O médico lida diariamente com a saúde dos outros e o seu trabalho está diretamente relacionado com a manutenção da vida e do bem-estar. Teoricamente, eles deveriam ser os primeiros profissionais a cuidarem da própria integridade física e mental, mas por que será que, atualmente, a classe médica tem sofrido tanto com transtornos de ordem psíquica?
Os plantões exaustivos, a carga horária intensa, as pressões profissionais, as situações de estresse extremo, a perda de pacientes, a privação do sono, o sentimento de impotência, o medo de falhar, o ambiente hostil dos hospitais e as condições, muitas vezes precárias de trabalho, são algumas das causas de transtornos mentais entre médicos.
Incrivelmente, problemas como depressão, dependência química, ansiedade e síndrome de burnout são muito comuns na classe médica. Também são frequentes, os casos de suicídio entre esses profissionais. Só para ter ideia, a taxa de suicídio entre médicos é cinco vezes maior do que a população geral. Diante desse quadro, é importante adotar medidas para promover saúde, prevenir condições que geram adoecimento emocional e eventuais desfechos trágicos dessa condição. Veja a seguir como os médicos podem cuidar da própria saúde mental.
Fique atento aos sinais físicos e mentais
Sintomas psicológicos, somáticos e comportamentais decorrentes do estresse emocional crônico do médico podem aparecer, comprometendo assim a qualidade de vida e a atuação profissional.
O esgotamento físico, as alterações de humor, os atrasos constantes, o desleixo com a aparência e a saúde, agressividade, ausências no trabalho, isolamento social, pessimismo, baixa autoestima e dificuldade de concentração são sinais que indicam que algo está errado e é hora de intervir.
Outras manifestações que podem acontecer são as dores de cabeça, palpitação, sudorese, pressão alta, tensão muscular, insônia, problemas respiratórios e distúrbios gastrintestinais. Preste atenção a esses sintomas!
Busque auxílio psiquiátrico
Boa parte da sociedade rotula os médicos como heróis inabaláveis. É difícil pensar em um médico doente, mas esse profissional é um ser humano como qualquer outro e está sujeito a dores e feridas físicas e emocionais.
Nem sempre o médico consegue se cuidar e se curar sozinho. Em muitos casos, ele também precisa de ajuda para se tratar. É por isso que, ao perceber mudanças nos sentimentos, pensamentos e comportamentos, o médico deve buscar auxílio psiquiátrico.
Um bom especialista é capaz de diagnosticar o problema, ajudar o paciente a entender sua condição e encontrar o melhor tratamento para reverter a situação. Quando se trata de transtornos mentais, geralmente a intervenção pode incluir o uso de medicamentos e a realização de sessões de psicoterapia.
Não se isole
Não sofra sozinho! Médicos não são autossuficientes. Por mais que sejam profissionais sábios, experientes e preparados para cuidar do outro, nem sempre conseguem curar a si mesmos.
Quando há um transtorno mental, eles devem procurar não apenas com um colega psiquiatra, mas também devem buscar apoio na família e nos amigos. O isolamento só tende a agravar o problema.
Melhore a sua qualidade de vida
Não há saúde mental sem qualidade de vida. Nem só de trabalho vive o médico! Realmente, esse profissional está exposto a diversas condições desfavoráveis para a saúde mental, no entanto, é possível encontrar o equilíbrio e obter mais qualidade de vida, evitando assim problemas sérios, como por exemplo, a depressão, doença que atinge 1 em cada 4 médicos.
Para tanto, reserve um tempo para si mesmo, alimente-se adequadamente, pratique exercícios físicos, aproveite as folgas, durma bem, organize seus horários, evite dobrar plantões, tenha uma vida social ativa e não leve as preocupações do trabalho para casa.
Quer saber mais sobre o assunto? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!