antidepressivos / Dra Aline Rangel

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A anedonia é um estado difícil de se explicar a quem nunca o experimentou. É como se as cores da vida desaparecessem, deixando para trás um vazio frio e sombrio. A incapacidade de sentir prazer em atividades que costumavam nos alegrar é avassaladora. Eu estava presa nesse labirinto emocional, perdidoa em uma busca desesperada por uma saída. No entanto, posso dizer que não só encontrei uma saída, mas também aprendi a sentir novamente.

Um Mundo Cinza

A anedonia transformou meu mundo em uma paleta de cinzas. E não eram “50 tons de cinza”… Coisas que antes me enchiam de alegria e satisfação, como passear no Horto, ouvir música e socializar, tornaram-se tarefas vazias e sem sentido. Cada dia era uma batalha contra a apatia e a indiferença que se apoderaram de mim. Eu me perguntava se algum dia voltaria a sentir a alegria e a emoção que outros pareciam desfrutar tão facilmente.

O Caminho da Recuperação

Minha jornada para superar a anedonia foi longa e desafiadora. Inicialmente, foi difícil aceitar que eu estava enfrentando esse problema. A negação me cegava para a realidade, tornando ainda mais difícil buscar ajuda. No entanto, reconhecer que precisava de suporte foi o primeiro passo para a cura.

Buscar Ajuda Profissional

Buscar a orientação do psiquiatra foi fundamental para minha recuperação. A Aline me ajudou a compreender as causas subjacentes da minha anedonia e a desenvolver estratégias para enfrentá-la. As consultas  me proporcionaram um espaço seguro para explorar meus sentimentos e preocupações, e, juntas, íamos descobrindo técnicas para lidar com os desafios emocionais. Embora eu negue até hoje para a maioria das pessoas, tomar o antidepressivo foi essencial pra minha recuperação.

Reconectar com a Vida

Ao longo do processo de tratamento, percebi que precisava me reconectar com a vida e redescobrir o que me trazia felicidade. Embora no início fosse difícil encontrar prazer em atividades cotidianas, aprendi a valorizar os pequenos momentos que me traziam alguma alegria, como apreciar a beleza da natureza (eu me forçava pegar o carro e ficar no estacionamento de um parque) ou saborear uma refeição deliciosa, ainda que sozinha e pedindo por delivery.

Aceitar as Emoções

Uma das lições mais importantes que aprendi foi que é normal ter altos e baixos emocionais. Aceitar minhas emoções, mesmo as mais difíceis, foi um passo essencial para aprender a sentir novamente. Em vez de lutar contra meus sentimentos, aprendi a acolhê-los e a permitir que fluíssem naturalmente.

Conforme eu progredia no meu tratamento, gradualmente, comecei a redescobrir a alegria em minha vida. As cores começaram a voltar ao meu mundo, e as atividades que antes pareciam sem graça ganharam vida novamente. Encontrar propósito e significado em minhas experiências diárias tornou-se uma bênção.


Superar a anedonia não é uma tarefa fácil, mas é possível com paciência, autoaceitação e apoio profissional. A jornada de recuperação é única para cada pessoa, mas é importante lembrar que não estamos sozinhos nessa luta. Com o devido cuidado e determinação, é possível aprender a sentir novamente e redescobrir a beleza da vida. Se você também está enfrentando a anedonia, saiba que há esperança e ajuda disponível para você. O primeiro passo é buscar o apoio adequado e permitir-se a oportunidade de cura e crescimento emocional. Acredite em si mesmo(a) e no poder de superar os desafios que a vida apresenta. A alegria pode estar à sua espera, apenas aguardando ser redescoberta.

*Obrigada, Hanna, por me permitir fazer minhas suas palavras!


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1 de julho de 2023 transtorno bipolar1

O transtorno bipolar tem ganhado cada vez  consistência de se tratar de um “espectro” de humor em detrimento de dois pólos distintos de humor: a mania e a depressão. A depressão bipolar, ou seja, episódios depressivos que acontecem em portadores do transtorno bipolar (TB), tem sido um dos temas prioritários de pesquisas recentes em psiquiatria e neurociências. O subdiagnóstico da depressão bipolar faz com que muito pacientes com este transtorno sejam diagnosticados de forma equivocada como depressivos unipolares e, como consequência,  tratados inadequadamente e com várias repercussões em sua qualidade de vida. 

A apresentação clínica da depressão bipolar também é uma questão controversa, com discussões sobre um possível predomínio de sintomas atípicos (sonolência excessiva, aumento do apetite e da sensibilidade à rejeição), ou de sintomas melancólicos e de retardo psicomotor. Além disso, a questão relativa ao uso, ou não, de antidepressivos em seu tratamento tem sido objeto frequente de discussões. Temos, por um lado, relatos sobre o desenvolvimento de episódios hipomaníacos/maníacos (ciclagem) e um possível aumento na frequência dos ciclos em associação ao seu uso e, por outro, a descrição de um potencial benefício no uso de antidepressivos nos casos mais graves.

Sintomas da depressão bipolar versus depressão unipolar

A diferenciação entre a depressão unipolar, especialmente a depressão recorrente, e a depressão bipolar pode ser difícil. Eventuais sintomas clínicos sugestivos de que o portador integre o denominado “espectro bipolar” são de difícil detecção, além de sua especificidade ser questionável. O diagnóstico diferencial pode ser particularmente difícil em situações como, por exemplo, episódios depressivos em indivíduos hipertímicos (personalidade caracterizada por boa disposição, alta reatividade emociona, otimismo, entusiasmo, muita energia, e extroversão) e episódios mistos com predomínio de sintomas depressivos (1).

Kraepelin descreveu que os episódios depressivos integrantes da doença maníaco-depressiva apresentariam uma maior inibição da vontade e um menor grau de disforia do que a melancolia (2). Ao longo das últimas décadas, características clínicas como início mais precoce, instalação abrupta, maior frequência de episódios, maior número de episódios, maior frequência de sintomas psicóticos, incidência no puerpério e maior risco de suicídio foram relacionadas à depressão bipolar. A lentificação psicomotora, associada à hipersonia e à presença de sintomas psicóticos, poderia indicar uma “assinatura” da depressão bipolar segundo alguns pesquisadores (3).

A diferenciação entre episódios depressivos unipolares e bipolares é importante, pois o tratamento da depressão bipolar inclui, necessariamente, o uso de estabilizadores de humor, pelo risco de ciclagem para mania e de possível piora do curso e do prognóstico da doença.

O tratamento da depressão bipolar

Estabilizadores do humor

Os dados disponíveis em pesquisas científicas indicam que, entre os estabilizadores do humor clássicos, o lítio apresenta a maior eficácia antidepressiva e é a primeira opção para o tratamento de episódios depressivos leves e moderados em portadores de TB. A carbamazepina e o valproato não apresentam efeitos antidepressivos robustos, de acordo com os resultados até agora relatados (4).

Antidepressivos

Eficácia na fase aguda

A questão sobre o uso de antidepressivos no tratamento da depressão bipolar tem sido objeto de discussões recentes, mas poucos estudos com uma amostra da população significativa foram realizados até o momento. Não há evidências sobre a maior ou menor eficácia de diferentes  antidepressivos no tratamento da depressão bipolar. Atualmente, a escolha por uma ou outra substância reside no risco da associação com episódios hipomaníacos/maníacos. Segundo artigos de revisão e consensos de especialistas, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) e a bupropiona são considerados os antidepressivos de “primeira opção” para o tratamento da depressão bipolar. Os inibidores da monoamina-oxidase (IMAOs) e a venlafaxina figuram como alternativas, principalmente nos casos em que não se observa resposta satisfatória aos ISRSs ou à bupropiona. Os antidepressivos tricíclicos apresentam elevado risco de “ciclagem”, e seu uso deve ser evitado nestes casos/

Eficácia na fase de continuação e manutenção

A continuação do antidepressivo após a remissão do episódio agudo de depressão é outra questão controversa. Alguns autores sugerem sua continuação por um período de dois a seis meses ressaltando-se que episódios mais graves podem necessitar de uma fase de continuação mais longa. Outros, adotam uma postura mais restritiva, sugerindo a continuação por um período de três meses após a remissão. Esta questão polêmica envolve o risco da ciclagem, por um lado, e o de uma recaída depressiva quando da retirada do antidepressivo, por outro.

Mania associada ao uso de antidepressivos

Existem na literatura vários relatos da ocorrência de sintomas maníacos associados ao tratamento com antidepressivos. Indivíduos com um padrão de evolução “depressão-mania-eutimia”, com antecedentes de múltiplas exposições a antidepressivos, história de abuso ou dependência de álcool ou outras substâncias psicoativas e antecedentes de ciclagem, teriam maior risco de apresentar ciclagem associada ao uso de antidepressivos. Desta forma, neste perfil de paciente, o uso de antidepressivo deveria ser evitado. Ainda não existe um consenso em relação à duração do tratamento de continuação com antidepressivos. Essa decisão deve ser individualizada para cada portador, levando-se em conta, por exemplo, o padrão de recorrências, os antecedentes de ciclagem associada ao uso do antidepressivo e a gravidade do episódio. Entre os novos anticonvulsivantes, a lamotrigina é o que apresenta maior número de evidências de eficácia antidepressiva, inclusive no tratamento em monoterapia de episódios depressivos em bipolares tipo I.

Novos anticonvulsivantes

Lamotrigina

Entre os novos anticonvulsivantes, a lamotrigina é o que apresenta maior número de evidências de eficácia antidepressiva, inclusive no tratamento em monoterapia de episódios depressivos em bipolares tipo I, podendo ser a opção para o tratamento de episódios depressivos leves e moderados (5).

Antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos são comumente utilizados no tratamento da depressão bipolar, especialmente durante os episódios depressivos com características psicóticas. Eles ajudam a estabilizar o humor e reduzir alucinações e delírios. Alguns antipsicóticos comumente prescritos incluem olanzapina, quetiapina, risperidona e lurasidona.

Psicoterapia

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia interpessoal (TIP), entre outras, são eficazes para ajudar indivíduos com depressão bipolar a compreender e gerenciar sua condição. Elas se concentram em identificar gatilhos, desenvolver estratégias de enfrentamento e melhorar os relacionamentos interpessoais.

Eletroconvulsiva (ECT)

A ECT pode ser considerada em casos graves de depressão bipolar ou que não respondem a outras opções de tratamento.

Mudanças no estilo de vida

Manter uma rotina diária estável, adequada ao ritmo circadiano, dormir adequadamente, fazer exercícios regularmente, praticar técnicas de gerenciamento do estresse e ter um sistema de apoio sólido são fundamentais o cuidado efetivo da depressão bipolar.

 

O tratamento da depressão bipolar requer uma abordagem abrangente que envolva medicamentos, terapia e mudanças no estilo de vida. Medicamentos como o lítio, antipsicóticos e estabilizadores de humor, como a lamotrigina, desempenham um papel crucial no gerenciamento dos episódios depressivos.

No entanto, é importante lembrar que o plano de tratamento deve ser adaptado às  necessidades específicas de cada indivíduo. Ao combinar medicamentos com psicoterapia, terapias complementares e uma rede de apoio, pessoas com depressão bipolar podem alcançar estabilidade e melhorar sua qualidade de vida. É essencial consultar um profissional de saúde mental para elaborar um plano de tratamento eficaz que aborde os desafios únicos da depressão bipolar.

 


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(1) Akiskal, H. S., Bourgeois, M. L., Angst, J., Post, R., Möller, H. J., & Hirschfeld, R. (2000). Re-evaluating the prevalence of and diagnostic composition within the broad clinical spectrum of bipolar disorders. Journal of affective disorders59, S5-S30. (2) Maina, G., Bertetto, N., DOMENE BOCCOLINI, F., DI SALVO, G., Rosso, G., & Bogetto, F. (2013). The concept of mixed state in bipolar disorder: from Kraepelin to DSM-5. Journal of Psychopathology19, 287-295.(3) Ghaemi, S. N., Angst, J., Vohringer, P. A., Youngstrom, E. A., Phelps, J., Mitchell, P. B., … & Gershon, S. (2022). Clinical research diagnostic criteria for bipolar illness (CRDC-BP): rationale and validity. International Journal of Bipolar Disorders10(1), 1-16. (4) Manchia, M., Vieta, E., Smeland, O. B., Altimus, C., Bechdolf, A., Bellivier, F., … & Andreassen, O. A. (2020). Translating big data to better treatment in bipolar disorder-a manifesto for coordinated action. European Neuropsychopharmacology36, 121-136. (5) Calabrese, J. R., Bowden, C. L., Sachs, G. S., Ascher, J. A., Monaghan, E., & Rudd, G. D. (1999). A double-blind placebo-controlled study of lamotrigine monotherapy in outpatients with bipolar I depression. Journal of Clinical Psychiatry60(2), 79-88.



8 de outubro de 2020 Depressão

Há uma série de questionamentos quando o assunto é antidepressivos. No Quora, um site de perguntas e respostas, o termo “antidepressivos” gera uma lista de mais de duas mil dúvidas a respeito do tema. Dentre elas, como esses medicamentos atuam no organismo, se realmente curam a depressão, se causam dependência, etc. Neste texto, busco esclarecer as perguntas mais recorrentes sobre o tratamento com medicamentos antidepressivos.

O que são os antidepressivos?

Comumente associa-se a palavra “antidepressivos” a medicamentos. No entanto, se pararmos para pensar analiticamente, existem muitos hábitos que são antidepressivos, pois também são capazes de aliviar os sintomas de depressão: atividade física e meditação, por exemplo.

O medicamento antidepressivo, por sua vez, é um remédio que pode ou não ser incluído no tratamento para depressão. Essa inclusão depende de muitos fatores: dos sintomas, da recorrência, da intensidade, etc. e devem ser utilizados apenas com prescrição médica. Ao analisar essas e outras variáveis, o psiquiatra pode optar pela intervenção farmacológica.

Como funcionam os medicamentos antidepressivos?

Os medicamentos antidepressivos atuam no sistema nervoso central, alterando e regulando os estados de humor do paciente. São responsáveis por melhorar a execução da vontade e reduzir a ocorrência de pensamentos pessimistas.

O nosso cérebro produz neurotransmissores, substâncias diretamente ligadas ao nosso humor e a outras funções físicas e psicológicas. Você possivelmente já ouviu falar em dopamina, serotonina ou noradrenalina. São os neurotransmissores mais conhecidos. Essas substâncias estabelecem uma comunicação entre os neurônios – fenômeno chamado de sinapse – e regulam o apetite, o sono, o humor e outros fatores. É por esse motivo que pessoas com sintomas depressivos podem passar a não comer ou dormir direito e apresentar tristeza constante.

Quando há algum tipo de instabilidade na rede neural, esses neurotransmissores deixam de ser produzidos na quantidade ideal, causando sintomas depressivos. Os medicamentos, portanto, buscam restabelecer a sinapse dos neurônios, ajustando a quantidade de neurotransmissores produzidos. Por esse motivo volto a ressaltar a importância de ter sempre uma prescrição médica para fazer uso dos medicamentos. Eles são prescritos para cada caso e pensados para estimular neurotransmissores específicos.

Com o passar do tempo, esse ajuste faz com que a insônia, a falta de apetite, a tristeza, a irritabilidade e outros sintomas sejam aliviados. Por esse motivo, não costumamos dizer que os medicamentos antidepressivos representam uma cura, mas que fazem parte de um tratamento. Existe a chance de os sintomas aparecem em outro momento da vida, motivo pelo qual devem ser mantidos os hábitos saudáveis e as mudanças positivas.

Antidepressivos possuem efeitos colaterais?

Assim como qualquer outra medicação, os antidepressivos apresentam alguns efeitos colaterais. Eles dependem muito da composição do medicamento, da dosagem e do paciente, afinal, é comum que algumas pessoas sintam os efeitos de maneira muito branda, enquanto outras são mais sensíveis a eles.

No geral, os efeitos secundários costumam se manifestar com mais recorrência no início do tratamento, período em que o paciente ainda está se adaptando. Alguns medicamentos podem causar náuseas, diminuição de libido, boca seca, entre outros. Ao conversar sobre esse assunto com seu psiquiatra, informe-se sobre possíveis efeitos colaterais. Eles podem surgir no início, mas nunca desista por causa deles. Lembre-se de que esses efeitos são passageiros e, dentro de alguns dias, você dará prosseguimento ao seu tratamento com mais conforto.

Alguns pacientes são resistentes ao tratamento com medicamentos antidepressivos. Recusam-se a tomá-los e relutam em inseri-los em seu dia a dia. Têm medo de que possam viciar, o que é um mito. Ou têm vergonha de expor esse tipo de tratamento aos familiares. Enfim… há muitas razões. Talvez o preconceito venha pois a ação do medicamento acontece na região cerebral, uma das áreas mais complexas do organismo, se não a mais complexa. E também porque não falamos tanto sobre esses fármacos como deveríamos. São medicamentos que passam por um longo processo de pesquisa, desenvolvimento e testes, assim como pelo crivo de qualidade e segurança da Anvisa.

Desde que surgiram, lá na década de 1960, esses remédios passaram por muito aperfeiçoamento e novos tipos foram e ainda vêm sendo criados. São seguros e eficazes quando tomados adequadamente. E em muitos casos são o empurrãozinho necessário para resgatar uma vida mais saudável, próspera e feliz!

Você gostaria de saber mais sobre depressão, ansiedade e demais assuntos? Então confira o meu blog, onde você encontrará uma série de textos sobre esse e outros temas. Se você está buscando apoio para lidar com alguma questão de ordem psíquica, entre em contato comigo! Eu posso ajudar você. Tamo junto! Abração.



16 de setembro de 2020 Depressão

Ao falar sobre alguém com depressão, é comum imaginar uma pessoa extremamente triste que não consegue levantar da cama ou sair de casa. Em alguns casos isso acontece, é verdade. Porém, grande parte das pessoas diagnosticadas segue uma vida comum, pois o transtorno não é necessariamente incapacitante. A maioria, então, vai ao trabalho, dá risada, participa de reuniões e de rodas de conversa. A depressão costuma se manifestar com maior intensidade em sua vida privada, geralmente dentro de casa, onde aquela normalidade dá lugar a uma forte tristeza, crises de ansiedade e outros sintomas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 6% da população brasileira possui depressão. É possível, portanto, que você conheça alguém que foi diagnosticado com depressão, mas não faça ideia disso. E se a pessoa decidir não compartilhar essa informação com você, provavelmente você jamais saberá. Mas e se ela optar por dividir esse diagnóstico? Como agir, lidar e mostrar apoio?

Entendendo a depressão

O primeiro passo é entender do que se trata a depressão. É importante dedicar um tempo para ler, buscar relatos, se informar e se educar sobre esse transtorno. Não pretendo entrar em pormenores neste texto, pois há uma série de conteúdos que já publiquei sobre o tema, e você pode conferi-los clicando aqui.

Ao saber que um amigo, familiar ou colega está com depressão, muitas pessoas ficam sem saber muito bem como agir, o que dizer e o que não dizer. Porém, o mais importante em um momento como esse não é o dizer, mas o ouvir. Ouça ativamente e demonstre interesse genuíno no que o outro tem a dizer e em como está se sentindo. Evite interromper, dar sugestões, se comparar ou comparar com outra pessoa que passou por uma situação similar ou pior e, mesmo assim, superou. Você pode achar que está ajudando, mas comentários assim podem gerar desesperança, culpa ou uma cobrança muito grande.

Já comentei neste texto que a psicoterapia tem um poder terapêutico pois permite que o paciente coloque para fora suas dores, medos e inseguranças. Compartilhar alguns desses sentimentos com pessoas de confiança também proporciona um alívio, pois assim há a certificação de que não precisará passar por isso sozinho ou escondendo sua condição. Tenha em mente, porém, que compartilhar ou não é uma decisão individual que cabe apenas ao paciente. Respeite caso não haja interesse em falar, sobretudo no início.

Pesquisar e entender melhor sobre a depressão afastará você do julgamento. Você irá entender que algumas atividades – até mesmo as mais simples como caminhar na avenida, limpar a casa ou sair para tomar um sorvete – passam a ter um peso para quem apresenta o transtorno. A compreensão sobre essa condição tratá compreensão com o paciente.

Encorajando o tratamento

Os tratamentos para a depressão variam, pois dependem dos sintomas apresentados, assim como de sua frequência, intensidade e outros fatores. Mas seja qual for o tratamento proposto, é importante segui-lo à risca e você pode encorajar o paciente a fazer isso.

Alguns pacientes se desanimam principalmente no início do tratamento, quando ainda não há uma melhoria muito perceptível. É aí que seu apoio será crucial. Pergunte sobre a evolução do tratamento, encoraje a sua devida continuidade e fique atento a possíveis sinais de agravamento. O ideal é que o psiquiatra esteja acompanhando o paciente de perto, mas caso você note irritabilidade constante, mudança comportamental ou pensamentos suicidas, seja aliado do profissional e tome alguma ação. Se possível, entre em contato com ele e divida sua opinião.

Conexão social será fundamental

Muitos enfrentam a depressão tendo o terapeuta como a única fonte de diálogo, o que não é indicado. Um robusto corpo de pesquisas já comprovou que estar inserido em uma teia social contribui muito para o tratamento do transtorno depressivo. Isso pode ser um desafio para muitos pacientes, já que não se sentem inclinados a encontrar mais ninguém, e menos ainda a sair de casa para socializar. A sua presença, portanto, fará toda a diferença.

Lembre-se sempre de que para prestar apoio a alguém, você deve, antes, estar bem consigo mesmo. Cuide da sua saúde física e mental, reserve um tempo para você, para seus hobbies e para o seu trabalho. Estar disponível para fornecer amparo a alguém com transtorno depressivo é um ato de cuidado, uma demonstração de preocupação e uma grande prova de amor. O tratamento do seu amigo, parente ou colega certamente irá fluir muito melhor tendo sua paciência, compreensão e presença como pontos de apoio.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho aqui no meu blog. Abração. Tamo junto!



9 de setembro de 2020 Depressão

Ninguém gosta de receber diagnósticos. Do mais simples ao mais complexo dos casos, saber que você enfrentará uma doença nunca é uma boa notícia. Sobretudo se for um problema que não se vê sangrar e não se vê cicatrizar. Ou uma doença que não dá margem para indicar com precisão o período de tratamento. É o caso da depressão. Por se tratar de um transtorno invisível e imprevisível, o diagnóstico de depressão costuma ser ainda mais duro de receber, pois é repleto de dúvidas. Como será daqui pra frente?

É um cenário, também, repleto de esperança, afinal a depressão pode ser tratada. Não é possível estimar exatamente em quanto tempo, já que cada caso é um caso. Os sintomas e graus variam, assim como o tratamento para cada um deles. Há uma certeza, porém. De que agora, sabendo do que se trata, passamos a trilhar um caminho muito menos nebuloso. Daqui pra frente será muito melhor.

Como encarar essa fase

As reações ao diagnóstico podem ser muitas. Há quem fique espantado e sinta culpa, perguntando-se “por que isso está acontecendo justo comigo?”; há quem fique agoniado imaginando que sua vida jamais será a mesma. Eu já vi diferentes formas de receber a notícia ao longo da minha carreira como psiquiatra e, no geral, muitos pacientes que atendo respiram com um certo alívio e esperança, sabendo agora que aquilo que sentem tem um nome e uma solução. As conversas sobre transtorno depressivo estão acontecendo com mais frequência, o que tem tornado a recepção do diagnóstico um pouco melhor e menos dolorosa.

Uma vez diagnosticado o transtorno, é importante ter em mente que será preciso rigor e disciplina com o tratamento. Ele é comprovadamente eficaz, desde que seja precisamente seguido. Pode-se, em alguns casos, haver intervenção farmacológica e ter de incluir hábitos na rotina que irão contribuir para o bem-estar em geral, como exercícios físicos, mudanças nutricionais, proximidade com pessoas que ama, boas noites de sono, etc. O uso do medicamento não é recomendado a longo prazo e, após o término do tratamento, será importante manter esses bons hábitos para a manutenção de uma vida próspera e saudável.

As sessões de terapia serão grandes aliadas no processo terapêutico. Nelas haverá a oportunidade de discutir com o psiquiatra sobre a evolução do tratamento. Isso é importante pois no início podem acontecer ajustes no medicamento prescrito ou na dosagem recomendada, uma vez que leva um tempo para o paciente se adaptar. Além disso, o acompanhamento do profissional de psiquiatria oferece grande conforto e alívio em um momento delicado como esse. É comprovado que há um efeito terapêutico no simples fato de ter alguém com quem compartilhar suas dores, medos e inseguranças. Somando os bons hábitos à terapia e aos medicamentos, o prognóstico é bastante otimista.

Início de tratamento requer paciência e compreensão

Após receber o diagnóstico, culpar-se, envergonhar-se ou sentir raiva não vão ajudar. Em vez disso, é importante ter compaixão e compreensão consigo mesmo. Um paciente que fraturou o braço sabe que não é o momento de praticar um esporte. Isso não é esperado dele. Por outro lado, não vemos a depressão, o que faz com que muitas pessoas passem a se cobrar no início do tratamento. Os medicamentos levam um tempo para surtir efeitos mais perceptíveis, então a paciência, combinada ao comprometimento que eu citei mais cedo, será recompensada dentro de algumas semanas com uma notável redução dos sintomas depressivos.

Alguns dos sintomas mais comuns da depressão são a profunda letargia, cansaço extremo e tristeza sem motivo aparente. Se ainda não há vontade de sair de casa, tudo bem. Se sentir vontade de chorar, vá em frente. Não há problema nisso, desde que essa falta de ânimo, com o passar do tempo, dê lugar a uma maior vivacidade, ao interesse em fazer aquilo que gosta e que faz bem.

O relacionamento com o psicoterapeuta será como uma parceria, tanto antes, quanto durante e depois do tratamento. Conte com o profissional! Se há segurança em seu trabalho e em sua expertise, confie no tratamento proposto. O esperado é que o prazer de viver a vida seja restaurado ao longo de poucos meses. Haverá saída para a depressão enquanto houver busca por tratamento e fé nos resultados.

Conheça um pouco mais sobre a depressão lendo aqui no blog outros artigos sobre o tema. E conte comigo para solucionar suas dúvidas ou angústias. Tamo junto!



3 de setembro de 2020 Depressão

Meu objetivo neste texto não é explicar o que é a depressão ou quais são seus principais sintomas, pois já os fiz neste texto. Também não vou entrar na questão de tratamento, pois já escrevi sobre esse assunto neste outro texto. Quero comentar aqui sobre a escalada da depressão a um nível quase que epidêmico. O transtorno atinge hoje cerca de 320 milhões de pessoas no mundo e a previsão também não é animadora: a OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê que a depressão será a doença mais comum do planeta dentro de dez anos. Dados como esses levantam a necessidade da conscientização. A campanha Setembro Amarelo vem, desde 2015, sendo uma importante maneira de levar informação a respeito da depressão, porém o preconceito e o estigma social continuam sendo reais.

A depressão é contemporânea?

Repare que estamos muito frequentemente expostos a situações estressantes, como no trabalho ou no trânsito. Estamos também vivendo um momento em que a ansiedade faz parte do dia a dia de grande parte da população – levantamentos recentes apontam o Brasil como o país mais ansioso do mundo. As relações superficiais, o sedentarismo, a supervalorização da aparência e da ideia de felicidade constante nas mídias sociais… tudo isso funciona como catalisador da depressão.

Há, portanto, uma tendência em pensar que a depressão é uma doença nova. Afinal, o número de casos vem aumentando consideravelmente ao longo das últimas décadas e é comum imaginar que isso se deva ao ritmo acelerado de nossas vidas, daí a impressão de que se trate de um transtorno que eclodiu neste século. Mas, na verdade, a depressão sempre existiu, só não se falava tanto sobre ela.

Considerado o pai da medicina, o grego Hipócrates já mantinha registros sobre uma doença de ordem mental que acometia a população e que possuía sintomas muito similares aos da depressão. Isso antes mesmo do nascimento de Cristo. Na época, esse fenômeno foi chamado de melancolia.

E embora a quantidade de diagnósticos esteja realmente aumentando e nossas vidas, de fato, sejam muito estressantes, é importante lembrar que há mais abertura hoje para falar sobre depressão do que havia trinta anos atrás. Hoje se vê muitos artistas e celebridades revelando que possuem o transtorno e, assim, fazendo com que o assunto seja tratado na mídia. Campanhas como o Setembro Amarelo também contribuem para a disseminação de informações relevantes sobre a depressão, reduzindo um pouco a resistência em buscar um tratamento efetivo junto a um profissional de psiquiatria.

O que virá pela frente?

A quarentena provocada pelo coronavírus foi responsável por um aumento de diagnósticos de depressão. Uma população um pouco mais deprimida será uma das heranças da pandemia, isso é verdade. A previsão da OMS, por sua vez, é apenas uma previsão. Não há como saber o que enfrentaremos nos próximos anos em relação à saúde mental, mas uma coisa é certa: casos de depressão vão continuar surgindo. Assim como vai continuar existindo a necessidade de falar sobre ela.

No Brasil, muitos ainda enxergam a depressão meramente como um momento de tristeza e não como uma doença grave. A maioria das pessoas entre 24 e 35 anos teria vergonha de revelar um diagnóstico de depressão para familiares ou colegas de trabalho, seja pelo medo de não serem compreendidas, seja por se sentirem constrangidas de alguma maneira. Acredita-se que o tabu seja maior entre os mais velhos, mas pesquisas como essas deixam claro que é um tema nebuloso entre todas as faixas etárias.

O grande problema em tratar assuntos importantes como tabu é justamente a desinformação, o que impede, no caso da depressão, o diagnóstico e um tratamento efetivo. Há muitas pessoas que relutam em buscar ajuda, pois não acreditam que estejam sendo acometidas por depressão – começando pelo fato de desconhecerem do que, de fato, se trata a doença.

A depressão é, sim, uma doença que causa profundo sofrimento não só ao paciente, mas em todos em seu convívio e que, em casos mais graves, pode chegar à morte. Porém, o mal do século, no fim das contas, talvez não seja a depressão, mas a ignorância em relação ao transtorno. Até certo ponto, podemos culpar essa ignorância por novos casos. A ela podemos atribuir o agravamento de muitos quadros. E podemos responsabilizá-la por alguns casos de suicídio.

Mais de 130 milhões de pessoas possuem acesso à internet no Brasil. Imagine como seria diferente se todas elas investissem um pouco do tempo para descobrir mais sobre o que é a depressão, como lidar com alguém que esteja enfrentando a doença e como apoiar.

Se você está aqui, significa que você quer saber mais sobre o assunto, quer se educar e se informar. Obrigada pelo seu interesse! Não sabemos como serão os próximos anos, mas certamente serão melhores – ou, no mínimo, um pouco menos preocupantes – se mais pessoas souberem onde estamos pisando.

E não deixe de conferir os próximos textos, que também irão tratar sobre o setembro amarelo e sobre o combate à depressão. Enquanto isso, aproveite para ler algumas publicações antigas que abordam o assunto:

A importância das atividades físicas no tratamento da depressão
Benefícios da música no tratamento e recuperação da saúde mental
Plano individualizado de tratamento da depressão



23 de maio de 2020 DepressãoTodos

A depressão é uma condição complexa, caracterizada essencialmente por uma sensação de mal-estar, de desconforto, de ansiedade e/ou de tristeza (humor disfórico). Apresenta sinais e sintomas cuja intensidade e duração prejudicam a qualidade de vida, resultando em prejuízo nas funções que desempenhamos nas diferentes esferas da nossa vida (auto-cuidado, cognição, relacionamentos sociais, trabalho, etc). Citei aspectos individuais de cada pessoa que nos procura, desta forma, o plano de tratamento da depressão também deve ser individualizado.

Por que o tratamento da depressão pode falhar?

Portadores de depressão frequentemente descontinuam o tratamento, em função dos efeitos indesejáveis dos medicamentos. Aproximadamente um terço deles interrompe abruptamente o antidepressivo durante o primeiro mês; mais de 44% descontinuam ao longo dos três meses iniciais. Náusea e cefaléia são os principais efeitos que levam a descontinuação no primeiro mês. Nos segundo e terceiro meses, esses efeitos são fadiga, visão turva, dificuldade para adormecer, ansiedade, alterações do apetite e ganho de peso. Diminuição da libido, retardo da ejaculação, orgasmo e até anorgasmia podem ser referidos, especialmente quando interrogados de forma direta pelo psiquiatra. Essa fraca adesão responde por grande parte das das falhas do tratamento.

Tipo de relacionamento entre o médico e o paciente, características sociodemográficas, gravidade do quadro, efeitos adversos, nível educacional e tipo de personalidade do paciente, além do perfil do tratamento escolhido, são fatores que podem  interferir de diferentes formas à adesão ao tratamento. Efeitos adversos, falta de de orientação do paciente e má qualidade da relação médico-paciente são os mais significativos.

O perfil de cada paciente deve ser avaliado, para nortear, entre outros aspectos, as escolhas do antidepressivo com maior probalidade de adesão.

Como tornar individualizado o tratamento para a depressão?

A eficácia e a tolerabilidade dos antidepressivos já estão bastante documentadas, reconhecendo-se que eles não diferem em eficácia. A questão é para quem ele será prescrito. A tolerabilidade e o perfil farmacocinético, entendidos como “os efeitos colaterais”, são os fatores diferencias, para indicar-se este ou aquele, para cada caso.

Os pacientes devem receber informação sobre a hipótese diagnóstica, as possíveis causas e os mecanismos de ação dos tratamentos disponíveis. O plano de tratamento de incluir farmacoterapia, psicoterapia e outras intervenções, escolhidas após consideração cuidadosa dos fatores individuais (preferência e histórico do paciente, tratamentos anteriores, gravidade da doença, comorbidades, risco de suicídio, disponibilidade de métodos de tratamento, tempo de espera para psicoterapia e custos).

A remissão dos sintomas é a meta-padrão do tratamento da depressão do tratamento da depressão, objetivando-se: resolução dos sintomas emocionais e físicos; restauração da capacidade plena de funcionamento; retorno ao trabalho, aos hobbies e aos interesses pessoais; e retomada dos relacionamentos interpessoais.

Subnotificação da depressão

Lamentavelmente, a depressão segue subdiagnosticada. Segundo pesquisa publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria, nossos serviços de cuidados primários (Unidades Básicas de Saúde principalmente) e serviços médicos gerais, 30% a 50% dos casos não são diagnosticados. A Associação Médica Brasileira avalia que os principais motivos para tal são o preconceito em relação à doença e o descrédito dos pacientes no tratamento. No caso dos médicos, os principais motivos são falta de experiência ou de tempo, descrença em relação à efetividade do tratamento, reconhecimento apenas dos sintomas físicos da depressão e avaliação dos sintomas de depressão exclusivamente como uma reação “natural”.

 

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!

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9 de maio de 2020 Depressão

Perda de emprego ou de uma pessoa próxima, dificuldades de relacionamento, problemas financeiros ou qualquer mudança indesejada nos padrões de vida podem estar associados a um profundo mal-estar físico, emocional e até mesmo à depressão. Em qualquer idade ou momento ela pode se manifestar, ocasionada pela combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais.

Considerada uma doença psiquiátrica, é caracterizada por alteração da maneira como a pessoa pensa e sente, além de afetar o comportamento social  e o senso de bem-estar físico.

Quando os sentimentos de tristeza, falta de energia e ânimo permanecem por semanas a fio, aumentam em intensidade e começam a interferir no trabalho, na vida estudantil ou nos relacionamentos sociais, incluindo o familiar, pode-se tratar de depressão.

Sinais e sintomas da depressão

Para identificar a doença, é possível analisar se há a alterações no modo de vida, por meio dos sinais e sintomas seguintes:

  •     Pensamentos: pacientes depressivos relatam problemas de concentração e tomada de decisões, perda de memória recente e de lapsos de memória frequentes, além de pensamentos negativos. São comuns também baixa auto-estima, sensação excessiva de culpa e autocrítica. Nos casos mais graves, os pacientes apresentam pensamentos autodestrutivos, como vontade de se suicidar.
  •     Sentimentos: tristeza sem motivo identificável, não ter mais prazer na realização de atividades que anteriormente sentia e falta motivação para fazer qualquer coisa são comuns em pessoas depressiva.  Às vezes, está presente irritabilidade e pode haver dificuldade em controlar o temperamento.
  •     Comportamento: alguns pacientes não se sentem confortáveis na presença de outras pessoas, de maneira que evitam situações sociais. A doença também afeta na produtividade no trabalho e em casa. Algumas vezes, a pessoa não consegue nem se levantar da cama, pela manhã, para fazer alguma atividade. É comum também apresentar mudanças em relação ao apetite, podendo estar aumentado ou diminuído. Devido à tristeza crônica, é comum a presença de choro constante. O desejo sexual pode desaparecer, o que resulta em ausência de atividade sexual. Nos casos mais graves, o indivíduo passa a negligenciar a si mesma, evitando realizar até mesmo higiene pessoal.
  •     Bem-estar físico: alguns pacientes não conseguem dormir, ficando acordados por horas ou acordando várias vezes durante a noite. Em outros casos, eles costumam dormir em excesso, inclusive durante o dia, embora continuem tendo a sensação de estarem cansados. Muitos se queixam de dores por todo o corpo e fadiga crônica.

Diagnóstico e tratamento

Você precisará falar sobre isso com um profissional da saúde sobre isso, ok? Isso pode soar embaraçoso, inútil ou estigmatizado, mas lembre sempre que toda a sua interpretação do que está acontecendo e como sair disso poderão estar comprometidos pela própria depressão. A avaliação de um médico generalista ou de um especialista, como o psiquiatra, é muito necessária. No seu primeiro contato será feita uma entrevista que incluirá histórico do paciente, conflitos, sentimentos e sintomas, bem como alguns exames, poderá diagnosticar o problema.

Na maioria das vezes, o tratamento da depressão é feito de forma conjunta com medicamentos e uma conversa terapêutica e psicoterapia. Existem diversos medicamentos antidepressivos que ajudam a regular a bioquímica cerebral, e o médico definirá o mais indicado para o paciente.

O acompanhamento psicológico, além de buscar levantar os conflitos e consequências relacionadas ao problema, é fundamental, porque os remédios demoraram um tempo para fazer efeito, mas sobretudo existem determinantes emocionais e psicodinâmicos que precisam ser identificados e suficientemente elaborados pela pessoa.

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15 de abril de 2020 Todos

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os transtornos mentais atingem cerca de 10% da população mundial, o que corresponde a mais de 700 milhões de pessoas.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 46 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais. Em relação ao tratamento, o órgão do governo federal estima que 3% da população brasileira necessita de cuidados contínuos em saúde mental, devido a transtornos severos e persistentes, e 9% precisam de atendimentos eventuais.

Esses dados mostram a importância do acesso a serviços de saúde mental e a profissionais especializados, para que essa população receba o diagnóstico e o tratamento adequado. Esclareceremos abaixo algumas questões para ajudar na escolha de um psiquiatra qualificado e de confiança.

Como o psiquiatra atua

Ele é o profissional capacitado para diagnosticar problemas de ordem mental e somente com ele o tratamento pode ser feito à base de medicamentos. Depressão, ansiedade,  transtorno obsessivo compulsivo (TOC), bipolaridade e transtornos sexuais são alguns dos transtornos mentais que levam as pessoas a buscar tratamento psiquiátrico.

Este especialista pode atuar efetivamente em todos os diagnósticos de transtornos mentais – sejam eles leves, moderados ou graves. Um dos focos do tratamento com um psiquiatra é melhorar os aspectos funcionais da vida diante de uma determinada doença mental e, depois, tratar de forma gradativa e progressiva o problema.

A busca por um tratamento psiquiátrico muitas vezes acontece de forma tardia, devido ao estigma que ainda ronda as pessoas que sofrem de transtornos mentais. Além disso, a falta de informações faz com que os pacientes e seus familiares tenham dificuldade em entender a necessidade de procurar um especialista.

Qualquer sofrimento psíquico que esteja atrapalhando a vida do indivíduo merece uma avaliação psiquiátrica para verificar se isso representa, ou não, uma doença mental.

Quando procurar atendimento?

O profissional de psiquiatria deve ser procurado quando se apresenta sintomas que prejudiquem a vida, tanto no campo profissional quanto social como alterações de sono, de alimentação, cuidados com a higiene pessoal, apatia e falta de ânimo para atividades do dia a dia, pensamentos de morte ou suicídio, alucinações ou delírios.

Como escolher?

Na hora de escolher o profissional, verifique se ele possui registro no Conselho Federal de Medicina (CFM) e esteja com esse número ativo. Além disso, o profissional deve ter uma numeração do Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), que confirma a prática de residência médica em psiquiatria. Todos esses dados podem ser consultados no site de cada conselho regional.

É importante buscar ainda referências ou indicações com outros pacientes e, até mesmo, profissionais de saúde, para checar se o perfil desse profissional está de acordo com o seu.

Fique atento também aos dias, horários, locais de atendimento e de telemedicina. Os transtornos mentais são doenças crônicas, por isso, os tratamentos são por todo uma vida, ou mesmo a longo prazo.

Escolher um profissional que se encaixe na sua rotina, que possa ser encontrado com regularidade, que esteja próximo do seu trabalho ou casa, são fundamentais para o sucesso terapêutico.

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4 de abril de 2020 DepressãoTodos

O que você precisa saber sobre opções de tratamento e medicação

Muitos de vocês, como eu, seguem várias fontes de notícias ao longo do dia. Seja rádio, televisão, sites de notícias eletrônicas ou mídias digitais, existem inúmeras maneiras pelas quais as pessoas podem acessar informações com facilidade 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa proliferação de informações é maravilhosa – mas pode ser avassaladora e, em alguns casos – especialmente em questões de saúde mental – imprecisa ou simplesmente inverídica.

Mais recentemente, fiquei impressionada com entrevistas recentes com pessoas que não são profissionais de saúde mental que discutem a depressão sem ter uma formação profissional no campo. Esses autores se colocam  em uma plataforma pública para discutir o tratamento da depressão e o que “funciona” e o que “não funciona” – e embora muito “pareça” convincente e factual – em muitos casos, não é – e isso pode seja muito perigoso.

Como é o plano de tratamento da Depressão

Como psiquiatra praticante por muitos anos, posso atestar o fato de que os tratamentos para depressão funcionam e que aqueles que sofrem com depressão precisam ser informados sobre o que esperar durante o tratamento. Existem muitas pesquisas baseadas em evidências para mostrar que a medicação e a terapia são uma maneira poderosa e eficaz de tratar a depressão. De fato, o tratamento da depressão geralmente é um tratamento combinado, não muito diferente do tratamento para hipertensão ou enxaqueca. É importante saber que, embora apenas a medicação e a psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental, terapia interpessoal, psicanálise, etc) possam aliviar os sintomas depressivos, é uma combinação de medicação e psicoterapia que foi associada a taxas de melhoria significativamente mais altas em doenças mais graves, crônicas, e apresentações complexas de depressão.

É fundamental que alguém que sofre de depressão seja informado sobre as opções de tratamento e tenha um médico ou terapeuta que discuta claramente que tipos de medicamentos estão disponíveis, como gerenciar a falta de eficácia ou efeitos colaterais e como trabalhar com o paciente para garantir que os medicamentos sejam eficazes. Muitas pessoas me disseram que a medicação salvou suas vidas; quase todos desejavam tê-las experimentado antes. E a grande maioria as tolera muito bem. Também é importante entender o que são as psicoterapias, como elas diferem em termos de base de evidências e quão importante é tentar a terapia e encontrar uma que funcione melhor para você, em vez de permanecer na terapia por anos sem alívio dos sintomas. A terapia geralmente não é fácil e exige muito esforço e comprometimento. Mas funciona e já vi muitas pessoas encontrarem alívio da depressão e prosperarem. Um médico disponível e receptivo é uma necessidade absoluta, e visitas frequentes de acompanhamento para garantir que o plano de tratamento esteja correto e funcionando (e para modificar o plano, se necessário) também são essenciais.

O problema do estigma sobre Transtornos Mentais

Ainda como sociedade, sentimos vergonha ao falar sobre transtornos mentais. É difícil e às vezes impossível para as pessoas procurarem a ajuda de que precisam. O suicídio é a segunda principal causa de morte em nossa população adulta jovem. Lembre-se: estar informado sobre as opções de tratamento é a chave para encontrar o tratamento certo para você ou para um ente querido. Você pode aprender sobre as opções de medicação e terapia visitando outros posts do meu blog.

Os tratamentos de depressão funcionam e podem melhorar significativamente a qualidade de vida. Este período de quarentena é um momento maravilhoso para nos comprometermos a nos educar sobre as opções de tratamento. Vamos nos comprometer a fazer perguntas, aprender e manter-se informado sobre a pesquisa e os tratamentos atuais. Isso ajudará à quebra do estigma em torno dos problemas de saúde mental e garantirá que as pessoas encontrem o tratamento de que precisam hoje e continuem a trabalhar como uma sociedade para obter melhores tratamentos amanhã.

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