É natural querer passar o máximo de tempo possível com nosso(a) parceiro(a) quando nos apaixonamos e querer estar ciente de todos os aspectos de suas vidas. Muitos consideram uma fase passageira ou veem o ciúme como uma parte normal dos relacionamentos. No entanto, quando esse amor se transforma em obsessão, levando a eventos extremos como controle de todos os passos do(a) parceiro(a), desconfiar sobre o que faz, com quem e onde e uma crença de que está sendo traído(a), isso se torna motivo de preocupação.
Infelizmente, esse fenômeno, conhecido como ciúme patológico, é mais comum do que imaginamos. Ele afeta homens e mulheres em todo o mundo, aprisionando-os em um ciclo de dependência semelhante a um vício. Assim como outros distúrbios comportamentais, os sintomas do ciúme patológico podem se tornar avassaladores e destrutivos, se manifestando como agressão, automutilação ou até mesmo tentativas de suicídio e/ou homicídio.
Diagnóstico e Tratamento
O ciúme patológico é diagnosticado por meio de uma avaliação completa por um especialista que pode diferenciá-lo de outras condições, como o Transtorno de Personalidade Borderline e Transtorno Explosivo Intermitente, por exemplo. Anteriormente, o ciúme patológico era visto apenas como um sintoma, em vez de uma doença distinta.
Apresenta-se de forma heterogênea, tais como ideias obsessivas, prevalentes ou delirantes. Desta forma, ele pode ser explicado por dois modelos de diagnóstico, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e o transtorno delirante. Portanto, uma vez detectado, deve-se identificar o diagnóstico de base. Como o tema pode apresentar uma forte conotação paranóide, a aproximação mais comum seria com transtornos psicóticos, em virtude de alguns pacientes terem boa resposta terapêutica a antipsicóticos e apresentarem uma forte convicção, próxima a um delírio, de que estão sendo traídos. No entanto, apesar de alguns autores ressaltarem a associação desse sintoma com o TOC, são poucos os artigos publicados sobre o tema. Neste caso, a terapêutica mais adequada seriam os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) associados à terapia cognitivo-comportamental (TCC), entre outros. Em casos refratários, a associação com doses baixas de antipsicóticos por curto período de tempo poderia ser uma opção
Uma vez diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado, com foco na terapia como um recurso indispensável. O terapeuta trabalhará atentamente e pacientemente com o paciente, ajudando-o a reconhecer a perda de controle. Além disso, explorará quaisquer conflitos subjacentes que possam contribuir para o desenvolvimento desses sintomas, como experiências passadas que levaram a uma baixa tolerância à dor e ao sofrimento.
O texto remete a pessoas ciumentas extremamente adoecidas, no contexto do espectros dos transtornos obsessivos compulsivos e até delirantes, mas identificamos, em menor intensidade, em relacionamentos reconhecidos como “normais”. Os relacionamentos devem enriquecer a vida de alguém, em vez de serem uma forma de preencher um vazio. Esteja atento ao que quer de um relacionamento e da representação de uma parceria na sua.
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