compulsão alimentar / Dra Aline Rangel

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A compulsão alimentar é um transtorno caracterizado pelo hábito de comer grandes quantidades de alimentos em um curto período de tempo, com a sensação de descontrole diante da comida. É muito comum confundir compulsão com exagero. No final de semana, em festas, ao encontrar amigos para uma refeição, por exemplo,  é comum comer bastante. Esses exageros são totalmente normais.

No entanto, no Transtorno de Compulsão Alimentar Periódioca esse não é um exagero ocasional. Quem sofre com esse problema não escolhe comer grandes quantidades de comida e nãos os descreve como episódios agradáveis. Ele se caracteriza pela ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos, sem apetite e até quase sem mastigar, até que seja alcançada a plenitude.  O ato compulsivo é realizado independente da percepção que já deveria estar saciado do paciente que, após praticá-lo, na tentativa de libertar-se de um estado insuportável de mal estar, sente-se esgotado, constrangido e com intenso sentimento de culpa sem, no entanto, recorrer a atos compensatórios (vomitar por exemplo), como nos casos de bulimia nervosa.

Estudos estimam que 12 a 30% dos pacientes com transtorno da compulsão alimentar também têm TDAH*

Embora pareçam condições distintas, estudos mostram que tanto o TDAH quanto a compulsão alimentar compartilham uma característica neurobiológica central: a disfunção no sistema de recompensa do cérebro. Essa similaridade abre caminho para intervenções eficazes, como o uso da lisdexanfetamina, comercializada com o nome Venvanse ®, Lyberdia® aqui no Brasil, um medicamento que tem se mostrado promissor no tratamento de ambas as condições.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Com prevalência variando de 5,9% a 10% em crianças e 2,5% a 7% em adultos, o TDAH afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com diferenças importantes entre os gêneros ao longo da vida.

TDAH e Compulsão Alimentar:

o que acontece no sistema de recompensa?

O sistema de recompensa desempenha um papel central na regulação da motivação, do prazer e da tomada de decisões. Tanto no TDAH quanto na compulsão alimentar, há uma disfunção nesse sistema, especialmente em relação à dopamina, um neurotransmissor crucial para o processamento de recompensas.

  • TDAH: Pacientes apresentam dificuldade em lidar com atividades que não oferecem gratificação imediata, o que leva a impulsividade e problemas de autorregulação.

  • Compulsão alimentar: No transtorno da compulsão alimentar, observa-se uma hipersensibilidade às recompensas alimentares, resultando em um ciclo de compulsão e reforço positivo contínuo.

Essa preferência por recompensas imediatas é comum em condições como transtornos por uso de substâncias e compulsão alimentar, dificultando o controle sobre comportamentos impulsivos.

Lisdexanfetamina no tratamento para a Compulsão Alimentar

A lisdexanfetamina é um pró-fármaco que se converte em dextroanfetamina no organismo, aumentando os níveis de dopamina e norepinefrina em áreas do cérebro relacionadas à atenção, controle de impulsos e recompensa. Ela é amplamente utilizada no tratamento do TDAH e também tem demonstrado eficácia no manejo da compulsão alimentar.

No TDAH, a intervenção com esta medicação está relacionada à melhora da impulsividade, da persistência de esforço e da tolerância a recompensas tardias.

Na compulsão alimentar, o seu uso está relacionado a uma redução da frequência de episódios de compulsão, maior controle sobre gatilhos, possível “normalização” da resposta de recompensa a alimentos.

Evidências sugerem modulação de circuitos cerebrais como a habênula lateral (sinalização de não-recompensa), o que pode ajudar a reduzir escolhas impulsivas e reequilibrar o ciclo de recompensa.

Importante: medicamentos não substituem psicoterapia, rotina estruturada, higiene do sono, manejo nutricional e atividade física. O melhor resultado vem da combinação de tratamento farmacológico + “cadenciamento dos hábitos” e crenças disfuncionais.

Importância da identificação da comorbidade TDAH + Compulsão Alimentar 

Para muitos pacientes é crucial e até “empoderador” descobrir que o TDAH está na raiz dos episódios de compulsão alimentar. Por isso, entender o TDAH, o que ele é e o que não é o primeiro passo no tratamento do transtorno de compulsão alimentar periódica.

É muito importante para os pacientes que têm essas condições comórbidas o quanto é difícil regular algo que é intrinsecamente recompensador para essa pessoa como a ingestão de alimentos, por exemplo, mas poderia ser quanquer outro comportamento impulsivo. A maioria dos pacientes fica aliviada ao entender que é o TDAH e não algum defeito interno profundo que contribui para a compulsão alimentar deles.

Sem aceitação e compreensão, o tratamento pode ficar comprometido, porque pessoas com compulsão alimentar lidam com uma carga enorme de vergonha.

TDAH, Compulsão Alimentar e tratamento

A relação entre TDAH e compulsão alimentar vai além das semelhanças nos sintomas. Ambos os transtornos compartilham disfunções neurobiológicas que afetam o dia a dia dos pacientes, aumentando o risco de comorbidades psiquiátricas. Intervenções que abordam essas disfunções, como o uso da lisdexanfetamina, têm se mostrado eficazes na melhora da qualidade de vida.

Aposte na terapia

É importante controlar ou reduzir os padrões de pensamento negativos que a pessoa tem sobre si mesma e sobre o seu transtorno de compulsão alimentar. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ajudar a construir uma visão mais positiva em relação ao comer compulsivo. Por exemplo, em trabalho com um terapeuta, a pessoa pode aprender a não se sentir um fracasso e abandonar o plano de tratamento só porque “escorregou” ou teve uma “recaída” nas escolhas alimentares em um dia.

A terapia comportamental dialética (DBT) também é muito útil para pessoas com TDAH, que tendem a sentir as emoções de forma mais intensa do que outras pessoas. Comer emocionalmente quando estão entediadas, com baixa autoestima ou depois de uma briga com um colega de trabalho ou com o parceiro é um desafio central para quem tem TDAH.

O objetivo da DBT é criar um equilíbrio entre aceitar onde você está agora e, ao mesmo tempo, enxergar os benefícios de fazer pequenas mudanças, sem cair no desespero ao longo do caminho. A DBT também oferece às pessoas com TDAH ferramentas eficazes para controlar melhor suas emoções  e o impacto delas sobre a compulsão alimentar.

Investir em um tratamento adequado, que pode incluir psicoestimulantes, terapia comportamental e mudanças no estilo de vida, é essencial para o manejo desses transtornos. O impacto positivo da lisdexanfetamina no sistema de recompensa oferece uma abordagem inovadora para tratar não apenas os sintomas principais, mas também as comorbidades associadas.

 

 

O que acontece na primeira consulta com o psiquiatra?


Referências:

  1. Newcorn JH, Ivanov I, Krone B, Li X, Duhoux S, White S, et al. Neurobiological basis of reinforcement-based decision making in adults with ADHD treated with lisdexamfetamine dimesylate: Preliminary findings and implications for mechanisms influencing clinical improvement. J Psychiatr Res. 2024;170:19-26.
  2. Schneider E, Higgs S, Dourish CT. Lisdexamfetamine and binge-eating disorder: A systematic review and meta-analysis of the preclinical and clinical data with a focus on mechanism of drug action in treating the disorder. Eur Neuropsychopharmacol. 2021;53:49-78.
  3. Mondoloni S, Mameli M, Congiu M. Reward and aversion encoding in the lateral habenula for innate and learned behaviours. Transl Psychiatry. 2022;12(1):3.

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O ato de comer está associado à sensação de prazer. Por isso, muitas vezes, comemos mais do que deveríamos. Quando esse comportamento se torna corriqueiro, é hora de prestar atenção, pois o hábito pode ser um sintoma de compulsão alimentar.

A compulsão alimentar é um transtorno que causa nas pessoas a necessidade de comer mesmo sem apetite e, muitas vezes, em excesso. É um distúrbio químico, derivado de um desequilíbrio nos mecanismos de fome e saciedade. Geralmente está associado a problemas de ansiedade e depressão.

Esse transtorno atinge cerca de 3% da população mundial, segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria. Três em cada quatro pessoas que comem impulsivamente são obesas, uma vez que a maneira com que se alimentam superam a quantidade de calorias necessárias ao organismo.

Sintomas

Quando a pessoa tem compulsão alimentar, ela:

  • come muito rápido;
  • come fora de hora e sem ter fome;
  • come em pequenos intervalos de tempo;
  • tem a necessidade de comer alimentos calóricos após momentos de estresse;
  • não mastiga a comida adequadamente;
  • coloca na boca grandes quantidades de alimento;
  • sente culpa após se alimentar;
  • come sozinha ou em segredo;
  • continua comendo mesmo depois de saciada;
  • perde o controle do que é consumido;
  • muitas vezes passa mal depois de comer.

Algumas pessoas tendem a comer compulsivamente doces e carboidratos. É comum, também, que percam o controle com todos os tipos de alimentos, inclusive legumes e frutas.

Tratamento

O diagnóstico para a compulsão alimentar é realizado pelo médico, baseado no relato do indivíduo, uma vez que não existe um exame específico que comprove o transtorno. Além disso, o médico poderá pedir exames para avaliar a saúde, pois se trata de um distúrbio alimentar que pode implicar o desenvolvimento de diabetes e doenças cardíacas, por exemplo.

O tratamento para compulsão alimentar é realizado pelo médico psiquiatra. Um trabalho multidisciplinar com nutrólogo, nutricionista e endocrinologista pode ser indicado.

O tratamento se baseará em mudanças no estilo de vida, com reeducação alimentar e indicação de atividade física. Além disso, em alguns casos, o psiquiatra poderá receitar medicamentos como antidepressivos, que adequarão a serotonina e indutores de saciedade no organismo.

Cabe ao médico avaliar, também, se outros transtornos como depressão e ansiedade estão associados à compulsão alimentar. Dessa forma, realizará o tratamento concomitantemente, uma vez que a compulsão está ligada a fatores mentais.  É possível que o médico identifique qual sensação esse distúrbio alimentar desperta e trabalhe esse fato com a pessoa.

Se não tratado, o ato de comer compulsivamente pode implicar doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto e problemas gástricos. Além disso, depressão e bulimia também estão associadas à compulsão alimentar.

A rotina do mundo moderno pode reforçar transtornos como ansiedade, depressão e estresse, que, por sua vez, podem provocar a compulsão alimentar. Por isso, é importante ter sempre bons hábitos. Alimentação saudável, prática de atividade física e hobbies são fatores que podem auxiliar na prevenção desses desencadeadores.

 

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



10 de março de 2022 Todos

A compulsão é o quarto diagnóstico psiquiátrico mais comum no mundo. Motivo de preocupação entre quem convive com pessoas compulsivas e objeto de interesse dos pesquisadores da área, ela deve ser discutida e tratada com empatia e responsabilidade.

Os variados tipos de compulsão acometem boa parte da população mundial. Bilhões de pessoas não conseguem controlar os impulsos e se rendem às vontades, dando lugar a diferentes formas desse transtorno. 

Afinal de contas, o que é compulsão?

É um transtorno emocional caracterizado por hábitos específicos, que são repetidos excessivamente pelo indivíduo compulsivo. A repetição acontece até mesmo quando a ação é inconveniente e traz prejuízos à pessoa.

Quem sofre desse transtorno desenvolve um mecanismo inconsciente para obter alívio ou prazer imediato. A sensação de bem-estar é uma espécie de recompensa, que faz com que ele repita o comportamento, até que isso se torne compulsão.

Os sintomas mais frequentes do problema são os seguintes:

  • dificuldade para controlar a própria vontade;
  • alívio no momento em que cede a essa vontade;
  • culpa e vergonha depois dos episódios compulsivos;
  • mentiras sobre o comportamento;
  • irritação quando não consegue praticar o ato compulsivo;
  • pensamento obsessivo sobre o assunto;
  • utilização massiva da palavra “preciso”.

Compulsão alimentar

Essa é uma das mais frequentes formas do transtorno diagnosticadas nos consultórios psiquiátricos. Pessoas que a apresentam sentem a necessidade de comer, ainda que não estejam com fome, o que as leva a consumir grandes quantidades de alimento em um curto período de tempo.

Pode ser decorrente de distúrbios de percepção da própria imagem, problemas de ordem emocional, estresse, ansiedade e dietas realizadas de forma inadequada. Nesse último caso, a privação de determinados alimentos pode desencadear a vontade incontrolável de comer, mesmo que já se esteja saciado.

Compulsão por compras

Também conhecida como oniomania, geralmente essa forma do problema vem acompanhada de estresse ou ansiedade. O hábito de comprar descontroladamente pode causar sérios danos sociais ao indivíduo compulsivo, pois ele chega a deixar de adquirir o essencial para gastar com itens supérfluos.

Os shopaholics, ou consumidores compulsivos, já são 3% da população mundial, e esse número tende a aumentar. Aqueles que compram de maneira compulsiva costumam esconder as novas compras da família e mentir sobre os valores gastos na aquisição dos produtos. Além disso, compradores compulsivos ficam muito empolgados e eufóricos durante as compras. Conhece alguém assim?

Compulsão por exercícios físicos

Apresenta também o nome de vigorexia, como preferir, e é um transtorno resultante da distorção de imagem. Nesse tipo de transtorno, a pessoa enxerga o corpo menor do que é, e isso o leva a praticar atividades físicas compulsivamente.

Em casos mais graves, o indivíduo com vigorexia além de praticar exercícios de forma exagerada, também recorre a anabolizantes e promove o culto excessivo ao corpo, deixando de lado as outras áreas da vida.

Compulsão por trabalho

O workaholic, também chamado de trabalhador compulsivo, é alguém que trabalha sem parar. O termo se aplica a alguém que gosta muito do trabalho que realiza ou a pessoas que simplesmente se sentem obrigadas a trabalhar.

O profissional com esse problema tem uma visão distorcida do descanso e do lazer, o que faz com que ele pense em trabalhar até mesmo nos momentos de folga ou quando está comendo, por exemplo. Para completar, ele pode se tornar agressivo, competitivo e desenvolver problemas físicos, como gastrite e doenças cardiovasculares.

Compulsão por jogos

Os famosos jogos de azar, como caça-níqueis, bingo, jogos de carta e loteria podem causar compulsão em aproximadamente 2% da população brasileira. Semelhante a vícios como tabagismo e alcoolismo, essa expressão do problema precisa ser tratada.

O comportamento exagerado e repetitivo por jogos é visto com muito preconceito pela sociedade, mas, assim como outras doenças compulsivas, é necessário recorrer à ajuda psiquiátrica para combatê-lo.

Compulsão por sexo

Essa manifestação do transtorno é bem diferente de gostar muito de sexo. Nela, o indivíduo tem comportamentos sexuais exagerados, como se masturbar excessivamente, ter múltiplos parceiros ocasionais e fazer uso diário de pornografia.

O compulsivo sexual não resiste aos desejos e pensamentos eróticos. Ele sente que precisa saciar imediatamente a vontade, não importando como, onde e com quem. Para quem gosta de fazer sexo, mas sem compulsão, essas questões importam.

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Os transtornos alimentares são considerados condições psiquiátricas. Essa classificação se justifica pois são disfunções relacionadas a uma prática alimentar que foge do padrão. Geralmente, elas são motivadas por algum tipo de sofrimento mental.

Tais problemas têm tratamento. No entanto, é importante identificá-los precocemente, para que não se agravem atingindo condições de saúde mais sérias.

Por isso, no artigo de hoje, são apresentados alguns tipos de transtornos alimentares. Acompanhe em seguida.

Dez tipos de transtornos alimentares

Anorexia

A anorexia é um transtorno alimentar em que o indivíduo ingere uma quantidade insuficiente de calorias. Devido a isso, seu peso fica muito abaixo do que é considerado normal.

Quem tem anorexia, geralmente, tem medo de engordar. E também não consegue entender que está abaixo do peso, considerando sempre que pode emagrecer mais e mais.

Bulimia

A pessoa bulímica é aquela que tem episódios recorrentes de compulsão alimentar, seguidos de culpa e vômito induzido.

Por ter preocupação extrema com o peso, quem tem bulimia também pode fazer exercícios de forma excessiva. Pode, também, usar indiscriminadamente laxantes e outros medicamentos, como inibidores de apetite.

Transtorno de compulsão alimentar periódica

O transtorno de compulsão alimentar se caracteriza por comer mais rapidamente do que o normal e até sentir-se desconfortavelmente cheio. Além disso, outra característica do distúrbio é ingerir grandes quantidades de alimentos quando não está fisicamente com fome, bem como comer sozinho, por vergonha da quantidade que está ingerindo.

Tais atitudes são seguidas de culpa e, ao mesmo tempo, constrangimento.

Transtorno de ruminação

O transtorno de ruminação ocorre quando o indivíduo come, regurgita ou cospe, mastiga novamente e volta a engolir o alimento. É mais frequente em crianças pequenas.

Transtorno alimentar restritivo evitativo

O transtorno alimentar restritivo evitativo é uma perturbação alimentar em que a pessoa não satisfaz suas necessidades nutricionais com o alimento ingerido. As características desse problema são a perda de peso significativa ou insuficiência do crescimento esperado.

Ocorrem deficiências nutricionais, dependência de suplementos, bem como problemas nutricionais que interferem no funcionamento psicossocial.

Pica

Pica é a ingestão de substâncias que não têm valor nutricional, como, por exemplo, se alguém come algodão ou argila. Mais incidente em mulheres grávidas e crianças.

Ortorexia

A ortorexia é um comportamento alimentar em que há obsessão por alimentos saudáveis. Sendo assim, muitas comidas são excluídas da dieta, principalmente as industrializadas.

Hiperfagia

A hiperfagia se caracteriza pela ingestão de uma grande quantidade de comida, após um evento traumático. Como se este tipo de alimentação em excesso pudesse aliviar o sofrimento da pessoa.

TOC por alimentos

O transtorno obsessivo-compulsivo por alimentos é um tipo de ansiedade que envolve pensamentos intrusivos e repetitivos. Esses pensamentos só são aliviados enquanto a pessoa está comendo.

Vigorexia

A vigorexia ocorre quando há obsessão em ficar muito musculoso. O dismorfismo corporal acaba por vir acompanhado de uma alimentação extremamente restrita, para que a estrutura física seja mantida.

Diante de qualquer uma dessas condições, portanto, é de extrema importância buscar ajuda médica. O apoio familiar e dos amigos também é igualmente fundamental para o sucesso do tratamento dos transtornos alimentares.

 

TDAH e Compulsão Alimentar: relação e tratamento com Lisdexanfetamina

 

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A musicoterapia consiste no ato de usar sons, melodias e instrumentos como ferramentas de tratamento. Os primeiros estudos científicos sobre a eficácia da musicoterapia ocorreram no estado de Michigan, nos Estados Unidos da América, no ano de 1944. Poucos anos depois, em 1950, foi criada a Associação Nacional para Musicoterapia, nesse mesmo país. 

Em 1968, na Argentina, realizou-se a Primeira Jornada Latino-Americana de Musicoterapia. No contexto da saúde mental brasileira, pode-se ressaltar a utilização do Modelo Psicanalítico de Musicoterapia por Mary Priestley, criado na década de 1970, o qual associava momentos de música e de reflexão. 

Apesar de já ser realizada há muito tempo e de ser reconhecida internacionalmente, a musicoterapia ainda é pouco conhecida e pouco difundida nos meios de comunicação. Com o propósito específico de auxiliar nos transtornos mentais, este texto explica mais profundamente como essa modalidade pode ser usada.

Como a musicoterapia atua na saúde mental?

Por meio da interação entre o músico terapeuta e os pacientes, há estímulo de circuitos neuronais em que os medicamentos não conseguem atuar de forma plena.

Com isso, várias sinapses são ativadas, gerando respostas tanto psíquicas quanto motoras, ocasionando melhora dos padrões comportamentais e de movimento. 

Como a musicoterapia auxilia nos diversos tipos de transtornos mentais? 

O estresse, as cobranças e o estilo de vida modernos estão gerando pessoas cada vez mais ansiosas e depressivas. Em 2020, haverá mais pessoas com transtorno depressivo do que com pressão alta. Com o intuito de ajudar quem sofre de transtornos mentais, a musicoterapia pode atuar de modo a acalmar e a conectar as pessoas ao momento presente, esquecendo as preocupações tão intensas. 

Indivíduos com transtorno de humor grave, bipolaridade, esquizofrenia, por exemplo, sofrem muito preconceito, sendo taxados de loucos e incapazes. Eles devem ter tratamento em serviços de atenção específica, como CAPS (centro de atenção psicossocial), a fim de que haja união entre o tratamento farmacológico e os demais.

As oficinas terapêuticas são ferramentas de ajuda para esses indivíduos. São utilizadas diversas maneiras para reintegrá-los à esfera social. Existem, por exemplo, oficinas de plantação, em que é ensinado como plantar hortaliças e como vendê-las nas feiras locais. Assim, desvincula-se o indivíduo do conceito de louco, como aquele que não consegue realizar algum trabalho. Ao mesmo tempo, o insere no meio social próximo.

De modo semelhante, a oficina terapêutica pode usar a música como ferramenta de tratamento. Ao se ensaiar uma apresentação musical e apresentá-la para diversas pessoas, como cantatas de datas comemorativas, por exemplo, os indivíduos deixam de ocupar a típica posição de exclusão e passam a ser protagonistas da vida.

A dependência de substâncias psicoativas também é um transtorno mental que atrapalha a vida de diversas famílias. Ao buscar a droga, geralmente, a pessoa procura uma sensação de bem-estar e de prazer. A música age em terminações neuronais semelhantes às que essas substâncias agem, como ocitocina, por exemplo.

Assim, ao cantar ou ouvir uma música, o indivíduo experimenta boas lembranças e sensações agradáveis. Com o passar do tempo, o dependente químico pode associar que outras coisas na vida geram bem-estar, como a música, um alimento saboroso, a família etc.. Com isso, ele deixa em segundo plano a droga, uma vez que os prejuízos relacionados a ela são bem maiores do que o prazer momentâneo gerado. 

Música: vamos utilizá-la?

O som está presente na vida da humanidade desde os primórdios da história. É por meio do som que conseguimos nos comunicar. A música não precisa de técnicas avançadas, como nas demais artes. Pelo contrário. É necessário apenas espontaneidade e movimento. A partir da acústica, o ser humano é capaz de criar. Criar significados, sentimentos, territórios. 

Dito isso, percebe-se que a musicoterapia se torna um momento de expressão de sentimentos e de gestos. Ela se torna parte fundamental para o tratamento em saúde mental, auxiliando os medicamentos. Para maiores informações, consulte um médico especialista. Ele poderá ajudá-lo de forma individualizada. 


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15 de abril de 2020 AnsiedadeTodos

Sim, ansiedade e obesidade tem relação e o motivo não é somente o aumento de consumo de alimentos calóricos e gordurosos.

A explicação está também na liberação de dois hormônios no corpo, um responsável pelo estresse, chamado de cortisol, liberado no sistema suprarrenal, e outro responsável pela sensação de bem-estar, chamado de serotonina, produzida no intestino.

Ainda há motivos relacionados ao comportamento dos indivíduos ansiosos, que passam a adotar um ritmo acelerado de vida, sem tempo para se alimentar saudavelmente e para realizar atividades físicas.

Estresse

A ansiedade provoca alteração na produção do hormônio cortisol. Em situação estresse, tensão e medo, que uma pessoa ansiosa passa a todo instante, esse hormônio é liberado no corpo.

O cortisol tem como efeito estimular a produção de gordura no organismo. Isso acontece porque, em situações de estresse, o corpo tende a produzir mais reservas de energia na forma de gordura para que o organismo tenha uma boa reserva calórica que possa ser utilizada em casos de crise alimentar ou momentos de luta.

Com o organismo liberando desesperadamente esse hormônio, ocorre o acúmulo de gordura no corpo, principalmente na região da barriga.

Compulsão alimentar na ansiedade

Além do fator biológico, o indivíduo ansioso acaba cometendo excessos alimentares como busca inconsciente para amenizar sensações desagradáveis, como estresse, solidão, cansaço, tristeza e raiva, gerando a compulsão alimentar, que pode levar ao quadro de sobrepeso e até obesidade.

Há o aumento no consumo especialmente de doces, pães, massas e outros alimentos fontes de carboidratos simples e açúcar. Isso causa naturalmente um grande aumento no consumo de calorias, levando ao ganho de peso e dificuldade para emagrecer.

Esses momentos de compulsão acontecem porque alimentos doces ou ricos em carboidratos estimulam a produção de serotonina, hormônio que gera a sensação de bem-estar no organismo, fazendo com que ela obtenha um prazer momentâneo ao comer.

Essa situação pode causar um sentimento de culpa muito grande depois que as pessoas comem desesperadamente. O que acontece é que elas comem para se livrar da sensação desagradável, mas acabam se sentindo culpadas por terem comido demais, gerando ainda mais ansiedade. Aí então elas comem novamente para obter a sensação de prazer – isso faz com que entrem em um círculo vicioso.

Apatia e aceleração

Outros dois comportamentos também afetam os indivíduos que sofrem com a ansiedade.

Muitos experimentam uma sensação de apatia, de modo que não possuem vontade de realizar nenhuma atividade, incluindo exercícios físicos. Com isso, tendem a se exercitar menos, acumulando mais energia e, portanto, engordando.

Além disso, pessoas ansiosas se tornam frequentemente aceleradas, uma vez que as preocupações futuras as impedem de prestar atenção ao momento presente. Isso fica claro nas refeições, feitas com muita pressa e rápido demais. Assim, ela acaba comendo mais do que deveria, o que leva ao aumento de peso.

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Nota: A obesidade é considerada “doença” sobretudo quando relacionada à síndrome plurimetabólica. Existem métricas para a definição dela e que entendo que em pleno século 21, felizmente, já reconhecemos a Gordofobia como uma questão sócio-emocional grave. Não tenho nenhuma intenção de parecer gordofóbica, pelo contrário, sobretudo porque sou obesa desde a infância e fui vítima várias vezes disso, inclusive em momentos em que só era uma mulher “grande” (sou bem alta e nunca vou vestir 38-40). Este texto foi escrito para quem carrega consigo uma grande ansiedade e sofrimento relacionados à obesidade



A compulsão alimentar é um transtorno compulsivo, como tantos outros, em que não há uma relação saudável entre a necessidade, o estímulo e o hábito. O indivíduo que sofre desse problema não come em função exclusivamente das razões que levam as pessoas a comer, ligadas à nutrição, ao sentimento de satisfação do corpo e ao prazer de saborear os alimentos. Diz respeito a um distúrbio que envolve os seguintes sinais:  ingestão de grandes quantidades de alimentos, mesmo sem fome; se alimentar mesmo quando se sentir desconfortável; refeições noturnas exageradas (o famoso “assaltar a geladeira à noite”); alimentar-se descontroladamente perante situações de estresse; manter o  hábito de  “beliscar” mesmo sem fome, apenas em função da disponibilidade de comida;  comer sozinho e apressadamente, de forma descontrolada, mesmo sem prazer. A compulsão alimentar é uma patologia que tem tratamento e cura.

Além dos sinais citados acima, é possível perceber um visível descontentamento com essa compulsão por alimentos, de tal modo que o doente começa a comer escondido. O motivo para tal comportamento não é apenas a vergonha do hábito, mas com o inevitável resultado desfavorável no aspecto físico. Esse é um quadro de compulsão alimentar.

Mecanismo de compensação

Os especialistas acreditam que esse comportamento é um mecanismo compensatório básico, relacionado à rotina intensa, frustrante, solitária e estressante a que as pessoas são submetidas. Esse hábito de comer de forma descontrolada seria uma compensação à frustração relacionada às expectativas criadas e exigências inatingíveis impostas pela sociedade do consumo.

O indivíduo, ao comer compulsivamente, sente um alívio da tensão, o que faz com que ele se refugie de forma mais sistemática no ato de ingerir alimentos em profusão. Já não é mais um comportamento ligado ao prazer, mas apenas um mecanismo de compensação. Por causa da euforia e ao mesmo tempo da insatisfação, o paciente sabe que não é um comportamento normal, além de ser prejudicial à sua saúde.

Há um processo mental, em que o cérebro não consegue equacionar de forma correta a relação entre desejo, demanda, impulso e satisfação. É como falar de uma fuga da realidade.

Muitas vezes, além do estresse e problemas emocionais, as dietas muito radicais também podem desencadear um impulso por comer tudo aquilo de que foi privado.

Tratamento psiquiátrico para a compulsão alimentar

Normalmente, essas pessoas procuram por tratamentos que visam o controle físico do transtorno, como dietas, por exemplo. Porém, trata-se de uma inquietação que tem sua origem em questões mentais. Com isso, alguns desses pacientes tendem a ganhar muito sobrepeso e se tornarem pessoas infelizes.

O que caracteriza o diagnóstico é a ocorrência desse tipo de comportamento pelo menos duas vezes na semana durante os últimos seis meses, não estando acompanhados de comportamentos de compensação extremos – como uso de laxantes e vômito.

O tratamento psiquiátrico é focado nos fatores físicos e emocionais. A terapia consiste em ajudar as pessoas a lidarem melhor com os sentimentos, com a alimentação em situações diversas (como em ceias de Natal, por exemplo). A finalidade do acompanhamento é tornar essas pessoas capazes de dizerem não à comida se ela não for necessária. Assim conseguirão melhorar os relacionamentos pessoais e a autoestima.

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Leia também:

TDAH, Compulsão Alimentar e Lisdexanfetamina: relação e tratamento



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