Eu já cheguei a mencionar em alguns artigos sobre diferentes tipos de transtornos o quão importante é o trabalho multiprofissional na recuperação e prevenção de crises de um paciente em tratamento psiquiátrico. Seja ele um transtorno ou um conflito ou um perfil de personalidade mal adaptada, quando o tratamento interdisciplinar é realizado, as chances de melhora são significativamente melhores e as recidivas de sintomas e prejuízos são muito menos frequentes.
Especificamente para os transtornos mentais graves, essa abordagem ganhou força com a com a Reforma Psiquiátrica, no fim dos anos 1980, que teve como objetivo construir um novo modelo de assistência para os portadores de transtornos mentais no país. O objetivo é aliar a humanização em redes hospitalares e extra-hospitalares, garantindo identidade social e cultural aos pacientes.
Mas afinal, como é feito esse tratamento?
A intervenção interdisciplinar, como o próprio nome já diz, conta com vários profissionais, da mesma área ou não, que somam forças e habilidades e trocam habilidades técnicas para a recuperação de um paciente. Por exemplo, quando falamos em um paciente com um transtorno alimentar, o trabalho de um psiquiatra tem muito mais êxito com a ajuda de um nutricionista ou de um educador físico. Já no caso de um jovem com transtornos que geram dificuldade no aprendizado, a ajuda por vir de um pedagogo.
Basicamente, a ideia é formar uma espécie de rede de apoio externa ao consultório do profissional que irá garantir melhores chances de sucesso ao tratamento e redução de danos. Ou seja, é um tratamento simultâneo entre profissionais para a manutenção da estabilidade e diminuição da ocorrência dos sintomas.
Benefícios
Os benefícios variam de acordo com as demandas de cada paciente, mas é perceptível que há muito mais sucesso na melhoria da qualidade de vida e reintegração social de pacientes que participam de intervenções psiquiátricas.
É através dela que os profissionais ficam mais perto do paciente, cuidando melhor dele em seu “próprio território”. Isso explica o aumento dos números de unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nos últimos anos, no contexto das políticas públicas de saúde mental, e hospitais dia e parcerias, interlocucoes e supervisoes nos serviços privados.
As unidades contam com diferentes profissionais que, no caso do Sistema Único de Saúde, auxiliam os pacientes em várias frentes, com o tratamento psiquiátrico, atendimento médico, auxílio social, dentre outros serviços com profissionais capacitados e mais sensibilizados para o cuidado com diferentes tipos de transtornos.
Outras formas mais abrangentes
Quando falamos em tratamento interdisciplinar, podemos estender o atendimento além dos pacientes em si. É o caso, por exemplo, de profissionais que buscam também estender o conhecimento a quem está mais perto do paciente: o familiar. Com isso, o psiquiatra pode sensibilizar, orientar e educar o familiar para que esteja junto com o paciente nos desafios do dia a dia, bem como entender e auxiliar dinâmicas ou relações familiares que estão adoecidas e que perpetuam a crise de um de seus pacientes, parecendo que ele é o único adoecido.
Tratamento interdisciplinar em grupo
Outra forma de tratamento interdisciplinar comum é o que é feito por meio de grupos terapêuticos e grupos de apoio, que realizam reuniões coletivas, mediadas por profissionais capacitados, com pacientes em tratamento para que, através de troca de experiências e discussões sobre os desafios diários, acabam criando uma rede em que o paciente consegue perceber que não está sozinho, e que outras pessoas também passam pelo mesmo desafio que ele.
Assistentes sociais, enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, educadores… A lista de profissionais que podem ajudar um paciente que passa por um tratamento é bem extensa. E quanto mais envolvido esses profissionais estiverem no tratamento, melhor é o resultado.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!