenção e tratamento precoce?

Dá uma olhada na Cartilha do Ministério da Saúde sobre Câncer de Próstata clicando aqui ou na imagem abaixo.

imagem da página nicial da cartlha do INCA - Ministério da Saúde.

 

Cartilha Novembro Azul – Instito Nacional de Câncer – Ministério da Saúde – 2023

 


Referências:

  1. Instituto Nacional de Câncer (INCA) – Campanha Bovembro Azul 2023
  2. Wikepedia – Novembro Azul

cancer-de-mama-aline-rangel.png

16 de outubro de 2023 Dra Aline RangelGeral

O Outubro Rosa continua a ser uma iniciativa crucial, especialmente para as mulheres do século XXI que lutam para equilibrar uma série de responsabilidades, deixando pouco espaço para cuidar de sua saúde, incluindo a realizar exames de rotina essenciais para prevenção do câncer de mama, além de tantos outros associados ao sexo biológico feminino.

O outubro rosa é um movimento voltado para a conscientização de mulheres sobre a prevenção do câncer de mama. Durante todo este mês, atividades para conscientizar e incentivar a realização de exames de rotina e do autoexame são feitas ao redor do Brasil. Quando feita anualmente, a mamografia pode detectar a doença em seus estágios iniciais, elevando as probabilidades de cura. Outro benefício do outubro rosa é a união de mulheres que têm ou já tiveram câncer de mama. A troca de experiências e testemunhos acalma e pode levar à criação de redes de apoio, essenciais para o suporte emocional da mulher durante sua jornada contra o câncer de mama.

Aceitação do diagnóstico de Câncer de Mama

Não tem jeito, o diagnóstico de um câncer ainda vem associado à perspectiva de morte precoce ou, no melhor cenário, a um tratamento muito sofrido, efeitos colaterais do tratamento, ficar careca e ter as mamas mutiladas.

Lidar com uma condição de saúde grave é muito mais fácil quando se aceita conviver com ela. A aceitação liberta porque é o encontro com a verdade. Não há nada o que fazer, além de aceitar o que a realidade lhe propõe, correto? Essa atitude pode ser tomada com serenidade, ou abraçada com revolta. Quando o primeiro caso ocorre, contudo, o bem-estar e a resignação são maiores.

Câncer de Mama e Saúde Mental

Além das complicações físicas, o câncer de mama geralmente afeta a saúde mental. A ansiedade, medo, preocupação, tristeza e até depressão podem perdurar desde o diagnóstico até o fim do tratamento. O mesmo olhar de prevenção precoce em relação ao câncer de mama também é verdadeiro para a saúde mental.  A maioria dos transtornos mentais têm uma melhor evolução quando identificados logo no início dos sintomas.

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) analisou 233 pacientes. Desses, 55% eram diagnosticados com algum tipo de câncer e estavam em processo de quimioterapia (e 37% já estava na luta há mais de 3 anos). Assim, a pesquisa identificou que mais de 30% dos pacientes sofriam possivelmente de ansiedade e mais de 26%, de depressão. Em outras palavras, mais de um quarto dos entrevistados demonstraram sintomas psiquiátricos. A pesquisa concluiu que “a ansiedade e depressão são distúrbios prevalentes em pacientes oncológicos”. Além disso, “esses transtornos psiquiátricos afetam a adesão ao tratamento, a qualidade de vida e podem influenciar na evolução do câncer”.

A pesquisa ressaltou ainda que o câncer de mama se destaca quando se trata de transtornos mentais associados a diferentes tipos de câncer. Nas palavras dos pesquisadores: “A literatura aponta que o câncer de mama é o tipo com maior prevalência de comorbidades psiquiátricas e, em decorrência da predominância do mesmo no estudo, o câncer de mama aparece com a maior porcentagem de triagem positiva tanto para ansiedade quanto para depressão.”

Agende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Estratégias de enfrentamento do Câncer de Mama

Enfrentar o câncer de mama é uma jornada desafiadora, repleta de incertezas e temores que podem impactar significativamente a saúde mental das mulheres. As preocupações com a família e o futuro, juntamente com a angústia em relação às mudanças corporais, podem sobrecarregar emocionalmente muitas mulheres. No entanto, existem estratégias valiosas para ajudar mulheres e pessoas que acompanham o seu enfrentamento da doença a lidarem com esses conflitos e preservar a estabilidade emocional durante esse período difícil.

Comunicação Aberta

Compartilhar  sentimentos e temores pode aliviar o peso emocional e proporcionar um senso de apoio e compreensão. Familiares e amigos também podem ser pilares emocionais importantes no decorrer do tratamento. Mantenha pessoas queridas por perto para sentir-se bem consigo mesma e fortalecer laços.

“Muito ajuda quem pouco atrapalha”

Se você é próximo a alguém que está neste processo, não compare a história da pessoa a de outra mulher, não diga que o tratamento “xypto” é melhor do que o que a mulher em questão está fazendo (caso você não seja um especialista na área ) ou que o médico “fulano” é melhor, por exemplo. Saber ouvir, neste caso, é muito melhor e mais efetivo do que falar.

Fazer por ela ao invés de mandar fazê-la é fundamental. A faxina que se faz na casa de uma mulher que está em tratamento de um câncer de mama pode ser, algumas vezes,  mais benéfica pra ela do que acompanhá-la na sessão de quimioterapia. Ajude com a rotina de uma mulher: o cansaço decorrente da quimioterapia pode transformar afazeres simples, como cozinhar ou varrer o chão, em exercícios de extrema intensidade. Ofereça ajuda ou compartilhe alternativas, como pedir delivery de refeições, para simplificar a rotina diária da mulher.

Manter a rotina o mais “normal”possível

Não deixar de fazer coisas por medo ou vergonha. Se estava para iniciar um curso ou tinha uma viagem programada, não modifique esses planos se não apresentarem riscos à sua saúde. Converse com seu médico sobre as atividades que podem ser feitas para manter-se na ativa durante o tratamento. Interromper sua rotina abruptamente é como mandar uma mensagem de “desistência” para o cérebro.

Auto-cuidado, corpo e sexualidade

Tarefas simples como se vestir e tomar banho podem ser encaradas com estranheza a princípio. Permita-se acostumar com as mudanças calmamente, evitando se pressionar para agir com normalidade logo após a mastectomia ou outras modificações corporais. Entretanto, não deixe de vestir as peças que você adora nem descarte a sua “marca registrada” ao se arrumar.

Práticas de autocuidado, como exercícios físicos suaves, meditação e ioga são exemplos cientificamente reconhecidos como potencializadores de melhora. Essas atividades podem ajudar a aliviar o estresse e promover o bem-estar emocional e físico durante o tratamento.

Se você se sentir menos atraente e encontrar problemas para se relacionar ou ter momentos íntimos com sua(s) parceria(s), converse bastante para que ambos possam encontrar soluções para um possível impasse. Infelizmente, o medo de acabar com um casamento por causa dos possíveis prejuízos do tratamento para uma vida sexual saudável, que para muitos ainda é sinônimo de “ter relaçoes sexuais”, é uma das principais preocupações de muitas mulheres com câncer de mama.

Educação sobre tratamentos e evolução da doença

Buscar informações claras e precisas sobre os diferentes tratamentos disponíveis, seus efeitos colaterais e os resultados esperados principalmente com a equipe, clínica e/ou hospital onde está realizando o tratamento. O conhecimento informado pode reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de controle sobre o próprio processo de cura. É importante ter uma relação de confiança com os profissionais que estão juntos durante o processo terapêutico do câncer de mama.

Acesso a recursos financeiros

Buscar informações sobre os direitos e benefícios disponíveis para pacientes oncológicos, como no Oncoguia. Isso pode incluir assistência financeira, licenças médicas, e programas de apoio governamentais e não governamentais. A garantia de estabilidade financeira pode ajudar a reduzir o estresse associado às preocupações econômicas.

Foco no presente

Viver um dia de cada vez, concentrando-se no presente e no momento atual. Isso pode ajudar a reduzir a preocupação com o futuro e promover uma abordagem mais positiva e consciente em relação à jornada do tratamento.

Grupos de apoio

Esses grupos oferecem uma comunidade de indivíduos que enfrentam desafios semelhantes e podem fornecer conselhos práticos e apoio emocional, como o Câncer com Leveza e Câncer com Bravura.

Cuidado da saúde mental

Os profissionais de saúde mental podem fornecer apoio especializado e estratégias de enfrentamento para lidar com os desafios emocionais associados ao câncer de mama. A idéia não é tratar o câncer de mama como sinônimo de um transtorno psiquiátrico, pelo contrário: bem-estar, prevenção e promoção de saúde mental também é trabalho de um psiquiatra no processo de tratamento do câncer de mama.

 


sintomas-excitacao-sexual-feminina.png

A dor na hora da relação sexual — causada muitas vezes por medo e estresse excessivos — é um problema que tem nome e afeta de 3% a 5% da população feminina. Os transtornos sexuais femininos ocorrem quando a mulher não consegue responder de forma satisfatória a um dos ciclos da relação sexual, o que a impede de sentir prazer durante o ato.

Sintomas da excitação sexual feminina

O ciclo de resposta sexual da mulher é dividido em 4 fases: excitação, platô, orgasmo e resolução. A excitação é caracterizado pelo despertar do desejo, pela vontade de realizar o ato. Nesse momento, o corpo responde com alguns sinais, como início da lubrificação, aumento dos batimentos cardíacos, aumento dos seios e aumento da tensão muscular. Um pouco antes de chegar ao orgasmo, a mulher passa pela fase do platô, quando há um aumento das características da excitação. Em seguida, a mulher chega ao orgasmo e depois à resolução, a fase de recuperação do corpo, que normalmente é mais rápida nas mulheres que nos homens.

Se em um desses momentos a mulher sente dor, incômodo ou insatisfação, o prazer sexual não é alcançado. Existem vários tipos de transtornos sexuais, eles variam de acordo com os sintomas e alguns podem causar dor.

aAgende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Transtornos sexuais que causam dor

Existem 3 tipos de transtornos sexuais femininos que podem causar dor: a dispareunia, o vaginismo e a fobia ou aversão sexual.

1# Dispareunia

Caracteriza-se essencialmente pela dor genital, manifestada durante ou após o ato sexual. Algumas causas da dor e da contração involuntária da vagina, que impede a penetração, diminuição da lubrificação vaginal, endometriose, infecções ginecológicas ou o fato de ser a primeira relação, em que há rompimento do hímen. Essa disfunção pode acontecer em qualquer fase da vida, causando sofrimento e dificuldade no relacionamento sexual e até afetivo.

2# Vaginismo

É caracterizado pela contração involuntária dos músculos (espasmo) ao redor do orifício da vagina, causando dor, dificuldade e até impossibilidade de manter relação sexual. Não apresenta uma causa física. Mulheres que tiveram uma educação muito rígida e religiosa, em que a virgindade é muito valorizada, podem desenvolver o problema. Traumas e abusos também podem estar relacionados ao distúrbio.

3# Aversão sexual

Ocorre quando a mulher sente pânico e repulsa diante de relações sexuais ou que levem ao sexo.

Causas dos transtornos sexuais

As causas para os transtornos são multifatoriais e incluem componentes biopsicossociais (biológicos, psicológicos e sociais). Vivências, experiências e educação sexual influenciam no desenvolvimento desse quadro. Vítimas de violência sexual, por exemplo, têm grande propensão a ter disfunções sexuais ao longo da vida.

Mulheres em períodos como o pós-parto, a menopausa e o climatério podem ter maior desconforto ou outras queixas devido à oscilação hormonal. Vítimas de violência sexual ou com traumas relacionados à própria sexualidade também têm maiores chances de ter dificuldades para retomarem uma vida sexual saudável.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico do transtorno ligado ao sexo em geral envolve um questionário detalhado sobre sintomas, histórico médico, condições do relacionamento, experiências sexuais passadas e até mesmo sobre a autoestima e a história de vida da paciente.

O tratamento vai variar de acordo com o diagnóstico e o tipo de dor. Os medicamentos podem ser utilizados em casos de infecções e disfunções hormonais. Além disso, podem ser indicados terapia sexual, relaxamento da musculatura vaginal, fisioterapia pélvica, além de técnicas de respiração e inserção de dilatadores vaginais.

Os transtornos sexuais que causam dor podem afetar significativamente a qualidade de vida de uma mulher. É crucial abordá-los com sensibilidade, empatia e um entendimento abrangente de suas causas e opções de tratamento. Buscar ajuda profissional de saúde especializados em saúde sexual é essencial para diagnosticar e gerenciar esses transtornos de forma eficaz. Com o tratamento adequado e o apoio necessário, mulheres que apresentam essas queixas sexuais podem recuperar o seu bem-estar sexual e desfrutar da sua sexualidade em toda a sua plenitude.


Você também pode se interessar:

Transtornos sexuais: saiba quais são e quais as formas de tratamento

A menopausa reduz o desejo sexual?

Como a psiquiatria pode ajudar a vida sexual da mulher

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder os seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



1 de outubro de 2023 Dra Aline RangelTDAH

A Atomoxetina é um medicamento não estimulante utilizado no tratamento do TDAH em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e adultos como parte de um programa de tratamento integrado, o qual também inclui intervenções psicológicas, educacionais e sociais, além dos medicamentos. É um inibidor seletivo da recaptação de norepinefrina, que ajuda a melhorar a concentração, a atenção e o controle dos impulsos nos pacientes com TDAH. Ao contrário de medicamentos estimulantes, a atomoxetina possui menos riscos de abuso.

Atomoxetina: um reforço e tanto no controle do TDAH

O êxito deste psicofámaco, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em julho de 2023, está associado ao fato dele atuar especificamente numa área do cérebro chamada córtex pré-frontal (CPF).  O CPF é uma região do cérebro que funciona como um “maestro”:  regula emoções, pensamentos e movimentos que termina de se desenvolver por volta dos 24 a 26 anos. No TDAH, é como se houvesse “um maestro que não rege tão bem os mais diferentes músicos que compõem a orquestra”. Essa falta de “harmonia entre os músicos” tem origens genéticas e pode se manifestar em crianças, jovens e adultos, faz com que o indivíduo convive com desatenção, hiperatividade e impulsividade frequentemente

A Atomoxetina funciona de maneira diferente dos psicoestimulantes. Ela atua como um inibidor seletivo de recaptação de noradrenalina (ISRN) e, ao invés de aumentar os níveis de dopamina e norepinefrina no cérebro, como fazem os psicoestimulantes, a Atomoxetina aumenta predominantemente os níveis de norepinefrina. Isso contribui para melhorar a atenção e o controle impulsivo.

Vantagens da Atomoxetina

Uma das vantagens importantes da Atomoxetina é o fato de não ser um medicamento estimulante. Isso se torna uma opção atraente para pacientes que não toleram bem os estimulantes ou que tenham questões relacionadas ao seu uso, como o potencial de abuso. Além disso, a Atomoxetina é uma opção de tratamento de longa duração, o que significa que uma única dose diária pode proporcionar benefícios ao longo do dia, eliminando a necessidade de múltiplas doses.

Considerações de Segurança e Efeitos Colaterais

Como com qualquer medicamento, a Atomoxetina não está isenta de efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais comuns incluem boca seca, náusea, aumento da frequência cardíaca, constipação, etc. É importante que os pacientes discutam os riscos e benefícios com seu psiquiatra antes de iniciar o tratamento com Atomoxetina. Além disso, o acompanhamento psiquiátrico contínuo é essencial para monitorar os efeitos colaterais e ajustar a dosagem se necessário.

Uma Nova Era no Tratamento do TDAH

O TDAH é uma condição neuropsiquiátrica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com impactos significativos em suas vidas. A chegada da Atomoxetina, o primeiro medicamento não-estimulante para o tratamento do TDAH no Brasil, é um marco importante que oferece novas perspectivas de tratamento. No entanto, é fundamental lembrar que o tratamento do TDAH é individualizado e requer uma abordagem multidisciplinar.

O diagnóstico precoce, a pesquisa contínua e o acompanhamento são elementos essenciais para garantir o sucesso do tratamento. À medida que continuamos a avançar na compreensão do TDAH e no desenvolvimento de novas opções terapêuticas, podemos olhar para o futuro com a esperança de proporcionar uma vida com mais foco, atenção e controle para aqueles que vivenciam o desafio do TDAH. A Atomoxetina é um passo promissor nesse caminho.

Agende sua consulta com a Dra. Aline Rangel




NEWSLETTER








    Sobre



    Médica graduada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro com Residência em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria Universidade Federal do Rio de Janeiro.


    Contato


    São Paulo – SP

    Rua Cubatão, 86 – 405 – Paraíso


    WhatsApp


    E-mail

                  aline@apsiquiatra.com.br

    Nosso material tem caráter meramente informativo e não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico, autotratamento ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte o seu médico.

    Copyright © 2023 – Todos os direitos reservados

    Política de Privacidade

    × Agende sua consulta