Para muitas pessoas, incluído alguns terapeutas, “diagnóstico é um palavrão”. Todos presenciamos o mau uso das formulações diagnósticas em psiquiatria. Uma pessoa complexa é super simplificada de maneira imprudente pelo entrevistador que está ansioso em razão de incerteza. Uma pessoa angustiada é tratada de forma linguisticamente distante pelo terapeuta.
Etiquetas são para roupas, não para pessoas
Uma das objeções ao diagnóstico deve-se à visão de que os termos diagnósticos são inevitavelmente pejorativos. Jane Hall é a autora da célebre frase “etiquetas são para roupas, não para pessoas”. Paul Watchel, de forma mais sarcástica, referiu-se ao diagnóstico como “insultos de pedigree fantasioso”. Terapeutas experientes costumam tecer tais comentários também, mas suspeito que, em seu próprio aprendizado, tenha sido útil lidar com uma linguagem que generalizou as diferenças individuais e com suas implicações para o tratamento. Uma vez que se aprendeu a observar os padrões clínicos dentro de organizações diagnósticas que foram estudados por décadas, se pode jogar o livro pela janela e saborear a unicidade individual que é cada paciente.
No entanto, se eu obtiver sucesso ao transmitir as diferenças individuais com respeito, os pacientes não irão recorrer aos termos diagnósticos a fim de se sentirem diferentes, inferiores e/ou superiores a outras pessoas. Em vez disso, contarão com uma linguagem útil à imaginação de diferentes possibilidades subjetivas. Um aspecto significativo, tanto do crescimento pessoal quanto do profissional.
O abuso da linguagem diagnóstica pode ser demonstrado com facilidade, o que não quer dizer que isso seja um argumento para que seja descartada. Todos os tipos de males podem surgir em nome de ideais valiosos – amor, patriotismo, cristianismo, etc. – não por culpa de sua perspectiva original mas justamente porque esta foi pervertida. A pergunta que deve ser feita é: a aplicação cuidadosa e não abusiva dos conceitos diagnósticos aumenta as chances do paciente obter ajuda?
Como o diagnóstico pode ajudar uma pessoa?
Existem ao menos cinco vantagens relacionadas ao empreendimento do diagnóstico de forma sensível e após treinamento adequado:
- Sua utilidade para o planejamento da terapia;
- Suas implicações em relação ao prognóstico;
- Sua contribuição à proteção dos consumidores de serviços de saúde mental;
- Seu valor em capacitar o terapeuta na transmissão de empatia;
- Seu papel na redução na probabilidade de pessoas facilmente perturbáveis fugirem ao tratamento.
Práticas de diagnóstico conscientes encorajam a comunicação ética entre os profissionais e seus potenciais pacientes ou clientes, um tipo de “verdade na publicidade”. Na busca de uma avaliação cuidados, o psiquiatra pode falar ao paciente algo sobre o que pode ser esperado e, assim evitar prometer demais ou criar desvios. Descobri, por exemplo, que poucos pacientes ficam chateados quando ouvem que contar sua história e relatar seus desafios pessoais vai requerer do tratamento psiquiátrico ou psicoterapia um longo tempo antes que ela possa resultar em uma mudança, que depende mais de uma experiência interna do próprio paciente. Muitos até se sentem encorajados quando o psiquiatra aprecia a profundidade de seus problemas e se dispões a um compromisso de longa data.
Um paciente recente, homem psicologicamente sofisticado que visitou muitos profissionais antes de chegar a mim com queixa do que considerava “tendências obsessivas graves”, me confrontou: “Então você é a especialista do diagnóstico; e como foi que me categorizou?”. Dei um grande suspiro e respondi: “Acho que o que mais me saltou aos olhos foi a quantidade de paranoia contra a qual você vem lutando”. “Finalmente alguém entendeu!”, ele disse. Para aqueles clientes que demandam uma cura milagrosa e aos quais falta o desejo ou a habilidade de se comprometer com algo tão sério quanto uma mudança genuína, um feedback honesto sobre o diagnóstico permite que recuem agradecidos e não desperdicem seu próprio tempo ou do psiquiatra atrás de mágica.
Quer saber mais sobre diagnóstico em Psiquiatria? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em São Paulo!
2 comments
Márcia Roberta Rocha
27 de fevereiro de 2018 at 08:47
Bom dia.
Tenho um filho de 19 anos passando por muitos problemas.
Gostaria de agendar uma consulta.
Dra. Aline Rangel
27 de fevereiro de 2018 at 09:00
Agradeço o seu contato, Márcia.
O agendamento pode ser feito no próprio site ou através do telefone (11) 40637352.
Atenciosamente,
Aline Rangel
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