TDAH / Dra Aline Rangel

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O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento marcado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Com prevalência variando de 5,9% a 10% em crianças e 2,5% a 7% em adultos, o TDAH afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com diferenças importantes entre os gêneros ao longo da vida. Já o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCA), um distúrbio alimentar crônico, é caracterizado por episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos sem comportamentos compensatórios, atingindo cerca de 2,8% da população.

Embora pareçam condições distintas, estudos mostram que tanto o TDAH quanto o TCA compartilham uma característica neurobiológica central: a disfunção no sistema de recompensa do cérebro. Essa similaridade abre caminho para intervenções eficazes, como o uso da lisdexanfetamina (LDX) –  comercializada com o nome Venvanse ® aqui no Brasil – um medicamento que tem se mostrado promissor no tratamento de ambas as condições.

O sistema de recompensa no TDAH e na Compulsão Alimentar

O sistema de recompensa desempenha um papel central na regulação da motivação, do prazer e da tomada de decisões. Tanto no TDAH quanto no TCA, há uma disfunção nesse sistema, especialmente em relação à dopamina, um neurotransmissor crucial para o processamento de recompensas.

  • TDAH: Pacientes apresentam dificuldade em lidar com atividades que não oferecem gratificação imediata, o que leva a impulsividade e problemas de autorregulação.
  • TCA: No transtorno da compulsão alimentar, observa-se uma hipersensibilidade às recompensas alimentares, resultando em um ciclo de compulsão e reforço positivo contínuo.

Essa preferência por recompensas imediatas é comum em condições como transtornos por uso de substâncias e compulsão alimentar, dificultando o controle sobre comportamentos impulsivos.

Lisdexanfetamina: um tratamento promissor

A lisdexanfetamina (LDX) é um pró-fármaco que se converte em dextroanfetamina no organismo, aumentando os níveis de dopamina e norepinefrina em áreas do cérebro relacionadas à atenção, controle de impulsos e recompensa. Ela é amplamente utilizada no tratamento do TDAH e também tem demonstrado eficácia no manejo do TCA.

Benefícios da Lisdexanfetamina no TDAH:

  • Redução da impulsividade e da aversão a recompensas tardias.
  • Melhora na tomada de decisões e no controle de impulsos.
  • Efeitos consistentes ao longo do dia devido à sua ação prolongada.

Benefícios da Lisdexanfetamina no TCA:

  • Redução significativa nos episódios de compulsão alimentar.
  • Normalização da resposta de recompensa aos alimentos.
  • Melhora na regulação dopaminérgica, reduzindo o ciclo de compulsão e reforço positivo.

Estudos mostram que a LDX pode atuar diretamente na habênula lateral (LHb), uma estrutura do cérebro associada à sinalização de não recompensa. Essa regulação contribui para a normalização do sistema de recompensa em pacientes com TDAH e TCA, promovendo escolhas mais equilibradas e reduzindo os comportamentos impulsivos.

Conexão entre TDAH, Compulsão Alimentar e tratamento

A relação entre TDAH e TCA vai além das semelhanças nos sintomas. Ambos os transtornos compartilham disfunções neurobiológicas que afetam o dia a dia dos pacientes, aumentando o risco de comorbidades psiquiátricas. Intervenções que abordam essas disfunções, como o uso da lisdexanfetamina, têm se mostrado eficazes na melhoria da qualidade de vida.

Investir em um tratamento adequado, que pode incluir psicoestimulantes, terapia comportamental e mudanças no estilo de vida, é essencial para o manejo desses transtornos. O impacto positivo da LDX no sistema de recompensa oferece uma abordagem inovadora para tratar não apenas os sintomas principais, mas também as comorbidades associadas.


Referências:

  1. Newcorn JH, Ivanov I, Krone B, Li X, Duhoux S, White S, et al. Neurobiological basis of reinforcement-based decision making in adults with ADHD treated with lisdexamfetamine dimesylate: Preliminary findings and implications for mechanisms influencing clinical improvement. J Psychiatr Res. 2024;170:19-26.
  2. Schneider E, Higgs S, Dourish CT. Lisdexamfetamine and binge-eating disorder: A systematic review and meta-analysis of the preclinical and clinical data with a focus on mechanism of drug action in treating the disorder. Eur Neuropsychopharmacol. 2021;53:49-78.
  3. Mondoloni S, Mameli M, Congiu M. Reward and aversion encoding in the lateral habenula for innate and learned behaviours. Transl Psychiatry. 2022;12(1):3.


1 de outubro de 2023 Dra Aline RangelTDAH

A Atomoxetina é um medicamento não estimulante utilizado no tratamento do TDAH em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e adultos como parte de um programa de tratamento integrado, o qual também inclui intervenções psicológicas, educacionais e sociais, além dos medicamentos. É um inibidor seletivo da recaptação de norepinefrina, que ajuda a melhorar a concentração, a atenção e o controle dos impulsos nos pacientes com TDAH. Ao contrário de medicamentos estimulantes, a atomoxetina possui menos riscos de abuso.

Atomoxetina: um reforço e tanto no controle do TDAH

O êxito deste psicofámaco, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em julho de 2023, está associado ao fato dele atuar especificamente numa área do cérebro chamada córtex pré-frontal (CPF).  O CPF é uma região do cérebro que funciona como um “maestro”:  regula emoções, pensamentos e movimentos que termina de se desenvolver por volta dos 24 a 26 anos. No TDAH, é como se houvesse “um maestro que não rege tão bem os mais diferentes músicos que compõem a orquestra”. Essa falta de “harmonia entre os músicos” tem origens genéticas e pode se manifestar em crianças, jovens e adultos, faz com que o indivíduo convive com desatenção, hiperatividade e impulsividade frequentemente

A Atomoxetina funciona de maneira diferente dos psicoestimulantes. Ela atua como um inibidor seletivo de recaptação de noradrenalina (ISRN) e, ao invés de aumentar os níveis de dopamina e norepinefrina no cérebro, como fazem os psicoestimulantes, a Atomoxetina aumenta predominantemente os níveis de norepinefrina. Isso contribui para melhorar a atenção e o controle impulsivo.

Vantagens da Atomoxetina

Uma das vantagens importantes da Atomoxetina é o fato de não ser um medicamento estimulante. Isso se torna uma opção atraente para pacientes que não toleram bem os estimulantes ou que tenham questões relacionadas ao seu uso, como o potencial de abuso. Além disso, a Atomoxetina é uma opção de tratamento de longa duração, o que significa que uma única dose diária pode proporcionar benefícios ao longo do dia, eliminando a necessidade de múltiplas doses.

Considerações de Segurança e Efeitos Colaterais

Como com qualquer medicamento, a Atomoxetina não está isenta de efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais comuns incluem boca seca, náusea, aumento da frequência cardíaca, constipação, etc. É importante que os pacientes discutam os riscos e benefícios com seu psiquiatra antes de iniciar o tratamento com Atomoxetina. Além disso, o acompanhamento psiquiátrico contínuo é essencial para monitorar os efeitos colaterais e ajustar a dosagem se necessário.

Uma Nova Era no Tratamento do TDAH

O TDAH é uma condição neuropsiquiátrica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com impactos significativos em suas vidas. A chegada da Atomoxetina, o primeiro medicamento não-estimulante para o tratamento do TDAH no Brasil, é um marco importante que oferece novas perspectivas de tratamento. No entanto, é fundamental lembrar que o tratamento do TDAH é individualizado e requer uma abordagem multidisciplinar.

O diagnóstico precoce, a pesquisa contínua e o acompanhamento são elementos essenciais para garantir o sucesso do tratamento. À medida que continuamos a avançar na compreensão do TDAH e no desenvolvimento de novas opções terapêuticas, podemos olhar para o futuro com a esperança de proporcionar uma vida com mais foco, atenção e controle para aqueles que vivenciam o desafio do TDAH. A Atomoxetina é um passo promissor nesse caminho.

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11 de julho de 2023 Sem categoriaTDAH

O que é TDAH?

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico com causas genéticas que geralmente aparece na infância e muitas vezes continua na idade adulta. É caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Alguns países, incluindo o Brasil, reconhecem oficialmente o TDAH e oferecem proteção legal para que indivíduos com o distúrbio recebam tratamento especializado nas escolas. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.  

O TDAH é comum?

O TDAH é o distúrbio mais comum entre crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Afeta de 3 a 5% das crianças em várias regiões do mundo onde foi pesquisado. Em mais da metade dos casos, o distúrbio continua na idade adulta, embora os sintomas de hiperatividade possam ser mais leves.

O que causa o TDAH?

Inúmeros estudos em todo o mundo, incluindo no Brasil, demonstraram que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, indicando que o distúrbio não é secundário a fatores culturais (como práticas sociais), estilos parentais ou conflitos psicológicos. Estudos científicos mostram que indivíduos com TDAH têm alterações na região frontal do cérebro e suas conexões com o restante do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas em humanos em comparação com outras espécies animais e é responsável por inibir comportamentos (controlar ou inibir comportamentos inadequados), atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar alterado nessa região do cérebro é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que transmitem informações entre os neurônios. Várias causas têm sido investigadas para essas alterações nos neurotransmissores na região frontal e suas conexões.

Quais são os sintomas do TDAH?

O TDAH é caracterizado por uma combinação de dois tipos de sintomas: desatenção e hiperatividade-impulsividade. Na infância, o TDAH está frequentemente associado a dificuldades na escola e nos relacionamentos com outras crianças, pais e professores. As crianças muitas vezes são descritas como “distraídas”, “sonhadoras” e geralmente “desajeitadas” ou “inquietas” (ou seja, não conseguem ficar paradas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade do que as meninas, mas ambos os gêneros experimentam desatenção. Crianças e adolescentes com TDAH também podem apresentar mais problemas comportamentais, como dificuldades com regras e limites. Em adultos, há dificuldades com desatenção na vida cotidiana e no trabalho, bem como problemas de memória (costumam ser esquecidos). Eles são inquietos (parecem relaxar apenas quando estão dormindo), mudando constantemente de uma coisa para outra, e impulsivos (colocam o “carro na frente dos bois”). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e como isso afeta aqueles ao seu redor. Eles muitas vezes são considerados “egoístas”. Também são mais propensos a ter outros problemas associados, como uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Como o TDAH é diagnosticado?

O diagnóstico do TDAH envolve a avaliação da presença dos 18 sintomas associados ao distúrbio. Esses sintomas incluem desatenção, hiperatividade e impulsividade. Uma avaliação abrangente é necessária, incluindo entrevistas com o indivíduo, pais e professores, além de observações em diferentes ambientes. O diagnóstico também deve considerar a presença de sintomas na infância e seu impacto no funcionamento diário.

Existe subtipos de TDAH?

Atualmente não há uma classificação do transtorno em relação aos sintomas. Os tradicionais subtipos de TDAH  – predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo e combinado (1)  são considerados como apresentações no DSM-5 (2). Essa alteração deve-se aos resultados de inúmeras pesquisas (3) que refletem que a manifestação dos sintomas pode variar de acordo com a idade em que o diagnóstico é considerado , diferente do sentido do termo “subtipo”, que se refere a uma condição invariável. Estudos anteriores descreveram um declínio geral da severidade dos sintomas de hiperatividade-impulsividade ao longo do desenvolvimento (3), enquanto que para os sintomas de desatenção os resultados são inconclusivos, a redução (3), a estabilidade (3) e o aumento desses sintomas (4) têm sido relatados. Dessa forma, estima-se que até 70% das crianças diagnosticadas com TDAH na infância continuam a exibir níveis inadequados de desatenção e, em menor grau, sintomas de hiperatividade-impulsividade durante a adolescência e na vida (5).

Há alguma controvérsia em relação à existência do TDAH?

Não, não há. Existe até um Consenso Internacional publicado por médicos e psicólogos renomados de todo o mundo que apoia a existência do TDAH. O consenso é uma publicação científica que é o resultado de extensos debates entre pesquisadores, incluindo aqueles que podem não pertencer ao mesmo grupo ou instituição e podem não compartilhar necessariamente as mesmas ideias sobre todos os aspectos de um distúrbio.

Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?

Existem várias razões, que vão desde a ignorância e a falta de conhecimento científico até a intenção maliciosa. Alguns indivíduos afirmam que “o TDAH não existe” e que é uma invenção da indústria médica ou farmacêutica para lucrar com o tratamento. De forma simplista, especialistas dividem esse grupo de pessoas discrentes em dois subgrupos.

O primeiro subgrupo inclui profissionais que nunca publicaram pesquisas para apoiar suas afirmações e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, eles se baseiam em “experiência pessoal” ou compartilham casos que nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sites, mas nunca apresentaram suas “descobertas” em conferências ou as publicaram em revistas científicas para que outros avaliem sua veracidade.

O segundo subgrupo é composto por aqueles que visam “vender” formas alternativas de tratamento, afirmando que apenas eles podem fornecer a abordagem correta. Ambos os grupos afirmam que o tratamento medicamentoso do TDAH leva a terríveis consequências. No entanto, quando se examina a literatura científica, nenhuma de suas afirmações pode ser encontrada em pesquisas conduzidas em todo o mundo. Essa é a principal característica desses indivíduos: apesar de parecerem cientistas ou pesquisadores, eles nunca publicaram nada para apoiar o que dizem.

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento real e complexo que requer diagnóstico profissional e intervenção. Ao buscar um diagnóstico, os indivíduos podem ter acesso a tratamentos e recursos apropriados, permitindo que prosperem academicamente, socialmente e emocionalmente. É imperativo que continuemos a nos educar e educar os outros sobre o TDAH, garantindo que informações precisas sejam disseminadas e o estigma seja eliminado.


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Referências: (1) American Psychiatric Association. (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-IV-TR). Artmed Editora. (2) American Psychiatric Association. (2022). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: texto revisado (DSM-5-TR). Artmed Editora. (3) Banaschewski, T., & Doepfner, M. (2014). DMS-5-attention-deficit/hyperactivity disorder. Zeitschrift fur kinder-und jugendpsychiatrie und psychotherapie42(4), 271-5. (4) Larsson, H., Dilshad, R., Lichtenstein, P., & Barker, E. D. (2011). Developmental trajectories of DSM‐IV symptoms of attention‐deficit/hyperactivity disorder: Genetic effects, family risk and associated psychopathology. Journal of Child Psychology and Psychiatry52(9), 954-963. (5) Faraone, S. V., Banaschewski, T., Coghill, D., Zheng, Y., Biederman, J., Bellgrove, M. A., … & Wang, Y. (2021). The world federation of ADHD international consensus statement: 208 evidence-based conclusions about the disorder. Neuroscience & Biobehavioral Reviews128, 789-818.


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10 de março de 2022 Todos

Inúmeras tarefas a realizar, compromissos marcados, prazos a cumprir, mas a concentração não colabora. O tempo vai passando e a dispersão fica cada vez maior. Você já passou ou presenciou alguma situação assim? A dificuldade de concentração é um dos sintomas psiquiátricos comuns em pacientes com diferentes perfis. Ela se caracteriza pela existência de problema para se focar em atividades cotidianas e pela consequente frustração por não completá-las.

Esse problema atinge de adultos a crianças e pode ter desdobramentos sérios na vida dos indivíduos que sofrem com a dificuldade de concentração, podendo impactar a carreira e as relações interpessoais. Leia o artigo e saiba mais sobre esse sintoma psiquiátrico.

Como tratar a dificuldade de concentração?

Quem tem problemas de concentração apresenta dificuldade para se focar até mesmo nas simples tarefas do dia a dia. Algo que é feito naturalmente e rapidamente por alguém com facilidade de concentração demanda um esforço descomunal de pessoas que não se concentram tão facilmente.

Para amenizar esse sintoma, é possível adotar medidas comportamentais, como organizar a rotina por meio de agendas, checklists e aplicativos, evitar a procrastinação, se alimentar de forma saudável, ter um sono de qualidade e eliminar distrações. Além disso, é fundamental buscar auxílio profissional para entender a origem da desatenção.

Quais as causas da dificuldade de concentração?

Pode acontecer por causa de diferentes motivos, incluindo anemia, deficiências hormonais, depressão, estresse, tensão, fadiga, sobrecarga de trabalho, problemas emocionais e pessoais, ansiedade e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Para tratar a dificuldade de concentração, é essencial conhecer os motivos que levam o indivíduo a ser pouco concentrado.

E quando a baixa concentração acontece desde criança?

A falta de concentração desde a infância normalmente é um sintoma ligado ao transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que está relacionado a uma criança muito agitada, impulsiva e/ou distraída.  Nem toda criança ativa e desatenta tem TDAH! Nesse tipo de transtorno, a baixa atenção, hiperatividade e/ouimpulsividade interferem significativamente na vida e no desenvolvimento da pessoa, podendo gerar, inclusive, dificuldades de aprendizagem.

Uma criança pode ser desatenta somente porque não foi ensinada a eliminar os múltiplos distratores num momento que precisa focar em uma única direção ou intenção (p.ex.: fazer a lição de casa e ter que desligar a TV). Rotinas como essa interferem muito na possibiidade de direcionar a atenção para algo, que nem sempre é muito pazeroso, e confundir com transtornos reais do neurodesenvolvimento. Neste sentido, é importante destacar a importância da psicoeducação das crianças e dos seus cuidadores.

Por que há tantos adultos desatentos?

Já reparou o quanto alguns adultos são distraídos e perdem o foco com facilidade? A baixa concentração definitivamente não é um sintoma exclusivo de crianças com TDAH. Problemas pessoais e emocionais podem produzir efeitos como a desatenção excessiva. Todas as exigências e responsabilidades da fase adulta, problemas como o desemprego repentino, morte de pessoas queridas, preocupação com decisões a serem tomadas, separação conjugal e outros fatores podem resultar na falta de atenção.

Um momento de dor pode ser associado à dificuldade de se focar nas tarefas. Ainda bem que é possível obter ajuda psicológica e/ou psiquiátrica para superar a fase dolorosa e a dificuldade de concentração. Quando o sofrimento vai embora, a tendência é que o problema de falta de foco acabe ou, pelo menos, seja minimizado.

A falta de concentração ou desatenção é um sintoma complexo que vai além do TDAH, afetando indivíduos de diversas maneiras. Embora o TDAH seja um transtorno conhecido associado à desatenção, é importante reconhecer que ela também pode ser resultado de outros fatores, como depressão, ansiedade, anemia, deficiências hormonais e deficiências de vitaminas. Identificar a raiz da falta de concentração é essencial para um tratamento eficaz, pois diferentes causas requerem abordagens distintas. As opções de tratamento podem incluir medicamentos, terapia, modificações no estilo de vida e cuidado das condições médicas ou de saúde mental subjacentes. Além disso, pessoas destentas podem se beneficiar de estratégias de como lidar com a falta de concentração com o objetivo de melhorar o foco, promover o bem-estar mental e desenvolver um sistema de apoio sólido. Ao compreender a natureza multifacetada da desatenção e suas diversas causas, podemos fornecer apoio abrangente e personalizado para aqueles que experimentam esse sintoma.


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20 de janeiro de 2022 Todos

A dificuldade de concentração pode ter diversas causas. É natural que, após uma noite de sono mal dormida, ou depois de uma semana de ritmo acelerado e trabalho atípico, nos sintamos um pouco desconectados das nossas habilidades.

Nestes casos, o problema tende a abrandar um pouco quando descansamos, dormimos e tiramos um tempo ocioso. Por sua vez, isso permite que reorganizemos os nossos pensamentos, acalmemos o nosso corpo e ganhemos mais foco.

Quando a falta de concentração torna-se uma situação diária, no entanto, é preciso estar atento.

Há quadros clínicos que têm como sintoma a dificuldade de concentrar-se nas atividades múltiplas. Isso pode causar danos à autoestima, relacionamentos interpessoais e no trabalho.

Confira algumas das causas mais comuns da baixa concentração abaixo.

Causas da dificuldade de concentração

Um dos primeiros fatores é o cansaço mental, normalmente aliado ao estresse. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ritmo de trabalho atual, com suas condições, obrigações e frequentes estímulos, ultrapassa os limites do corpo e da mente.

O estresse causado pelo cotidiano pode fazer com que as pessoas desenvolvam, além de problemas de saúde, uma série de transtornos de ordem mental.

A sociabilidade também fica prejudicada: pessoas que trabalham demais e estão estressadas podem buscar o isolamento como forma de preservação.

O estresse, no entanto, não é a única coisa que pode influenciar o grau de concentração. Veja outros fatores de risco para a condição, a seguir.

Síndrome de Burnout

Também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio de ordem emocional, caracterizado por esgotamento físico e mental, estresse intenso, exaustão e instabilidade emocional.

Como o nome sugere, é uma doença que está atrelada ao excesso de trabalho. Pode acontecer após meses de rotina intensa e é mais comum em trabalhadores que estão submetidos a cargas intensas e altas cobranças. Por conta disso, tendem a deixar de lado a vida pessoal e o lazer.

A Síndrome de Burnout causa perda de foco, esquecimento, dificuldade de memorização, irritabilidade e, às vezes, pode engatilhar quadros de choro, explosão emocional ou pânico.

Quando não tratada, pode ser responsável por quadros de depressão severa.

Depressão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas sofram com o transtorno em todo o planeta.

É a maior causa de incapacidade no mundo e está atrelada a outros problemas de saúde, além de ideações suicidas. A depressão causa perda de interesse nas atividades cotidianas, instabilidade emocional, sonolência ou insônia persistente, cansaço físico, dores nas costas e na cabeça, emagrecimento ou ganho de peso e, claro, o problema-tema deste artigo.

TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, conhecido como TDAH, é um distúrbio que causa impacto significativo na vida dos pacientes.

Quando não tratado desde cedo – muitas pessoas manifestam a condição ainda na infância -, pode gerar quadros de insatisfação, dificuldade de socialização, sensação de incapacidade e, muitas vezes, atrapalhar os estudos e a vida profissional.

Estes são apenas alguns dos diagnósticos que podem fazer com que uma pessoa tenha problemas para se concentrar em atividades necessárias do dia a dia. Apenas um especialista pode, após avaliar de forma extensa os sintomas e relatos do paciente, qual é o melhor caminho a ser seguido para o tratamento para dificuldade de concentração.


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Medo, incerteza e a ansiedade são obrigatoriamente aumentados com surtos de doenças contagiosas, particularmente quando elas envolvem um agente causador de doença novo para a população, previamente desconhecido, como é o caso do surto do coronavírus (COVID-19). E como contar sobre o coronavírus para os nossos filhos quando sabemos ainda muito pouco sobre esta pandemia?

Este medo e ansiedade podem especialmente afetar as pessoas que já sofrem de ansiedade e a enxurrada de notícias repetidas sobre a propagação do coronavírus não ajudam nessa ansiedade.
Crianças e adolescentes podem ter particularmente uma noção difícil do que está acontecendo em tal cenário, dada o seu grau de desenvolvimento cerebral, sua falta de experiência, e sua sugestionabilidade inerente e vulnerabilidade. Aparentemente ciclos de notícias sem fim podem parecer esmagadores, confusos e assustadores para uma criança ou adolescente. As crianças costumam possuir habilidades menores para decifrar e entender, a partir da notícia, o grau de risco que uma doença possa passar para eles ou para seus entes queridos e amigos. Isso pode criar uma sensação de pânico entre as crianças. Isso pode ser mais difícil quando uma criança ou adolescente já está sofrendo de um transtorno de ansiedade ou predispostos a sentir-se mais ansioso em situações incomuns ou novas.

Como uma criança responde a notícia do novo coronavírus pode depender de vários fatores, tais como:

1) idade da criança

2) habilidades / compreensão e nível de desenvolvimento da criança

3) presença, gravidade e tipo de transtorno de ansiedade ou outras condições psiquiátricas que já possam coexistir

4) história prévia de trauma ou doença grave de entes queridos ou com a própria criança ou adolescente5) ocorrência de outros fatores de estresse recentes ou eventos de vida principais (tais como o divórcio dos pais, morte de entes queridos, mudança de escola), etc.

Assim, a resposta dos pais teriam de ser adaptadas à situação individual e ao contexto que envolve sua criança / adolescente.
A seguir estão algumas dicas gerais para comunicar-se com uma criança ou adolescente sobre o coronavírus. Estas podem não se aplicar se o seu filho está sofrendo de um transtorno de ansiedade uma moderada a grave. Nesse caso, consulte o profissional de saúde mental, psicólogo, psiquiatra do seu filho ou pediatra, para elaborar ou modificar o projeto terapêutico individualizado para seu filho.

Modelo Calma:

A forma mais importante e impactante de comunicação para o seu filho é o seu próprio comportamento. As crianças normalmente tendem a ser perceptivas e sensíveis ao comportamento dos outros em seus arredores. Se você e outros adultos no âmbito familiar estão agindo e se comportando com calma, você está enviando uma mensagem clara para o seu filho adolescente que não há necessidade de pânico ou preocupação. Para isso, você precisa prestar atenção e monitorar seus próprios sentimentos e reações. As crianças podem sentir ansiedade dos pais, mesmo quando os pais não estão expressando ou expressar seus pensamentos ou medos relacionados com a ansiedade. Reserve alguns minutos para si mesmo para pausas e respiração consciente durante o dia. Isso pode ajudá-lo no modelo calma para o seu filho.

Manter normalidade: 

Mudanças significativas nas rotinas diárias ou horários são estressantes para as crianças e transmitir para a criança que você está muito interessado ou há uma crise podem aumentar esta percepção. Tente aderir a rotinas e horários habituais na casa, tanto quanto possível. Consistência é a chave. Se a escola da sua criança ou adolescente está fechada, ajude o seu filho a ter estrutura durante o dia, isso pode ajudar na ansiedade. Sentados e ociosos sem um plano para o dia é provável que isso aumente a ansiedade, especialmente para os adolescentes que já sofrem de ansiedade. Por outro lado, se o seu filho tem um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) relacionado ao perfeccionismo mal-adaptado e tem uma necessidade de estruturação excessiva, acrescentando mais estrutura isso não se aplicaria a ele. Nesse caso… Ouça ativamente.

Ouça ativamente:

Ouvir os sentimentos, preocupações, medos e dúvidas sobre coronavírus. As crianças podem receber suas notícias sobre coronavírus da escola, internet, TV, casa ou em outro lugar. Eles podem preocupar-se que o pior pode acontecer a eles e / ou os seus amigos e entes queridos. Faça perguntas de uma forma não-julgadora porém empatia. Mostre ao seu filho que está presente e interessado em ouvir seus pensamentos e sentimentos. Isto tornará mais fácil para o seu filho se aproximar de você com seus pensamentos e sentimentos, hoje e no futuro também.

Validar: 

Reconheça os sentimentos de seu filho. Tenha cuidado para não descartar, invalidar, tirar sarro ou rejeitar os seus sentimentos. Você também pode informar o seu filho que é comum sentir-se dessa maneira; muitas outras pessoas (incluindo crianças) experimentam sentimentos similares. Mais sobre como validar sua criança / adolescente: Muitas pessoas se preocupam que validar sentimentos da criança significaria que eles estão concordando com aqueles e que isso pode aumentar ainda mais esses sentimentos. Validar os sentimentos de alguém não significa que você concorda com as crenças subjacentes a esses sentimentos, mas, isso significa que você reconhecer a presença desses sentimentos e que você entenda que tais sentimentos são uma parte da experiência humana. Validar é muito poderoso, pois ajuda a pessoa se sentirem compreendidas. Isto é especialmente importante para as crianças: como eles dependem de verificar com os pais / professores para dar sentido às suas experiências emocionais, particularmente experiências ou situações que são novos ou incomum para eles. Validação pode ajudar a acalmar sensações infantis e melhorar a capacidade da criança para processar suas emoções.

Ajuda – “Sente-se com ansiedade”:

Incentive seu filho a praticar sentado junto com ele a experimentar a ansiedade, ao invés de fazer algo para aliviá-la ou distrair a sua presença. “Sentar-se com a ansiedade” pode ser um desafio para o seu filho à primeira vista (dependendo da gravidade da ansiedade), no entanto, com a prática, ela vai ajudar o seu filho saber que, apesar de estar com ansiedade pode ser desafiador e desagradável, especialmente no começo, é fato, que esta é uma onda que pode andar, e que estes são sentimentos que passarão e eles não vão definir sua vida. Ajude o seu filho a verbalizar a experiência de ansiedade, em vez de evitá-la. Normalizar a experiência de ansiedade como uma de muitas sensações que todas as pessoas vão sentir também pode ser útil.

Conhecer os fatos e direciona-los para fatos:

Seu filho irá ouvir sobre o coronavírus dentro ou fora de casa. Seja proativo em falar com o seu filho sobre fatos relacionados com o coronavírus. Para isso, você vai precisar ler sobre os fatos em torno coronavírus em primeiro lugar. Certifique-se de que você está recebendo os fatos a partir de fontes confiáveis, como o Ministério da Saúde.
Para um filho adolescente, mostre a eles fontes cientificamente autênticas e confiáveis de informação notícias sobre coronavírus. Informe a eles que cada nova história pode não ser completa ou mostrar fake news. Dê informação de forma simples, curta e concreta para crianças mais jovens. Você pode usar narração de histórias e dramatização com crianças mais jovens para ilustrar fatos simples. As crianças podem ter ouvido notícias sobre mortes causadas por coronavírus.

Ajuda prática e estratégias de relaxamento:

Estratégias de relaxamento que são baseados em mindfulness, tais como técnicas de respiração, pode ajudar o seu filho a ter mais calma e melhora das sensações ruins. Você pode encontrar mais informações sobre técnicas de respiração consciente em: https: //www.headspace.com/meditação/criancas .
Elas são mais eficazes se praticadas com frequência. A maioria dos exercícios de conscientização, seja a respiração consciente, andar atento ou alimentação consciente, envolvem perceber sem julgamento e a praticar estar no momento presente.
Nota: Por uma questão de simplicidade, as palavras ‘eles’, ‘eles’, ‘seu’, foram utilizados neste artigo como pronomes para a criança / adolescente. Por favor, substituir estes com o pronome adequado, como ele se relaciona com o seu filho / adolescente.


22 de abril de 2020 Todos

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno de origem neurobiológica caracterizado por três sintomas principais: hiperatividade, falta de atenção e impulsividade.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o problema atinge em torno de 3 a 5% da população infantil do Brasil. Em geral, ele pode persistir na vida adulta.

Os primeiros sinais desse transtorno normalmente aparecem na fase escolar, em que a criança apresenta dificuldades de aprendizado e nos relacionamentos com outras crianças, pais e professores.

Há várias abordagens envolvidas no tratamento, as mais comuns são a medicação, a terapia e a mudança no estilo de vida. O ideal é que o acompanhamento seja feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, pediatras e psiquiatras.

Listamos algumas dicas que podem ser úteis para ajudar pais e responsáveis a melhor a vida de crianças com TDAH.

1 – Planejar o tempo


Passar muito tempo fazendo atividades que exigem muita concentração, como estudos e lição de casa, é extremamente exaustivo para quem tem TDAH. Por isso, uma das formas de evitar o cansaço é intercalar atividades que sejam prazerosas com as obrigações do dia-a-dia.

2 – Organizar a rotina


Adicionar técnicas de organização na rotina dos pequenos, como criar um espaço tranquilo para os estudos e incentivar o uso de calendários, agendas, post-it, cronogramas e lembretes, são algumas atividades essenciais.

3 – Finalizar atividades

A criança com o transtorno tem dificuldade de completar tarefas porque há outros estímulos dentro do ambiente que chamam a atenção, dificultando o foco. Por isso, é importante ensiná-la a não interromper as atividades, estabelecendo um período certo para a tarefa que não seja muito prolongado.

4 – Descansar

A hiperatividade pode fazer a garotada se cansar rapidamente. Por este motivo, é importante incluir na rotina dos pequenos momentos de descanso, como um cochilo durante o dia.

5 – Incentivar a prática de atividade física

Exercícios físicos são extremamente benéficos. Eles aumentam a disciplina, melhoram o humor e a capacidade cognitiva. Algumas atividades recomendadas são dança, ginástica, futebol, natação e luta.

6 – Dar feedbacks

Elas precisam de um retorno sobre suas atitudes com mais frequência. Comportamentos positivos devem ser incentivados e comportamentos negativos devem ser orientados.  

7 – Estimular amizades

Por meio do contato com outras crianças, é possível aprender algumas regras de sociabilidade e estabelecer limites para atitudes. Crianças hiperativas, por falarem tudo o que vem à cabeça, sem filtrar, podem aprender a se relacionarem melhor. Já as que são mais desatentas tendem a ser mais introspectivas e, no convívio com outras, terão um estímulo para se relacionar.

8 – Fazer brincadeiras com jogos e regras

Essas brincadeiras desenvolvem a atenção e permitem que ela se organize por meio de regras e limites. Desse modo, ela aprende a participar e a compreender momentos de vitória, empate e de derrota.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



15 de dezembro de 2019 Todos
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) afeta cerca de 5% da população infantil em todo o mundo, normalmente acompanhando a pessoa também durante a vida adulta. Recentemente, estudos acerca do assunto têm associado o uso abusivo das tecnologias ao agravo dos sintomas do TDAH, tanto em crianças como em adultos. Continue a leitura e entenda melhor o assunto.

O que é TDAH

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um distúrbio neurobiológico que se manifesta essencialmente por alterações comportamentais, como desatenção, hiperatividade e impulsividade. As causas do transtorno são diversas. Os pacientes com TDAH têm alterações na área frontal do cérebro, o que reflete em suas conexões com o restante do órgão. Essa área é a responsável por foco, memória, autocontrole, organização e por controlar os comportamentos inadequados.

Quais são os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção?

As crianças diagnosticadas tendem a ter problemas na escola, apresentam certa resistência para cumprir regras e compreender limites, além de demonstrar dificuldade no aprendizado. Os adultos costumam manifestar muita inquietação e falhas na memória. Geralmente, são bem esquecidos e agem com impulsividade, sem conseguir avaliar o próprio comportamento. Os sintomas interferem no funcionamento:
  • comportamental — apresentam irritabilidade, inquietude, agressividade, falta de moderação, hiperatividade e impulsividade;
  • cognitivo — falta de foco, desatenção, esquecimento;
  • humor — excitação, raiva, ansiedade e depressão.

A influência do uso da internet no TDAH

Uma pesquisa realizada com 2.587 estudantes em Los Angeles e publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), em 2018, chegou a um dado importante sobre o TDAH: a cada nova atividade digital que o estudante interagia, a chance de desenvolver os sintomas do distúrbio aumentava em 10%. Os pesquisadores informam que a associação encontrada entre o uso da internet e os sintomas do TDAH é bem significativa e causa preocupação. A conclusão do estudo diz que os usuários mais intensivos dos dispositivos eletrônicos têm duas vezes mais chances de desenvolverem sintomas do transtorno. O que acontece é que as novas interações digitais provocam operações mentais semelhantes à de uma pessoa com déficit de atenção. Não é à toa que os portadores de TDAH têm mais habilidades relacionadas a essa área. Além de causar dependência, o uso exacerbado das novas tecnologias impulsionam a desatenção com estímulos rápidos e oscilantes. Isso propicia a atitude impulsiva como resposta, favorecendo a necessidade de recompensas imediatas, comportamentos similares aos de quem tem o transtorno.

A internet é causa ou consequência do TDAH?

Está bem claro para os pesquisadores que existe uma relação clara entre o uso de tecnologias e mídias digitais com o desenvolvimento dos sintomas de TDAH. A exposição a jogos eletrônicos e smartphones pode provocar insônia, aumento da sensação de tédio, prejudica a atenção e outros problemas associados à condição. Apesar de não ser possível afirmar que essa exposição é causa do distúrbio em si, há evidências de que pessoas com predisposição genética ao transtorno, expostas aos impulsos digitais constantes, podem acabar, de fato, desenvolvendo a condição. Outro fator importante é que o fácil acesso às novas tecnologias acaba dificultando o controle dos impulsos. Dessa forma, a internet e o TDAH acabam por formar uma relação de mão dupla. Os sintomas do transtorno tornam a internet mais atraente, e a internet acaba por agravar os sintomas do TDAH. Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!


15 de junho de 2019 Todos

Reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio no desenvolvimento, caracterizado pelo déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. O problema é resultado da má regulação do cérebro da criança.

A hereditariedade é a principal causa do transtorno, sendo predominante em meninos (80% dos casos). Outras condições que aumentam o risco de desenvolvimento do TDAH é o nascimento prematuro ou baixo peso do bebê. Há ainda alguns estudos que indicam deficiências vitamínicas na dieta, contaminação por chumbo, sofrimento fetal, ingestão de álcool na gravidez e deficiência hormonal do indivíduo são outras prováveis causas do TDAH.

Os principais sintomas da condição são inquietação, nervosismo e movimentos excessivos. As crianças estão sempre correndo, pulando e saltitando ao invés de andarem. O sono costuma ser agitado, falam muito e, mesmo dormindo, giram o corpo na cama, podendo tremer e balançar a perna para dormir. Todo esse comportamento excessivo, com frequência, é acompanhado de uma dificuldade de concentração e manutenção do foco para prestar atenção nas aulas, realizar as tarefas, ler, fazer os deveres de casa e até para brincar de forma calma e segura com os colegas.

Mas, é importante distinguir a verdadeira hiperatividade dos comportamentos ativos e impulsivos, exibidos por crianças que não apresentam a síndrome. Os sintomas são muito variados e o diagnóstico só pode ser feito por uma equipe médica e psicológica.

Como lidar com a criança hiperativa?

Na maioria das vezes, lidar com esse quadro pode ser bem desgastante, o que representa um grande desafio para pais de crianças com TDAH, ou qualquer pessoa que tenha que lidar com essa situação, como professores, cuidadores e familiares.

Após o diagnóstico médico, algumas atitudes e mudanças na rotina podem ajudar os pais a lidarem melhor com as crianças hiperativas.

1# Tenha paciência

É importante que os adultos tenham paciência para lidar com a criança hiperativa. A criança costuma ter esquecimentos, por isso, é importante ter cuidado na hora de explicar e delegar as tarefas.

2# Seja claro

Fale de forma clara, objetiva e verifique se a criança entendeu o que você disse. Como adulto, a responsabilidade de garantir a compreensão da informação é sua.

3# Tenha uma rotina clara

Mantenha uma rotina clara de regras e atividades. É importante para a criança hiperativa ter claro em sua mente todas as atividades que precisam ser realizadas. As regras devem ser sempre com finalidades ou objetivos a alcançar.

4# Seja compreensivo

Demonstre que você entende os erros da criança, mas, quando ela consegue realizar algo, elogie muito;

5# Mantenha-a ocupada

Se possível, inscreva-a em algumas atividades extracurriculares para que se sinta enquadrada e que a façam gastar energia e ficar cansada (artes marciais, atletismo, futebol, música, natação, etc). Além do gasto energético, atividades intensas contribuem para amenizar os sintomas do transtorno, como a inquietude. Algumas dessas atividades podem estimular bastante o desenvolvimento de disciplina;

6# Evite comparações

Em crianças hiperativas, as comparações não são nada saudáveis, uma vez que algumas atividades apresentam maior grau de dificuldade para indivíduos com TDAH do que para os que não possuem o transtorno.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!



8 de dezembro de 2018 Todos

O transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neurobiológica que costuma manifestar-se já na infância. Na maioria dos casos, a condição persiste por toda a vida do indivíduo e requer cuidados específicos. Para saber mais sobre o diagnóstico e os sintomas da doença, continue com a leitura.

Sintomas e principais tratamentos para o TDAH

Um dos pontos mais difíceis e debatidos acerca do deficit de atenção é o diagnóstico dele. Alguns sinais são vistos em crianças pequenas, porém grande parte dos quadros é evidenciada na idade escolar. Dentre os indícios do distúrbio, estão dificuldade de se concentrar na aula, impulso em responder as perguntas sem terminar de ler o enunciado e incapacidade de permanecer parado. Portanto, a compreensão do conteúdo explicado em aulas muitas vezes fica comprometida. Ao notar a constância desses fatores na criança, é indicado procurar um especialista para confirmar a hipótese.

Segundo a Associação Brasileira do Deficit de Atenção, o transtorno atinge cerca de 3% a 5% da população infantil no país. O número está em conformidade com os resultados de outras pesquisas conduzidas em várias regiões do mundo. A prevalência do problema é elevada em pessoas do sexo masculino, com proporção de 2:1.

Assim que os desafios impostos pelo TDAH são identificados, é fundamental colocar em prática uma terapêutica eficiente. Todavia, até o momento, não existe uma cura definitiva para o transtorno de deficit de atenção com hiperatividade. A boa notícia, porém, é que uma série de abordagens apresenta excelentes resultados para as pessoas que sofrem com esse problema. Com isso, os pacientes podem se desenvolver da melhor maneira e, assim, recuperar a qualidade de vida.

Quanto mais cedo a questão for identificada, maiores são as chances de uma resposta positiva ao tratamento. A conduta correta costuma ser multidisciplinar, isto é, envolve profissionais de distintas áreas, como as de medicina, saúde mental e pedagogia. Dependendo da demanda do caso, indica-se acompanhamento de psicólogo, psicomotricista e fonoaudiólogo, dentre outros.

O chamado padrão de ouro atual no controle do distúrbio são os fármacos psicoestimulantes, pois eles contribuem para o funcionamento adequado das regiões do cérebro que causam os sintomas da disfunção. Ao contrário do que o nome sugere, esses medicamentos têm finalidade calmante, e os efeitos deles são logo percebidos. Quanto à psicoterapia, as respostas significativas são encontradas na linha da terapia cognitivo comportamental (TCC), mas na prática, vemos como fundamentais outras linhas terapêutica além do tratamento psicopedagógico, fonoaudiológico e com terapeuta ocupacional.

Por fim, um apoio no ambiente escolar é de extrema importância para os alunos com transtorno de atenção. Essa medida, além de ajudar na convivência com os colegas, evita que a criança se desinteresse pela escola.

Pronto! Agora você já conhece as principais características que levam ao diagnóstico de TDAH e também está familiarizado com os tratamentos mais eficientes do problema.

 

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