transtornos sexuais / Dra Aline Rangel

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A dor na hora da relação sexual — causada muitas vezes por medo e estresse excessivos — é um problema que tem nome e afeta de 3% a 5% da população feminina. Os transtornos sexuais femininos ocorrem quando a mulher não consegue responder de forma satisfatória a um dos ciclos da relação sexual, o que a impede de sentir prazer durante o ato.

Sintomas da excitação sexual feminina

O ciclo de resposta sexual da mulher é dividido em 4 fases: excitação, platô, orgasmo e resolução. A excitação é caracterizado pelo despertar do desejo, pela vontade de realizar o ato. Nesse momento, o corpo responde com alguns sinais, como início da lubrificação, aumento dos batimentos cardíacos, aumento dos seios e aumento da tensão muscular. Um pouco antes de chegar ao orgasmo, a mulher passa pela fase do platô, quando há um aumento das características da excitação. Em seguida, a mulher chega ao orgasmo e depois à resolução, a fase de recuperação do corpo, que normalmente é mais rápida nas mulheres que nos homens.

Se em um desses momentos a mulher sente dor, incômodo ou insatisfação, o prazer sexual não é alcançado. Existem vários tipos de transtornos sexuais, eles variam de acordo com os sintomas e alguns podem causar dor.

aAgende sua consulta com a Dr. Aline Rangel psiquiatra e sexóloga.

Transtornos sexuais que causam dor

Existem 3 tipos de transtornos sexuais femininos que podem causar dor: a dispareunia, o vaginismo e a fobia ou aversão sexual.

1# Dispareunia

Caracteriza-se essencialmente pela dor genital, manifestada durante ou após o ato sexual. Algumas causas da dor e da contração involuntária da vagina, que impede a penetração, diminuição da lubrificação vaginal, endometriose, infecções ginecológicas ou o fato de ser a primeira relação, em que há rompimento do hímen. Essa disfunção pode acontecer em qualquer fase da vida, causando sofrimento e dificuldade no relacionamento sexual e até afetivo.

2# Vaginismo

É caracterizado pela contração involuntária dos músculos (espasmo) ao redor do orifício da vagina, causando dor, dificuldade e até impossibilidade de manter relação sexual. Não apresenta uma causa física. Mulheres que tiveram uma educação muito rígida e religiosa, em que a virgindade é muito valorizada, podem desenvolver o problema. Traumas e abusos também podem estar relacionados ao distúrbio.

3# Aversão sexual

Ocorre quando a mulher sente pânico e repulsa diante de relações sexuais ou que levem ao sexo.

Causas dos transtornos sexuais

As causas para os transtornos são multifatoriais e incluem componentes biopsicossociais (biológicos, psicológicos e sociais). Vivências, experiências e educação sexual influenciam no desenvolvimento desse quadro. Vítimas de violência sexual, por exemplo, têm grande propensão a ter disfunções sexuais ao longo da vida.

Mulheres em períodos como o pós-parto, a menopausa e o climatério podem ter maior desconforto ou outras queixas devido à oscilação hormonal. Vítimas de violência sexual ou com traumas relacionados à própria sexualidade também têm maiores chances de ter dificuldades para retomarem uma vida sexual saudável.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico do transtorno ligado ao sexo em geral envolve um questionário detalhado sobre sintomas, histórico médico, condições do relacionamento, experiências sexuais passadas e até mesmo sobre a autoestima e a história de vida da paciente.

O tratamento vai variar de acordo com o diagnóstico e o tipo de dor. Os medicamentos podem ser utilizados em casos de infecções e disfunções hormonais. Além disso, podem ser indicados terapia sexual, relaxamento da musculatura vaginal, fisioterapia pélvica, além de técnicas de respiração e inserção de dilatadores vaginais.

Os transtornos sexuais que causam dor podem afetar significativamente a qualidade de vida de uma mulher. É crucial abordá-los com sensibilidade, empatia e um entendimento abrangente de suas causas e opções de tratamento. Buscar ajuda profissional de saúde especializados em saúde sexual é essencial para diagnosticar e gerenciar esses transtornos de forma eficaz. Com o tratamento adequado e o apoio necessário, mulheres que apresentam essas queixas sexuais podem recuperar o seu bem-estar sexual e desfrutar da sua sexualidade em toda a sua plenitude.


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A ideia desse artigo é mergulhar no intrigante mundo do desejo sexual masculino, onde os estereótipos frequentemente retratam os homens como seres obcecados por sexo. De livros a filmes, a mídia tem perpetuado a ideia de que os homens estão exclusivamente focados no sexo, enquanto as mulheres são consumidas pelo romance. Mas essa representação é precisa? Vamos explorar os mitos e as verdades que cercam o desejo sexual masculino.

Estereótipos do desejo sexual masculino

Os homens pensam em sexo o dia todo?

Ao contrário da crença popular de que os homens pensam em sexo a cada sete segundos, um estudo* recente realizado na Universidade Estadual de Ohio revelou que os homens têm em média 19 pensamentos sobre sexo por dia, enquanto as mulheres têm em média 10. Além disso, o estudo sugeriu que os homens também pensam com frequência em comida e sono. Talvez os homens simplesmente se sintam mais à vontade para expressar seus pensamentos sobre sexo. Terri Fisher, autora principal do estudo, propôs que indivíduos que são abertos e à vontade com sua sexualidade têm mais probabilidade de pensar frequentemente em sexo.

O enigma do sexo casual: os homens são mais abertos?

Um estudo realizado em 2015** mostrou que os homens estavam mais dispostos do que as mulheres a se envolver em sexo casual,  transar com alguém desconhecido sem o compromisso de estabelecer com essa pessoa um relacionamento sério. No entanto, uma reviravolta intrigante surgiu no mesmo estudo quando as mulheres estavam em um ambiente mais seguro (um bar próximo à sua casa, p.ex.). O estudo demonstrou que a disposição das mulheres para se envolver numa relação sexual considerada casual, aumentou em uma situação mais segura, indicando que as normas sociais e os fatores culturais influenciam significativamente a busca de relacionamentos sexuais tanto para homens quanto para mulheres.

A conexão complexa: o desejo sexual, emoções e o cérebro

O desejo sexual, também conhecido como libido, não é quantificável, mas sim entendido em termos relativos. A libido masculina tem raízes em duas áreas cruciais do cérebro: o córtex cerebral e o sistema límbico. Essas regiões desempenham um papel fundamental no desejo e no desempenho sexual do homem, a ponto de a satisfação sexual poder ser alcançada apenas por meio de pensamentos ou sonhos. O córtex cerebral, responsável por funções superiores como planejamento e pensamento, influencia os pensamentos e a excitação sexual. Sinais originados dessa região interagem com outras partes do cérebro e nervos, acelerando a frequência cardíaca, o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais e iniciando o processo de ereção. O sistema límbico, que engloba várias partes do cérebro associadas à emoção, motivação e desejo sexual, também contribui para a resposta sexual de um indivíduo.

Testosterona

A testosterona é o hormônio mais intimamente associado ao desejo sexual masculino. Produzida principalmente nos testículos, a testosterona desempenha um papel crucial em diversas funções do corpo, incluindo:

  • Desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos
  • Crescimento de pelos no corpo
  • Massa óssea e desenvolvimento muscular
  • Aprofundamento da voz na puberdade
  • Produção de espermatozoides
  • Produção de glóbulos vermelhos

Níveis baixos de testosterona geralmente estão relacionados a uma baixa libido. Os níveis de testosterona tendem a ser mais altos pela manhã e mais baixos à noite. Ao longo da vida de um homem, seus níveis de testosterona estão no auge durante a adolescência tardia e, em seguida, começam a diminuir gradualmente.

Perda da libido no homem

O desejo sexual pode diminuir com a idade. Mas às vezes a perda de libido está associada a uma condição subjacente. Os seguintes fatores podem causar uma diminuição no desejo sexual:

  • Estresse ou depressão. Cérebro, emoções e libido estão relacionados de forma bastante complexa, como mencionado anteriormente.
  • Doenças metabólicas. Um doença endocrinológica, como o hipogonadismo, pode diminuir os hormônios sexuais masculinos.
  • Níveis baixos de testosterona. Certas condições médicas, como apneia do sono, podem causar níveis baixos de testosterona, o que pode afetar seu desejo sexual.
  • Medicações. Alguns medicamentos podem afetar a libido. Por exemplo, alguns antidepressivos, anti-histamínicos e até mesmo medicamentos para pressão arterial podem prejudicar as ereções.
  • Pressão alta. Danos ao sistema vascular podem afetar a capacidade de um homem de obter ou manter uma ereção.
  • Diabetes. Assim como a pressão alta, o diabetes pode danificar o sistema vascular de um homem e afetar sua capacidade de manter uma ereção.

 

Apenas você, homem, pode avaliar o que é normal para o seu desejo sexual. Se você estiver enfrentando alterações na libido, seja diminuição ou percepção de excesso, procure ajuda especializada. Às vezes, pode ser difícil falar com alguém sobre seus desejos sexuais, mas um profissional especializado pode ser capaz de ajudá-lo.


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Referências: *Spurgas, A. K. (2020). Diagnosing desire: Biopolitics and femininity into the twenty-first century. The Ohio State University Press. ** Baranowski AM, Hecht H. Gender Differences and Similarities in Receptivity to Sexual Invitations: Effects of Location and Risk Perception. Arch Sex Behav. 2015 Nov;44(8):2257-65. doi: 10.1007/s10508-015-0520-6. Epub 2015 Apr 1. PMID: 25828991.


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O transtorno de aversão sexual (TAS) caracteriza-se pela aversão a qualquer tipo de contato sexual, particularmente o contato genital. A ideia de um relacionamento sexual causa repulsa e desconforto. Contudo, a pessoa se sente culpada e envergonhada com a situação – o que diferencia o transtorno de aversão sexual de um quadro de assexualidade.

O transtorno de aversão sexual se desenvolve, em geral, em resposta a experiências sexuais negativas e mensagens negativas sobre sexualidade.O medo apresentado chega a tal ponto que as pessoas passam a deixar de frequentar ambientes sociais e até adotar uma forma de se vestir defensiva para evitar a intenção e a aproximação de outras pessoas.

A prevalência do TAS é desconhecida e difícil de estabelecer, pois indivíduos com este transtorno evitam encontros sexuais e relacionamentos íntimos, portanto, raramente procuram terapia de aversão sexual ou clínicas de terapia de casais. O TAS é relatado principalmente por mulheres. Homens com TAS têm mais probabilidade de evitar relacionamentos e, portanto, sofrem de ansiedade de desempenho sexual ou ansiedade orgásmica.

Embora não se saiba o que causa o desenvolvimento do TAS em algumas pessoas e não em outras, histórico familiar de transtorno de ansiedade e fobia é comum em pessoas com TAS. A vergonha em falar sobre este assunto pode prejudicar o tratamento. O primeiro passo para tratar o transtorno é reconhecer o problema e procurar ajuda de um psiquiatra.

Não confunda transtorno de aversão sexual com abstenção

Antes de prosseguirmos, é essencial que façamos uma distinção clara entre o transtorno e a abstenção. O transtorno é uma doença psicológica, que causa sofrimento à pessoa, que pode se sentir anormal, perdida e infeliz e fugir do constrangimento causado pelas interações sociais. Já a abstenção é um processo consciente em que a pessoa passa a redirecionar o prazer sexual para outras áreas da sua vida, como projetos profissionais, sociais, científicos ou de qualquer natureza. Pessoas com quadro de assexualidade não se incomodam com a falta de desejo sexual, encaram essa situação de forma natural e parte da vida.

Causas do transtorno de aversão sexual

Ainda existem poucos estudos sobre o transtorno de aversão sexual, o que dificulta o entendimento de um padrão de comportamento destes indivíduos. Entretanto, o que se sabe até agora é que esse processo pode ser desencadeado por experiências traumáticas em qualquer fase da vida. Condições de saúde e tratamentos médicos também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da aversão sexual. Algumas doenças, como vários tipos de câncer, causam mudanças físicas que afetam a função sexual e/ou imagem corporal de um indivíduo. Alguns medicamentos, como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), podem diminuir a resposta orgásmica, criando um ambiente e uma experiência sexual imprevisíveis e frustrantes. O distúrbio pode ser ocasionados por abuso sexual durante a infância ou adolescência ou ter origem em experiências familiares traumáticas, como exposição precoce à sexualidade e até mesmo o adultério de um dos membros da família. Casos de agressão sexual na vida adulta e exposição a crenças e sistemas morais repressivos também podem fazer com que o indivíduo enxergue o sexo de forma imoral e aversiva.

Transtorno Sexual ou Fobia

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais até sua 4a edição (DSM-IV-TR) (1)  descreveu anteriormente o transtorno de aversão sexual como “caracterizado por aversão extrema recorrente ou persistente e evitação de todo contato genital com um parceiro sexual que não seja atribuível a outro transtorno psiquiátrico”. O transtorno de aversão sexual foi posteriormente removido do DSM-5 (2) devido ao seu uso raro e à falta de pesquisas de apoio. Agora, ele é classificado como uma disfunção sexual. Ocorreram diversos debates sobre se a aversão sexual deveria ser classificado como uma fobia ou um transtorno sexual. Na Classificação Internacional de Doenças (CID 11) da Organização Mundial da Saúde, a Aversão Sexual permanece como um diagnóstico bem estabelecido dentre os transtornos sexuais (3).


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Referências: (1) American Psychiatric Association. (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-IV-TR). Artmed Editora. (2) American Psychiatric Association. (2022). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-5-TR). Artmed Editora. (3) Reed GM, Drescher J, Krueger RB, Atalla E, Cochran SD, First MB, Cohen-Kettenis PT, Arango-de Montis I, Parish SJ, Cottler S, Briken P, Saxena S. Disorders related to sexuality and gender identity in the ICD-11: revising the ICD-10 classification based on current scientific evidence, best clinical practices, and human rights considerations. World Psychiatry. 2016 Oct;15(3):205-221. doi: 10.1002/wps.20354. Erratum in: World Psychiatry. 2017 Jun;16(2):220. PMID: 27717275; PMCID: PMC5032510.


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Cerca de metade dos brasileiros não está satisfeita com vida a sexual. Grande parte da insatisfação na vida sexual se deve às dificuldades de ereção e a problemas para se atingir o orgasmo. Além disso, o chamado sexo rápido, a falta de autoconfiança, as relações negativas ou traumáticas no passado, as alterações hormonais e a baixa autoestima justificam o desinteresse sexual e podem impedir o prazer e a satisfação plena de homens e mulheres na intimidade.

Só para se ter ideia, somente 22% das mulheres alcançam o orgasmo no sexo e mais de 60% dos homens relatam dificuldade para obter e manter a ereção. Esses dados revelam o quanto a vida sexual pode ser frustrante e insatisfatória. A boa notícia é que os quadros de problemas no sexo podem ser revertidos com apoio psiquiátrico. Leia o texto e veja como um bom psiquiatra pode ajudar nesse sentido.

Psiquiatria para reverter a insatisfação na vida sexual

Ao contrário do que algumas pessoas imaginam, sexo não está relacionado exclusivamente ao corpo. A sexualidade está intimamente ligada, também, à mente. É por isso que a psiquiatria pode ser muito útil no tratamento da insatisfação na vida sexual, especialmente quando essa tem origens em disfunções sexuais.

Quais as principais reclamações sexuais ouvidas pelo psiquiatra?

O sexo ainda é um tabu para boa parte das pessoas, mas quem vence a timidez e o medo do constrangimento, consegue falar sobre a insatisfação na vida sexual e compartilhar os sentimentos com o psiquiatra. As principais reclamações dos pacientes dizem respeito a monotonia sexual, pouca frequência no sexo, ausência de preliminares, falta de desejo, ejaculação precoce, dificuldade de alcançar o orgasmo, casal sem sintonia, disfunção erétil e ao fato de se sentir pouco desejado.

Quais disfunções sexuais podem ser tratadas no consultório psiquiátrico?

Os psiquiatras são profissionais capacitados para tratar múltiplas disfunções sexuais que podem se correlacionar com a insatisfação no sexo. As disfunções são caracterizadas pelas alterações psicofisiológicas e pelas perturbações no desejo sexual, a ponto de provocarem dificuldade interpessoal e sofrimento acentuado. Dentre as principais disfunções, estão o transtorno de aversão sexual, o transtorno do desejo sexual hipoativo, o transtorno da excitação sexual, o transtorno orgásmico, a dispareunia, a ejaculação precoce, o vaginismo, o sadismo, o fetichismo, o exibicionismo e o masoquismo.

Por que procurar ajuda para resolver problemas sexuais?

A sexualidade é uma área extremamente importante para o ser humano e a relevância dela é legitimada pela Organização Mundial de Saúde, que afirma que o sexo é um dos pilares da qualidade de vida. O sexo traz benefícios como proteção cardiovascular, redução dos níveis de estresse, fortalecimento imunológico, além de ganhos emocionais, como menos sintomas depressivos e de ansiedade. Se você estiver insatisfeito na vida sexual, o ideal é buscar auxílio para solucionar os problemas, a fim de ser mais feliz e saudável em todos os sentidos.

Como reverter os quadros de insatisfação na vida sexual?

Esse é um problema multifatorial que pode ser causado por razões orgânicas, físicas, psíquicas ou mistas. Sendo assim, o tratamento depende da causa e, geralmente, demanda a intervenção de uma equipe multidisciplinar. Os métodos para reverter o problema podem combinar farmacologia, psicologia, fisioterapia e psiquiatria.

Para tratar a insatisfação na vida sexual, primeiramente, o psiquiatra vai ouvi-lo sem julgamentos ou preconceitos. Ele também está apto a tratar transtornos sexuais e esclarecer questões médicas, orgânicas e emocionais acerca das disfunções por meio de terapia sexual. Ao procurar um psiquiatra para auxiliá-lo, dê preferência a profissionais especializados em sexualidade humana.


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A sexualidade humana é um dos temas que mais provocam polêmicas quando o assunto é a saúde. Apesar de ser considerado tabu e, consequentemente, ter sua discussão evitada em diversos grupos, é um assunto que deve ser discutido pela importância que apresenta na vida das pessoas e na sociedade como um todo. Contribuindo com essa discussão, neste artigo iremos abordar uma temática bastante extensa e complexa, mas que vale muito a pena ser compreendida: os transtornos sexuais. Quando falamos neste tipo de desvio, estamos tratando de transtornos que se incluem em 3 grandes grupos, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, texto revisado (DSM5TR), 2022. São eles:

  • Disfunções sexuais;

  • Disforia de gênero;

  • Transtornos parafílicos.

Disfunções sexuais

As disfunções presentes no primeiro grupo dos transtornos são caracterizadas como uma perturbação clínica na capacidade ou de resposta sexual ou de experimentação do prazer sexual. A ajuda de um profissional é de extrema importância, pois é preciso determinar se a disfunção não é resultado de um estímulo sexual inadequado, evitando assim um tratamento desnecessário. Dentre os males deste grupo, temos:

  • Ejaculação retardada;
  • Transtorno do orgasmo feminino;
  • Transtorno erétil;
  • Ejaculação precoce;
  • Transtorno do interesse/ excitação sexual feminino;
  • Disfunção sexual induzida por substância/medicamento;
  • Transtorno da dor gênito-pélvica/ penetração;
  • Transtorno do desejo sexual masculino hipoativo;
  • Outras disfunções não especificadas.

Disforia de gênero

A disforia de gênero possui o subgrupo de transtornos mais amplamente discutidos atualmente, graças a conscientização sobre tais tipos de transtornos e das pessoas afetadas pelos mesmos. A disforia de gênero se divide em disforia de gênero em crianças, em adolescentes, em adultos, não especificada e especificada. Pessoas com este tipo de transtornos se identificam como transgêneros, isto é, como pessoas que, seja de forma transitória ou de forma permanente, se identificam com o gênero oposto ao de nascimento, ou como transsexuais, que são pessoas que passam por um processo de resignação social e sexual em termos de gênero.

Parafilias

Aqui temos os transtornos-tabu. As parafilias se caracterizam como um desejo sexual intenso e persistente, que não são voltados para carícias preliminares com parceiros humanos com características normais e maturidade ou que não incluem a estimulação genital. Os transtornos parafílicos incluem:

  • Voyeurismo (espiar pessoas em atividades privadas);
  • Exibicionismo (expor genitais em locais públicos ou para outras pessoas sem consentimento);
  • Frotteurismo (se esfregar em outras pessoas sem consentimento);
  • Masoquismo sexual (submeter-se à humilhação, dor ou sofrimento);
  • Sadismo sexual (submeter outras pessoas a humilhação, dor ou sofrimento);
  • Pedofilia (interesse sexual por crianças, considerado crime);
  • Fetichismo (utilização de objetos inanimados ou interesse sexual por outras partes do corpo que não as genitais);
  • Escatologia telefônica (telefonemas obscenos);
  • Necrofilia (interesse por cadáveres);
  • Zoofilia (interesse por animais);
  • Clismafilia (interesse por enemas);
  • Urinofilia (interesse por urina);
  • Cropofilia (interesse por fezes);

Entre outras parafilias não especificadas.

Todo transtorno sexual, seja parafílicos ou não, deve ser tratado e cuidado de maneira a garantir ao indivíduo maior qualidade de vida. Eles englobam uma ampla variedade de condições que podem impactar significativamente a vida das pessoas. O diagnóstico preciso é vital para identificar o distúrbio específico e suas causas subjacentes, permitindo que os profissionais de saúde desenvolvam planos de tratamento eficazes. É crucial fornecer às pessoas com transtornos sexuais o apoio e a assistência necessários para enfrentar seus desafios com dignidade e respeito. 


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Os transtornos sexuais são caracterizados  por alterações psicofisiológicas nas diferentes fases da resposta sexual, o que pode causar sofrimento acentuado, problemas de autoestima e dificuldades nos relacionamentos amorosos. As etapas da resposta sexual humana consistem no desejo, excitação, orgasmo e resolução. Quando existe algum tipo perturbação ou ruptura nesse ciclo natural e saudável, os distúrbios sexuais acontecem.

Disfunção orgásmica

A disfunção orgásmica ou anorgasmia é a falta de orgasmo nas relações sexuais. Ela é considerada primária quando a pessoa nunca teve orgasmo na vida ou secundária, quando já teve e passou a não ter. Esse transtorno pode ser classificado como situacional ou absoluto. Ele é situacional quando acontece em determinadas ocasiões, como quando a pessoa não se sente confortável no lugar da transa. Mas quando a anorgasmia ocorre sempre, independentemente das circunstâncias, o problema é chamado de absoluto. Como as causas da disfunção orgásmica são normalmente psicológicas, interpessoais e emocionais, o tratamento psiquiátrico é o mais indicado para controlar ou reverter o problema. Eventualmente essa condição está associada a quadros clínicos, como acidentes, alterações hormonais e ginecológicas.

Vaginismo

O vaginismo é uma contração indesejada, involuntária e inconsciente da musculatura vaginal. Esse transtorno normalmente atrapalha e, por vezes, impede a penetração no canal vaginal, pois provoca dor e desconforto intenso. Tal disfunção sexual pode ser decorrente de tabus e traumas sexuais, educação rígida e conservadora, além de experiências passadas que provocaram sofrimento físico e emocional. O primeiro diagnóstico costuma ser feito pelo ginecologista, baseado no conjunto de sintomas, exame ginecológico e relatos dos pacientes. A partir daí, o tratamento se fundamenta na identificação das causas do vaginismo e amenização dos sintomas através de modulação hormonal e exercícios pélvicos. Além da participação ginecologista, um bom terapeuta sexual é fundamental para tratar a condição, pois a manutenção da saúde mental é determinante para que a mulher relaxe e consiga ter uma vida sexual ativa e prazerosa.

Dispareunia

A dispareunia é uma dor genital que ocorre antes, durante ou depois do ato sexual. Ela pode ser causada por doenças ginecológicas ou excessivo desconforto vaginal no sexo, seja por razões físicas ou psicológicas que interferem na saúde sexual. O tratamento da dispareunia normalmente é realizado por ginecologistas, no entanto, o acompanhamento psiquiátrico associado pode ser muito útil para que o paciente consiga lidar com o problema, minimizando assim os seus conflitos psicológicos.

Disfunção Erétil

Disfunção erétil é um problema comum que afeta cerca de 30% dos brasileiros, ou seja, aproximadamente 15 milhões de homens no país. Esse transtorno consiste na dificuldade de obter ou manter a ereção, de modo que aconteça a penetração. As causas da disfunção erétil podem ser psicológicas ou biológicas, como a existência de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, acidentes com o pênis ou medula espinhal, dependência química, efeito colateral de medicamentos, traumas e tabus sexuais. O tratamento deve incluir o acompanhamento de urologista, que pode receitar o uso de medicação oral, injeções intrapenianas, implante de próteses e terapias hormonais. O tratamento psiquiátrico também é importante, pois os padrões mentais são determinantes na saúde sexual.

Ejaculação Precoce

A ejaculação precoce acontece quando o homem não consegue controlar o processo ejaculatório e não segura o gozo até o fim do ato sexual, o que pode reduzir significativamente a sensação de prazer, provocando certa frustração nele e na parceira (o). Nesse transtorno, a ejaculação acontece logo depois da penetração, nos primeiros minutos dela, ou mesmo sem que ela ocorra, apenas com os pensamentos eróticos e a ereção. Aproximadamente 40% dos homens sofrem com esse problema, mas a boa notícia é que a ejaculação precoce pode ser tratada com procedimentos e medicamentos específicos para as lesões diagnosticadas e doenças encontradas, além de psicoterapia para a compreensão das causas e controle dos sintomas.

Ejaculação Retardada

A característica particular da ejaculação retardada é retardo acentuado ou incapacidade de atingir a ejaculação. O homem relata dificuldade ou incapacidade para ejacular, a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular.  A definição de “retardo” não apresenta limites precisos, tendo em vista que não há consenso sobre o que seria um tempo razoável para atingir o orgasmo ou o que é um tempo inaceitavelmente longo para a maioria dos homens e parcerias sexuais. A demora em ejacular chega a ponto de causar exaustão ou desconforto genital,

Transtorno do desejo sexual hipoativo

O transtorno do desejo sexual hipoativo, comumente expressado com “falta de libido”, se baseia na diminuição ou falta de motivação e interesse por sexo. Nesse caso, a pessoa com baixa libido não apresenta vontade de manter relações sexuais. O problema pode ser causado por múltiplos fatores, como conflitos no relacionamento, alterações hormonais, falta de intimidade, dificuldades de comunicação com o(a) parceiro(a), além de traumas sexuais. O tratamento deve ser conduzido de acordo com a causa. Se o problema for de ordem orgânica (alterações hormonais, secundário a medicações, hipertensão arterial, entre outras causa) o clínico (urologista, ginecologista, endocrinologista, etc),  deve comandar o processo. Se a razão do transtorno for de ordem mental, o paciente deve buscar o auxílio de psicólogos e psiquiatras. De todo modo, nada impede que o tratamento seja multidisciplinar.

 

Os transtornos sexuais podem impactar significativamente a qualidade de vida tanto de homens quanto de mulheres. Compreender as causas, sintomas e opções de tratamento disponíveis é crucial para pessoas afetadas por essas condições. Buscar ajuda profissional, seja por meio de terapia, medicamentos ou mudanças no estilo de vida, pode contribuir muito para melhorar a saúde sexual e o bem-estar geral. É essencial quebrar o estigma em torno dos distúrbios sexuais e criar um ambiente de apoio onde as pessoas possam buscar ajuda sem medo ou vergonha. 


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30 de junho de 2022 Todos

Nos últimos anos, movimentos têm discutido a importância do autoconhecimento sexual. Neste sentido, cada vez mais, mulheres encorajam-se a debater assuntos pertinentes à vida sexual e ao próprio corpo. Tudo que incomoda precisa ser investigado! Muitas pacientes chegam ao consultório médico depois de negligenciarem por anos a fio transtornos físicos na hora da penetração, por exemplo. Para se ter uma ideia: as brasileiras demoram, em média, três a quatro anos para buscar ajuda clínica diante do aparecimento de queixas sexuais.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) estima que mais de 40% das mulheres brasileiras não atingem o orgasmo. Outro dado revela que praticamente metade da população feminina sofre com problemas no sexo. Estamos falando de obstáculos biopsicossociais, que surgem em decorrência de entraves físicos, mentais e sociais a respeito da vida sexual da mulher. Violência sexual, por exemplo, aumenta a propensão de surgimento de disfunções ao longo da vida.

É importante dizer: com acompanhamento profissional adequado, é possível superar traumas, tabus e entraves que obstruem o prazer da vida sexual da mulher.

Sexo é saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece o sexo como critério para se avaliar a qualidade de vida de um indivíduo. Se essa parte não anda legal, todas as outras serão impactadas de modo negativo também. Funciona como um ciclo. Desajustes “na cama” podem implicar a existência de outras doenças, condições que levam à angústia, à frustração, à depressão.

Por outro lado, quando a mulher tem uma vida sexual satisfatória, os benefícios repercutem no bom humor, no estreitamento de laços efetivos, na autoestima. Viu só como é uma questão de saúde mental?

Conversar sobre a vida sexual da mulher desde a adolescência

Encorajar o debate acerca da sexualidade desde os primeiros anos da adolescência ajuda na plenitude na vida adulta. Muitos pais não se sentem confortáveis ao conversar sobre este tema com suas filhas. É compreensível, pois, por questões culturais, são diferentes, entre as famílias, os fatores emocionais e de construção do significado do sexo. Não se desespere! Um dos profissionais capacitados a ajudar nesta situação é o psiquiatra/sexólogo, pois ele emprega linguagem e conhecimento adequados.

Filhos, menopausa e alterações na sexualidade

Períodos como o pós-parto e o climatério tendem a gerar mais desconforto ou outras queixas devido à oscilação hormonal.Com a queda da produção de estrogênio, a vagina pode se tornar mais ressecada e ter menor capacidade de lubrificação, o que dificulta a penetração.

Vale reforçar que, ao contrário do que sempre se acreditou, a resposta sexual da mulher não é igual a do homem. Outro ponto relevante é a atuação de alguns medicamentos na produção hormonal. Todas as medicações moduladoras da parte emocional, diuréticos e até mesmo boa parte dos hormônios, como a pílula anticoncepcional, podem diminuir a função sexual e alterar o desejo, reduzindo a excitação e tornando impossível o orgasmo. Atenção: não interrompa tratamentos sem antes consultar seu médico.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



16 de janeiro de 2021 Todos

Problemas relacionados à sexualidade humana ainda são um tabu. Quando atingem o sexo masculino, a questão se torna ainda mais problemática. A maioria dos homens sentem vergonha em admitir que sofrem algum tipo de distúrbio sexual, p.ex., ejaculação precoce, e em procurar ajuda especializada, sobretudo com uma mulher.

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que 59% dos brasileiros acima de 40 anos já tiveram algum problema de ereção. O estudo também apontou que a ejaculação precoce é comum e atinge cerca de 30% dos homens.

A ejaculação precoce é uma disfunção sexual masculina em que o processo de ejaculação durante a atividade sexual é antecipado, sem que o homem tenha controle. Essa disfunção é considerada um problema quando o fato torna-se frequente.

Causas da ejaculação precoce

As principais causas da ejaculação prematura são de origem psicológica e estão relacionadas à ansiedade e ao estresse. A insegurança também está associada ao problema em muitos jovens, quando iniciam a vida sexual. O medo de como será o desempenho e a falta de experiência são fatores que podem agilizar a ejaculação.

A precocidade da ejaculação também apresenta alguns fatores biológicos, como problemas hormonais, distúrbios da tireoide, problemas na próstata, fatores genéticos, entre outros.

O consumo de álcool e drogas também podem afetar o desempenho sexual e antecipar o momento da ejaculação.

Sintomas

Para ser considerada um problema, a ejaculação prematura se caracteriza:

  • quando ocorre com frequência;
  • quando acontece em qualquer ato sexual, seja na masturbação ou durante o sexo;
  • quando o homem não consegue retardar a ejaculação.

Há casos em que se trata de ejaculação precoce secundária. Ocorre com homens de qualquer idade e com tempo de ejaculação dentro do padrão, mas que, por alguma razão, desenvolveram a ejaculação antecipada.

Tratamento

O tratamento para a ejaculação prematura será realizado de acordo com a causa. É imprescindível que um médico faça a avaliação. Psicoterapia e o uso de antidepressivos estão entre as opções de tratamento. O uso de medicamentos deve ser realizado apenas sob a prescrição médica de um especialista como psiquiatra ou urologista.

São indicados, também, algumas técnicas e exercícios que ajudam o homem a aprender a controlar o momento da ejaculação.

Quando a ejaculação prematura tem origem biológica, é preciso fazer o tratamento também da doença associada, para que haja êxito no tratamento da disfunção.

Acredita-se que um a cada três homens tenham ejaculação precoce; é uma disfunção comum no sexo masculino.

Sendo a ansiedade e o estresse os grandes motivadores da ejaculação precoce, devem ser tratados adequadamente, assim como quaisquer outras doenças que estiverem causando o problema. O apoio e a compreensão da companheira são essenciais para que o homem enfrente e supere esse momento.

 

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