dicas / Dra Aline Rangel

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26 de setembro de 2022 GeralTodos
Nós mês em que comemoramos as discussões sobre estratégias de prevenção do suicídio, setembro amarelo, temos que protagonizar às famílias, pacientes e, por fim, nós profissionais de saúde para nos apoiarmos mutuamente. Nós sabemos da importância da família no tratamento do paciente psiquiátrico. É na família que o paciente encontra o apoio em momentos de crise, quando precisa de ajuda, quando precisa desabafar ou simplesmente quando quer um carinho sem julgamento. A família é e sempre será importante no tratamento do paciente psiquiátrico pois, inclusive, é a primeira a perceber que ATENÇÃO: algo não vai bem!

Porém, não podemos nos esquecer que a família também precisa de apoio nesses momentos. Sabe-se que o adoecimento de um membro desestrutura e enfraquece a unidade familiar. Algumas pesquisas sugerem que 25% a 50% dos familiares de pacientes críticos experimentam sintomas psicológicos, incluindo estresse agudo, estresse pós-traumático, ansiedade generalizada e depressão. Por isso, é preciso um cuidado especial com todos.

Cuidados com a família do paciente psiquiátrico

O primeiro passo para um cuidado com a família é ser transparente em relação à doença do paciente. Ela precisa saber e entender melhor todos os sintomas e reações que a doença pode causar. Sendo transparente, a família tem a oportunidade de conversar melhor com o médico e profissionais de saúde e até mesmo de ajudar com soluções básicas no dia a dia, tornando a rotina o mais próximo possível da realidade do paciente. Sejamos realistas: dá pra pedir para um paciente que sempre foi sedentário praticar uma atividade física após uma única consulta?

Além disso, é importante que o profissional de saúde esteja aberto a ouvir e ajudar os familiares. Muitas vezes, em meio às crises e problemas do paciente, a família se sente sem ter para onde correr ou pedir ajuda. Nesse momento, o apoio do médico é fundamental, só ele poderá ajudar a acalmar e entender o momento do paciente psiquiátrico.

Em muitos casos é recomendado que o familiar também realize um tratamento psicológico. O apoio psicológico e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento não poderão modificar a situação do paciente, mas poderão ajudar o familiar a negociar com suas emoções e, assim, manter uma autoestima positiva, esperança e bem-estar, o que é fundamental, uma vez que seu estado de saúde física e emocional influenciarão diretamente o bem-estar e os cuidados do paciente e a qualidade de vida de ambos.

Terapia familiar

A terapia familiar também pode ser uma alternativa para as famílias com pacientes psiquiátricos. Nesse contexto, a família pode ser vista tanto em sua estrutura nuclear — pai, mãe e filhos — quanto em sua estrutura estendida, incluindo assim avós, primos, genros, noras ou pessoas próximas que convivem com o paciente. Durante as sessões os envolvidos têm a oportunidade de expor suas dificuldades, conflitos internos, insatisfações e até mesmo inseguranças.

A maioria dos estudos parte do pressuposto de que independentemente do programa de apoio adotado, a família deve participar do tratamento e receber suporte não apenas para aprender a cuidar do paciente, mas, sobretudo, para enfrentar, compreender e compartilhar a situação de doença e/ou deficiência, e conseguir lidar mais adequadamente com seus próprios problemas, conflitos, medo e aumento das responsabilidades.

 


Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto.
Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!
Você também deve gostar do texto:  Pósvenção do Suicídio: A necessidade do trabalho com sobreviventes de suicídio de pessoas próximas #setembroamarelo.

 

 

 



14 de janeiro de 2021 AnsiedadeTodos

Quase tudo sobre a pandemia do coronavírus é incerto: quantas pessoas serão afetados, quanto a economia e o mercado de trabalho serão afetados, em quanto tempo as coisas retornarão ao “normal”.

A incerteza pode causar sentimentos de extremo desconforto. A incerteza pode também nos levar a concentrar nos piores cenários, o que pode interferir na nossa capacidade de resolver problemas ou tomar decisões.

Embora a incerteza possa ser assustadora, pânico e preocupação são métodos ineficazes de preparação para imprevistos.

E considere isso – a incerteza provavelmente elevará seus hormônios do estresse, o que pode comprometer seu sistema imunológico, tornando-o ainda mais vulnerável a doenças.

O que fazer para gerenciar a incerteza?

Aqui estão algumas sugestões para gerenciar a incerteza durante a pandemia de coronavírus. Você poderia reservar 10 minutos para fazê-lo? Pegue uma folha de papel para registrarmos as respostas.

Primeiro, pense em um momento em que lidou com sucesso com a incerteza e depois responda às seguintes perguntas. 

Qual foi a situação?

E como você reagiu?

Lembra quais forças e habilidades você usou?

E, ainda, quais foram algumas das coisas que você pôde resolver, mudar ou controlar em sua vida diária neste período? 

Mesmo nos melhores momentos, a incerteza é apenas uma parte da vida.

Embora o nível de incerteza causado pela pandemia de coronavírus é sem precedentes, a realidade é que essa situação acabará, e a vida continuará. Pode ser útil confortar-se com declarações do tipo: “Eu posso com isso “ou” Isso é realmente difícil, mas já superei desafios antes “.

Pense: quais são algumas das afirmações, meditações ou palavras de sabedoria que você pode usar para ajudá-lo a através deste momento difícil? 

Anote: os nomes de amigos e familiares com os quais você pode contar para apoio emocional ou uma boa risada quando você está preocupado ou se sentindo triste.

Reflexões sobre este exercício

Quais atividades foram mais eficazes para ajudar você a gerenciar a incerteza? 

Após esta prática, você se sente mais capaz de gerenciar sentimentos ou pensamentos associados à incerteza? 

Explique para si mesmo.

Quer saber mais sobre os impacto na saúde mental em tempos de pandemia da COVID-19 (coronavírus)? Clique aqui e você será redirecionado para outros artigos lá do Blog sobre este tema.



28 de agosto de 2020 Ansiedade

Imagine-se trabalhando ou em casa lendo um livro ou em qualquer outra situação que requeira certo foco. Nesse momento de concentração, o celular, que está bastante próximo de você, toca para anunciar uma nova mensagem no Instagram. Pronto… é o suficiente para interromper a sua a atenção. O que você faz? Pega o celular e lê a mensagem ou ignora para tentar retomar o foco? Essa é uma situação bastante comum que o celular e as redes sociais incluíram em nossa vida. Hoje a comunicação é muito rápida e prática. Está na ponta dos dedos, literalmente. Isso facilita nossa vida? De certa forma, sim. Mas, como quase tudo na vida, há também contras que merecem atenção, afinal, nesse caso podem acabar afetando tanto a saúde física quanto a mental.

O brasileiro desbloqueia o celular, em média, 78 vezes por dia. São muitas facilidades em um só aparelho, certo? Calculadora, e-mail, mensageiros, cronômetro, câmera fotográfica, relógio… é realmente muito prático ter tudo sempre na mão. Dentre os cinco aplicativos mais utilizados no Brasil durante a quarentena, quatro são redes sociais. Essas plataformas, porém, escondem muitos perigos por trás dos lindos filtros.

A “felicidade” vista nas redes sociais

Passe a reparar em suas timelines e note quantas pessoas ali estão compartilhando sorrisos, momentos de felicidade e lembranças de viagens incríveis e quantas delas estão publicando momentos de maior vulnerabilidade, pedidos de ajuda ou perrengues.

Possivelmente até mesmo o conteúdo que você publica nas suas redes siga nessa linha mais agradável e bem-humorada. E tudo bem. Manter as experiências negativas registradas realmente não deve ser o objetivo de muita gente, eu entendo. A questão é que o que vemos pelas telas dá a todo tempo a impressão de que o mundo a nossa volta é só flores, enquanto nossa vida não é tão interessante ou satisfatória assim. Bem, a verdade é que todas essas pessoas têm muitos problemas para resolver, assim como você. Então acredite: a grama do vizinho nem sempre é mais verde. A diferença é que somente você conhece os seus próprios problemas e a sua luta diária.

Então vai ficar tudo bem enquanto você for capaz de navegar pelas mídias sociais tendo a consciência de que aquilo é apenas um recorte da vida das pessoas e que, portanto, é infundado – e até mesmo injusto – se valer de qualquer comparação com o que se vê ali.

 

Os perigos das redes sociais

Mas e quando o uso das mídias sociais começa a gerar angústia e ansiedade e servir de gatilho para algumas de suas inseguranças? Uma série de estudos e pesquisas aponta essas redes como responsáveis pelo agravamento de problemas de saúde mental, o que pode soar como um grande paradoxo. Afinal, conexões sociais aliviam o estresse e liberam uma série de hormônios capazes de nos trazer conforto, certo? Certo, mas nesse caso é preciso que ocorra uma socialização com real proximidade, toque e olho no olho. As mídias sociais, por outro lado, podem causar maior sensação de isolamento e solidão, além de seu uso exagerado gerar sintomas de ansiedade e depressão. Veja o porquê:

  • Autoestima: como já mencionei, as publicações que vemos nas mídias sociais geram uma visão distorcida e perigosa sobre os padrões de beleza e de sucesso, o que representa uma ameaça à autoestima, sobretudo em grupos mais vulneráveis, como os adolescentes. A jornalista e influenciadora Danae Mercer traz em seu perfil do Instagram uma proposta interessante que vai contra a exposição e a idealização dos corpos perfeitos. Danae mostra seu corpo como realmente é e brinca com as poses e táticas utilizadas por modelos e blogueiras para darem a impressão de barriga chapada ou “bumbum na nuca”. Cada publicação é um lembrete de que o corpo perfeito não faz parte da vida real, e que até mesmo aquela modelo com milhões de seguidores usa iluminação e certos ângulos para criar um efeito ilusório da realidade.
  • Cyberbullying: embora a legislação atual já proteja vítimas de bullying no ambiente virtual, muitas pessoas ainda se sentem livres para fazer difamação ou espalhar rumores na seção de comentários. Mais uma vez, isso pode acontecer com todos, porém é no período da adolescência que os casos acontecem com maior frequência, fazendo com que o monitoramento dos pais seja uma necessidade.
  • O medo de estar por fora: conhecido como FOMO – fear of missing out –, esse fenômeno traz a sensação de estar perdendo alguma oportunidade ou estar de fora das novidades que acontecem dentro das mídias sociais. Você já fez parte de uma conversa em que todos comentavam sobre o assunto que bombou no final de semana e se sentiu de fora? E aí vem aquela clássica pergunta “Como assim você não ficou sabendo disso?”. Pois é, são situações como essa que impulsionam o FOMO. Isso faz com que queiramos, a todo momento, desbloquear o celular para ver as últimas publicações do feed, responder rapidamente todos os comentários e buscar atualizações constantemente, o que pode acabar gerando um ciclo de ansiedade difícil de superar.
  • Tempo de tela: as mídias sociais mais populares são um grande sucesso não por acaso. Valendo-se de uma série de algoritmos, essas plataformas sabem exatamente o que você gosta de ver, conhecem todos os seus hábitos de consumo e fazem o que for necessário para que você permaneça o maior tempo possível navegando nelas. Que atire a primeira pedra quem nunca foi dar só uma olhadinha na rede social e acabou deslizando a timeline por 20, 30, 40 minutos. Embora sejam muito discutidos os perigos para as crianças, uma exposição prolongada à tela também gera diversos efeitos sobre o adulto, como dores de cabeça, perda de sono, visão borrada e olhos secos. Sem contar que a inclinação do pescoço durante o uso de celular gera pressão sobre a cervical, causando muito incômodo físico a longo prazo.

 

Revendo seus hábitos

Tenha bastante critério ao lidar com as mídias sociais e leve em consideração algumas reflexões.

Pergunte-se o que você busca nessas plataformas. Caso queira registrar seus momentos e se relacionar com seus amigos, colegas e pessoas queridas, faça isso. Claro que nem tudo é negativo nas mídias sociais e ela serve muito bem o propósito de criar e manter vivas as nossas conexões. Repense, no entanto, se a busca pela proximidade digital não está interferindo nas suas relações presenciais. É muito comum encontrar rodas de amigos ou casais que estão fisicamente juntos, mas absortos em seus próprios universos virtuais. Caso desligar-se um pouco do celular esteja sendo um enorme esforço para você ou caso note que está sempre desbloqueando o aparelho mesmo sem um objetivo claro, então reveja seus hábitos de consumo.

Reflita se algo incomoda você nas mídias sociais. Caso sinta-se desconfortável, insuficiente ou incapaz de qualquer maneira enquanto navega na timeline, tome nota, adquira consciência sobre isso e busque eliminar a fonte do desconforto. Deixe de seguir, de visualizar, de consumir. Muitas vezes passamos a acompanhar alguns conteúdos devido aquele medo que comentei mais cedo. Mas pensando bem, o que vale mais? Saber qual o último carro importado aquele cantor sertanejo comprou ou estar bem consigo mesmo? Repare que, no geral, aquilo que nos faz mal é aquilo sem a qual podemos viver tranquilamente.



20 de agosto de 2020 Todos

Platão e Aristóteles já se perguntavam qual era a relação entre a mente e corpo antes mesmo do nascimento de Cristo. A discussão seguiu ao longo dos séculos, e deu origem à teoria do dualismo cartesiano, vinda do pensamento do filósofo René Descartes, para quem o corpo e a mente representavam partes separadas e individuais. Será mesmo? O contrário também vem sendo discutido há milhares de anos e o pensamento de que mente e corpo coexistem e interagem em um só organismo foi desenvolvido por Baruch Espinoza, outro filósofo, cuja teoria ganha força a cada dia. Essa relação é tão natural que vemos, em nós mesmos, exemplos da conexão entre corpo e mente todos os dias.

Compreender essa relação é necessária para entendermos o funcionamento do nosso próprio organismo. O ditado “mente sã, corpo são”, portanto, é uma realidade, assim como o contrário também é verdadeiro. Se a mente não está saudável, o corpo pode acabar sofrendo com as consequências, dando origem a doenças psicossomáticas. Já ouviu falar delas?

Como a relação corpo-mente funciona?

Imagine a seguinte situação: dentro de dois minutos você fará uma apresentação importante para os diretores da empresa mostrando os resultados obtidos no último projeto que você e seu time desenvolveram. É uma apresentação importante e que poderá definir os rumos da sua área. Como você se sente em um momento como esse? Essa sensação gera algum efeito físico no seu corpo? Como já mencionei neste outro texto, o medo de falar em público é um dos mais presentes na população, e os “sintomas” mais comuns são mãos trêmulas, sudorese, boca seca… essas são reações fisiológicas vindas do estresse que mostram com clareza a “conversa” entre o corpo e a mente.

Outras situações em que essa relação é evidenciada:

  • Ver uma pessoa à distância e, mesmo sem poder ouvi-la, saber que ela está brava pela forma como seu “corpo fala”;
  • Sentir um frio na barriga quando está prestes a fazer algo que há muito tempo é esperado;
  • Sentir dor de cabeça após um dia de trabalho repleto de pressão e estresse.

Em uma de suas mais renomadas obras, a médica, autora e consultora Eva Selhub afirma que a medicina já não vê mais o corpo e a mente como entidades separadas, mas como uma unidade funcional, assim como afirmava o filósofo Espinoza. Por esse motivo, a mente e as emoções influenciam o corpo, assim como o corpo influencia a mente e as emoções.

Sua linguagem corporal molda seu estado de espírito

A maneira como nos posicionamos e gesticulamos afetam a maneira como somos percebidos por outras pessoas, mas não somente. Uma série de estudos e pesquisas mostram que a linguagem corporal possui efeitos também na forma como nos sentimos. Mais uma evidência de que o corpo está, a todo tempo, se relacionando como nossas mentes e emoções.

Tome como exemplo a “pose do super-homem”. Uma postura ereta, com peito estufado e mãos na cintura. Mantê-la durante um tempo pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso, já que é tida como impulsionadora de segurança e autoconfiança. Por sua vez, a pose de braços cruzados, embora seja percebida como uma barreira ou como uma postura defensiva, pode dar um gás na disciplina e na persistência.

Essas são pequenas dicas de como utilizar a conexão corpo-mente a seu favor. Essa relação, porém, pode representar certos perigos.

Doenças psicossomáticas

É comum encontrar pacientes que se queixam de dores em certa região do corpo e, mesmo após uma vasta bateria de exames clínicos, nenhum problema é identificado. Muito possivelmente trata-se de um caso psicossomático.

A psicossomatização é a reação física para um problema emocional. Ou seja, a causa da dor é oriunda de uma questão mental em vez de um ferimento, inflamação ou infecção. Pode acontecer devido a forte estresse, preocupação ou tristeza, manifestando sintomas físicos como queimação no estômago, falta de ar ou dor no peito, por exemplo.

Há um estigma muito grande quanto a doenças psicossomáticas, pois tende-se a crer que é um exagero ou invenção do paciente, já que “não se vê” a doença. No entanto, a psicossomatização provoca dor e incômodo, mesmo fisicamente estando aparentemente tudo bem. Portanto, exige atenção tanto quanto qualquer outro tipo de problema. A atuação de um psiquiatra é fundamental para identificar as causas da doença, oferecer um diagnóstico e um tratamento adequado.

É importante investir sempre em prevenção e evitar a necessidade de um tratamento. Estresse faz parte do dia a dia, eu sei. Estamos a todo tempo preocupados com questões familiares ou sendo pressionados nas empresas, seja por chefes, clientes ou por metas desafiadoras. De qualquer forma é preciso desacelerar e buscar alternativas para uma vida saudável e equilibrada. Veja algumas ideias que você pode aplicar facilmente:

  • Utilize aplicativos a seu favor. Busque um app de meditação guiada que ajude você a se conectar consigo mesmo, nem que seja durante 10 ou 15 minutos por dia;
  • A correria faz a gente negligenciar nossa alimentação. Busque sempre manter uma dieta balanceada e saudável;
  • Crie um espaço relaxante para dormir à noite;
  • Faça atividades físicas regularmente, mesmo que durante 15 minutos por dia;
  • Psicoterapia é uma excelente ferramenta para aliviar um pouco da carga emocional e buscar soluções para as dúvidas do dia a dia;
  • Dedique-se a seus hobbies e nem por um momento sinta culpa por não estar sendo produtivo. Tá tudo bem!


5 de agosto de 2020 Todos

Pouco se fala sobre a morte em nossa cultura e pouco se sabe sobre ela. Afinal, como é morrer? O que há além da morte? Quando ou como irá acontecer? Essas perguntas, que seguem sem respostas, podem dar origem à angústia, preocupação e ansiedade, tornando comum o medo de morrer. É um medo instintivo, assim como todos os outros. Naturalmente buscamos evitar a morte e fazemos o possível para que isso não aconteça. A única certeza, no entanto, é de que a morte acontecerá. É inevitável. E é justamente por isso que fazer as pazes com esse medo é importante para encararmos com naturalidade o processo da morte, tanto a nossa como a de outros.

 

O que é o medo

Na época em que o homem vivia em cavernas e precisava caçar para se alimentar, o sentimento de medo era o que garantia sua sobrevivência. Imagine que, em suas caminhadas pelas florestas, ele notasse um arbusto que se mexia. Ali atrás poderia estar um coelho que seria seu almoço ou uma onça que faria dele sua refeição. O medo era um gatilho que gerava uma reação instintiva de atacar ou defender. Herdamos esse instinto. O medo é, então, importante por acender um alerta capaz de gerar proteção a uma potencial ameaça, que pode ser real – como a onça atrás do arbusto – ou pode ser consequência de uma experiência vivida anteriormente – como o medo de dirigir por ter se envolvido em um acidente durante a infância. Nesse caso, o acompanhamento de um profissional da saúde mental é bem-vindo para neutralizar o trauma adquirido pela vivência. O medo pode, ainda, estar presente apenas na nossa mente, como acontece com grande parte deles. Isso porque muitos dos medos são criações inconscientes para evitar situações que podem nos expor ao julgamento, à rejeição, ao fracasso e a tantos outros desconfortos que não queremos vivenciar.

Esse último tipo de medo, que possui uma raiz mais profunda e muitas vezes inconsciente, é um sentimento que está sempre projetado no futuro, pois é fruto de algo que desejamos impedir, causando sofrimento por algo que não está enraizado na realidade, mas dentro de nós mesmos. Vamos tomar como exemplo o medo de falar em público, um dos mais comuns na população, que pode estar atrelado ao medo de não ser aceito pelos ouvintes e não atender suas expectativas, gerando críticas. O medo de se relacionar amorosamente pode ser, na verdade, reflexo do medo de ser abandonado. O grande problema é que medos como esses tendem a ser obstáculos para uma vida realmente plena e uma série de oportunidades podem ser perdidas se não soubermos lidar com eles de maneira producente, além de gerarem uma série de sentimentos que colocam em xeque o nosso bem-estar. Com o medo da morte acontece a mesma coisa. Vamos conferir quais são as possíveis raízes por trás desse medo?

 

Encontrando a raiz do medo da morte

O desconhecido pode ser aterrorizante, eu sei. Esse é um dos principais fatores que tornam a ideia da morte tão assustadora, mas não é o único. De onde vem o seu medo? Já parou para pensar sobre isso? Essa reflexão é bem-vinda pois todo medo só pode ser superado aprofundando-se nos gatilhos que geram a sensação de ameaça.

É comum que pais e mães temam a morte por se preocuparem com seus filhos. É o seu caso? Muitos dizem que passam a adotar atitudes mais prudentes após se tornarem pais, pois o medo, na realidade, é de que deixem seus filhos sem provento ou proteção. Isso acontece sobretudo quando a criança ainda está na infância, mas pode perdurar por toda sua vida. Dessa forma, o filho passaria a viver sozinho no mundo sem alguém que o ame na mesma proporção que a mãe ou o pai. Esse sentimento pode se manifestar também em um medo de adoecer e deixar os filhos sem cuidado, mesmo que por um tempo. Há variações: o filho que tem medo de morrer e causar sofrimento aos pais, ou a esposa que teme a morte para não deixar o marido sozinho ou vice-versa. De qualquer forma, o medo é infligir luto e tristeza ao outro.

Há também o medo de não viver uma vida realmente satisfatória ou de chegar ao leito de morte sem ter deixado um legado. O medo, nesse caso, é da vida. É de não ter a oportunidade de viver bem, de não ter conquistado ou aproveitado o suficiente.

Muitos dizem que não temem a morte em si, mas a morte trágica ou a morte dolorosa. É o que acontece com você? O medo aí está mais atrelado à dor e ao sofrimento físico e emocional. Essa possivelmente seja uma variedade de medo que aflige a todos, pois é também natural que evitemos passar por experiências dolorosas. É isso que motiva muitas pessoas a acordar 6h da manhã para ir à academia e correr em uma esteira. Ou a se colocar nu frente a um médico para um exame constrangedor. Queremos viver com qualidade, saúde e energia e torcemos sempre para que a nossa experiência de morte seja tranquila e em paz. Muitas vezes, apenas o pensamento de uma morte terrível já é suficiente para provocar ansiedade ou angústia. É o seu caso?

Culturalmente não temos o hábito de tratar sobre a morte. Quando alguém traz esse assunto à tona é comum que seja interrompido. A própria palavra “morte” já é vista como sombria e tenebrosa, mas seja qual for a fonte do medo, é importante relembrar que a morte faz parte do processo de viver. É a conclusão de todos os nossos projetos humanos e o encerramento de todas as nossas relações. Pode parecer difícil encarar essa finitude, eu sei. Eu entendo. No entanto, essa é a realidade e, mais cedo ou mais tarde, todos teremos de enfrentá-la, o que torna esse diálogo ainda mais necessário.

 

Como superar o medo da morte

Eu entendo o medo de deixar um filho, afinal também sou mãe. E por mais que a morte seja um tabu, é importante tratar do assunto com as crianças. Engana-se quem pensa que elas não sabem absolutamente nada sobre o assunto, pois a morte é retratada em filmes, livros e desenhos, muitas vezes de forma simbólica e muitas vezes explicitamente, como em O Rei Leão, Up – Altas Aventuras ou Viva – A Vida é uma Festa.

Muitos imaginam que a coragem é o oposto do medo, mas na realidade é a fé. E assim como é necessário falar sobre a morte, é também necessário nutrir a crença de que tudo ocorrerá bem. Veja, por mais que busquemos agir sempre com cuidado e prudência, nem tudo está sob nosso controle. Se evitamos voar de avião por medo de acontecer um acidente, o medo nos faz fugir e faz com que deixemos de aproveitar uma viagem. Se tivermos a crença de que tudo ocorrerá bem no voo, nós encaramos. E é essa fé que devemos nutrir para podermos lidar com o medo de maneira saudável. Fé de que iremos e voltaremos em segurança do trabalho, de que não seremos vítima de violência na rua e de que, no fim do dia, estaremos mais uma vez ao lado daqueles que amamos, seja um filho, uma mãe, um pai, ou um parceiro amoroso.

Entendo também o medo de não viver uma vida plenamente satisfatória. Estamos a todo o tempo em contato com conteúdos que podem nos trazer a sensação de que estamos perdendo o melhor da vida, seja por meio de mídias sociais, filmes e outros formatos que nos expõem a uma vida glamurosa e repleta de experiências que parecem não fazer parte da nossa realidade. É preciso tomar o controle de nossa própria vida e fazer escolhas conscientes que nos permitam viver o melhor agora ao invés de se preocupar com o futuro de uma trajetória que pode levar décadas para se concretizar. Esteja consciente da sua finitude, mas viva o momento presente de maneira que suas ações tenham um significado pessoal para você. Cerque-se de pessoas que tornem sua vida mais colorida. Estipule objetivos que sejam importantes para você. Se seu sonho é conhecer alguma ilha na província da Indonésia, planeje-se para isso. Se seu sonho é abrir uma empresa, estude para isso. Trace metas realistas e entre em ação para que você esteja a cada dia mais próximo dessas conquistas. E então, quando se aproximar o momento da sua morte, você terá a plena certeza de que viveu exatamente da maneira como você queria.

Ninguém sabe o que acontece após a morte, e possivelmente ninguém jamais saberá, mesmo assim é possível aliviar o peso da possibilidade de morte – seja a sua própria ou a de terceiros – por meio de suas crenças pessoais ou sua espiritualidade. Mesmo que você não acredite em vida espiritual ou em vida após a morte e ache que ela seja o ponto final de qualquer ciclo, essa também é uma crença. Ao chegar no fim da vida, lembre-se de que você terá cumprido seu propósito por aqui. Você, sem dúvida alguma, terá impactado pelo menos uma vida e feito a diferença na trajetória de alguém. Você será lembrado. E isso é suficiente para ter vivido com significado.

Bronnie Ware é uma enfermeira da Austrália que acompanha pacientes que estão nas últimas semanas de suas vidas. Ela se tornou conhecida por registrar conversas com essas pessoas em seus leitos de morte e elencou alguns dos principais arrependimentos no livro Antes de Partir. Um dos mais comuns era justamente o desejo de ter aproveitado a vida do jeito que almejavam e não da maneira como os outros queriam. Então não espere para se arrepender disso quando já não houver mais tempo. Viva o hoje, viva da maneira que você deseja e como te faz feliz. Esteja presente na vida das pessoas que você ama e diga como se sente em relação a elas. Quando for o momento de se despedir da sua vida, você não levará consigo esse tipo de sentimento. E então, seguramente, você chegará lá com um único pesar: o de não poder retornar para viver sua boa vida toda novamente, mas com a certeza de que você viveu e valorizou cada instante.



14 de junho de 2020 AnsiedadeTodos
A cefaleia crônica é considerada uma comorbidade associada ao transtorno de ansiedade generalizada, uma doença psiquiátrica conhecida pela sigla TAG. Isso quer dizer que a dor de cabeça frequente no organismo de quem é ansioso pode ser decorrente do próprio desequilíbrio bioquímico que a ansiedade provoca no cérebro. Essa constatação foi observada a partir de estudos realizados nas áreas de Psiquiatria e Neurologia. Assim, a pessoa com esse tipo de transtorno costuma ter crises de dor de cabeça por vários dias durante um mês sem entender muito bem o que a provocou. Além de afetar bastante a disposição e o humor, a cefaleia crônica faz com que o paciente tenha que tomar cada vez mais medicamentos para dor sem que ele faça o efeito desejado. Continue a leitura deste artigo para saber mais sobre o assunto!

Por que o ansioso tem muita dor de cabeça?

Ainda não existe um consenso sobre as causas da ansiedade. Há teorias que apontam para quatro fatores desencadeadores: o ambiental, o genético, o físico e o decorrente de evento traumático. Independentemente do que ocasiona esse tipo de transtorno psiquiátrico, é fato que nele há um desequilíbrio nos estímulos elétricos do cérebro. Esse quadro provoca um desajuste na recepção de elementos químicos que determinam nossos estados emocionais. Com esse desequilíbrio químico, a resistência à dor fica mais fraca. Sendo assim, quando o gatilho da emoção ansiosa provoca uma tensão cerebral que desencadeia a cefaleia, o organismo passa a ser mais suscetível a frequentes crises de dor de cabeça no dia a dia. Isso acontece porque a pessoa com TAG está constantemente nervosa, angustiada, com medo, agitada ou chateada com algo. Por isso, o tratamento para a cefaleia decorrente do transtorno de ansiedade não deve envolver só medicamentos para a dor, é preciso controlar os gatilhos das crises, aquilo que provoca os estados ansiosos.

Como lidar com a cefaleia crônica decorrente da TAG?

As crises de dor de cabeça em quem sofre de ansiedade costumam diminuir muito quando se observa a raiz do problema. O medicamento pode aliviar momentaneamente. No entanto, cuidar do que desencadeia a ansiedade é o ponto-chave. Por isso, é importante observar a situação que deixa o paciente com os sintomas de TAG. Por exemplo, se o que está trazendo estresse e angústia é uma frustração no trabalho, é indicado trabalhar esse ponto, buscando formas de superar essa dificuldade. O uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos também pode ser necessário. No entanto, a recomendação geral da maioria dos médicos que tratam o problema é que o paciente adote uma rotina de hábitos saudáveis, que incluem a retirada de alguns alimentos que estão associados a dor de cabeça (café e pimenta, p.ex.), exercícios aeróbicos e sessões de psicoterapia. Um grande segredo para driblar a cefaleia crônica decorrente da TAG é e construir habilidades de regulação emocional. Além disso, é importante se exercitar com frequência, ter momentos de relaxamento e lazer e adotar um olhar positivo em relação à vida. Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como e como posso dar dicas para melhora do seu sofrimento lá no Blog #apsiquiatra.


8 de junho de 2020 Todos

Instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas são alguns dos sintomas do transtorno de personalidade borderline. A prevalência média do distúrbio psíquico na população é estimada em 1,6% a 5,9%, sendo diagnosticado principalmente em pessoas do sexo feminino.

Pacientes com este tipo de transtorno vivem uma montanha-russa emocional e tem dificuldade em controlar impulsos. Além disso, não toleram estar sozinhos e fazem esforços frenéticos para evitar o abandono, o que torna as relações pessoais desgastantes.

Reconhecido com o um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio.

O termo foi usado pela primeira vez em 1884 e passou por diversos conceitos ao longo dos anos. Originalmente, designava um grupo de pacientes que vivia no limite da sanidade, ou seja, na fronteira (borderline, em inglês) entre a neurose e a psicose. Foi só na década de 1980 que o diagnóstico da doença se tornou mais preciso.

Causas do transtorno de personalidade borderline

As causas e fatores envolvidos no surgimento desse transtorno são variados e abrangem desde a predisposição genética até experiências emocionais precoces e fatores ambientais.

  • Fatores genéticos: é cinco vezes mais frequente em parentes biológicos de primeiro grau de pessoas com o transtorno do que na população em geral. É relevante a presença de pais com o problema, podendo ser um ou ambos, na história clínica desses pacientes.
  • Instabilidade familiar: impacto do ambiente familiar no desenvolvimento da criança pode ser um fator causal importante. Cerca de 80% dos pacientes veem o casamento dos pais como muito conflituoso. Muitos passaram por negligência e abusos físicos e sexuais dentro da família.

O distúrbio pode ser também a consequência de uma educação muito autoritária, na qual pais rígidos sempre impõe seus desejos, e a criança sempre se submete, desenvolvendo dúvidas sobre a própria capacidade e vergonha pelos fracassos.

Como o distúrbio afeta a vida do paciente e das pessoas próximas?

Pessoas com esse transtorno são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer momento. Elas apresentam alterações súbitas e expressivas de humor e as relações interpessoais são intensas e instáveis, sendo muito difícil o convívio próximo com elas.

A situação é complicada para as pessoas próximas, porque uma só palavra mal colocada, pode levar do amor ao ódio em instantes. Além disso, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração pode levar o paciente a um acesso de raiva.

Além de medo de situações de abandono e perda, o paciente com transtorno de personalidade borderline também não sabe lidar com o êxito. É comum que eles abandonem ou destruam alvos e metas justamente quando a perspectiva de consegui-las é real e próxima.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



20 de maio de 2020 DepressãoTodos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e uma das doenças mais incapacitante do mundo. Hoje, ela já atinge milhões de pessoas ao redor do mundo inteiro. Em busca de soluções para tratar e diminuir a incidência do transtorno, estudos têm mostrado que, além dos tratamento usuais, como utilização de medicamentos e psicoterapia, a prática de atividade física tem sido eficaz para combater e prevenir a enfermidade.

Uma pesquisa da Universidade do Texas apontou que realizar atividade aeróbica ou treinos de resistência pode servir como remédio no tratamento da tristeza, cansaço, desânimo e melhorar a auto-estima de quem pratica.

O exercício físico constante e moderado tem efeitos benéficos na saúde em geral e, ao nível psicológico, pode reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima e autoconfiança, melhorar a cognição e diminuir o estresse.

Além disso, a atividade física pode proporcionar melhor qualidade de vida, maior controle sobre o corpo, melhora da capacidade respiratória, aumento de estímulos ao sistema nervoso central, com melhoria da memória recente e de funções motoras, além do aumento das interações sociais, proporcionada pelo convívio com outras pessoas.

Por que a atividade física ajuda no tratamento da depressão?

Durante a realização de exercícios físicos, o organismo libera dois hormônios essenciais para auxiliar no tratamento da depressão: a endorfina e a dopamina. Ambos têm influência sobre o humor e emoções.

Estudos apontam que a prática de exercícios físicos aeróbios de 20 a 40 minutos com frequência cardíaca entre 120 a 140 batimentos por minuto, duas vezes por semana tem a capacidade de liberar ainda outro hormônio B-endorfina.

Ele propicia um efeito tranquilizante e analgésico maior que a endorfina. Assim, a pessoa consegue beneficiar-se de um efeito relaxante e manter-se em um melhor estado psicossocial.

Aliado importante no tratamento da depressão

Exercícios ao ar livre, por exemplo, são muito benéficos, pois há maior sensação de aumento de energia e motivação, juntamente com diminuição da tensão, raiva e confusão mental. É comprovado que os praticantes de atividades ao ar livre têm maior prazer em repetir as atividades no dia seguinte.

Além disso, estudos retratam que o ganho de massa muscular ao realizar a atividade física leva ao aumento da proteína responsável pela transformação do estresse em bem-estar, sabe aquela sensação do “Done”.

Dessa forma, a atividade física, aliada à psicoterapia e ao tratamento farmacológico, é um instrumento importante, não somente como papel de reabilitação ou ocupacional, mas também terapêutico.

Tipos de exercícios físicos para praticar

Além de  treinos de resistência, como levantamento de peso e treino de força , há evidências científicas que apontam outras modalidades de atividades físicas capazes de melhorar os sintomas da depressão. São elas: ioga, exercícios aeróbicos e treinamento cardiovascular – qualquer exercício físico que aumenta a frequência cardíaca, como por exemplo, corrida, ciclismo e natação.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça algumas dicas para prevenção e promoção de saúde e bem estar neste link do Blog #apsiquiatra.



A musicoterapia consiste no ato de usar sons, melodias e instrumentos como ferramentas de tratamento. Os primeiros estudos científicos sobre a eficácia da musicoterapia ocorreram no estado de Michigan, nos Estados Unidos da América, no ano de 1944. Poucos anos depois, em 1950, foi criada a Associação Nacional para Musicoterapia, nesse mesmo país. 

Em 1968, na Argentina, realizou-se a Primeira Jornada Latino-Americana de Musicoterapia. No contexto da saúde mental brasileira, pode-se ressaltar a utilização do Modelo Psicanalítico de Musicoterapia por Mary Priestley, criado na década de 1970, o qual associava momentos de música e de reflexão. 

Apesar de já ser realizada há muito tempo e de ser reconhecida internacionalmente, a musicoterapia ainda é pouco conhecida e pouco difundida nos meios de comunicação. Com o propósito específico de auxiliar nos transtornos mentais, este texto explica mais profundamente como essa modalidade pode ser usada.

Como a musicoterapia atua na saúde mental?

Por meio da interação entre o músico terapeuta e os pacientes, há estímulo de circuitos neuronais em que os medicamentos não conseguem atuar de forma plena.

Com isso, várias sinapses são ativadas, gerando respostas tanto psíquicas quanto motoras, ocasionando melhora dos padrões comportamentais e de movimento. 

Como a musicoterapia auxilia nos diversos tipos de transtornos mentais? 

O estresse, as cobranças e o estilo de vida modernos estão gerando pessoas cada vez mais ansiosas e depressivas. Em 2020, haverá mais pessoas com transtorno depressivo do que com pressão alta. Com o intuito de ajudar quem sofre de transtornos mentais, a musicoterapia pode atuar de modo a acalmar e a conectar as pessoas ao momento presente, esquecendo as preocupações tão intensas. 

Indivíduos com transtorno de humor grave, bipolaridade, esquizofrenia, por exemplo, sofrem muito preconceito, sendo taxados de loucos e incapazes. Eles devem ter tratamento em serviços de atenção específica, como CAPS (centro de atenção psicossocial), a fim de que haja união entre o tratamento farmacológico e os demais.

As oficinas terapêuticas são ferramentas de ajuda para esses indivíduos. São utilizadas diversas maneiras para reintegrá-los à esfera social. Existem, por exemplo, oficinas de plantação, em que é ensinado como plantar hortaliças e como vendê-las nas feiras locais. Assim, desvincula-se o indivíduo do conceito de louco, como aquele que não consegue realizar algum trabalho. Ao mesmo tempo, o insere no meio social próximo.

De modo semelhante, a oficina terapêutica pode usar a música como ferramenta de tratamento. Ao se ensaiar uma apresentação musical e apresentá-la para diversas pessoas, como cantatas de datas comemorativas, por exemplo, os indivíduos deixam de ocupar a típica posição de exclusão e passam a ser protagonistas da vida.

A dependência de substâncias psicoativas também é um transtorno mental que atrapalha a vida de diversas famílias. Ao buscar a droga, geralmente, a pessoa procura uma sensação de bem-estar e de prazer. A música age em terminações neuronais semelhantes às que essas substâncias agem, como ocitocina, por exemplo.

Assim, ao cantar ou ouvir uma música, o indivíduo experimenta boas lembranças e sensações agradáveis. Com o passar do tempo, o dependente químico pode associar que outras coisas na vida geram bem-estar, como a música, um alimento saboroso, a família etc.. Com isso, ele deixa em segundo plano a droga, uma vez que os prejuízos relacionados a ela são bem maiores do que o prazer momentâneo gerado. 

Música: vamos utilizá-la?

O som está presente na vida da humanidade desde os primórdios da história. É por meio do som que conseguimos nos comunicar. A música não precisa de técnicas avançadas, como nas demais artes. Pelo contrário. É necessário apenas espontaneidade e movimento. A partir da acústica, o ser humano é capaz de criar. Criar significados, sentimentos, territórios. 

Dito isso, percebe-se que a musicoterapia se torna um momento de expressão de sentimentos e de gestos. Ela se torna parte fundamental para o tratamento em saúde mental, auxiliando os medicamentos. Para maiores informações, consulte um médico especialista. Ele poderá ajudá-lo de forma individualizada. 


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