
É triste admitir, mas a saúde mental de boa parte dos médicos está ameaçada. Sim! Muitos estudantes e profissionais de medicina estão seriamente doentes e esse fato merece atenção especial. Só para ter ideia, a taxa de suicídio entre médicos e estudantes de medicina é três vezes superior à população normal. Nos Estados Unidos, estima-se que todos os anos, cerca de 400 pessoas ligadas à área médica tiram a própria vida.
O suicídio entre a classe médica geralmente é multifatorial. A rotina intensa no trabalho, a perda de pacientes, as cobranças profissionais, as situações extremas de estresse, a baixa autoestima, o esgotamento físico, as exigências da formação, o excesso de estudos e o medo de falhar são algumas das razões que levam médicos e estudantes de medicina ao suicídio.
Além disso, fatores pessoais, como dificuldades financeiras, problemas familiares, conflitos amorosos e distúrbios ligados à identidade sexual podem estar entre as causas do comportamento suicida. A boa notícia é que existem boas maneiras de prevenir o desfecho fatal. Veja só!
Supere o tabu
Falar de suicídio, por si só, já é algo delicado. Falar de suicídio entre médicos e estudantes de medicina é ainda mais, afinal, é difícil compreender como alguém que atua em prol da vida pode pensar em tirar a própria.
Ainda assim, é preciso vencer os medos, deixar de lado os preconceitos e superar o tabu para enfrentar a situação e discutir o assunto. Esse é o primeiro passo para prevenir e combater o problema socialmente.
Fique atento aos sinais
Se você é médico, estudante de medicina ou convive diretamente com alguém dessa classe, é importante ficar atento aos sinais que indicam a tendência suicida. O primeiro sintoma é a mudança comportamental. De repente, aquele médico responsável e pontual começa a chegar atrasado, ele passa a maior parte do tempo isolado, não ri mais e não cuida como antes da própria aparência. Nem o cuidado com os seus pacientes é o mesmo.
Esses podem ser indícios de que algo não vai bem com a pessoa e que ela, talvez, esteja prestes a atentar contra a própria vida. Fique de olho nesses sintomas e procure intervir se você perceber algo incomum.
Tenha mais qualidade de vida
Se você é médico ou estudante de medicina, entenda que é mais saudável trabalhar para viver do que viver para trabalhar. No período de formação, há uma grande preocupação se você vai conseguir vencer a alta concorrência e entrar na faculdade. Depois que entra, começa a se preocupar com fatores como a manutenção do curso e obtenção de boas médias. São muitas exigências e isso reflete no fato de que mais de 40% dos alunos de medicina do país sofrem com depressão.
Futuramente vai se deparar com a competitividade para ingressar na residência e o desafio de se manter com a limitada bolsa para os residentes. Vem então a vontade de assumir plantões em mais de um hospital para aumentar a renda e, quando você se dá conta, já está inserido em um ciclo desgastante e muito prejudicial para a saúde física e mental.
Histórias como essas se repetem pelo mundo e podem resultar em suicídio. Uma maneira de evitar que isso aconteça é buscar ter mais qualidade de vida, dar valor às pausas, relaxar em família, se dedicar a hobbies, viajar quando possível, aprender coisas novas, praticar exercícios físicos, dormir bem, se alimentar adequadamente e manter a mente arejada.
Procure ajuda psiquiátrica
Muitos médicos com comportamento suicida relutam em procurar ajuda psiquiátrica, talvez porque temem parecer frágeis diante da sociedade que os rotula como verdadeiros heróis imbatíveis.
“Como admitir que eu, que cuido tão bem da saúde de outras pessoas, estou com a própria saúde abalada?”. Esse tipo de pensamento é comum entre eles, mas o melhor caminho para evitar que o desejo de morrer se transforme em suicídio é buscar auxílio psiquiátrico.
Quanto antes o especialista for consultado, maiores serão as chances de recuperação. Um bom psiquiatra pode ajudar o paciente a compreender sua condição, além de conduzir o tratamento da melhor maneira possível.
Quer saber mais sobre comportamento suicida? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!