A compulsão é o quarto diagnóstico psiquiátrico mais comum no mundo. Motivo de preocupação entre quem convive com pessoas compulsivas e objeto de interesse dos pesquisadores da área, ela deve ser discutida e tratada com empatia e responsabilidade.
Os variados tipos de compulsão acometem boa parte da população mundial. Bilhões de pessoas não conseguem controlar os impulsos e se rendem às vontades, dando lugar a diferentes formas desse transtorno.
Afinal de contas, o que é compulsão?
É um transtorno emocional caracterizado por hábitos específicos, que são repetidos excessivamente pelo indivíduo compulsivo. A repetição acontece até mesmo quando a ação é inconveniente e traz prejuízos à pessoa.
Quem sofre desse transtorno desenvolve um mecanismo inconsciente para obter alívio ou prazer imediato. A sensação de bem-estar é uma espécie de recompensa, que faz com que ele repita o comportamento, até que isso se torne compulsão.
Os sintomas mais frequentes do problema são os seguintes:
- dificuldade para controlar a própria vontade;
- alívio no momento em que cede a essa vontade;
- culpa e vergonha depois dos episódios compulsivos;
- mentiras sobre o comportamento;
- irritação quando não consegue praticar o ato compulsivo;
- pensamento obsessivo sobre o assunto;
- utilização massiva da palavra “preciso”.
Compulsão alimentar
Essa é uma das mais frequentes formas do transtorno diagnosticadas nos consultórios psiquiátricos. Pessoas que a apresentam sentem a necessidade de comer, ainda que não estejam com fome, o que as leva a consumir grandes quantidades de alimento em um curto período de tempo.
Pode ser decorrente de distúrbios de percepção da própria imagem, problemas de ordem emocional, estresse, ansiedade e dietas realizadas de forma inadequada. Nesse último caso, a privação de determinados alimentos pode desencadear a vontade incontrolável de comer, mesmo que já se esteja saciado.
Compulsão por compras
Também conhecida como oniomania, geralmente essa forma do problema vem acompanhada de estresse ou ansiedade. O hábito de comprar descontroladamente pode causar sérios danos sociais ao indivíduo compulsivo, pois ele chega a deixar de adquirir o essencial para gastar com itens supérfluos.
Os shopaholics, ou consumidores compulsivos, já são 3% da população mundial, e esse número tende a aumentar. Aqueles que compram de maneira compulsiva costumam esconder as novas compras da família e mentir sobre os valores gastos na aquisição dos produtos. Além disso, compradores compulsivos ficam muito empolgados e eufóricos durante as compras. Conhece alguém assim?
Compulsão por exercícios físicos
Apresenta também o nome de vigorexia, como preferir, e é um transtorno resultante da distorção de imagem. Nesse tipo de transtorno, a pessoa enxerga o corpo menor do que é, e isso o leva a praticar atividades físicas compulsivamente.
Em casos mais graves, o indivíduo com vigorexia além de praticar exercícios de forma exagerada, também recorre a anabolizantes e promove o culto excessivo ao corpo, deixando de lado as outras áreas da vida.
Compulsão por trabalho
O workaholic, também chamado de trabalhador compulsivo, é alguém que trabalha sem parar. O termo se aplica a alguém que gosta muito do trabalho que realiza ou a pessoas que simplesmente se sentem obrigadas a trabalhar.
O profissional com esse problema tem uma visão distorcida do descanso e do lazer, o que faz com que ele pense em trabalhar até mesmo nos momentos de folga ou quando está comendo, por exemplo. Para completar, ele pode se tornar agressivo, competitivo e desenvolver problemas físicos, como gastrite e doenças cardiovasculares.
Compulsão por jogos
Os famosos jogos de azar, como caça-níqueis, bingo, jogos de carta e loteria podem causar compulsão em aproximadamente 2% da população brasileira. Semelhante a vícios como tabagismo e alcoolismo, essa expressão do problema precisa ser tratada.
O comportamento exagerado e repetitivo por jogos é visto com muito preconceito pela sociedade, mas, assim como outras doenças compulsivas, é necessário recorrer à ajuda psiquiátrica para combatê-lo.
Compulsão por sexo
Essa manifestação do transtorno é bem diferente de gostar muito de sexo. Nela, o indivíduo tem comportamentos sexuais exagerados, como se masturbar excessivamente, ter múltiplos parceiros ocasionais e fazer uso diário de pornografia.
O compulsivo sexual não resiste aos desejos e pensamentos eróticos. Ele sente que precisa saciar imediatamente a vontade, não importando como, onde e com quem. Para quem gosta de fazer sexo, mas sem compulsão, essas questões importam.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!