depressão / Dra Aline Rangel


9 de setembro de 2020 Depressão

Ninguém gosta de receber diagnósticos. Do mais simples ao mais complexo dos casos, saber que você enfrentará uma doença nunca é uma boa notícia. Sobretudo se for um problema que não se vê sangrar e não se vê cicatrizar. Ou uma doença que não dá margem para indicar com precisão o período de tratamento. É o caso da depressão. Por se tratar de um transtorno invisível e imprevisível, o diagnóstico de depressão costuma ser ainda mais duro de receber, pois é repleto de dúvidas. Como será daqui pra frente?

É um cenário, também, repleto de esperança, afinal a depressão pode ser tratada. Não é possível estimar exatamente em quanto tempo, já que cada caso é um caso. Os sintomas e graus variam, assim como o tratamento para cada um deles. Há uma certeza, porém. De que agora, sabendo do que se trata, passamos a trilhar um caminho muito menos nebuloso. Daqui pra frente será muito melhor.

Como encarar essa fase

As reações ao diagnóstico podem ser muitas. Há quem fique espantado e sinta culpa, perguntando-se “por que isso está acontecendo justo comigo?”; há quem fique agoniado imaginando que sua vida jamais será a mesma. Eu já vi diferentes formas de receber a notícia ao longo da minha carreira como psiquiatra e, no geral, muitos pacientes que atendo respiram com um certo alívio e esperança, sabendo agora que aquilo que sentem tem um nome e uma solução. As conversas sobre transtorno depressivo estão acontecendo com mais frequência, o que tem tornado a recepção do diagnóstico um pouco melhor e menos dolorosa.

Uma vez diagnosticado o transtorno, é importante ter em mente que será preciso rigor e disciplina com o tratamento. Ele é comprovadamente eficaz, desde que seja precisamente seguido. Pode-se, em alguns casos, haver intervenção farmacológica e ter de incluir hábitos na rotina que irão contribuir para o bem-estar em geral, como exercícios físicos, mudanças nutricionais, proximidade com pessoas que ama, boas noites de sono, etc. O uso do medicamento não é recomendado a longo prazo e, após o término do tratamento, será importante manter esses bons hábitos para a manutenção de uma vida próspera e saudável.

As sessões de terapia serão grandes aliadas no processo terapêutico. Nelas haverá a oportunidade de discutir com o psiquiatra sobre a evolução do tratamento. Isso é importante pois no início podem acontecer ajustes no medicamento prescrito ou na dosagem recomendada, uma vez que leva um tempo para o paciente se adaptar. Além disso, o acompanhamento do profissional de psiquiatria oferece grande conforto e alívio em um momento delicado como esse. É comprovado que há um efeito terapêutico no simples fato de ter alguém com quem compartilhar suas dores, medos e inseguranças. Somando os bons hábitos à terapia e aos medicamentos, o prognóstico é bastante otimista.

Início de tratamento requer paciência e compreensão

Após receber o diagnóstico, culpar-se, envergonhar-se ou sentir raiva não vão ajudar. Em vez disso, é importante ter compaixão e compreensão consigo mesmo. Um paciente que fraturou o braço sabe que não é o momento de praticar um esporte. Isso não é esperado dele. Por outro lado, não vemos a depressão, o que faz com que muitas pessoas passem a se cobrar no início do tratamento. Os medicamentos levam um tempo para surtir efeitos mais perceptíveis, então a paciência, combinada ao comprometimento que eu citei mais cedo, será recompensada dentro de algumas semanas com uma notável redução dos sintomas depressivos.

Alguns dos sintomas mais comuns da depressão são a profunda letargia, cansaço extremo e tristeza sem motivo aparente. Se ainda não há vontade de sair de casa, tudo bem. Se sentir vontade de chorar, vá em frente. Não há problema nisso, desde que essa falta de ânimo, com o passar do tempo, dê lugar a uma maior vivacidade, ao interesse em fazer aquilo que gosta e que faz bem.

O relacionamento com o psicoterapeuta será como uma parceria, tanto antes, quanto durante e depois do tratamento. Conte com o profissional! Se há segurança em seu trabalho e em sua expertise, confie no tratamento proposto. O esperado é que o prazer de viver a vida seja restaurado ao longo de poucos meses. Haverá saída para a depressão enquanto houver busca por tratamento e fé nos resultados.

Conheça um pouco mais sobre a depressão lendo aqui no blog outros artigos sobre o tema. E conte comigo para solucionar suas dúvidas ou angústias. Tamo junto!



3 de setembro de 2020 Depressão

Meu objetivo neste texto não é explicar o que é a depressão ou quais são seus principais sintomas, pois já os fiz neste texto. Também não vou entrar na questão de tratamento, pois já escrevi sobre esse assunto neste outro texto. Quero comentar aqui sobre a escalada da depressão a um nível quase que epidêmico. O transtorno atinge hoje cerca de 320 milhões de pessoas no mundo e a previsão também não é animadora: a OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê que a depressão será a doença mais comum do planeta dentro de dez anos. Dados como esses levantam a necessidade da conscientização. A campanha Setembro Amarelo vem, desde 2015, sendo uma importante maneira de levar informação a respeito da depressão, porém o preconceito e o estigma social continuam sendo reais.

A depressão é contemporânea?

Repare que estamos muito frequentemente expostos a situações estressantes, como no trabalho ou no trânsito. Estamos também vivendo um momento em que a ansiedade faz parte do dia a dia de grande parte da população – levantamentos recentes apontam o Brasil como o país mais ansioso do mundo. As relações superficiais, o sedentarismo, a supervalorização da aparência e da ideia de felicidade constante nas mídias sociais… tudo isso funciona como catalisador da depressão.

Há, portanto, uma tendência em pensar que a depressão é uma doença nova. Afinal, o número de casos vem aumentando consideravelmente ao longo das últimas décadas e é comum imaginar que isso se deva ao ritmo acelerado de nossas vidas, daí a impressão de que se trate de um transtorno que eclodiu neste século. Mas, na verdade, a depressão sempre existiu, só não se falava tanto sobre ela.

Considerado o pai da medicina, o grego Hipócrates já mantinha registros sobre uma doença de ordem mental que acometia a população e que possuía sintomas muito similares aos da depressão. Isso antes mesmo do nascimento de Cristo. Na época, esse fenômeno foi chamado de melancolia.

E embora a quantidade de diagnósticos esteja realmente aumentando e nossas vidas, de fato, sejam muito estressantes, é importante lembrar que há mais abertura hoje para falar sobre depressão do que havia trinta anos atrás. Hoje se vê muitos artistas e celebridades revelando que possuem o transtorno e, assim, fazendo com que o assunto seja tratado na mídia. Campanhas como o Setembro Amarelo também contribuem para a disseminação de informações relevantes sobre a depressão, reduzindo um pouco a resistência em buscar um tratamento efetivo junto a um profissional de psiquiatria.

O que virá pela frente?

A quarentena provocada pelo coronavírus foi responsável por um aumento de diagnósticos de depressão. Uma população um pouco mais deprimida será uma das heranças da pandemia, isso é verdade. A previsão da OMS, por sua vez, é apenas uma previsão. Não há como saber o que enfrentaremos nos próximos anos em relação à saúde mental, mas uma coisa é certa: casos de depressão vão continuar surgindo. Assim como vai continuar existindo a necessidade de falar sobre ela.

No Brasil, muitos ainda enxergam a depressão meramente como um momento de tristeza e não como uma doença grave. A maioria das pessoas entre 24 e 35 anos teria vergonha de revelar um diagnóstico de depressão para familiares ou colegas de trabalho, seja pelo medo de não serem compreendidas, seja por se sentirem constrangidas de alguma maneira. Acredita-se que o tabu seja maior entre os mais velhos, mas pesquisas como essas deixam claro que é um tema nebuloso entre todas as faixas etárias.

O grande problema em tratar assuntos importantes como tabu é justamente a desinformação, o que impede, no caso da depressão, o diagnóstico e um tratamento efetivo. Há muitas pessoas que relutam em buscar ajuda, pois não acreditam que estejam sendo acometidas por depressão – começando pelo fato de desconhecerem do que, de fato, se trata a doença.

A depressão é, sim, uma doença que causa profundo sofrimento não só ao paciente, mas em todos em seu convívio e que, em casos mais graves, pode chegar à morte. Porém, o mal do século, no fim das contas, talvez não seja a depressão, mas a ignorância em relação ao transtorno. Até certo ponto, podemos culpar essa ignorância por novos casos. A ela podemos atribuir o agravamento de muitos quadros. E podemos responsabilizá-la por alguns casos de suicídio.

Mais de 130 milhões de pessoas possuem acesso à internet no Brasil. Imagine como seria diferente se todas elas investissem um pouco do tempo para descobrir mais sobre o que é a depressão, como lidar com alguém que esteja enfrentando a doença e como apoiar.

Se você está aqui, significa que você quer saber mais sobre o assunto, quer se educar e se informar. Obrigada pelo seu interesse! Não sabemos como serão os próximos anos, mas certamente serão melhores – ou, no mínimo, um pouco menos preocupantes – se mais pessoas souberem onde estamos pisando.

E não deixe de conferir os próximos textos, que também irão tratar sobre o setembro amarelo e sobre o combate à depressão. Enquanto isso, aproveite para ler algumas publicações antigas que abordam o assunto:

A importância das atividades físicas no tratamento da depressão
Benefícios da música no tratamento e recuperação da saúde mental
Plano individualizado de tratamento da depressão



20 de maio de 2020 DepressãoTodos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e uma das doenças mais incapacitante do mundo. Hoje, ela já atinge milhões de pessoas ao redor do mundo inteiro. Em busca de soluções para tratar e diminuir a incidência do transtorno, estudos têm mostrado que, além dos tratamento usuais, como utilização de medicamentos e psicoterapia, a prática de atividade física tem sido eficaz para combater e prevenir a enfermidade.

Uma pesquisa da Universidade do Texas apontou que realizar atividade aeróbica ou treinos de resistência pode servir como remédio no tratamento da tristeza, cansaço, desânimo e melhorar a auto-estima de quem pratica.

O exercício físico constante e moderado tem efeitos benéficos na saúde em geral e, ao nível psicológico, pode reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima e autoconfiança, melhorar a cognição e diminuir o estresse.

Além disso, a atividade física pode proporcionar melhor qualidade de vida, maior controle sobre o corpo, melhora da capacidade respiratória, aumento de estímulos ao sistema nervoso central, com melhoria da memória recente e de funções motoras, além do aumento das interações sociais, proporcionada pelo convívio com outras pessoas.

Por que a atividade física ajuda no tratamento da depressão?

Durante a realização de exercícios físicos, o organismo libera dois hormônios essenciais para auxiliar no tratamento da depressão: a endorfina e a dopamina. Ambos têm influência sobre o humor e emoções.

Estudos apontam que a prática de exercícios físicos aeróbios de 20 a 40 minutos com frequência cardíaca entre 120 a 140 batimentos por minuto, duas vezes por semana tem a capacidade de liberar ainda outro hormônio B-endorfina.

Ele propicia um efeito tranquilizante e analgésico maior que a endorfina. Assim, a pessoa consegue beneficiar-se de um efeito relaxante e manter-se em um melhor estado psicossocial.

Aliado importante no tratamento da depressão

Exercícios ao ar livre, por exemplo, são muito benéficos, pois há maior sensação de aumento de energia e motivação, juntamente com diminuição da tensão, raiva e confusão mental. É comprovado que os praticantes de atividades ao ar livre têm maior prazer em repetir as atividades no dia seguinte.

Além disso, estudos retratam que o ganho de massa muscular ao realizar a atividade física leva ao aumento da proteína responsável pela transformação do estresse em bem-estar, sabe aquela sensação do “Done”.

Dessa forma, a atividade física, aliada à psicoterapia e ao tratamento farmacológico, é um instrumento importante, não somente como papel de reabilitação ou ocupacional, mas também terapêutico.

Tipos de exercícios físicos para praticar

Além de  treinos de resistência, como levantamento de peso e treino de força , há evidências científicas que apontam outras modalidades de atividades físicas capazes de melhorar os sintomas da depressão. São elas: ioga, exercícios aeróbicos e treinamento cardiovascular – qualquer exercício físico que aumenta a frequência cardíaca, como por exemplo, corrida, ciclismo e natação.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça algumas dicas para prevenção e promoção de saúde e bem estar neste link do Blog #apsiquiatra.



9 de maio de 2020 Depressão

Perda de emprego ou de uma pessoa próxima, dificuldades de relacionamento, problemas financeiros ou qualquer mudança indesejada nos padrões de vida podem estar associados a um profundo mal-estar físico, emocional e até mesmo à depressão. Em qualquer idade ou momento ela pode se manifestar, ocasionada pela combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais.

Considerada uma doença psiquiátrica, é caracterizada por alteração da maneira como a pessoa pensa e sente, além de afetar o comportamento social  e o senso de bem-estar físico.

Quando os sentimentos de tristeza, falta de energia e ânimo permanecem por semanas a fio, aumentam em intensidade e começam a interferir no trabalho, na vida estudantil ou nos relacionamentos sociais, incluindo o familiar, pode-se tratar de depressão.

Sinais e sintomas da depressão

Para identificar a doença, é possível analisar se há a alterações no modo de vida, por meio dos sinais e sintomas seguintes:

  •     Pensamentos: pacientes depressivos relatam problemas de concentração e tomada de decisões, perda de memória recente e de lapsos de memória frequentes, além de pensamentos negativos. São comuns também baixa auto-estima, sensação excessiva de culpa e autocrítica. Nos casos mais graves, os pacientes apresentam pensamentos autodestrutivos, como vontade de se suicidar.
  •     Sentimentos: tristeza sem motivo identificável, não ter mais prazer na realização de atividades que anteriormente sentia e falta motivação para fazer qualquer coisa são comuns em pessoas depressiva.  Às vezes, está presente irritabilidade e pode haver dificuldade em controlar o temperamento.
  •     Comportamento: alguns pacientes não se sentem confortáveis na presença de outras pessoas, de maneira que evitam situações sociais. A doença também afeta na produtividade no trabalho e em casa. Algumas vezes, a pessoa não consegue nem se levantar da cama, pela manhã, para fazer alguma atividade. É comum também apresentar mudanças em relação ao apetite, podendo estar aumentado ou diminuído. Devido à tristeza crônica, é comum a presença de choro constante. O desejo sexual pode desaparecer, o que resulta em ausência de atividade sexual. Nos casos mais graves, o indivíduo passa a negligenciar a si mesma, evitando realizar até mesmo higiene pessoal.
  •     Bem-estar físico: alguns pacientes não conseguem dormir, ficando acordados por horas ou acordando várias vezes durante a noite. Em outros casos, eles costumam dormir em excesso, inclusive durante o dia, embora continuem tendo a sensação de estarem cansados. Muitos se queixam de dores por todo o corpo e fadiga crônica.

Diagnóstico e tratamento

Você precisará falar sobre isso com um profissional da saúde sobre isso, ok? Isso pode soar embaraçoso, inútil ou estigmatizado, mas lembre sempre que toda a sua interpretação do que está acontecendo e como sair disso poderão estar comprometidos pela própria depressão. A avaliação de um médico generalista ou de um especialista, como o psiquiatra, é muito necessária. No seu primeiro contato será feita uma entrevista que incluirá histórico do paciente, conflitos, sentimentos e sintomas, bem como alguns exames, poderá diagnosticar o problema.

Na maioria das vezes, o tratamento da depressão é feito de forma conjunta com medicamentos e uma conversa terapêutica e psicoterapia. Existem diversos medicamentos antidepressivos que ajudam a regular a bioquímica cerebral, e o médico definirá o mais indicado para o paciente.

O acompanhamento psicológico, além de buscar levantar os conflitos e consequências relacionadas ao problema, é fundamental, porque os remédios demoraram um tempo para fazer efeito, mas sobretudo existem determinantes emocionais e psicodinâmicos que precisam ser identificados e suficientemente elaborados pela pessoa.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!

 



4 de abril de 2020 DepressãoTodos

O que você precisa saber sobre opções de tratamento e medicação

Muitos de vocês, como eu, seguem várias fontes de notícias ao longo do dia. Seja rádio, televisão, sites de notícias eletrônicas ou mídias digitais, existem inúmeras maneiras pelas quais as pessoas podem acessar informações com facilidade 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa proliferação de informações é maravilhosa – mas pode ser avassaladora e, em alguns casos – especialmente em questões de saúde mental – imprecisa ou simplesmente inverídica.

Mais recentemente, fiquei impressionada com entrevistas recentes com pessoas que não são profissionais de saúde mental que discutem a depressão sem ter uma formação profissional no campo. Esses autores se colocam  em uma plataforma pública para discutir o tratamento da depressão e o que “funciona” e o que “não funciona” – e embora muito “pareça” convincente e factual – em muitos casos, não é – e isso pode seja muito perigoso.

Como é o plano de tratamento da Depressão

Como psiquiatra praticante por muitos anos, posso atestar o fato de que os tratamentos para depressão funcionam e que aqueles que sofrem com depressão precisam ser informados sobre o que esperar durante o tratamento. Existem muitas pesquisas baseadas em evidências para mostrar que a medicação e a terapia são uma maneira poderosa e eficaz de tratar a depressão. De fato, o tratamento da depressão geralmente é um tratamento combinado, não muito diferente do tratamento para hipertensão ou enxaqueca. É importante saber que, embora apenas a medicação e a psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental, terapia interpessoal, psicanálise, etc) possam aliviar os sintomas depressivos, é uma combinação de medicação e psicoterapia que foi associada a taxas de melhoria significativamente mais altas em doenças mais graves, crônicas, e apresentações complexas de depressão.

É fundamental que alguém que sofre de depressão seja informado sobre as opções de tratamento e tenha um médico ou terapeuta que discuta claramente que tipos de medicamentos estão disponíveis, como gerenciar a falta de eficácia ou efeitos colaterais e como trabalhar com o paciente para garantir que os medicamentos sejam eficazes. Muitas pessoas me disseram que a medicação salvou suas vidas; quase todos desejavam tê-las experimentado antes. E a grande maioria as tolera muito bem. Também é importante entender o que são as psicoterapias, como elas diferem em termos de base de evidências e quão importante é tentar a terapia e encontrar uma que funcione melhor para você, em vez de permanecer na terapia por anos sem alívio dos sintomas. A terapia geralmente não é fácil e exige muito esforço e comprometimento. Mas funciona e já vi muitas pessoas encontrarem alívio da depressão e prosperarem. Um médico disponível e receptivo é uma necessidade absoluta, e visitas frequentes de acompanhamento para garantir que o plano de tratamento esteja correto e funcionando (e para modificar o plano, se necessário) também são essenciais.

O problema do estigma sobre Transtornos Mentais

Ainda como sociedade, sentimos vergonha ao falar sobre transtornos mentais. É difícil e às vezes impossível para as pessoas procurarem a ajuda de que precisam. O suicídio é a segunda principal causa de morte em nossa população adulta jovem. Lembre-se: estar informado sobre as opções de tratamento é a chave para encontrar o tratamento certo para você ou para um ente querido. Você pode aprender sobre as opções de medicação e terapia visitando outros posts do meu blog.

Os tratamentos de depressão funcionam e podem melhorar significativamente a qualidade de vida. Este período de quarentena é um momento maravilhoso para nos comprometermos a nos educar sobre as opções de tratamento. Vamos nos comprometer a fazer perguntas, aprender e manter-se informado sobre a pesquisa e os tratamentos atuais. Isso ajudará à quebra do estigma em torno dos problemas de saúde mental e garantirá que as pessoas encontrem o tratamento de que precisam hoje e continuem a trabalhar como uma sociedade para obter melhores tratamentos amanhã.

Quer saber mais sobre tratamento da depressão? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!

 



27 de março de 2020 Todos

Olá, pessoal!
Um grupo de psicoterapeutas altamente qualificados construiram um projeto que realiza atendimentos gratuitos para profissionais que estão lidando na linha de frente no combate ao Covid-19.
Uma ação totalmente voluntária voltada à esses profissionais que se arriscam todos os dias e, precisam de apoio.
Se você conhece algum, compartilhe essa mensagem.

Link do Instagram: https://www.instagram.com/p/B9-jbhCjQ88/?igshid=1hxoazlxv9xsd

#SolidarizaPsi

Juntos somos mais fortes!



21 de março de 2020 Todos

Como lidar com a solidão se você trabalha ou passou a trabalhar em home office em tempos de COVID 19?

Com um número crescente de empregos permitindo que as pessoas trabalhem em casa ou remotamente, o escritório tradicional pode parecer uma coisa do passado em tempos de quarentena imposto pela COVID-19. Isso significa que sua cama, uma mesa de jantar ou um escritório em casa se tornem o seu lugar de trabalho.

Uma desvantagem de toda essa independência, no entanto, é que muitas pessoas rapidamente se tornam solitárias trabalhando em casa. Você começa a se sentir um pouco como um eremita. Você percebe que já se passaram dois dias desde que conversou com alguém que não fosse o entregador de delivery. Mas, felizmente, existem medidas que você pode tomar para combater a solidão do trabalho em casa.

O isolamento de trabalhar em casa pode levar a uma sensação de solidão, o que pode levar a um maior isolamento, que circula de volta para criar mais solidão. É importante reconhecer esse ciclo enquanto está acontecendo e tomar medidas conscientes para romper com ele.

Mas quando interagir com outras pessoas não faz mais parte automaticamente do seu dia-a-dia, como neste estado de quarentena imposto pelo Coronavírus, como você combate a apatia e anedonia desta situação?

Deixei abaixo algumas sugestões.

Faça a socialização do seu trabalho em casa

Se o seu trabalho não fornece socialização, reuniões online, escolha reforçar a crença de que reunir-se com amigos, ser social e participar de hobbies ou áreas de interesses e, ainda que virtualmente, é uma parte crucial de ser saudável o suficiente para fazer bem seu trabalho e garantir sua longevidade em sua carreira. Esses momentos de conexão são exatamente as coisas que evitam o desgaste, revigoram nossa produtividade e diminuem as emoções negativas que nos atolam neste momento.

Em outras palavras: conversar com seus amigos em alguns intervalos não é uma folga. Está aumentando sua produtividade!

Agende um alongamento ou atividades físicas que você possa fazer em casa.

Uma das coisas que contribuem para o desânimo – incluindo a exacerbação da solidão – quando você trabalha em casa é a diminuição do exercício físico. Sugiro um pouco de ar fresco ainda que da varanda, do seu quintal ou janela – e alguma socialização – transformando uma reunião por telefone em um “passeio e conversa”.

Transforme uma ligação agendada em que você estaria sentado ao computador em uma reunião andando pela casa para que você possa ter um pouco de caminhada e fazer o sangue bombear. Recomendo perguntar à outra pessoa se ela está confortável com você, enquanto estiver em uma caminhada, e depois colocar fones de ouvido que não capturam muito ruído de fundo e baixa o Evernote ou qualquer bloco de anotações para que você possa anotar qualquer item ou ideias enquanto você caminha.

Organize sessões remotas de coworking quando estiver trabalhando em casa

Só porque você trabalha em casa não significa que você não pode ter colegas de trabalho! Bem-vindos à bela era da videoconferência, amigos.

Reúna um grupo de amigos ou colegas de trabalho em aplicativos que permitem reuniões e defina regras mutuamente acordadas. Em seguida, faça um rodízio rápido, onde cada um compartilha o resultado que terá ao final de uma hora. Defina um cronômetro para 60 minutos, silencie-se e desça a cabeça por uma hora, fazendo check-in no final para prestar contas. Repita conforme necessário.

Crie “Refrigeradores de Água” a partir do “Escritório em Casa”

Uma das vantagens de trabalhar em um escritório é a capacidade de conversar casualmente com as pessoas ao seu redor. Com um pouco de planejamento, você pode recriar essas conversas quando trabalha em casa.

Mensagem instantânea ou vídeo – ligue para um colega com quem você não teve tempo de conversar na vida real por um tempo. Isso pode marcar duas caixas para mantê-lo socializado, mas também para manter conexões valiosas. Meu parceiro, que é consultor que trabalha frequentemente em casa, chama esses amigos de “refrigeradores de água”.

Use videochamadas por voz. Comportamentos expressivos durante as interações tornam a conversa mais real.

Se trabalhar em casa é uma situação temporária ou uma mudança de carreira a longo prazo, é importante reservar um tempo para conhecer outras pessoas. Humanos são animais sociais. Não nos saímos bem isoladamente! E mesmo que seu colega de trabalho mais comum seja o seu gato, você ainda pode obter todo o tempo social que precisa.



15 de março de 2020 Todos
A depressão é um transtorno mental que impacta negativamente a forma como a pessoa sente, pensa e age. Essa condição é marcada por sintomas relacionados ao humor, comportamento, cognição e, até mesmo, sintomas físicos. Entre as principais manifestações do quadro depressivo estão a tristeza, desesperança, perda de interesse por atividades que antes davam prazer, tédio, sofrimento intenso, solidão, isolamento social, fadiga, agitação, sono excessivo, sono agitado, despertar precoce ou insônia, alterações no peso e apetite, baixa concentração, raciocínio lento, abuso de substâncias, pensamentos de morte, etc. A depressão é uma condição tão grave, que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela está prestes a se tornar a doença mais incapacitante do mundo. Felizmente o quadro é tratável e pode apresentar melhoras significativas se for cuidado da maneira adequada. Você conhece alguém que sofre com depressão? Leia o artigo e confira algumas boas dicas para ajudar essa pessoa. Vem comigo!

1. Esteja disposto a ouvir e apoiar

Ouça mais e fale menos. Essa é uma regra de ouro para lidar com pessoas depressivas. Isso não significa que você não deve opinar ou aconselhar, mas o foco deve estar em escutar a pessoa com atenção e fazer com que ela se sinta ouvida e apoiada. Essa atitude faz com que ela fique confortável para conversar.

2. Não se afaste

Por mais que a pessoa com depressão queira se isolar socialmente e ficar fechada no próprio mundo, procure não se afastar dela. Se mantenha perto, sempre tomando cuidado para não ser invasivo. Caso note que a vida dessa pessoa está ameaçada por pensamentos e comportamentos suicidas, busque suporte médico e ajuda da família para contornar a crise.

3. Tome cuidado com o que diz

A intenção de determinadas falas pode ser boa, mas acaba piorando – e muito – a situação. Evite dizeres que julgam e condenam como: “você está exagerando”, “você é louco”, “pare de ser covarde”, “isso é um sinal de fraqueza”, “ já passei por coisas piores e não me matei”. Não diminua o sofrimento do outro. Para a pessoa com depressão, tudo que ela sente é real, ainda que pareça desproporcional para quem vê de fora.

 4. Incentive uma consulta profissional

Depressão não é algo para resolver sozinho. Incentive a pessoa a buscar  ajuda de um profissional especializado. O mais indicado para auxiliar no tratamento da depressão é o psiquiatra, médico capaz de prescrever o uso de antidepressivos, bem como, conduzir sessões de psicoterapia. Se possível, ofereça-se para acompanhar o indivíduo na consulta.

5. Reduza o risco de suicídio

É comum que pessoas com depressão pensem em tirar a própria vida, pois não encontram sentido e prazer nela. Para impedir esse desfecho trágico, é fundamental tirar do alcance dela os elementos que possam facilitar as tentativas de suicídio. É o caso de facas, canivetes, medicamentos, pesticidas, cordas e armas de fogo.

6. Tenha empatia

Ao lidar com alguém com depressão, se coloque no lugar dessa pessoa, e trate-a como gostaria que te tratassem. O respeito e acolhimento devem prevalecer! Evite o autoritarismo e o dispense o sermão. A depressão é uma doença e sair dela não é só uma questão de força de vontade. Não é um simples capricho, falta de Deus ou falta de vergonha. Depressão é coisa séria e se você realmente deseja ajudar, encare-a como tal. Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


21 de fevereiro de 2019 Todos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a segunda maior causa de incapacitação global até o ano de 2030. A depressão é uma doença comum, recorrente e crônica, que ataca o organismo do indivíduo como um todo, comprometendo o humor, as funções cognitivas, neuroendócrinas e outros sistemas do organismo, prejudicando o bem-estar pessoal, social e laboral.

O problema é multifatorial  e heterogêneo, pois, além de unipolar ou bipolar, existem especificadores (subtipos) de depressão, cada um contendo particulares em sua sintomatologia.

Depressão bipolar

Considerada a doença mental que mais causa morte por suicídio no Brasil, de acordo com pesquisas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a depressão bipolar é diferente da depressão que comumente ouvimos falar – chamada de unipolar – e está associada a fase depressiva do transtorno bipolar.

Nessa condição crônica, a principal particularidade é a alternância constante de ciclos de humor. Mesmo que a pessoa tenha fases de extrema agitação, a tristeza profunda é mais prevalente. Outros sintomas são apatia, insônia, perda de peso, baixa autoestima, pensamentos recorrentes de morte ou suicidas.

Sintomas

A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimento de tristeza ou abatimento que surgem de acordo com alguns acontecimentos da vida, como perda de uma pessoa próxima, desemprego, algum ato de violência sofrido, entre outras.

Neste caso, a pessoa consegue dar prosseguimento nas suas tarefas diárias, ou seja, leva a vida da mesma forma, mas claro com um certo desânimo em alguns momentos, que tendem a passar.  

Quando o quadro é de depressão, os sintomas listados acima perduram e começam a limitar a vida da pessoa que sofre com o mal. A pessoa se sente incapacitada para realizar atividades rotineiras, incluindo as ligadas à sua higiene pessoal. Os sintomas mais frequentes são:

  • Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
  • Sensações de aflição, preocupação com tudo, receios infundados, insegurança e medos;
  • Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
  • Perda de interesse e prazer nas atividades diárias;
  • Perturbação do apetite, do sono, do desejo sexual e variações significativas do peso;
  • Pessimismo e perda de esperança;
  • Sentimentos de culpa;
  • Alterações da concentração, memória e raciocínio;
  • Sintomas físicos não devidos a outra doença (ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crônica, mal-estar geral);
  • Pensamentos recorrentes de morte e tentativas de suicídio.

Estes sintomas perturbam significativamente o rendimento no trabalho, a vida familiar e o simples existir do doente, que sofre intensamente. Por isso, percebendo que esses tipos de comportamentos estão se tornando frequentes é necessário procurar ajuda médica especializada para o correto diagnóstico da doença.

Como são quadros que podem se assemelhar nos seus sintomas, somente um especialista poderá levantar as características do paciente, fazer a análise do seu histórico de saúde, conhecer os pontos que estão em desacordo e, por fim, verificar qual tratamento deverá ser utilizado, seja ele farmacêutico ou com terapia.

Vale ressaltar mais uma vez que a depressão unipolar ou bipolar são doenças gravíssimas, incapacitantes porém tem tratamento. Por isso não hesite em procurar ajuda.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



8 de dezembro de 2018 Todos

Mesmo que hoje não seja considerado uma sentença de morte como há duas décadas, ter HIV ainda faz com que os pacientes carreguem estigma e enfrentem preconceito. O resultado disso é uma carga emocional muito forte, que pode fazer com que essas pessoas desenvolvam problemas psiquiátricos. Esse é o caso da relação entre depressão e aids.

Portadores de HIV têm mais chances de desenvolver depressão quando comparados a indivíduos que não apresentam sorologia para esse vírus. Apesar de não haver um número exato, estudos sugerem que cerca de 20% das pessoas adultas soropositivas apresentam depressão.

Além de todas as complicações que essa doença psiquiátrica causa nas pessoas como um todo, um fator preocupante é que, em paciente soropositivos, a depressão tem impactos diretos no tratamento.

Tratamento, depressão e aids

Diversas pesquisas já demonstraram que a manifestação da depressão em pacientes soropositivos possui impactos negativos sobre o tratamento. Uma das mais conhecidas foi a realizada pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em 2011.

A partir da análise de 201 pacientes soropositivos que abandonaram o tratamento, foi concluído que 53% deles, ou seja, mais de metade, estavam deprimidos. Trata-se de um número extremamente alto e preocupante, uma vez que o levantamento contou apenas com participantes que haviam abandonado o tratamento há mais de 6 meses.

Vale ressaltar que a relação entre depressão e aids não se baseia apenas nos fatores psicológicos e emocionais. Estudos indicam que os próprios medicamentos para o controle da doença, chamados de antirretrovirais, podem alterar a química do cérebro e facilitar a manifestação da doença.

Além disso, a própria contaminação pelo HIV também contribui para o aumento das chances de transtornos neuropsiquiátricos, pois é capaz de atacar o sistema nervoso e levar ao surgimento de patologias.

Consequências da interrupção do tratamento

O tratamento da depressão associada ao HIV deve ser feito tão antes quanto for possível, primeiro com terapia e, caso não dê os resultados esperados, com a utilização de medicamentos, pois a interrupção dos procedimentos tem impactos significativos.

Em pessoas que começam o tratamento precocemente, os sinais são variados e costumam demorar um tempo para se manifestarem – algo perigoso, pois reforça a ideia de que os medicamentos não são necessários, dificultando ainda mais a adesão.

Já em pessoas que começaram o tratamento mais tardiamente, os sinais do não uso dos medicamentos são mais nítidos e se manifestam de forma mais rápida. Assim, o sistema imunológico apresenta queda, facilitando o surgimento de doenças diversas e colocando em risco o bem-estar e mesmo a vida dos pacientes.

Assim, mesmo que o uso dos antirretrovirais cause alguns efeitos indesejados, eles são fundamentais para manter a infecção sob controle. Em caso de qualquer suspeita de interrupção do tratamento devido à associação entre depressão e aids, o paciente deve buscar um profissional o mais cedo possível.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!




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