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Ansiedade e obesidade: há relação entre essas doenças?

Ansiedade e obesidade: há relação entre essas doenças?

15 de abril de 2020 by

Sim, ansiedade e obesidade tem relação e o motivo não é somente o aumento de consumo de alimentos calóricos e gordurosos.

A explicação está também na liberação de dois hormônios no corpo, um responsável pelo estresse, chamado de cortisol, liberado no sistema suprarrenal, e outro responsável pela sensação de bem-estar, chamado de serotonina, produzida no intestino.

Ainda há motivos relacionados ao comportamento dos indivíduos ansiosos, que passam a adotar um ritmo acelerado de vida, sem tempo para se alimentar saudavelmente e para realizar atividades físicas.

Estresse

A ansiedade provoca alteração na produção do hormônio cortisol. Em situação estresse, tensão e medo, que uma pessoa ansiosa passa a todo instante, esse hormônio é liberado no corpo.

O cortisol tem como efeito estimular a produção de gordura no organismo. Isso acontece porque, em situações de estresse, o corpo tende a produzir mais reservas de energia na forma de gordura para que o organismo tenha uma boa reserva calórica que possa ser utilizada em casos de crise alimentar ou momentos de luta.

Com o organismo liberando desesperadamente esse hormônio, ocorre o acúmulo de gordura no corpo, principalmente na região da barriga.

Compulsão alimentar na ansiedade

Além do fator biológico, o indivíduo ansioso acaba cometendo excessos alimentares como busca inconsciente para amenizar sensações desagradáveis, como estresse, solidão, cansaço, tristeza e raiva, gerando a compulsão alimentar, que pode levar ao quadro de sobrepeso e até obesidade.

Há o aumento no consumo especialmente de doces, pães, massas e outros alimentos fontes de carboidratos simples e açúcar. Isso causa naturalmente um grande aumento no consumo de calorias, levando ao ganho de peso e dificuldade para emagrecer.

Esses momentos de compulsão acontecem porque alimentos doces ou ricos em carboidratos estimulam a produção de serotonina, hormônio que gera a sensação de bem-estar no organismo, fazendo com que ela obtenha um prazer momentâneo ao comer.

Essa situação pode causar um sentimento de culpa muito grande depois que as pessoas comem desesperadamente. O que acontece é que elas comem para se livrar da sensação desagradável, mas acabam se sentindo culpadas por terem comido demais, gerando ainda mais ansiedade. Aí então elas comem novamente para obter a sensação de prazer – isso faz com que entrem em um círculo vicioso.

Apatia e aceleração

Outros dois comportamentos também afetam os indivíduos que sofrem com a ansiedade.

Muitos experimentam uma sensação de apatia, de modo que não possuem vontade de realizar nenhuma atividade, incluindo exercícios físicos. Com isso, tendem a se exercitar menos, acumulando mais energia e, portanto, engordando.

Além disso, pessoas ansiosas se tornam frequentemente aceleradas, uma vez que as preocupações futuras as impedem de prestar atenção ao momento presente. Isso fica claro nas refeições, feitas com muita pressa e rápido demais. Assim, ela acaba comendo mais do que deveria, o que leva ao aumento de peso.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!

 

Nota: A obesidade é considerada “doença” sobretudo quando relacionada à síndrome plurimetabólica. Existem métricas para a definição dela e que entendo que em pleno século 21, felizmente, já reconhecemos a Gordofobia como uma questão sócio-emocional grave. Não tenho nenhuma intenção de parecer gordofóbica, pelo contrário, sobretudo porque sou obesa desde a infância e fui vítima várias vezes disso, inclusive em momentos em que só era uma mulher “grande” (sou bem alta e nunca vou vestir 38-40). Este texto foi escrito para quem carrega consigo uma grande ansiedade e sofrimento relacionados à obesidade



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