Como são os episódios de Mania no Transtorno Bipolar?
Quando falamos em episódios de mania, estamos nos referindo a uma manifestação característica do Transtorno Bipolar. O transtorno bipolar é uma condição crônica de saúde mental caracterizada por oscilações extremas de humor que alternam entre períodos de mania e depressão. Enquanto a depressão é mais conhecida, a mania é um aspecto crucial do transtorno bipolar que ainda é muito mal compreendido pela população de forma geral. Todo e qualquer episódio de oscilação do humor, seja no contexto de um conflito emocional grave (p.ex.: após uma separação conjugal) ou de outros transtornos psiquiátricos (p.ex.: Transtorno de Personalidade Borderline), criam crenças equivocadas de que “essa pessoa é bipolar”.
A frequência das crises maníacas varia de acordo com o quadro instalado, conjuntura psicossocial e adesão adequada ao tratamento deste transtorno. Da mesma forma, a gravidade da situação pode variar.
Neste artigo, falaremos um pouco mais sobre os episódios de mania, para que amigos, parentes e pessoas próximas a indivíduos bipolares consigam identificar oscilações de humor e auxiliar quando necessário. Confira, a seguir.
Episódios de mania: como são diagnosticados?
O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo da gravidade e da presença de sintomas psicóticos. O humor elevado ou irritável grave, associado ou não a sintomas psicóticos, que causam mudanças no comportamento e funcionalidade do indivíduo, é classificado como mania. A duração do estado maníaco deve ser de pelo menos uma semana, com humor elevado ou irritabilidade presente na maior parte do dia, quase todos os dias. O critério de duração mínima é dispensável se a hospitalização for necessária.
Na hipomania, as elevações de humor e as perturbações comportamentais/funcionais são menos graves e de menor duração do que no estado maníaco (consecutivos quatro dias), o que geralmente não requer atendimento médico. No entanto, a hipomania pode evoluir para mania.
Deve-se observar que a presença de sintomas psicóticos é sempre indicativa de uma condição grave e, mesmo que os outros sintomas de ativação não sejam tão proeminentes, isso automaticamente exclui a possibilidade de um episódio hipomaníaco. Esse é um erro frequentemente cometido em clínicas psiquiátricas, principalmente por profissionais menos experientes.
Episódios de mania: é possível prevê-los?
Não necessariamente. Alguns são engatilhados por situações específicas e outros acontecem de forma abrupta.
O primeiro indício de que o paciente está passando por um episódio de mania é a alteração no comportamento interpessoal, como:
- Aumento de energia;
- Diminuição da necessidade de sono;
- Necessidade de falar ou se movimentar.
Esses são alguns dos elementos que podem ajudar a identificar uma mudança significativa de humor. A irritabilidade, que pode aparecer diante de uma negativa, ou sem motivos aparentes, também indica a presença de um componente distinto no comportamento da pessoa bipolar.
Outros sintomas de episódios de mania
- .A sensibilidade também pode estar presente e pode vir acompanhada de sudorese, sentimento de nervosismo, pensamento acelerado e boca seca.
- Não é incomum também que, durante um episódio de mania, o indivíduo fale depressa e sobre muitos assuntos diferentes. Às vezes, a pessoa não consegue permanecer em uma linha de pensamento. Tudo é acelerado.
- Atitudes inconsequentes e que podem ter consequências graves também indicam alterações de humor.
- Alguns pacientes, por exemplo, bebem grandes quantidades de álcool e, depois, dirigem.
- Outros abusam de drogas, fazem grandes compras no cartão de crédito ou entram em atividades sexuais com desconhecidos – muitas vezes, sem a devida proteção.
- Os excessos estão dentro do comportamento maníaco, que pode ser caracterizado também como uma necessidade de “viver” tudo o que precisa ser vivido, como se não houvesse tempo a perder.
- Muitas vezes, após os episódios maníacos, os pacientes se sentem culpados, preocupados e com baixa autoestima.
- Suas atitudes, em alguns momentos, podem prejudicá-los diante de sua família, amigos ou companheiros de trabalho.
- Esse é o momento em que os episódios depressivos podem tomar conta do indivíduo, que troca a euforia por sentimentos de profunda inadequação e tristeza.
Tratamento do episódio maniforme
- Medicamentos: Estabilizadores de humor como o carbonato de lítio, antipsicóticos (haloperiodo, risperidona, quetiapina, olanzapina, lurazidona, etc) e certos anticonvulsivantes (divalproato de sódio, lamotrigina, etc) são comumente prescritos para tratar os sintomas maníacos na crise e na manutenção e/ou prevenção de crises maniformes..
- Psicoterapia: Psicoterapias de diferentes tipos (Cognitivo Comportamental, Dialético Comportamental, etc) e a psicoeducação (indivdual e/ou familiar) podem auxiliar os indivíduos a compreenderem seus gatilhos, desenvolverem mecanismos de enfrentamento e regular suas emoções.
- Eletroconvulsoterapia (ECT): Em casos graves ou quando os medicamentos se mostram ineficazes, a TEC pode ser considerada para aliviar os sintomas maníacos.
Como lidar com uma pessoa em fase de mania do Transtorno Bipolar
- Converse com ela sem tocar no assunto, a menos que ela manifeste vontade de conversar sobre isso. Evite, da mesma forma, limitá-la ao seu transtorno de humor: atribuir todos os seu fracassos ao fato da pessoa ter Transtorno Bipolar é um bom exemplo deste comportamento.
- Se você for muito próximo, tenha o telefone dos médicos responsáveis pelo tratamento, além do contato pessoal de parentes, companheiros ou conhecidos.
- Em um momento de crise, pedir ajuda especializada pode ser uma excelente ideia, especialmente se você não tiver certeza sobre como prosseguir. Isso é importante, inclusive, se a pessoa apresentar riscos para si mesma e para os outros.
A mania é um aspecto significativo do transtorno bipolar, caracterizado por humor elevado, aumento dos níveis de energia e comportamento impulsivo. Reconhecer os sintomas da mania, criar um ambiente de apoio e buscar ajuda profissional são cruciais para gerenciar e tratar efetivamente essa condição. Medicamentos, psicoterapia e outras modalidades de tratamento desempenham um papel vital na estabilização do humor e na redução do impacto dos episódios maníacos na vida do indivíduo. Ao compreender a mania e suas opções de tratamento, as pessoas com transtorno bipolar podem levar uma vida satisfatória e ter um melhor controle sobre sua saúde mental.
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