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A psicologia por trás do isolamento social e da mente de quem fura a quarentena

A psicologia por trás do isolamento social e da mente de quem fura a quarentena

12 de agosto de 2020 by

Meses de distanciamento social, como esses últimos que vivemos, podem representar uma fase difícil até mesmo para os mais caseiros e reservados. Diante de um cenário de pandemia e mortes causadas pelo coronavírus, no entanto, é importante fazer sacrifícios para evitar que a doença se espalhe. Bares, restaurantes, clubes e lojas estão voltando a abrir aos poucos e seguindo medidas de segurança, mas ainda encontram dificuldades em bater as metas do mês, afinal, muitas pessoas ainda seguem firmes na quarentena e preferem se manter em isolamento dentro de casa. Outras, porém, não abrem mão de desopilar e reencontrar seus amigos depois de tanto tempo distanciados. Em qual desses times você está jogando? Você já parou pra pensar o que leva a esses comportamentos distintos? O que acontece com a mente humana quando adotamos isolamento social?

 

Efeitos colaterais do isolamento social

Nós somos criaturas sociais. Vivemos nossa vida inteira fazendo parte de comunidades: grupos de amigos, times de trabalho, núcleos familiares. Temos o hábito de sair, encontrar outras pessoas, interagir, cooperar e criar novos vínculos. A partir do momento em que somos forçosamente lançados a um cenário de isolamento para conter a disseminação de um vírus, ocorre uma forte ruptura. Mesmo assim, continuamos sociais. Afinal, mesmo com o distanciamento físico, seguimos fazendo parte de uma sociedade e ainda se faz necessário interagir com outras pessoas para que a vida siga, seja no mercado, na farmácia, no hospital. Muitos serviços, como esses considerados essenciais, funcionam normalmente e mostram que as comunidades nunca são totalmente dissolvidas, apesar do isolamento.

Em um momento como o atual, hábitos devem ser repensados, certos comportamentos devem ser suspendidos e novos cuidados devem ser tomados, afinal, há uma série de efeitos colaterais causados pelo isolamento social. Como você tem se sentido ao longo desses últimos meses? Perceba que estamos desde março ouvindo falar dos riscos de contrair o coronavírus e da crescente quantidade de mortes causadas por ele. Até uma vacina eficaz ser criada, a tendência é de que as notícias continuem não animando muito. Portanto, a ansiedade, que já era bastante comum na sociedade mesmo antes da eclosão do COVID-19, tende a aumentar ainda mais. São comuns pensamentos como “será que vai acontecer comigo?”, “será que já aconteceu?” ou “se eu for ali, será que serei contagiado?”. Você passou ou está passando por isso?

A solidão e o isolamento social prolongado podem dar origem, também, a problemas de saúde física, como uma maior taxa de mortalidade e um maior risco de doença arterial coronariana, conforme sugere um estudo conduzido na Universidade de York, uma das principais do Reino Unido. Em curto prazo, o isolamento pode, além da ansiedade, gerar comportamentos depressivos e elevar os níveis de produção de cortisol, popularmente conhecido como hormônio do estresse.

 

É possível evitar esses efeitos?

Pode parecer assustador pensar em ser acometido por uma doença arterial quando está tentando fugir de uma doença causada por vírus. Mas lembre-se de que essa é apenas uma possível consequência de um isolamento excessivamente prolongado. De qualquer forma é importante perceber como o afastamento de pessoas tem, sim, uma série de desdobramentos que colocam em xeque nosso bem-estar físico e mental. E mesmo os efeitos de curto prazo – ansiedade e estresse – podem e devem ser combatidos.

Manter o corpo ativo enquanto está isolado pode parecer difícil pois as academias, embora já estejam abertas, ainda representam alguns riscos, assim como parques, praças e outros locais com concentração de pessoas. É possível, no entanto, evitar o sedentarismo com ou até mesmo sem nenhum equipamento, como pular corda, fazer flexões, abdominais, burpees e outros. São alternativas para manter-se saudável física e mentalmente e rebater o estresse causado pelo aumento de cortisol.

Outras medidas também podem ser adotadas para não entrar em uma espiral de preocupação, medo e ansiedade. A própria Organização Mundial da Saúde recomenda controlar o acesso a notícias, por exemplo. É muito importante se manter informado acerca dos últimos acontecimentos, mas há limites. Consumir muitas notícias pode ser fonte de angústia pois, como expliquei anteriormente, as informações que vemos e lemos ainda não são muito boas. Há quem busque manter a saúde mental em dia por meio da meditação, ioga e outras práticas de mindfulness. O acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra também é bem-vindo. Há, ainda, quem esteja relaxando um pouco a quarentena e busque um respiro encontrando amigos em casa, em bares e restaurantes, apesar dos riscos. Você tem seguido o isolamento à risca ou tem furado a quarentena? De qualquer forma, é interessante pensar o que leva a esses dois comportamentos. Por que algumas pessoas insistem em se expor ao risco?

 

Por que algumas pessoas furam a quarentena?

Centros comerciais, restaurantes, bares, praias… reportagens vêm mostrando uma crescente circulação de pessoas em espaços públicos, mesmo com o número de mortes causadas pelo coronavírus já terem ultrapassado a incrível marca de 100 mil.

É muito preocupante, eu entendo. A questão central, no entanto, é que ainda não há perspectiva de mudança ou melhora, indicando que o isolamento social se estenderá por muitos meses ainda. No início da pandemia, as taxas de isolamento eram maiores e foram caindo ao longo dos meses, embora o risco ainda esteja circulando no ar. Essa transgressão é um comportamento biológico. Como já expliquei neste texto sobre o medo da morte, herdamos dos nossos ancestrais o ímpeto de lutar ou de fugir de um perigo iminente. No início da pandemia, nós fugimos e buscamos abrigo dentro de nossas casas. Fomos preparados para cenários como esse, desde que não sejam tão duradouros como uma pandemia, pois o cérebro humano é incapaz de permanecer em estado de alerta por tanto tempo, pois isso gera um desgaste e um sofrimento mental conforme as semanas passam. A esse fenômeno damos o nome de “falência adaptativa”. Soma-se isso ao fato de que enfrentamos um inimigo invisível e temos a tempestade perfeita: um aumento no número de pessoas que furam a quarentena para promover encontros com amigos ou participar de festas.

Temos um conflito muito grande. Por um lado, precisamos da conexão social e não suportamos nos manter isolados por muito tempo. Por outro, é preciso se preservar para evitar ser contagiado e, consequentemente, contagiar outras pessoas. O que fazer? Bem, a escolha é individual. Cada um conhece suas próprias necessidades, assim como conhece os riscos aos quais se expõe. Se a intensa solidão, ansiedade e busca por prazer for maior que a vontade de estar seguro em casa, é provável que haverá transgressão. Embora a medida mais eficaz para combater a disseminação do COVID-19 seja o isolamento, o próprio governo, na busca por uma retomada econômica, estimula que as pessoas voltem a adotar alguns hábitos de consumo. O importante, então, é a redução de danos. Seguir estritamente as medidas de distanciamento, o uso adequado de máscaras e a higienização constante das mãos.

Se você está no time daqueles que estão inclinados a furar a quarentena para se reencontrar com amigos, pense duas vezes. Nossa cultura é extremamente calorosa, e o contato social faz muita falta, eu sei. Mas dê preferência à segurança, tanto à sua quanto a dos outros. Se, mesmo assim, o ímpeto de sair de casa acabar dominando você, atente-se sempre às medidas de prevenção e opte por lugares abertos, com baixíssima concentração de pessoas. Se você é do time dos isolados e prefere se manter em casa, você provavelmente se sente impotente ao ver as cenas das praias lotadas, bares cheios de clientes e centros comerciais bombando. Entendo a sua preocupação. É como ver o coronavírus em ação, certo? Em todo caso, saiba que você está fazendo tudo o que está ao seu alcance para preservar você, sua família e a sociedade. Evite se revoltar e constranger aqueles que acabam saindo de casa. Isso não irá eliminar o comportamento transgressor, irá apenas levar as pessoas a fazerem isso escondido. No fim das contas, se pararmos pra pensar, não há times, pois estamos em uma só torcida: que em breve seja descoberta e distribuída uma vacina eficaz. Tamo junto!



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