Quando o indivíduo reclama da quantidade ou da qualidade do sono e tem dificuldade de começar a dormir; tem grande esforço para manter o sono, acordando várias vezes; ou acorda muito antes do horário desejado, diz-se que ele tem insônia. Ela pode ser transitória, com alguns poucos episódios, ou persistente. No último caso, ela pode ser um dos fatores do desenvolvimento de depressão no indivíduo insone.
Por si só, a insônia pode ser uma condição patológica (doença). Contudo, mais comumente, ela se caracteriza como sintoma de outra patologia de base, como síndrome de apneia obstrutiva do sono, depressão, ansiedade, Jet lag após viagem ao exterior, dentre outras.
De acordo com um estudo da consultoria Gallup, nos Estados Unidos, cerca de 45% da população adulta desenvolve episódios de insônia grave ao longo de 1 ano. No entanto, desses, a maioria resolve os sintomas espontaneamente ou com tratamento.
Ainda assim, 9% se mantêm com insônia crônica, gerando grande comorbidade na vida e nas atividades de rotina. No grupo dos indivíduos com insônia crônica, é extremamente comum a automedicação com fármacos sem prescrição, álcool ou ambos, o que piora ainda mais a condição de falta de sono.
Insônia e depressão estão fortemente interligadas. A privação de sono pode gerar sintomas depressivos e até ideação suicida, bem como ser fator de risco para episódios depressivos recorrentes. Em contrapartida, a depressão pode causar insônia, principalmente aquela em que a pessoa acorda antes do horário habitual.
Sintomas gerais da depressão
De modo geral, os episódios depressivos são caracterizados por tristeza profunda, perda de interesse por atividades diárias e de prazer, ausência de sensação de bem-estar. Em associação, podem ser incidentes:
- angústia profunda;
- abuso de álcool e outras drogas;
- dificuldade de concentração e de raciocínio;
- insônia;
- alteração do apetite;
- diminuição do interesse sexual;
- dor física;
- tentativa de autoextermínio.
Alteração do sono na depressão
Há diversos mecanismos fisiológicos para a indução e manutenção de um sono tranquilo. Por exemplo, pode-se citar o cortisol e a melatonina que são liberados no momento correto para que haja o ciclo sono-vigília, isto é, momento correto em que a pessoa deve dormir e despertar. Nos indivíduos com depressão, é comum que esses mecanismos estejam deficientes. Com isso, a indução do sono pode ocorrer depois do horário biológico. Assim, a pessoa dorme mais tarde e acorda mais cedo.
O sono comum é subdividido em sono REM e sono não REM. Na fase REM ocorre o início da indução do sono e deve ter uma duração mais curta. Na depressão, contudo, ela se prolonga, acarretando despertares noturnos constantes. Por sua vez, o sono não REM é aquele que realmente descansa a pessoa, mas, nos depressivos, ele está alterado. Com isso, a pessoa dorme, porém, permanece cansada e fadigada. É extremamente comum a ocorrência de pesadelos e sonhos muito vívidos em pessoas depressivas, fato que também contribui para a perda de sono à noite.
Insônia e depressão
Pode não parecer, mas o processo de dormir é complexo, envolvendo fatores biológicos e comportamentais. Qualquer desequilíbrio entre esses fatores pode desencadear tanto a insônia quanto a depressão. Por isso, essas duas patologias estão interligadas. Desse modo, tanto a insônia pode gerar ou piorar os sintomas depressivos, quanto ela própria pode ser a evidência de que a pessoa está com depressão.
Para que você possa ter uma avaliação correta e um diagnóstico bem feito, é fundamental procurar um médico especialista. Não deixe que a insônia e as noites mal dormidas te atrapalhem ou sejam âncoras de doenças, como a depressão.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!