Você já sentiu como se seu peito estivesse apertado, a respiração curta e a cabeça tomada por pensamentos catastróficos?
Se sim, você pode ter vivido uma crise de ansiedade — um estado intenso de alerta físico e mental que, embora comum, ainda é pouco compreendido.
No post anterior, falamos sobre os 8 sinais que indicam uma crise de ansiedade. Agora, é hora de dar o próximo passo: entender como sair de uma crise de ansiedade de forma segura, rápida e baseada em evidências.
A crise de ansiedade pode ser interrompida
A boa notícia é: crises de ansiedade passam. E mais do que isso: elas podem ser tratadas e prevenidas.
Estudos recentes mostram que técnicas de atenção plena (mindfulness), especialmente aquelas desenvolvidas na Terapia Comportamental Dialética (DBT), são eficazes na redução de sintomas de ansiedade e pânico.
Uma dessas técnicas é a habilidade STOP, um acrônimo simples, mas poderoso.
STOP: a técnica que freia a espiral da ansiedade
Durante uma crise, seu cérebro entra no modo “lutar ou fugir”. A habilidade STOP ajuda a interromper esse ciclo:
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S (Stop): pare tudo que estiver fazendo.
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T (Take a step back): dê um passo mental para trás. Respire.
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O (Observe): observe sua mente e corpo, sem julgamento.
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P (Proceed mindfully): prossiga com consciência, um passo de cada vez.
Essa técnica foi cientificamente validada em contextos de ansiedade moderada a grave e mostrou impacto significativo em reduzir sintomas físicos e mentais.
8 dicas práticas para sair de uma crise de ansiedade
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Reconheça que você está em crise (e que vai passar)
Nomear a crise reduz seu impacto. Diga a si mesmo:
“Isso é ansiedade. Eu já passei por isso antes. Vai passar.” -
Respire com intenção
Use a técnica 4-4-4: inspire por 4 segundos, segure por 4, expire por 4. Repita. -
Pare de lutar contra os sintomas
Ansiedade é uma onda. Resistir pode piorar. Surfar essa onda, observando-a, pode encurtar sua duração. -
Use os 5 sentidos para se ancorar no presente
Veja 5 coisas. Toque 4. Ouça 3. Sinta 2 cheiros. Prove 1 sabor. Isso ajuda seu cérebro a sair do estado de alarme. -
Diga “não agora” para os pensamentos catastróficos
Você não precisa resolver todos os problemas nesse momento.
Coloque seus pensamentos em “modo espera”. -
Mude de ambiente (se possível)
Vá para um local calmo, arejado ou com menos estímulos. Se não der, feche os olhos por alguns segundos. -
Fale com alguém de confiança
Às vezes, o simples fato de compartilhar o que está sentindo ajuda a reduzir os sintomas. -
Busque ajuda profissional
Se as crises são recorrentes, há tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico eficaz. A ansiedade não precisa controlar sua vida.
Mindfulness e ansiedade: o que a ciência diz
O estudo de Lothes et al. (2019) avaliou o impacto de técnicas de mindfulness baseadas na DBT em pessoas com alta ansiedade. Em apenas 8 semanas, os participantes tiveram redução significativa da ansiedade geral, da ansiedade de desempenho e aumento dos níveis de atenção plena, tanto presencialmente quanto em intervenções online.
Ou seja: é possível aprender a se regular emocionalmente com ferramentas práticas e acessíveis — e a habilidade STOP é uma delas.
A crise pode ser a porta de entrada para o cuidado
Uma crise de ansiedade pode parecer o fim — mas, muitas vezes, é apenas o início de um caminho de autoconhecimento e cuidado. Você não está sozinha(o) e não precisa enfrentar isso sem apoio.
E lembre-se: pedir ajuda não é fraqueza. É força. E existem caminhos para respirar melhor — no corpo, na mente e na vida.