A adolescência é aquela fase da vida bastante conhecida por ser uma época em que a cabeça do jovem está cheia de dúvidas e questionamentos sobre sua vida. Muitas vezes o jovem se perde entre a confusão e ansiedade comuns na transição da infância para a vida adulta, quando a pressão para se ajustar aos padrões e sexualidade estão à flor da pele. E quando ele não vê uma saída para isso, acaba de afogando em um mar de angústia que pode levar a comportamentos destrutivos, como o suicídio. Isso mesmo, parece difícil falar sobre isso, mas é importante debater essa questão.
Dados da última pesquisa sobre o assunto realizada pelo Ministério da Saúde, entre 2018 e 2021, revelam que o índice de suicídios nesse período cresceu 12% no país. Sendo essa a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no Brasil.
Mas afinal, por que nossos jovens se suicidam?
A maioria dos adultos pouco se lembra da adolescência e acabam dando pouca importância para o que os filhos estão passando. Mas é importante lembrar que, o que pode ser visto como nós como algo meio bobo pode levar um jovem a buscar um escape trágico. Abaixo estão listadas algumas das condições relacionadas ao suicídio entre jovens:
- Distúrbio psicológico como depressão ou transtorno bipolar;
- Uso de drogas;
- Sentimento de angústia e desesperança;
- Abuso físico ou psicológico;
- Falta de percepção (real ou imaginaria) de apoio ou suporte familiar;
- Baixa tolerância a frustrações, em muitos casos por não ter sido ensinado a lidar com elas.
- Questionamentos, culpa ou inadequação no desenvolvimento da sexualidade;
- Homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual sentido como inapropriada;
- Casos de suicídio na família.
Saiba identificar os sinais associados ao suicídio na adolescência
A grande maioria das tentativas de suicídios entre os 14 e 15 anos vem de um quadro de depressão. E mesmo que esses sinais não sejam tão aparentes, é importante que os pais estejam atentos às vidas e comportamentos de seus filhos. Alguns sinais de que algo está errado são:
- Isolamento da família e amigos;
- Falta de interesse na vida;
- Alterações de comportamento;
- Baixa autoestima;
- Dificuldades para dormir;
- Mudanças de peso/alimentação;
- Dificuldade de concentração;
- Sentimentos de angústia, desesperança;
- Falar sempre em morte ou em “sumir/fugir”
Como ajudar e prevenir um suicídio?
É importante deixar claro que a depressão não é “mimimi”, e que deprimidos também riem, conversam… A ideia de que a pessoa é fraca, sem fé, sem motivos para ter depressão também é um tabu. E por esse estigma, muitos depressivos sofrem sozinhos até que, um dia, essa dor parece ser tão insuportável que o jovem busca o suicídio como válvula de escape.
Por isso, é preciso sempre estar atento, por exemplo, ao conteúdo que nossos filhos postam nas redes sociais. Mensagens muito negativas ou agressivas podem ser um sinal de que algo não anda nada bem.
Apoio e diálogo são fundamentais na prevenção do suicídio
É essencial que o adolescente não se sinta sozinho nesse momento, e que saiba que tem alguém com quem pode contar e que possa escutá-lo de forma atenta e sem juízos de valor. Por isso, deixe claro interesse na vida dele, demonstrando sempre que para todo tipo de problema existe uma solução e que o suicídio não é uma delas.
Se você não se sentir confortável para conversar sobre isso, indique um amigo ou parente com o qual o adolescente se sinta mais confortável para se abrir.
Não ignore seu filho
Ao menor sinal de que algo pode não estar indo bem com nossos filhos, devemos também buscar ajuda profissional. A terapia familiar e também individual é um dos meios mais eficazes de fazer com que essa tristeza aguda na vida do adolescente acabe de uma vez.
Um terapeuta ou psiquiatra sabe como lidar com isso da melhor forma possível. E mesmo que seu filho não queira ir a uma consulta ou diga que está tudo bem, tenha em mente que pensamentos suicidas vão e vem e que, com a ajuda profissional, a probabilidade disso acontecer é muito menor.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!