Não há como negar as facilidades trazidas pelos aparelhos eletrônicos: com eles, é possível conversar com pessoas do outro lado do mundo, enviar mensagens, assistir filmes, vídeos, jogar e até mesmo trabalhar. Mas, apesar das facilidades, o uso sem controle desses aparelhos pode gerar a chamada nomofobia.
O termo nomofobia (uma abreviação, do inglês, para no-mobile phobia) foi criado no Reino Unido para descrever a angústia de estar sem o telefone celular ou aparelhos eletrônicos disponíveis. Na realidade, esse neologismo atualmente tem sido muito utilizado para descrever a dependência — também conhecida como uso problemático ou compulsão — desses aparelhos. No Brasil, a nomofobia ainda é um tema relativamente novo, mas Coreia do Sul, Japão e China já consideram essa dependência um problema de saúde pública e têm centros de reabilitação.
Segundo relatório da ONU sobre economia da informação, o Brasil é o quarto país do mundo em número de usuários na Internet. O informe “Economia da Informação 2017: digitalização, comércio e desenvolvimento”, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), mostra que as atividades principais dos brasileiros se relacionam à comunicação (85%), como o envio de mensagens pelo WhatsApp, e o uso de redes sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat (77%). Ou seja, com base nos relatórios, a nomofobia pode se tornar ainda mais frequente no Brasil.
Sintomas da nomofobia
Além da total dependência dos aparelhos móveis, pacientes com nomofobia apresentam sintomas físicos e emocionais comparáveis aos da dependência química. Os principais são:
- Sintomas emocionais: angústia, ansiedade, irritabilidade, medo, estresse, crises de pânico, tristeza, solidão, depressão.
- Sintomas físicos: falta de ar, tontura, tremores, náuseas, dor no peito, aceleração da frequência cardíaca, dor de cabeça, enxaqueca.
Algumas atitudes no dia a dia também podem indicar a nomofobia:
- manter o celular ligado 24 horas por dia e dormir com o celular embaixo do travesseiro;
- carregar consigo mais de uma bateria, carregadores ou aparelhos reserva;
- conferir repetidamente as chamadas, os e-mails e as mensagens de aplicativos;
- checar a bateria a todo momento;
- sentir desconforto quando está em um local sem sinal;
- deixar de fazer atividades que gosta para ficar no celular;
- diminuir a produtividade no trabalho, devido às redes;
- diminuir a vida social e o contato com a família para ficar com o celular.
O diagnóstico da doença deve ser feito por um psiquiatra, psicólogo ou psicoterapeuta, que analisa os sintomas identificando as causas e sua relação com outros problemas, como depressão, ansiedade e transtornos psiquiátricos.
A terapia é o tratamento indicado para reduzir essa dependência do celular. O psicólogo cognitivo-comportamental é capaz de compreender a raiz desse vício e aconselhar uma mudança nos hábitos de consumo do aparelho. Já os medicamentos são utilizados apenas em casos mais avançados, quando a nomofobia evolui para depressão e crises de ansiedade mais graves, mas a automedicação não é recomendada.
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